quinta-feira, março 30, 2006

Teatro de Revista

Uma das primeiras montagens de Walter Pinto - Teatro Recreio - Rio de Janeiro, anos 40.

O Teatro de revista é um gênero de teatro musicado caracterizado por passar em revista os principais acontecimentos do ano. A encenação é feita numa sucessão de quadros onde os fatos são revividos com intenção e humor. Tudo em meio a muitas danças, canções e outros números musicais.


Surgido no Rio de Janeiro em 1859, com a revista de Justino de Fiqueiredo Novais intitulada As surpresas do Sr. José da Piedade, relacionada ao ano de 1858 em dois atos e quatro quadros. Essa revista foi estreada no Teatro Ginásio, dia 15 de janeiro de 1859. Esse novo gênero de teatro com música firmou-se definitivamente a partir da década de 1880, com o aparecimento do magnifico Artur de Azevedo que se tornou o maior nome do teatro musicado brasileiro em todos os tempos.

No início, as revistas brasileiras sofreram a influência das revistas européias, até 1887, com a encenação da revista La gran via, por uma companhia espanhola. Nessa revistas as coristas cantavam em coro e não se movimentavam pelo palco. As revistas brasileiras inovaram e ganharam estilo próprio mesmo antes do final da década de 1880 quando passou a lançar músicas de sucesso popular.

O tango Araúna ou Xô, araúna, da revista Cocota, de Artur Azevedo, encenada em 1885, é considerada como a primeira música que saiu do palco para as ruas, para o domínio popular. Depois veio a cançoneta A missa campal, de Oscar Pederneiras, 1888, cantada, também, na revista de Oscar pederneiras. Em seguida vieram outras composições que fortificaram ainda mais esse tipo de teatro musicado.

Entre as mais famosas da época, tivemos o tango As laranjas da Sabina, com letra de Artur de Azevedo, que foi lançado pela soprano italiana Ana Manarezzi na revista A República, de Artur e Aluízio Azevedo, em 1890; o lundu Mugunzá, de F. Carvalho, lançado em 1892 na revista portuguesa Tim-tim por tim-tim, e o tango brasileiro Gaúcho, de Chiquinha Gonzaga, tocado pela primeira vez na revista Zizinha Maxixe, de autoria do ator Machado Careca, em 1897, que se tornou um dos maiores sucessos da música popular brasileira de todos os tempos, sob o nome de Corta-jaca.

Além de veículo da popularização de canções populares, o teatro de revista abrigou e deu nome a uma série de maestros-compositores, como a própria Chiquinha Gonzaga, Paulino Sacramento, Nicolino Milano, Bento Mossurunga, Antonio Sá Pereira, Sofonias Dornelas, Adalberto Gomes de Carvalho.

A partir da década de 1920, o teatro de revista sofreu a influência do cinema e seu tempo foi diminuído e passaram a concorrer, também, com os mágicos o que conduziu o gênero para o show, cuja tendência aumentou na década de 1930 com os espetáculos internacionais dos cassinos. Em 1935, foi encenada no Teatro Recreio, a revista de Freire Junior, intitulada Bailarina do cassino. Dessa forma a importância do teatro musicado passou para os shows de boate ou de teatros com o objetivo de atender a um público mais exigente.

O teatro de revista dando sucesso às músicas populares

Até o começo dos anos 20, o teatro de revista que se fazia no Brasil ainda era rudimentar, sem muita preocupação com guarda-roupas, cenários e mesmo com os próprios espaços onde era encenado. Naqueles momentos, aportam no Rio de Janeiro duas companhias européias que iriam ditar a mudança completa do comportamento do gênero, tanto no palco como fora dele.

Salvyano Cavalcanti de Paiva conta, no livro Viva o rebolado, como foi a reação nacional à presença da companhia francesa Ba-Ta-Clan: “Despertaram interesse, surpresa e sensação a saúde e a marcação das coristas, de corpo escultural, a música viva e funcional, os cenários magnificentes, a movimentação de luzes e cores que ampliava os efeitos estéticos e cenográficos e, em especial, o apelo erótico alcançado mediante a mostra generosa do nu feminino – que a Censura, no primeiro momento, não ousou proibir para não parecer matuta... Isto chocou mais aos empresários que ao público; verificaram, por fim, o acanhado das suas realizações. A conseqüência mais imediata foi a supressão das meias e das grosseiras roupas de malha das coristas. E tentativas de melhorar, enriquecer, as apoteoses: isto representou mudança radical na cenografia e nos figurinos e a introdução de uma coreografia consciente nos números de dança coletiva, até então executados na base do improviso”.

As observações se prestam também à companhia madrilense Velasco, que junto com a francesa trouxeram a feérie para o público carioca. Foi tal o impacto das mulheres europeias no país que, em São Paulo, um jovem tentou suicidar-se, saltando do viaduto do Chá, por amor a uma das francesinhas, e Juca Paranhos, futuro barão do Rio Branco, casou-se com a corista belga Marie Stevens.

A primeira revista brasileira não chegou a ficar em cartaz uma semana, por falta de público e proibição da censura, após a estréia. Denominava-se As surpresas do Sr. José da Piedade e foi encenado no Teatro Ginásio, no Rio de Janeiro, em 1859. A segunda tentativa foi em 1875, com a A Revista do Ano de 1875, escrita por Joaquim Serra, mas que acabou fracassando por excesso de sátiras políticas. Ainda nesse ano, do mesmo Serra, Rei morto, rei posto dá sinais de que público começava a aceitar o novo tipo de teatro.

O grande sucesso brasileiro apareceria em 1883, com o O Mandarim, espetáculo de Artur Azevedo e Moreira Sampaio, com a participação do cançonetista e compositor Xisto Bahia, considerado um dos maiores artistas populares de sua época e, segundo o próprio Artur Azevedo, “o ator mais nacional que tivemos”. Como revista inteiramente brasileira, a primeira carnavalesca a ser montada intitulava-se O Boulevard da Imprensa de Oscar Pederneiras.

Portugal nos manda, em 1892, suas cançonetistas da revista Tintim por tintim, com bastante êxito. A revista como balanço do ano desaparece no início do século. É o momento em que a música começa a tomar espaço maior no palco e o Carnaval a ser um dos seus principais motes, envolvendo-se o teatro de revista com as grandes sociedades carnavalescas, como os clubes dos Fenianos, Tenentes do Diabo, dos Democráticos e outros.

Na revista O Maxixe, em 1906, é lançado Vem cá mulata (Arquimedes de Oliveira e Bastos Tigre), no mesmo ritmo do título. Vira grito de guerra dos Democráticos nos carnavais seguintes, tal êxito que foi no palco. É um dos primeiros exemplares do teatro de revista como lançador de músicas que o povo adotaria de imediato. A fase das revistas do ano ficara para trás. O público crescente deixava-se seduzir por um tipo de teatro que alcançava uma estrutura tipicamente brasileira, mais que isso, carioca, e a revista assumia agora o papel que cumpriria nos anos seguintes, de lançadora de sucessos da música popular brasileira.

Cidade essencialmente musical, mesmo assim, o Rio de Janeiro só veria o prestígio do teatro de revista consolidado, nos últimos anos da década de 10 e nos primeiros da de 20. Assumida inteiramente a função de vitrine, abriria os palcos para compositores populares, que os levariam à celebridade, transformaria vedetes-cantoras nas mulheres mais desejadas e cobiçadas do país. Desejo e cobiça que, muitas vezes eram orientados para diferentes finalidades, visto que, na realidade, os compositores as desejavam como intérpretes de seus sambas nos palcos revisteiros e cobiçavam o resultado financeiro que, certamente, adviria de um lançamento feito por uma daquelas deusas.

Nos anos 20, o nome mais famoso a ter suas composições levadas a cenas foi José Barbosa da Silva, o Sinhô, que se auto-intitulava o Rei do Samba. Chegou à proeza – em duas ocasiões – de ter o mesmo samba cantado em duas revistas diferentes, encenadas simultaneamente. Além dele. A fase é de destaque para Freire Júnior, Eduardo Souto, Henrique Vogeler, Luiz Peixoto, Lamartine Babo, Hekel Tavares, Ary Barroso, entre outros.

Desde Pelo telefone, o propalado primeiro samba gravado, detecta-se um vínculo mais forte entre o teatro de revista e o samba. Inspirados na gravação do cantor Bahiano, os revistógrafos Álvaro Pires e Henrique Júnior apresentavam, no dia 7 de agosto de 1917, no Teatro Carlos Gomes, na praça Tiradentes, no Rio de Janeiro, a revista Pelo Telefone. A repercussão do samba no Carnaval daquele ano não se transmitiu ao espetáculo, que ficou em cartaz apenas uma semana.

A que consegue êxito digno de nota, com mais de quatrocentas representações, e a revista Pé de Anjo, musicada pelo paranaense Bento Mossurunga e Bernardo Vivas. Nela aparecem as figuras de Júlia Martins, que gravou dezenas de duetos com o pioneiro Bahiano, nos discos da Casa Edison, e uma estreante que viria a ser a maior das vedetes de todos os tempos, a paulista Margarida Max. O sucesso era a marcha Pé de anjo, de Sinhô, que consolidou a aliança entre o teatro de revista e a música popular.

Considerada uma das maiores estrelas do teatro de revista em todos os tempos, a paulista Margarida Max, formou, com Augusto Aníbal e João Lins, o trio principal de atrações da revista 'Onde está o Gato". De autoria de Geysa Bôscoli e Luiz Iglésias foi montada em 1929, no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro.
Tanto assim que, no mesmo 1920, estréia a revista Papagaio Louro, com mais um samba de Sinhô, Fala meu louro, e no Teatro São José, Quem é bom já nasce feito, aproveitando o nome de outro samba dele. Quem apresenta é Otília Amorim, uma das grandes vedetes que disputavam as preferências do público carioca.

No ano seguinte, a revista Reco-Reco, estrelada pela mesma Otília, com música de Bento Mossurunga, destaca a presença do “tenor” Francisco Alves, vestido de malandro e cantando um samba que dizia: “Olha a menina / sem saia / freguês”. No Teatro São José, um samba de Caninha (José Luiz Morais) dava o que falar e o que cantar, emprestando seu nome à revista Esta nega qué mi dá. Francisco Alves e Otília lançaram o samba a duas vozes.

Uma “figurinha de brasileira petulante”, no dizer do crítico Mário Nunes, estreava na revista em 1922, destinada a ser a maior lançadora de talentos de toda a história do gênero. Vinda de espetáculos circenses, Araci Cortes iniciava a carreira em Nós pelas costas, estreada no Teatro Recreio, na última noite do ano de 1921.

Chegaram então as francesas e as espanholas. As comemorações do centenário de independência do Brasil, enchendo o Rio de Janeiro de festas e convidados, mais as presenças das coristas européias incendiaram os teatros de revista. As modificações começaram a ser adotadas e a aparecer já nos novos espetáculos. Um samba classificado como “à moda paulista”, composto por Eduardo Souto, transforma-se no sucesso do Carnaval de 1923 e na revista do mesmo nome. Tatu subiu no pau, montada pela empresa Paschoal Secreto, no Teatro São José, ultrapassando cem representações.

O elenco completo da revista "Ai se eu pudesse voá", montada no Rio de Janeiro, no final dos anos 20. Na fotografia destacam-se o ator Brandão Sobrinho, que está logo abaixo do estandarte, e o cantor Vicente Celestino, o último da esquerda, na fileira do meio. A estrela com o leque, é Vitória Soares.
Luiz Peixoto chega de Paris e encena Meia noite e trinta, colocando no palco tudo o que aprendera lá. É a pá de cal no enterro da velha revista, que agora tem gosto refinado em cenários, guarda-roupa, iluminação, textos, e oferece muito melhores condições aos seus lançamentos musicais. Francisco Alves é uma das atrações, ao lado de sua mulher Nair. Além de cantar, dança desenvolto com ela. Ainda em 1923, Chico Alves participaria, junto com da iniciante Araci Cortes, da revista Sinhô de ópio, na qual interpretava um almofadinha cantor. A partir daí, sua presença torna-se mais rara até por volta de 1930, quando abandona o teatro e passa a se interessar mais por gravações e programas radiofônicos. Durante 15 anos, o teatro de revista foi a sua vitrine.

Um êxito estrondoso marcou o aparecimento, como estrela, de Margarida Max. A cinco de maio de 1924, estreou no Teatro Recreio, de Marques Porto e Afonso de Carvalho, a revista À La Garçonne, que modificaria costumes no país. Depois de trezentas representações, excursionou pelo Brasil, lançando a moda dos cabelos curtos para mulheres, “a lá garçonne” ou “a la homme”, tal como usava Margarida. Bonita, vistosa, talentosa e jovem, com enorme força interior, que faria dela a maior das vedetes do gênero. Iniciava ali uma carreira que acabaria por desbancar a estrelíssima Otília Amorim, vencendo as concorrências de Antônia Denegri, Eva Stachino, Lia Binatti, Zaíra Cavalcanti e da própria Araci Cortes, que ao final seria sua sucessora, sem contudo, alcançar seu status de grande dama do teatro de revista.

Uma das vezes em que o destino fez com que Margarida e Araci se cruzassem deve-se a um samba clássico. Araci lançou, em 1929, na revista É de Outro Mundo o samba de Ary Barroso e J. Carlos, A Grota Funda. Em 14 de maio de 1931, Margarida Maux, na revista Brasil do Amor, lança a versão definitiva do samba, agora com letra de Lamartine Babo e rebatizada como... No Rancho Fundo.

"Penas de Pavão", de Marques Porto e Afonso de Carvalho, foi encenada em janeiro de 11923, no Teatro Recreio, do Rio de Janeiro. O quadro chamava-se "Shimmy e Fox".
O decorrer dos anos 20 foi um contínuo ritmo de ascensão do teatro de revista e de suas belas mulheres cantoras. A catarinense Lia Binatti era procurada por compositores como Hekel Tavares, Henrique Vogeler, Sá Pereira, Otília Amorim, já veterana, mas bela e experiente, era exemplo para as que chegavam. Henriqueta Brieba iniciava sua longa carreira, que terminaria na televisão como comediante. Araci Cortes vai se firmando como protótipo da beleza da mulher brasileira.

Braço de cera consagra Margarida Maux, que canta o samba de Nestor Brandão, e Lia Binatti leva A favela vai abaixo, a revista e o samba de Sinhô, ao sucesso absoluto. A relação de grandes composições cresce a cada estréia de revista. Novos e antigos compositores se valem da revista para iniciar ou consolidar carreiras. Otília Amorim bisa e trisa o novo samba de Sinhô, Que vale a nota sem o carinho da mulher?, na revista Eu quero é Nota!. Simultaneamente, Vicente Celestino canta o mesmo samba em outra revista, Cadê As Notas?.

O bonito e original guarda-roupa da revista "Comidas, Meu Santo!" de Marques Porto e Ari Pavão, encenada no Teatro Recreio, do Rio de Janeiro, em 1925.
Com Gosto que me enrosco, Sinhô repete a proeza, Nelly Flores o canta em Seminua (agosto de 1928) e novamente Vicente Celestino fazia o eco, agora na revista Cachorro quente. Ainda em Seminua, Nelly lança outro clássico do Rei do Samba, Deus nos livre dos castigos das mulheres. Araci Cortes tem um dos seus maiores sucessos com Jura, na revista Microlândia, enquanto gente nova começa a aparecer.

A montagem de Miss Brasil apresenta, como um dos autores, o compositor Ary Barroso, que teria longa carreira na revista. Foi ele quem, por exemplo, lançou um jovem, cantando seu samba Gente bamba, que depois seria gravado como Faceira, na revista Brasil do amor, em 1931, no Teatro Recreio. O cantor estreante era ninguém menos que Sílvio Caldas, outro que, como Francisco Alves, cantou muito tempo no teatro de revista, lançando sambas como Caboclo da cidade e Malandro, de Freire Júnior, ou Cordiais saudações e Mulato bamba, de Noel Rosa, antes de se dedicar apenas ao rádio e ao disco. Ary lançou no palco sucessos como Dá nela, Eu sou do amor, Orgia, o já citado No rancho fundo, Boneca de piche, Vamos deixar de intimidade, Na batucada da vida, Foi ela, No tabuleiro da baiana e outras.

Entre os grandes sambistas que se envolveram com a revista, um dos pioneiros foi Alcebíades Barcelos, o Bidê, de quem Francisco Alves cantou o samba A malandragem, na revista Seu Julinho vem, de Freire Júnior, encenada pela Companhia de Alda Garrido no Teatro Carlos Gomes, em 1929. Margarida Max e suas coristas levantavam o público com o samba-choro O Gavião, de Pixinguinha, na revista Guerra ao mosquito, e Wilson Batista contava quem aos 16 anos, já tinha seu primeiro samba, Na estrada da vida, cantado pela estrela Aracy Cortes, em uma revista no Recreio.

Mas é claro que o teatro de revista tinha o seu lado de malícia, de duplo sentido, e musicalmente não fugiria também desse aspecto. O sambista Luís Soberano soube explora-lo entregando para Aracy Cortes cantar, na revista Não adianta chorar, em 1929, o samba Costureira, em que ela explorava todo o seu talento junto à platéia: “Eu quero ver, por ventura minha / qual dos senhores é que se orgulha / de conseguir meter a linha / no buraquinho, desta agulha / Que o consiga é o que desejo / E como prêmio eu darei / ao vencedor um beijo / E coisa mais, que não direi”, e seguia até o final: “Que tem seu ponto fraco / Se a gente perde a linha / Não dá com o buraco”.

A mesma Aracy lançou de Ismael Silva e Nilton Bastos, o Se você jurar, de Noel Rosa, os sambas Com que roupa?, Queixume, Eu vou pra Vila, Gago apaixonado e Dona Aracy. De Almirante e Homero Dornellas, a estrelíssima cantou no Teatro Recreio, na revista Dá nela (1930) um samba que fez furor, usando pela primeira vez a cuíca, o pandeiro, o surdo, o ganzá, o reco-reco, o tamborim e o triângulo. Tratava-se de Na Pavuna, que com a repercussão acabou virando ele próprio uma revista, de Freire Júnior e Luiz Iglesias, estreando no Cassino Beira Mar, naquele mesmo ano.

No Teatro João Caetano, em setembro de 1930, estreou a revista Vai dar o que falar, de Luiz Peixoto, com música de Ary Barroso. Nela, estreava Carmen Miranda, que passou por um susto. A platéia vaiou um dos seus quadros, do qual participavam cavalos da Polícia Militar e que representava o meretrício do Mangue. Ouviu-se um estampido de um tiro, os cavalos se assustaram e dispararam no local. Carmen foi praticamente empurrada para o palco, mas acalmou o público cantando. Os jornais creditaram a ela o fato de não ter ocorrido uma tragédia.

Ainda no reinado de Aracy, em 1932, na revista Com a letra, ela registra um raríssimo samba da lavra de Lamartine Babo, Só dando com uma pedra nela, que o autor viria a gravar em parceria com Mário Reis. E, em Angu de caroço, ela contribui para o início da carreira, no teatro de revista, do ator Oscar Tereza Dias, o Oscarito, que, em dupla com ela, lança o samba de Noel, Mulato bamba, gravado no ano seguinte por Mário Reis.

Surge então a Casa de Caboclo, uma companhia montada pelo bailarino Duque (Antônio Lopes de Amorim Diniz), o mesmo que levara o maxixe e os Oito Batutas a Paris. Na companhia, aparece um duo chamado Jararaca e Ratinho e uma nova vedete com o nome de Dercy Gonçalves. A revista chama-se Que-qué qué casa e limitava-se a repetir os sambas lançados em outros teatros.

Até a chegada dos anos 40, o teatro de revista manteve sua missão de lançador da música brasileira. Em 1939, na revista Camisa amarela, no Teatro Recreio, Moreira da Silva ainda encontra espaço para popularizar o samba de breque. Daí para frente, mudaria a filosofia, entrariam as vedetes estrangeiras, reinariam as plumas e os paetês, o texto ganharia o espaço maior e o rádio passaria a ser o grande divulgador da música do povo.

A malícia do samba no teatro de revista

Dizem todos: / Tem uma graça feiticeira, / Só porque aqui nasci / Nesta terra brasileira / Com meu cheiro de canela / Minha cor de sapoti, / Dizem todos: / Lá vem ela! / O demônio da Araci!

O samba Graça de Araci, de Ary Barroso, na revista Não adianta chorar, encenada em agosto de 1929, no Teatro Recreio do Rio de Janeiro, retratava musicalmente a mais polêmica, musical e importante vedete que o teatro de revista brasileiro teve em toda a sua história.

Zilda de Carvalho Espíndola começou a escalada para a fama no teatro de revista brasileiro, ao integrar o elenco de Sonho de Ópio, estreada em novembro de 1923, no Teatro São José. A figura de mulher bem brasileira, a morenice tentadora e petulante, somadas à boa voz, segura interpretação e presença dominante em cena, logo fizeram dela atriz disputada pelos empresários para as montagens de revistas subsequentes.

Aliás, disputada foi a palavra que Aracy Cortes, nome artístico adotado por Zilda, mais ouviu em toda a sua vida. Disputava-se Aracy atriz, Aracy mulher e, principalmente, Aracy cantora. Em muito pouco tempo, a fama de intérprete afinada, maliciosa, de excelente estampa, agradando plenamente ao público, fazia com que todos os compositores a procurassem para ver suas músicas incluídas nas revistas por ela estreladas.

A princípio, Aracy era obrigada a cantar as músicas apontadas pelo repertório original dos espetáculos, mas sua força cresceu tanto que passou a impor composições e compositores de seu agrado. De tal forma que até mesmo algumas revistas acabavam por serem batizadas com nomes de suas músicas favoritas.

No início da carreira, houve, entre ela e o compositor Sinhô, como que uma troca de favores. Era ele quem tinha fama, enquanto ela era principiante. Mas depois de ter aprendido muito de interpretação com o maestro Paulino Sacramento, de ser dirigida e orientada por Luís Peixoto, Aracy começou a se ombrear com o compositor e, quando cantou dele, em 1929, o samba Jura, estava efetivamente consagrada. Todas as noites bisava e trisava, na revista Microlândia, de Marques Porto, Luís Peixoto e Alfredo de Carvalho, no Teatro Fênix, de início, e posteriormente no Palace-Théâtre. Interessava, então, a Sinhô que a força de Aracy fosse usada no lançamento de suas músicas.

Mulher muito à frente de seu tempo, Aracy Cortes desde sempre desafiava preconceitos. Escorada na beleza física e na graça com que se apresentava nos palcos do teatro de revista, construiu carreira que lhe permitia todas as ousadias. Como a posar praticamente nua, "vestida" apenas com um violão, foto de 1924, resultando em um dos seus maiores sucessos, a canção "Gemer num violão", que ela interpretava de forma desabusada, sempre na certeza de ser chamada de volta ao palco, três ou quatro vezes por noite. Até encerrar em definitivo a carreira, no musical "Rosa de ouro", que a conduziu ao palco nos anos 60, manteve a pose e o charme de grande estrela.

Força que ficou patente em outro clássico absoluto da música popular brasileira, tido pelos pesquisadores como o primeiro samba-canção que se conhece. Linda flor, de Henrique Vogeler, fora lançado, com letra de Cândido Costa, em uma comédia musicada de Freire Júnior, chamada A verdade ao meio-dia, em agosto de 1928. Cantada por Dulce de Almeida, passou despercebida. Mais tarde, ao montar a revista Miss Brasil (no Teatro Recreio, em dezembro do mesmo ano), Luís Peixoto colocou nova letra, rebatizou-a como Iaiá, que acabou famosa como Ai, Ioiô, e entregou-a a Aracy. Sucesso imediato no palco e definitivo em disco, com prêmio ganho até na Alemanha.

A voz de Aracy Cortes tinha o “toque de Midas”. Nada mais natural, portanto, que fosse assediada por todos os grandes compositores. Desde o maestro Paulino Sacramento, seu mestre musical, de quem lançou o samba Ai, madame, logo na estreia, até o consagrado Ary Barroso, todos a cortejavam. E ela rainha que era, aceitava tranquilamente a corte. De Ary começou logo com Vou à Penha e Vamos deixar de intimidade (ambos, depois gravados por Mário Reis), lançados na revista Laranja da China, de Olegário Mariano, no Teatro Carlos Gomes, em 1929. Lançou no teatro e no disco (de Ary e Lamartine Babo), Gemer num violão e, só de Ary, o citado Graça de Aracy, além de Eu sou do amor, Orgia, Boneca de piche, Deixa disso, Na batucada da vida, entre os mais conhecidos.

Noel Rosa, que pouca gente sabe ter andado pelo teatro de revista, entregou muito samba de sua autoria à voz de Aracy. Em janeiro de 1931, na revista Deixa essa mulher falar, ela cantava do Poeta da Vila, Com que roupa?. Além deste, em outras revistas, Aracy voltou a interpretar Noel em primeira mão, com sambas depois consagrados em diversas gravações: Queixume, Gago apaixonado e Dona Aracy.

Muitos outros sambistas de respeito pediram a bênção à grande estrela. Wilson Batista contava que aos 16 anos, trabalhando como eletricista no Teatro Recreio, teve seu samba Na estrada da vida lançado por ela. Almirante viu seu clássico (em parceria com Candoca da Anunciação) Na Pavuna cantado por Aracy na revista Dá nela, no Teatro Recreio, em 1930. Com tanto sucesso que virou nome de outra revista, montada por Freire Júnior no Teatro Cassino Beira Mar. De Ismael Silva e Nilton Bastos, ela lançou Se você jurar e, de Lamartine Babo, o samba Lua cor de prata e o antológico Canção para inglês ver. Mário Lago entregou-lhe Beijei, e Custódio Mesquita fez para ela, em parceria com Paulo Orlando, O tempo passa. De Kid Pepe, Germano Augusto e Seda, Aracy imortalizou o samba Implorar.

Bastaria, enfim, a simples carreira de Aracy Cortes para justificar o teatro de revista como palco lançador de sucessos da música popular brasileira, em particular o samba. Mas, a revista ainda fez mais, durante algum tempo, antes de se tornar apenas um festival de plumas, pernas e piadas.

Em junho de 1941, por exemplo, estreava no Teatro João Caetano, sempre na Praça Tiradentes, no Rio de Janeiro, a revista Brasil Pandeiro, de Freire Júnior e Luís Pereira, musicada pelo baiano Assis Valente. Luxuosa e feérica, a revista apresentava quadros empolgantes e apoteóticos, ideal para a sambista Horacina Correia, uma mulata transpirando ritmo, lançar o samba que dava título à revista: “O tio Sam está querendo / conhecer a nossa batucada. / Anda dizendo que o molho da baiana / melhorou seu prato. / Vai entrar no cuscuz, / acarajé e abará”.


No ano seguinte, Assis Valente volta à revista, musicando A vitória é nossa, de Geysa Bôscoli e Freire Júnior, e, em 1943, sempre tendo como pano de fundo a presença brasileira na Segunda Guerra Mundial, Assis e Freire se juntam de novo e encenam Rei Momo na Guerra, estrelado por Dercy Gonçalves. O ponto alto era a figura do compositor Geraldo Pereira e 150 passistas e ritmistas da Escola de Samba da Mangueira, que pela primeira vez evoluía em um palco de revista.

Em 1944, Walter Pinto encena, assinada por Geysa Bôscoli e Luís Peixoto, a revista Momo na fila, sempre no seu reduto, o Teatro Recreio. Novamente Dercy é a estrela, e o êxito alcançado no ano anterior leva a Mangueira de volta ao teatro de revista, desta vez uma mini-escola de samba completa, sempre dirigida por seu compositor Geraldo Pereira. Para encenar To aí nessa boca, de 1949, J. Maia aproveitou a composição Que samba bom, de Geraldo Pereira, e criou a revista.

Não foi, porém, apenas Aracy Cortes que lançou grandes sambas e sambistas no teatro de revista. Mas, intérpretes de outros sambas alcançaram também sucesso, paralelas a Aracy, ou mesmo depois de a estrela entrar em declínio. Em 1933, por exemplo, quando da montagem de É batata, de Luiz Iglesias e Freire Júnior, da qual a própria estrela era Aracy, estava no palco uma estrela-mirim, apelidada Shirley Temple brasileira, que se chamava Isa Rodrigues. O comediante Oscarito, oriundo dos circos e que já tinha projeção na revista, sua mulher Margot Louro e a atriz Eva Todor dividiam, com a revelação infantil, as preferências do público. Aracy Cortes cantava Mulher, samba do portelense João da Gente, e Isa Rodrigues, que se tornaria grande caricata, arrebatava o público, cantando com Oscarito, de Ary Barroso, No tabuleiro da baiana, que Carmen Miranda acabara de gravar.

O gênero – designado mais como batuque que samba -, uma apoteose de basilidade, a figura da “baiana” sempre agradando, às vezes a mulher branca fingindo-se de mulata, fora lançado nos palcos por outra sambista de bossa e talento, a bela Deo Maia. Esta sim, mulata autêntica, que por longos anos manteve seu sucesso no teatro de revista, sempre com uma multidão de fãs. Fora do teatro, Deo Maia jamais conseguiu o mesmo êxito.

Ainda por muito tempo, o teatro de revista lançaria sambas e sambistas. As modificações sociais e políticas pelas quais passariam o Brasil não deixariam, porém, de atingi-lo e, ao fim dos anos 50, as coisas já tomavam outros rumos.

No final do ciclo como lançador de sucessos, o teatro de revista tem seu magnífico canto de cisne. No Teatro Carlos Gomes, na revista Branco tu é meu, em janeiro de 1952, Linda Baptista lança, de Lupicínio Rodrigues, o samba Vingança.

Praça Tiradentes e o teatro de revista

Centro nervoso dos teatros de revista do Rio de Janeiro, a Praça Tiradentes atraía compositores, músicos e cantores, à procura de emprego para seus talentos, nos muitos palcos iluminados, que faziam a cidade sonhar e cantar.

Nos anos 20 e 30, com a popularização do teatro, em particular as revistas, os “musicais”, o cenário teatral no Rio de Janeiro, antes sem oferecer nenhum conforto e com poucas opções de diversão melhorada, se vitaliza. As casas de espetáculo não somente se multiplicam pelos vários espaços centrais da cidade, como se vão adequando aos novos estratos sociais emergentes, principalmente as classes médias.

Dentro desse contexto, a Praça Tiradentes e seu entorno constituíram-se em um dos privilegiados locais para divulgação e circulação dos artistas – em especial, músicos, compositores e cantores – do período. Além de dos teatros João Caetano, Recreio, São José, Carlos Gomes, entre outros, onde se concentravam aqueles profissionais, bares e leiterias também representavam lugares de atração e de encontro para os que buscavam na praça uma oportunidade para exercer profissionalmente seus talentos.

Os mais procurados eram a Leiteria Dom Pedro II e o Café Carlos Gomes, onde hoje existe o Café Thalia, pontos de reunião de compositores como Nelson Cavaquinho, Guilherme de Brito, Wilson Batista, Henrique de Almeida, Roberto Martins, Bidê, Marçal, Jorge Faraj, Ataulfo Alves, Antonio Almeida e tantos outros.

Sabiam eles que, a qualquer momento, poderia surgir a chance de um trabalho ser aproveitado em uma das muitas revistas que eram encenadas nos teatros da praça. Custódio Mesquita, Ary Barroso, Sinhô, André Filho, Francisco Matoso já tinham se consagrado por ali e de repente a sorte poderia aparecer. No caso de Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito, jamais conseguiram participar das revistas, mas acabaram por se encontrar nos bares da praça e formar uma das mais importantes parcerias da música popular brasileira.

A maioria dos cantores e compositores “ainda do time de aspirantes” frequentava a Praça Tiradentes, uma espécie de vestibular. Depois de famosos e ganhando dinheiro para pagar elegantes alfaiates, já bem-sucedidos, transferiam-se para o Café Nice ou para o Café Papagaio, ao lado da conceituada Confeitaria Colombo.

Enquanto isso não acontecia, a solução era enfrentar as xícaras de café com leite nos botequins da Praça Tiradentes, compor os sambas em suas mesas, com tampo de mármore e pé de ferro, e aguardar que o sucesso os viesse resgatar dali. Ou que o próprio teatro de revista se encarregasse de os fazer famosos.


Fonte: História do Samba (fascículos) - Editora Globo.

Francisco Alves


Francisco de Moraes Alves nasceu em 19 de agosto de 1898, no Rio de Janeiro, na rua Conselheiro Saraiva, centro, sendo filho de José e Isabel, portugueses. Seu José, dono de botequim, falecido em 1919, não faria fortuna. Teve três irmãs: Ângela, a mais velha, Lina e Carolina. Lina, com o nome artístico de Nair Alves, seria conhecida atriz de revista e radioatriz. José, seu único irmão, possuía bonita voz, mas veio a falecer com apenas 18 anos, em 1918, durante a gripe espanhola.

Cursou apenas a escola primária e desde cedo interessou-se pela música. Da irmã Nair ganhou uma guitarra e as primeiras lições. Começou sua carreira de cantor em abril de 1918, na Companhia de João de Deus-Martins Chaves. Depois ingressou na Companhia de Teatro São José, do empresário José Segreto.

Em 1919, para o Carnaval de 1920, levado por Sinhô, gravou na etiqueta Popular (recém-fundada por Paulo Lacombe e João Batista Gonzaga, suposto filho de Chiquinha Gonzaga) dois discos com a marcha O pé de anjo e os sambas Fala meu louro e Alivia estes olhos, todas de Sinhô. Ganhava a vida como motorista de praça, apresentando-se como cantor-ator secundário de revistas musicais. Casou-se em 1920 com Perpétua Guerra Tutóia, de quem logo se separou. No mesmo ano conheceu a atriz-cantora Célia Zenatti, sua companheira por 28 anos.

Em 1924 gravou para o Carnaval dois discos na Odeon, com o samba Miúdo (Sebastião Santos Neves) e as marchas Não me passo pra você e Mlle. Cinéma (ambas de Freire Júnior). Voltou em 1927 à Odeon na qual rapidamente gravou 11 discos com 19 músicas ainda no sistema mecânico, com destaque para Cassino Maxixe (primeira versão de Gosto que me Enrosco) e Ora vejam só, sambas de Sinhô.

Em julho de 1927, quando a Odeon inaugurou no Brasil o sistema elétrico de gravações, foi o intérprete da marcha Albertina e do samba Passarinho do má (ambas de Duque), as duas faces do primeiro disco produzido eletricamente, o Odeon 10.001. Em 1928 passou a gravar concomitantemente na Parlophon, subsidiária da Odeon, utilizando o apelido de Chico Viola.

Em fevereiro de 1929 fez sua estreia no rádio, apresentando-se na Rádio Sociedade. Seus discos começaram a sair em profusão e sem tardar alcançou o topo do qual jamais saiu até falecer. Só em 1928 e 1929 gravou quase 300 músicas de reconhecida qualidade. Interpretou todos os gêneros e foi quem mais gravou em toda a história dos discos de 78 rpm no Brasil: 526 discos com 983 músicas. Como compositor deixou cerca de 132 músicas, sendo seu forte a melodia.

Em 1928 fez na Parlophon o primeiro registro da canção A voz do violão, melodia sua e versos de Horácio Campos, grande sucesso, tanto que a regravou em 1929, 1939 e 1951. Nesse ano também lançou de Sinhô os sambas A favela vai abaixo, Ora vejam só (segunda matriz) e Não quero saber mais dela, em dueto com Rosa Negra, e de Pixinguinha com letras de Cícero de Almeida os sambas Festa de branco e Samba de nego, bem como a modinha Malandrinha, de Freire Júnior, e a canção Lua nova, sua e de Luís Iglésias. Nos anos de 1929 e 1930, de campanha presidencial, foi quem mais gravou canções de conteúdo político, como em 1929, o samba É sim senhor e a marcha Seu Doutor (ambos de Eduardo Souto), a marcha Seu Julinho vem (Freire Júnior), e, em dueto com Araci Cortes, o samba É no toco da goiaba (Eduardo Souto e José Jannyni).

No Carnaval de 1930 obteve notável êxito com a marcha Dá nela (Ary Barroso). Outro sucesso memorável foi sua gravação do Hino a João Pessoa (Eduardo Souto e Osvaldo Santiago), antes da revolução de outubro desse ano, durante o qual também excursionou pela primeira vez ao exterior, apresentando-se em Buenos Aires, Argentina, com a companhia de revistas musicais de Jardel Jércolis.

Na volta a Odeon reuniu-o a Mário Reis, por sugestão sua, para cantarem em dupla, estreando com os sambas Deixa essa mulher chorar (Brancura) e Quá, quá, quá (Lauro dos Santos), êxitos no Carnaval de 1931. A dupla durou até o final de 1932 e deixou 12 discos com 24 gravações importantes, entre as quais o samba Se você jurar (1931), com Ismael Silva e Nílton Bastos, Marchinha do amor (1932), de Lamartine Babo, a marcha Formosa (Carnaval de 1933), de Nássara e J. Rui, e Fita amarela (Carnaval de 1933), de Noel Rosa.

Em 1931 gravou entre outros sucessos a versão da valsa Dançando com lágrimas nos olhos (Joe Burke e Lamartine Babo), a modinha Deusa (Freire Júnior) e o samba Mulher de malandro (Heitor dos Prazeres), no Carnaval de 1932, primeiro prêmio no primeiro concurso oficial de músicas carnavalescas. Ainda nesse ano lançou o samba Gandaia (seu com Ismael Silva) e Para me livrar do mal (Ismael e Noel Rosa) e começou sua parceria com Orestes Barbosa, apenas letrista, com a canção Meu companheiro, que produziu 14 composições até 1934.

Em 1933 gravou de Noel Rosa os sambas Fita amarela, já referido, Pra esquecer, Feitio de oração (c/Vadico) em dueto com Castro Barbosa, Não tem tradução, entre outros, bem como a marcha junina Cai, cai, balão (Assis Valente), com Aurora Miranda em sua estréia no disco, a rumba Garimpeiro do Rio das Garças (João de Barro), a canção Pálida morena (Freire Júnior). Nesse ano, o locutor César Ladeira deu-Ihe o slogan de Rei da Voz.

Em 1934 transferiu-se para a RCA Victor, na qual ficou até 1937. Passou a dirigir um programa na Rádio Cajuti, nele lançando o cantor Orlando Silva, que se tornaria seu grande rival junto ao público. Ainda em 1934 gravou a valsa A mulher que ficou na taça (sua com Orestes) e fez aquele que seria seu único disco com Carmen Miranda, com a marcha Retiro da saudade (Noel Rosa e Nássara). Tinha se iniciado de certa forma no cinema em Voz do Carnaval (1933), de Ademar Gonzaga, no qual foi aproveitada apenas sua voz tirada de discos.

Em 1935 estréia de fato na tela em Alô, alô Brasil, de Wallace Downey, João de Barro e Alberto Ribeiro, a que se seguiriam os filmes Alô, alô Carnaval, de Ademar Gonzaga (1936), Laranja da China (1940), de J. Rui, e Samba em Berlim (1943), Berlim na batucada (1944), Pif paf (1945), Caídos do céu (1946) e Esta é fina (1948), todos de Luís de Barros. No Carnaval de 1935 lançou o samba Foi ela (Ary Barroso) e a marcha Grau dez (Ary e Lamartine) e depois o samba Na virada da montanha (mesma parceria).

Depois de vários anos, e pela última vez, atuou no teatro musicado na bem sucedida burleta Da favela ao Catete, de Freire Júnior. No Carnaval de 1936 lançou as marchas Manhãs de sol (João de Barro e Alberto Ribeiro), Uma porta e uma janela (Nássara e Roberto Martins), A.M.E.I. (Nássara e Eratóstenes Frazão), os sambas É bom parar (Rubens Soares) e Me queimei (Nássara e Valfrido Silva) e no meio do ano o samba Favela (Roberto Martins e Valdemar Silva). Nas festas juninas foi muito cantada a marcha Pula a fogueira (Getúlio Marinho e João Bastos Filho). Nesse ano apresentou-se na Radio El Mundo, de Buenos Aires, por dois meses, tendo levado Alzirinha Camargo e Benedito Lacerda, e também publicou sua autobiografia Minha vida.

Em 1937 gravou o samba-canção Serra da Boa Esperança (Lamartine Babo). Em 1938, no Carnaval pernambucano, marcou sucesso com as gravações dos frevos Ui, que medo eu tive! (Aníbal Portela e José Mariano) e Júlia (Capiba) e, no Carnaval carioca, com os sambas Ando sofrendo (Roberto Martins e Alcebíades Barcelos) e Vão pro Scala de Milão (Ary Barroso). Nos gêneros sentimentais, lançou o samba-canção A única lembrança (Ary Barroso) e a canção Meu romance (Saint-Clair Senna).

Em 1939 registrou as valsas Diga-me e Minha adoração (ambas de Nelson Ferreira) e Valsa dos namorados (Silvino Neto) e o gênero a que se chamou "samba-exaltação" com Aquarela do Brasil (Ary Barroso), designado no selo do disco "cena brasileira". Transferiu-se para a Columbia e gravou nesse gênero Brasil (Benedito Lacerda e Aldo Cabral), em dueto com Dalva de Oliveira, 1939; Onde o céu azul é mais azul (João de Barro, Alberto Ribeiro e Alcir Pires Vermelho), 1940; Canta Brasil (Alcir e David Nasser), 1941; Bahia com H (Denis Brean), 1947; São Paulo, Coração do Brasil (com David Nasser), 1951, e outros.

Em 1940 lançou no Carnaval a marcha Dama das camélias (Alcir e João de Barro) e os sambas Solteiro é melhor (Rubens Soares e Felisberto Silva) e Despedida de Mangueira (Benedito Lacerda e Aldo Cabral). Em 1941 lançou os sambas carnavalescos Poleiro de pato é no chão (Rubens Soares) e Eu não posso ver mulher (Osvaldo Santiago e Roberto Roberti) e a valsa Eu sonhei que tu estavas tão linda (Francisco Matoso e Lamartine Babo). Depois de atuar em diversas emissoras, fixou-se a partir de 1941 na Rádio Nacional até falecer. Seu programa dos domingos ao meio-dia, Quando os ponteiros se encontram, apresentado pela locutora Lúcia Helena, obteve maciça audiência em todo o Brasil.

Em 1942 foi um dos vencedores do Carnaval com Sandália de prata (Alcir e Pedro Caetano) e, na música romântica, lançou as valsas Carnaval da minha vida (Benedito Lacerda e Aldo Cabral) e Capela de São José (Marino Pinto e Herivelto Martins). Em 1943 gravou as versões dos foxes-canções Beija-me muito (Consuelo Velazquez e David Nasser) e O amor é sempre amor (Hupfeld e Jair Amorim), e a valsa-bolero A mulher e a rosa (Alcir e Davi Nasser) e, em 1944, no Carnaval, a marcha Eu brinco (Pedro Caetano e Claudionor Cruz) e o samba Odete (Herivelto Martins e Waldemar de Abreu), com o Trio de Ouro. Em tempo de guerra gravou Canção do expedicionário (Espártaco Rossi e Guilherme de Almeida) e várias versões.

Em 1945 seus sucessos no Carnaval foram o samba Izaura (Herivelto Martins e Roberto Roberti) e Que rei sou eu? (Herivelto e Valdemar da Ressurreição); em 1946, a marcha Palacete no Catete (Herivelto e Ciro de Sousa) e o samba Vaidosa (Herivelto e Artur Morais); depois, o samba Fracasso (Mário Lago) e as regravações da canção Minha terra (Valdemar Henrique) e do fox-canção O cigano (Marcelo Tupinambá e Gastão Barroso).

Em 1947, no Carnaval, fez sucesso com o samba Palhaço (Herivelto e Benedito Lacerda) e depois com Adeus (Cinco letras que choram) (Silvino Neto), Bahia com H, já referido, e os sambas-canções Nervos de aço (Lupicínio Rodrigues) e Caminhemos (Herivelto Martins); em 1948, o samba Falta um zero no meu ordenado (Ary Barroso e Benedito Lacerda). Vieram então os sambas-canções Quem há de dizer (Lupicínio e Alcides Gonçalves), Esses moços (Pobres moços) (Lupicínio) e Madrugada (Herivelto e Evaldo Rui).

Em 1949 foram sucessos carnavalescos os sambas Maior é Deus (Felisberto Martins e Fernando Martins) e a marcha Pode matar que é bicho (sua com Haroldo Lobo e Nilton de Oliveira) e, em 1950, foi muito cantado o samba A Lapa (Herivelto e Benedito Lacerda); lançou ainda os sambas-exaltação Forasteiro e Aquarela mineira (ambos de Ary Barroso) e o samba Maria Rosa (Lupicínio Rodrigues).

Em 1951, foi a vez dos sambas Deus lhe pague (Polera, André Penazzi e Davi Nasser) e Lili (Haroldo Lobo e Davi Nasser), das marchas Holandesa (Davi Nasser e Haroldo Lobo), com Dalva de Oliveira e Retrato do velho (Haroldo Lobo e Marino Pinto) e do samba-exaltação São Paulo, coração do Brasil (com David Nasser). A parceria com David Nasser, iniciada em 1940, resultou em 20 composições e um livro de bolso biográfico, escrito por David, Chico Viola, publicado em 1966.

Em 1952, no Carnaval, teve muito êxito com a marcha Confete (Jota Júnior e David Nasser). Faleceu em desastre de automóvel na Via Dutra, quando o Buick que dirigia recebeu o choque de um caminhão na contramão.

Letras e cifras

































































































































Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha.

Ave Maria

Erothides de Campos
Esta valsa-serenata foi a primeira "Ave Maria" a fazer sucesso na música popular brasileira. Seu autor é Erothides de Campos, um paulista de Cabreúva que passou a maior parte da vida em Piracicaba, compondo, tocando vários instrumentos e... ensinando física e química na Escola Normal Sud Mennucci. De sobrenome Neves pelo lado materno, ele usava o pseudônimo Jonas Neves quando fazia letras, como é o caso desta canção, que muitos pensam ser de duas pessoas.

Composta em 1924 e lançada em disco em 1926, por Pedro Celestino, "Ave Maria" somente ganhou sua gravação ideal em 1939, quando Augusto Calheiros soube valorizar o clima de nostalgia e misticismo romântico que marca a composição. Uma prova do sucesso nacional de "Ave Maria" é a valsa "Cheia de Graça", escrita em Recife, no final dos anos vinte, por Nelson Ferreira e Eustórgio Wanderley, em homenagem a Erothides de Campos. O curioso em "Cheia de Graça" é que a canção repete as notas iniciais da "Ave Maria", só que em escala descendente, ao contrário do original.

Ave Maria (valsa-serenata, 1924) - Erothides de Campos

Interpretação de Pedro Celestino em disco Odeon lançado em 1926:

Disco selo: Odeon R / Título da música: Ave Maria / Erothides de Campos (Compositor) / Jonas Neves (Compositor) / Pedro Celestino (Intérprete) / Conjunto (Acomp.) / Nº do Álbum: 123085 / Lançamento: 1926 / Gênero musical: Valsa / Coleções: IMS, Nirez



Interpretação de Augusto Calheiros em disco Odeon lançado em outubro de 1939:

Disco 78 rpm / Título da música: Ave Maria / Erothides de Campos (Compositor) / Jonas Neves (Compositor) / Augusto Calheiros (intérprete) / Antenógenes Silva [Acordeon], Rogério e Laurindo (Acomp.) / Gravadora: Odeon / Nº do Álbum: 11775-a / Nº da Matriz: #6188 / Gravação: 30/agosto/1939 / Lançamento: Outubro/1939 / Gênero musical: Valsa / Coleções: IMS, Nirez


----------Bm ------Gb7----- Bm------- Em---- B7------ Em
Cai a tarde tristonha e serena, em macio e suave langor
----------G7-------- Em----- Bm------- A7------ G7------ Gb7
Despertando no meu coração a saudade do primeiro amor!
----------Bm-------- Gb7------- Bm B7 ---------Em ----B7----- Em
Um gemido se esvai lá no espaço, ----nesta hora de lenta agonia
--------------G7 ------Em------ Bm ------A7------- Gb7 ----Bm
Quando o sino saudoso murmura badaladas da “Ave-Maria”!

-------------A7------------------- D------------------ A7 -------------------D
Sino que tange com mágoa dorida, recordando sonhos da aurora da vida
-------------------B7 --------------G7 -----Em-- Bm--- Gb7 --Bm Gb7
Dai-me ao coração paz e harmonia, na prece da “Ave Maria”!

Cai a tarde tristonha . . .. (repetir a 1a. Estrofe)

--------B--- Gb7----- B----------- G7----- Gb7------ Bm
No alto do campanário uma cruz simboliza o passado
-------------B7------------ Em ------------------Bm----- Gb7--- Bm
De um amor que já morreu, deixando um coração amargurado
-------B---- Gb7----- B -----------G7----- Gb7--- Bm
Lá no infinito azulado uma estrela formosa irradia
-----------B7--------------- Em ------G7--- Em-- Bm ---Gb7-- Bm (Bm)
A mensagem do meu passado quando o sino tange “Ave Maria”


Fonte: A Canção no Tempo - Vol. 1 - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34.

Erothides de Campos

Erothides de Campos, compositor e instrumentista, nasceu em Cabreúva SP (15/10/1896) e faleceu em Piracicaba SP (20/3/1945). Aos oito anos iniciou estudos de piano com Francisca Júlia da Silva, poetisa de renome e pianista, e aos 12 anos, integrava uma das bandas de sua cidade, época em que também começou a compor. Em 1905 deixou Cabreúva e matriculou-se, em São Paulo SP, no Liceu Coração de Jesus, onde foi descoberto como exímio flautista.

Em 1908 mudou-se para Piracicaba, onde integrou o conjunto musical da cidade. Nessa cidade, em 1917, escreveu a valsa Mariinha, com versos de Melo Aires, sua primeira composição impressa, editada para piano e orquestra em 1918, com pleno sucesso. Nesse ano transferiu-se para São Carlos SP, onde organizou a orquestra do Cine São Carlos.

Em 1923 passou a residir em Pirassununga SP, lecionando música e integrando o Grupo Chorão da cidade. Aí compôs sua obra máxima, a valsa Ave Maria (letra de Jonas Neves), gravada em 1926 por Pedro Celestino, na Odeon, e regravada várias vezes por outros cantores, como Augusto Calheiros (1939), Alvarenga e Ranchinho (1941) e Francisco Alves (1947). Voltou para Piracicaba em 1932, onde permaneceu até a morte. Aí lecionou química na Escola Normal Sud Mennucci, enquanto prosseguia sua trajetória como compositor. Era ainda excelente instrumentista: executava com perfeição a flauta e, também, clarineta, violão e piano.

Faleceu de um colapso cardíaco, deixando, seguramente, mais de 230 composições, que abrangem formas musicais variadas: valsas, choros, maxixes, marchinhas, tangos, sambas. Em sua carreira adotou os pseudônimos Gil Neves, Pan, Pan Eropos, Eropos; Jonas Neves, autor dos versos de pelo menos 50 de suas composições, não é pseudônimo, mas parte de seu próprio nome, pois assinou suas primeiras composições, ainda menino, como Erothides Jonas de Campos, sendo Neves sobrenome de sua mãe, Francisca da Silveira Neves.

Obra

Abençoai-nos, ó Maria (c/Melo Aires), canção, s.d.; Abram alas (c/Jonas Neves), choro, s.d.; Adeus de Pierrô (c/Jonas Neves), choro, s.d.; Adônis (c/Jonas Neves), fox-trot, s.d.; Adoração (c/Jonas Neves), valsa, s.d.; Aí, cavaquinho, choro, s.d.; Alma roceira (c/Jonas Neves), samba, s.d.; Alô! Brasil (c/Newton de Melo), marchinha, s.d.; Alvorada de lírios (c/Benedito Almeida Júnior), canção, s.d.; Amarílis, choro, s.d.; Ameno Guarujá, entreato, s.d.; Angélica esperança, valsa, s.d.; Ansiedade, valsa, s.d.; Aos corações (c/Jonas Neves), fox-trot, s.d.; Aspiração (c/Jonas Neves), valsa, s.d.; Até quando será (c/Chiquinho Neves), samba, s.d.; Ave Maria (c/Jonas Neves), valsa, 1926; Ária, s.d.; Bandeirante, fox-trot, s.d.; Uma barquinha azul (c/Gil Neves), canção, s.d.; Brejeiro, choro, s.d.; Caboclo sincero (c/Jonas Neves), s.d.; Caminho do paraíso, intermezzo, s.d.; Cantiga serrana (c/Benedito Costa), canção, s.d.; Caridade (c/Carlos Conceição), valsa, s.d.; Carinhosa, valsa, s.d.; A casinha onde nasci (c/H. Fonseca Júnior), choro, 1926; Um caso sério (c/Jonas Neves), samba, s.d.; Centenário de Pirassununga, dobrado, s.d.; Cheia de mágoas (c/Jonas Neves), valsa, s.d.; Chereta (c/Benedito Costa), canção, s.d.; A cigarra (c/Teófilo Otoni da Fonseca), fado-tango, s.d.; Colombina (c/Jonas Neves), marcha, s.d.; Como eu te quero bem, valsa, s.d.; Condores do Brasil (c/Jonas Neves), charleston, s.d.; Convite à valsa, valsa, s.d.; Copacabana (c/Jonas Neves), marcha, s.d.; As covinhas do teu rosto (c/Jonas Neves), maxixe, s.d.; Dá-me o teu coração (c/Jonas Neves), valsa, s.d.; De déu em déu, maxixe, s.d.; De fio a pavio, maxixe, s.d.; Desdém (c/Jonas Neves), samba-canção, s.d.; Despedida (c/F Penteado), canção, s.d.; Dobrado cabreuvano, dobrado, s.d.; Dona Gilda, valsa, s.d.;Dr. Mamede, s.d.; Encantamento, fox, s.d.; Enlevo (c/H. Fonseca Júnior), fox-trot, s.d.; Esperto, choro, s.d.; Está na hora (c/Jonas Neves), marcha-rancho, s.d.; Êxtase (c/Pedro Voss Filho), valsa, s.d.; Filhinha, valsa, s.d.; Flor do mal (c/Paulo Cisne), valsa, s.d.; Flor do sertão (c/Jonas Neves), samba, s.d.; Frenesi (c/Jonas Neves), fox-trot, s.d.; Frou-Frou (com Téofilo Otoni da Fonseca), choro, s.d.; Goal, tango, s.d.; Gracinha (com H. Fonseca Júnior), choro, s.d.; Grata recordação (com H. Fonseca Jr.), valsa, s.d.; Hás de ser minha, fox, s.d.; Hino à criança (com Melo Aires), s.d.; Hino do Grupo Escolar Pedro Crem, s.d.; Hino do Regatas (com Silvio de Aguiar Souza), s.d.; Hino Oficial do Grupo Prudente (com Melo Aires), s.d.; Iaiazinha, valsa, s.d.; Ideal consolador (com Jonas Neves), valsa, s.d.; Idílio campestre, pastoral, s.d.; Ilusões caladas (com H. Fonseca Júnior), valsa, s.d.; Ingratidão, valsa, s.d.; Isso é contrabando!(com XXX), marcha, s.d.; Legalista, marcha, s.d.; Lembrança de Chinho, valsa, s.d.; Lembrança dos meus doze anos, dobrado, s.d.; Longe de meu bem (com Melo Aires), valsa, s.d.; Madre Helena (com Querubim Correia), tango, s.d.; Madrigal (com Jonas Neves), shimmy-fox-trot, s.d.; Mágoa sertaneja (com Amadeu Colombo), samba, 1927; A mamaezinha (com Luís Leandro), canção, s.d.; Mandinga (com Jonas Neves), samba, 1925; Marcha fúnebre, s.d.; Mariinha (com Melo Aires), valsa, 1918; Marisol, valsa, s.d.; Mary (com Jonas Neves), tango, s.d.; Mary (com Cegê), valsa, s.d.; Mau olhado (com Jonas Neves), samba, s.d.; Meg, valsa, s.d.; Meigos olhos (com Jonas Neves), valsa, s.d.; Melindrosinha (com Jonas Neves), charleston, s.d.; Melodia da fé (com OXS), valsa, s.d.; Menina dos olhos (com Jonas Neves), choro, s.d.; Mensagem de amor (com Jonas Neves), valsa, s.d.; Os meus ais (com Jonas Neves), samba, 1925; Miragem, valsa, s.d.; Mirtes, valsa, s.d.; Misteriosa (com Jonas Neves), valsa, s.d.; Murmúrios do Piracicaba (com Gil Neves), canção, s.d.; Murmúrios sonoros (com H. Fonseca Júnior), valsa, s.d.; Nas asas dum querubim (com Jonas Neves), valsa, s.d.; Uma noite em Campinas, s.d.; Nostalgia (com Gil Neves), canção, s.d.; Oh! Fala se me amas (com Jonas Neves), valsa, s.d.; Olhar que me fascina (com Jonas Neves), valsa, s.d.; Olivetti (com H. Fonseca Júnior), marcha, s.d.; Ouvir estrelas (com Jonas Neves), fox-trot, s.d.; Palhaço (com Pedro Voss Filho), tango, s.d.; Pan, ragtime, 1919; Paraíba, canção, s.d.; Pastor Bonus, elegia, s.d.; Patriarca, marcha, s.d.; Pif-paf, one-step, s.d.; Plenilúnio, choro, s.d.; Plenilúnio, fox-trot, 1927; Pombinhos (com Jonas Neves), samba, s.d.; Porto Artur, dobrado, 1907; Prece de Natal, s.d.; Preces de amor (com Benedito Almeida Júnior), valsa, s.d.; Primeiro amor (com Jonas Neves), charleston, s.d.; Primeiro de Março, choro, s.d.; Procópio amoroso (com Jonas Neves), choro, s.d.; Queixumes (com H. Foncesa Júnior), samba, s.d.; Queridinha, berceuse, s.d.; Quiproquó, tango, s.d.; Redemoinho, choro, s.d.; Um róseo Carnaval, marcha, s.d.; Sala de espera (com Chiquinho Neves), fox-trot, s.d.; Salta, meu bem, na canoa! (com H. Fonseca Júnior), samba, s.d.; Saudades daqui (com Melo Aires), valsa, s.d.; Saudades de Nhonhô, s.d.; Segredo (com Viviani), canção, s.d.; Sê minha para sempre (com Jonas Neves), valsa, s.d.; Sentinela (com Jonas Neves), fox-trot, s.d.; Separação (com Arnaldo Arantes), tango, s.d.; Separação (com Melo Aires), , valsa, s.d.; Serenata, valsa, s.d.; Sereno, choro, s.d.; Sertaneja (com Luís Leandro), canção, s.d.; O sertanejo sorteado (com Chiquinho Neves), samba, s.d.; Seu Tibúrcio da Mangueira (com Joaquim Luís), revista-burleta, s.d.; Sinos do Natal (com H. Fonseca Júnior), tango, s.d.; Sonhador (com Jonas Neves), fox-trot, s.d.; Sonhar venturas (com Jonas Neves), valsa, s.d.; Sonho de primavera (com Francisco Lagreca), valsa, s.d.; Sonho oriental, valsa, s.d.; Talismã, choro, s.d.; Talvez, valsa, s.d.; Teu doce amor (com Jonas Neves), valsa, s.d.; O teu passinho (com Jonas Neves), choro, s.d.; O teu pezinho (com Chiquinho Neves), samba, s.d.; Tristeza campesina (com Amadeu Colombo), canção, s.d.; Valsa do adeus (com Leandro Guerrini), s.d.; Velho Anhembi (com Jonas Neves), fox-trot, s.d.; Vera (com G. Pesce), valsa, s.d.; Vida campesina (com Melo Aires), canção, s.d.; Vinte e Cinco de Julho, valsa, s.d.; Viola magoada (com Leandro Guerrini), canção, s.d.; Vivo triste, ò Maria (com Jonas Neves), samba, s.d.; Você compreende, polca, s.d.; Volúpia de cantar (com Pedro Voss Filho), tango, s.d.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.