terça-feira, dezembro 05, 2006

Abá-Logum


Abá-Logum (1948) - Waldemar Henrique - Intérprete: Jorge Fernandes

LP 10' Música De Waldemar Henrique Na Interpretação De Jorge Fernandes / Título da música: Abá-Logum / Waldemar Henrique (Compositor) / Jorge Fernandes (Intérprete) / Gravadora: Sinter / Ano: 1956 / Nº Álbum: SLP 1064 / Lado B / Faixa 4 / Gênero musical: Folclore / Obs.: Jorge Fernandes é acompanhado ao piano pelo próprio Waldemar Henrique.



Amanquê ojarê Abá-Logum ia coroa onirê
Abá-Logum ia coroa onirê
Abá-Logum ia coroa onirê

Abá-Logum ia coroa aiô
Ia manquera, ia manquerea
Ia manquera, undá
Abá-Logum ia coroa aiô

Waldemar Henrique

O compositor e pianista Waldemar Henrique (Waldemar Henrique da Costa Pereira) nasceu em Belém do Pará (15/2/1905) e faleceu na mesma cidade em 28/3/1995. Depois de passar a infância na cidade do Porto, Portugal, regressou ao Brasil e iniciou-se na música.

Começou a estudar solfejo e piano com Nicote de Andrade, em 1918, em Belém. Em seguida, fez cursos de violino, harmonia, composição e canto. Seu primeiro sucesso, Minha terra, é de 1923. Em 1929 ingressou no Conservatório Carlos Gomes, onde foi aluno de Filomena Brandão Baars e do maestro Ettore Bosio e de Beatriz Simões.

Em fins de 1933 transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde estudou piano, composição, orquestração e regência com Barroso Neto, Newton Pádua, Athur Bosmans, Lorenzo Fernandez e Outros. Dedicou-se especialmente à composição, sobretudo de canções, de inspiração folclórica principalmente amazônica, mas também indígena, nordestina e afro-brasileira.

Trabalhou em rádios, teatros e cassinos do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, além de haver realizado excursões por todo o Brasil, Argentina, Uruguai, França, Espanha e Portugal. Nessas viagens, apresentava-se com sua irmã, a cantora Mara Costa Pereira (Mara Henrique Ferraz, 1916—1975).

Durante alguns anos, no Rio de Janeiro, dedicou-se ao magistério e produziu programas para diversas emissoras, como a Rádio Roquette Pinto, de que foi diretor da seção de música orquestral. Por comissionamento do Itamaraty, realizou excursões artísticas pela França, Espanha e Portugal, em 1949 e 1955, e pelo Paraguai, Uruguai e Argentina, em 1953 e 1954.

Em 1956 gravou seu primeiro LP, com interpretaçao vocal de Jorge Fernandes. Em 1958, sua música-tema para Morte e vida Severina, poema dramático de João Cabral de Meio Neto (1920—), obteve o prêmio Jornal do Comércio, como o melhor do ano. Dirigiu por mais de dez anos o Teatro da Paz, de Belém.

Até 1967 trabalhou no Departamento de Cultura e no Teatro Municipal, do Rio de Janeiro. Em 1978 a Funarte publicou Waldemar Henrique: o canto da Amazônia, de José Claver Filho, volume 2 da Coleção MPB. Foi eleito em 1981 para a Academia Brasileira de Música.

Ao completar 80 anos, em 1985, foi homenageado em desfile de escola de samba, em Belém, cidade onde há um teatro que leva seu nome. Escreveu mais de 120 canções ao longo de sua carreira.

Obras

Abá-Logum, 1948; Abaluaiê, 1947; Adeus, 1961; Boi-bumbá, 1934; Cabocla malvada, 1932; Canção dos remadores, 1938; Cobra grande, 1934; Coco peneruê, 1934; Curupira, 1934; Essa negra fulô, 1935; Eu me agarro na viola, 1936; Matintaperera, 1933; Meu boi vai-se embora, 1936; Meu último luar, 1934, Minha terra, 1923; Morena, 1935; No jardim de Oeira, 1948; Rolinha, 1935; Sem seu, 1952; Senhora dona Sancha, 1932; Sonho de curumim, 1937; Tamba-Tajá, 1934, Trem de Alagoas, 1939; Uirapuru, 1934; A vela que passou, 1936.

CD

O canto da Amazônia, Projeto Uirapuru vol. 2, 1997, Secult Pará PA0010.

Algumas músicas















Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998

General Gasparino

General Gasparino (Gasparino de Castro Carneiro Leão), instrumentista e compositor, morou em São Paulo, capital, e faleceu, na mesma cidade, no ano de 1919. Oficial do Exército e músico, freqüentava as rodas dos chorões da época. Foi professor de flauta e também compôs, destacando-se a polca Ibiapina, a modinha A flor do ipê, com letra de Catulo da Paixão Cearense, e o tango Indígena, que também ganhou versos de Catulo, com o título Ave Maris do sertanejo.

Reminiscencias dos chorões antigos - Por Alexandre Gonçalves Pinto:

"... musico de cultura, e valor. Era professor de flauta e de grande saber. De uma educação finissima e posição elevada. Occupou cargo de grande responsabilidade. Nos seus labios a sua flauta era um primor, conhecia bem as musicas dos velhos chorões, que tocava com grande facilidade, conhecia tambem o classico com grande maestria. Tem em diversos cadernos de alguns chorões, composições suas de alta belleza. Infelizmente tambem como muitos de seus companheiros já dorme o somno eterno. Felizmente ainda tenho em meu archivo uma bella e chorosa polka, com o nome "Ipibiana".


Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998; Reminiscencias do Chorões Antigos - Alexandre Gonçalves Pinto.

Licas

O instrumentista Licas viveu no Rio de Janeiro entre o fim do séculos XIX e começo do séc. XX. Tipógrafo, residente no subúrbio da Piedade, começou carreira musical como flautista.

Integrou a banda do Corpo de Bombeiros, sob a direção de Anacleto de Medeiros, destacando-se como executante de bombardino e bombardão.

Frequentou as rodas de choro mais famosas de sua época, ao lado de Candinho Trombone, Anacleto de Medeiros, Cupertino de Menezes, Catulo da Paixão Cearense, Mano Cavaquinho e Sátiro Bilhar.

Ficaram famosos os contracantos que fazia no bombardino, imitando os baixos melódicos do violão.

Reminiscências dos chorões antigos - Por Alexandre Gonçalves Pinto:

"Lica, era typographo, morava na rua Sá, em Piedade, foi um grande bohemio e um grande chorão, bombardão falado e conquistado, fazia gosto vel-o tocar, por esta razão era deveras apreciado pelos amantes dos "chôros" pela sua sympathia, conhecia o seu instrumento demais, por este motivo executava com muita cadencia, conhecedor de seu mecanismo, dava sempre preferencia em acompanhar flauta, cavaquinho e violão, sendo pelos mesmos acclamado tal era a macieza de seu sôpro e suavidade das notas melodiosas de seu bombardão.

Houve um tempo em que elle se dedicou á flauta e com este instrumento fez prodigios no meio dos chorões, depois Lica, foi fazer parte da banda de musica do Corpo de Bombeiros debaixo dabatuta do prestigioso e inesquecivel maestro Anacleto de medeiros, de quem se tornou um fervoroso amigo.

Lica, tinha verdadeiro amor e devotamento á arte musical, nos chôros onde elle fazia parte e dispunha de liberdade, pedia a palavra em louvor sempre de Santa Cecilia, tal era o seu enthusiasmo, tambem tinha muita habilidade nas representações de scenas comicas.

Ninguem como o Lica, fazia um anão nos intervallos dos chôros pondo um cesto na cabeça coberto com um pannobranco, fazendo uma carranca na barriga, entrava nos salões arrancando applausos da assistencia.

Elle ia longe a procura de seus companheiros de "chôro" com um bombardão velho e enzinhavrado cumprindo assim a sua palavra, a chegada de Lica, nos "chôros" á ultima hora tinha radiante recepção, pela anciedade de sua presença. Lica, foi um "chorão"inveterado que deixou saudades aos chorões da velha guarda.

Tal a macieza de seu sôpro, como contra baixo de cordas. Acompanhando muitas vezes com o seu velho bombardão até modinhas, fazendo nas suas notas um violão".


Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora; Dicionário da MPB; Reminiscências dos Chorões Antigos - Alexandre Gonçalves Pinto.

Capitão Rangel

Miguel Rangel, o Capitão Rangel, compositor, viveu na segunda metade do século XIX. Chorão da velha guarda, era contemporâneo de Joaquim Antônio da Silva Callado.

"... musicista, autor de innumeras composições, como sejam:"Geralda", "Alice", "Futuro Risonho", "Ternura", "Não machuca a gente", "Amelia", "Vivi", "Olhos de Candinha", "Saudades de 1° de Agosto de 1888", "Você me prometteu", "Emilia" e "Sympathia"; não estando aqui descriptas nem a terça parte de suas musicas.

Rangel foi um dos principes dos Chorões da Velha Guarda" (Alexandre Gonçalves Pinto).

Obras

Alice, s.d.; Camponesa, polca, s.d.; Emília, s.d.; Futuro risonho, s.d.; Geralda, quadrilha, s.d.; Não machuca a gente, s.d.; Olhos de Candinha, s.d.; Saudades de Primeiro de Agosto de 1888, s.d., Simpatia, s.d.; Ternura, s.d.; Vivi, s.d.; Você me prometeu, s.d.


Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998; Reminiscencias dos Chorões Antigos - Alexandre Gonçalves Pinto.

Candinho Trombone

Candinho Trombone (Cândido Pereira da Silva), instrumentista e compositor nasceu no Rio de Janeiro RJ em 30/1/1879 e faleceu na mesma cidade em 12/12/1960. Viveu parte da infância no Asilo de Meninos Desvalidos (depois Instituto João Alfredo).

Integrou a banda de música da Fábrica de Tecidos Confiança, de Vila Isabel, chegando a contramestre. Depois serviu na Brigada Policial, na banda de música do Primeiro Batalhão de Infantaria, sendo também seu contramestre no posto de sargento. Alem de trombone, tocava bombardão e bombardino, ingressando mais tarde na orquestra do Teatro São José.

Começou a compor e participar dos chorões a partir de 19 anos, tendo como companheiros mais constantes Irineu de Almeida, Licas, Luís Gonzaga e Anacleto de Medeiros. Organizou e manteve, por muitos anos, grupos de músicos em Vila Isabel e outros bairros. Alguns membros desses grupos se tornaram famosos, como Amora Cavaquinho e Nolasco.

Conviveu com os grandes chorões das primeiras três décadas do século XX, entre os quais Carramona, Luís de Sousa, Mano Cavaquinho, Cupertino de Menezes, Quincas Laranjeiras, Juca Kalut, General Gasparino, Paulino Sacramento, Catulo da Paixão Cearense, Donga e Pixinguinha, fazendo parte dos grupos Carioca e Malaquias.

Em 1933 ingressou por concurso na orquestra do Teatro Municipal, do Rio de Janeiro, onde permaneceu até 1951, quando se aposentou. Compôs uma obra extensa, mas pouco editada, formada em sua maior parte por choros, entre os quais se tornou famoso O nó, tido como modelo no gênero por suas modulações imprevistas.

Obras:

Abigail, polca, s.d.; Aldeiazinha, valsa, s.d.; Aniversario do Alarico, polca, s.d.; Artur virou bode, polca, s.d.; Bismarck brincando, polca, s.d.; Brandão no choro, polca, s.d.; Brincando, valsa, s.d.; Brincando de escrever, choro, s.d.; Candinho no choro, polca, s.d.; Carioca, polca, s.d.; Chorando, polca, s.d.; Colar de pérolas, valsa, s.d.; Coralina, valsa, s.d.; Dalba, valsa, s.d.; Dança do urso, polca, s.d.; Deixai-os penar, polca, s.d.; Deliciosa, xotis, s.d.; Um dia em Petrópolis, polca, s.d.; Dulcinéia leal, valsa, s.d.; É isso mesmo, polca, s.d.; Edelvira, valsa, s.d.; Elazir, valsa, s.d.; Floriano brincando, polca, s.d.; Glorinha, polca, s.d.; Graças a Deus, valsa, s.d.; Gratidão de um beijo, valsa, s.d.; Isaura, polca, s.d.; Ivone, valsa, s.d.; Leonila, valsa, s.d.; O Licas procurando, polca s.d.; Martirizando, tango, s.d.; Nadir, polca, s.d.; Não chores, valsa, s.d.; Não digas, polca, s.d.; Não escapa, polca, s.d.; Não se meta, polca, s.d.; O nó, choro, s.d.; Preludiando, xotis, s.d.; Queixosa, valsa, s.d.; Raios de sol, valsa, s.d.; Sapeca, polca, s.d.; Uma saudade, valsa, s.d.; Sílvia, valsa, s.d.; Solicitando, polca, s.d.; Soluçando, polca-marcha, s.d.; Sonho divinal, valsa, s.d.; Súplica, valsa, s.d.; O teu sinal, polca, s.d.; Tinguaciba, polca, s.d.; Trinta janeiros, valsa, s.d.; Triste alegria, polca, s.d.; Uianinha, valsa, s.d.; Vai levando, polca, s.d., Violinista, valsa, s.d.; Ziza, polca, s.d.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora - PubliFolha.