terça-feira, dezembro 11, 2007

Leny Eversong


Leny Eversong (Hilda Campos Soares da Silva) nasceu em 1/9/1920, em Santos/SP, e faleceu em 29/4/1984, em São Paulo/SP. Começou sua carreira aos 12 anos, quando se apresentou no programa Hora Infantil, da Rádio Clube de Santos. Logo foi chamada para um teste, que lhe valeu um contrato e o espaço para atuar no programa noturno daquela emissora. Seu forte, desde então, eram as interpretações para os foxes estrangeiros. Recebeu então o pseudônimo de "Hildinha, a Princesa do Fox".

Transferiu-se em 1935 para a Rádio Atlântica, também em Santos. Nessa ocasião, adotou seu famoso nome artístico, sugerido pelo produtor Carlos Baccarat e passou a cantar apenas em inglês. Decorava as letras com sua pronúncia perfeita, mesmo não falando o idioma.

Em 1936, foi para o Rio de Janeiro, onde fez uma temporada de três meses na Rádio Tupi. Atuou em shows no Copacabana Palace Hotel e no Cassino da Urca. Em 1937, assinou contrato com a boate Night and Day, casa noturna inaugurada no último andar do Edifício Martinelli, em São Paulo. Fez também temporadas no Cassino Guarujá, SP. Participou de inúmeros programas de rádio em São Paulo, principalmente nas Rádios Bandeirantes e Cultura.

Em 1940, atuou na Rádio Educadora Paulista. Gravou seu primeiro disco em 1942, interpretando os estribilhos do fox Tropical magic, The nango e When I love, I love! e a rumba Week-end in Havana, com a Orquestra Colúmbia dirigida pelo maestro Totó, da qual era crooner.

Um ano depois, gravou o fox Tangerine e o samba Carioquinha,entre outras músicas com a mesma orquestra. No mesmo ano, gravou seu primeiro disco solo, interpretando o fox-canção Besame mucho, de Velasquez e o bolero Por mi culpa, de Cesar Siqueira. Em 1944 gravou seu segundo disco solo, interpretando o fox-trot Stormy weather e o fox I can't give you anything but love.

Em 1945, transferindo-se da Rádio Tupi, passou por duas rádios paulistas: a Excelsior e depois a Nacional. Em 1948, fez temporada na Argentina, apresentando-se como uma cantora americana. Nas décadas de 1940 e 1950, a peruana Yma Sumac fazia enorme sucesso, por causa de seu registro vocal extraordinariamente agudo. Segundo Jairo Severiano, "em matéria de extravagância o Brasil tinha uma representante mais interessante que a Yma, pois ela não cantava com tanta expressão ou em tantas línguas quanto a Leny, que cantou em todas que se possa imaginar".

Na década de 1950, a cantora voltou a interpretar músicas brasileiras. Em 1951 gravou na Continental, o samba canção Estranho, de Osvaldo Nunes e Cabeção, o bolero Inultimente, de Sílvio Donato e Heitor Carrilho e os sambas Vidas iguais", de Osvaldo Nunes e Ciro de Souza e Vem amor, de Nei Campos e João Basile.

Em 1952 gravou a marcha Pode ir em paz, de Adoniran Barbosa e Hervé Cordovil e o samba Volta por Deus!, de Mário Vieira e Conde. No mesmo ano, gravou um de seus grandes sucessos, o fox-trot Jezebel, de Shanklin. No mesmo disco, que contou com o acompanhamento de Poly e Seu Conjunto, gravou com Cauby Peixoto o fox-trot Blue guitar, de Leyghton e C. Red Sorther.

Em 1953 gravou o samba Confissão, de Mário Vieira e o choro baião Solidão, de Aldo Cabral e Ataulfo Alves. No mesmo ano, assinou contrato com a gravadora Copacabana, onde estreou gravando o samba canção E ele não vem", de Hervé Cordovil, e a valsa Roda, roda, roda, de Jair Gonçalves. Nessa época, gravou o LP Leny Eversong em foco, que trazia vários sucessos: Granada, de Agustín Lara, e Nunca, de Lupicínio Rodrigues.

Em 1955, gravou a marcha Coração de palhaço, de Osvaldo França e Nilo Silva, o samba Enxuga as lágrimas, de Avaré e Nei Campos e o samba canção Portão antigo, de Antônio Maria. No mesmo ano, gravou do maestro Guerra Peixe, com acompanhamento do mesmo, a toada Nego bola-sete e o ponto de macumba Mamãe-Iemanjá. Em 1956 registrou os sambas Oxalá, de Pernambuco e Marino Pinto e Ritmo do coração, de Aires Viana e Edel Nei.

Em 1958, fez apresentação no Olympia de Paris, França. Lá, recebeu de um comentarista francês o slogan "A Voz do Amazonas". No mesmo ano, gravou com Roberto Audi, na Copacabana a toada Geada, de David Nasser e Armando Cavalcanti e o fox No azul pintado de azul, uma versão de David Nasser. Em seguida, ainda no mesmo ano, foi contratada pela RGE, estreando com o rock balada Sereno, de Aloísio Teixeira de Carvalho e a canção Esmagando rosas, de Alcir Pires Vermelho e David Nasser.

Em 1960, apresentou-se em Las Vegas, EUA, permanecendo em cartaz por dois anos. Nos Estados Unidos, chegou a gravar o LP Leny Eversong na América do Norte, acompanhada pela Orquestra de Neal Hefti. O disco foi distribuído no Brasil pela Copacabana. Por essa época, foi uma das pioneiras do rock no Brasil, gravando em 1960, os rocks Carina, de Paes e Testa, com versão de Bruno Marnet e Sabor a mí, de Alvaro Carrilho.

Em 1963, gravou pela Copacabana o LP Ritmo fascinante nº 1", trazendo Fascination, de Marchetti e Morley, e Franqueza", de Denis Brean e Osvaldo Guilherme. Participou, em 1964, do filme Santo Módico, de Robert Mazoyer. No mesmo ano, lançou pela RGE o LP A internacional Leny Eversong, que trazia as músicas Esmagando rosas, de Alcir Pires Vermelho e David Nasser, e Stormy Weather, de Arlen e Koehler. Ainda em 1964, participou da montagem da Ópera dos três vinténs, de Berthold Brecht, em São Paulo. Participou também de alguns festivais da canção. Ainda na década de 1960, registrou em LP um show ao vivo, na extinta Boate Drink, ao lado de Cauby Peixoto.

Em 1970, fez show no Canecão, Rio de Janeiro. Passou por sérios problemas pessoais e de saúde a partir do início dos anos de 1970, ocasião em que seu marido saiu para comprar cigarros e nunca mais voltou. A cantora, a partir de então, ficou deprimida e foi aos poucos perdendo a saúde. Em 1983, ainda fez uma participação no programa televisivo "Show Sem Limite", de J. Silvestre. Vítima de diabetes, antes de falecer aos 64 anos, chegou a ter as duas pernas amputadas.

Sylvinha Mello


Sylvinha Mello (Sylvia Mello), cantora e atriz, nasceu em Vitória, ES, em 23/02/1914, e faleceu em Paris, França, em 1978. Filha de pernambucanos, chegou ao Rio de Janeiro aos 9 anos de idade. Estreou na carreira artística cantando peças folclóricas em teatros e cassinos do Rio de Janeiro, São Paulo e outras capitais, ao lado de Hekel Tavares.

Aos 18 anos apresentou-se no Programa César Ladeira, passando a atuar ao lado de Francisco Alves, Carmen Miranda e Sílvio Caldas.

Entre 1930 e 1936, realizou gravações para a RCA Victor, destacando-se entre seus primeiros sucessos O pequeno vendedor de amendoim e Banzo, ambas composições de Hekel Tavares. Interpretou também canções de Marcelo Tupinambá e Waldemar Henrique.

Seus maiores sucessos em disco foram alcançados com canções e valsas de Joubert de Carvalho, em estilo marcadamente romântico.

Posteriormente, mudou-se para a cidade de Nova York onde viveu dois anos como estudante, pouco depois, obteve emprego no consulado brasileiro.

Foi uma das primeiras brasileiras a fazer sucesso nos Estados Unidos, onde interpretou músicas de grande aceitação de Ary Barroso, no Blue Angel, de Nova York e em emissoras de rádio e boates norte-americanas.

Após separar-se de um primeiro casamento, casou-se novamente com um diplomata francês, passando, então, a residir em Paris. Participou de três filmes: Estudantes, Grito da mocidade e Estrela da eterna esperança.

Fontes: Cantoras do Brasil - Sylvinha Mello - Fotos: Revista Fon Fon, de 1937.

Zaíra de Oliveira

Zaíra de Oliveira (1891, Rio de Janeiro - 15/8/1952), soprano, teve formação clássica, tendo cursado canto lírico no Instituto Nacional de Música, atual Escola Nacional de Música, mas também cantou música popular.

Em dezembro de 1921 participou de um concurso realizado na escola de música, onde recebeu o primeiro lugar, porém não lhe foi concedido o prêmio, que consistia numa viagem à Europa, na afirmativa de muitos pelo fato de ser negra. Numa época em que ainda não existia a lei Afonso Arinos, a cantora não se abalou, pois somente a alta distinção conquistada no mais importante órgão oficial de ensino artístico da capital do Brasil lhe daria motivo justo de orgulho.

Em 1924 gravou seu primeiro disco, dois foxtrotes: Tudo à la garçonne, de Pedro Sá Pereira e La monteria, de J. Guerrero.

Em 1925 participou de festivais artísticos, dos quais o do Teatro Municipal de Niterói, onde cantou Tosca, de Puccini, Berceuse, de Alberto Nepomuceno e Schiavo, de Carlos Gomes, além de A despedida e Cantiga praiana de Eduardo Souto, com letras de Bastos Tigre e Vicente Carvalho, respectivamente.

Apresentou-se também no Cassino Copacabana Palace ao lado de Catulo da Paixão Cearense e Gastão Formenti. Nesse ano gravou a marcha Quando me lembro (Eduardo Souto e João da Praia), em dueto com o cantor Bahiano, que fez sucesso. No entanto seu maior êxito foi a marcha carnavalesca Dondoca (Freitinhas), em 1927, ao lado de J. Gomes Filho.

No início da década de 30, passou a se apresentar na Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, acompanhada pelo regional de Canhoto. Em 1932 casou-se com o violonista e compositor Donga (Ernesto Joaquim Maria dos Santos) e tiveram uma filha, Lígia.

Zaíra cantou ainda em vários coros de igrejas. Em seu livro Não acuso nem me perdôo, o embaixador Paschoal Carlos Magno considerava-a uma das maiores cantores negras do mundo.