domingo, outubro 31, 2010

Raul Marques

Raul Marques (Raul Gonçalves Marques), compositor e instrumentista, nasceu no Rio de Janeiro RJ, em 24/08/1913, e faleceu na mesma cidade em 06/09/1991. Desde cedo frequentou as rodas de samba no bairro da Saúde, onde nasceu. 
A partir de 1930 começou a compor, e seu primeiro samba, O amor que não morreu, foi gravado em 1934 por Arnaldo Amaral, na etiqueta Columbia. Por essa época, foi diretor de harmonia na hoje extinta escola de samba Unidos da Saúde, que ajudou a criar. 

Em seguida passou três anos na escola de samba União Barão de Gamboa, também extinta, voltando mais tarde para a Unidos da Saúde. Transferiu-se depois para a Recreio de Ramos, tendo freqüentando durante muito tempo o G.R.E.S. Império Serrano. 
Em 1937 Luís Barbosa grava sua composição Risoleta (com Moacir Bernardino), que foi um de seus maiores sucessos, com diversas regravações. Em 1942 participou do filme inacabado de Orson Welles Jangada.  
 Tocando vários instrumentos de percussão, atuou na década de 1940 nos conjuntos Os Ritmistas e Os Poetas da Voz, neste último em dupla com Henrique de Almeida, oue também participava do primeiro conjunto. Por intermédio de Buci Moreira passou a freqüentar as gravadoras, tornando-se um dos ritmistas mais requisitados para os acompanhamentos dos discos de diversos cantores e compositores. 
Em janeiro e fevereiro de 1954 atuou como crooner da boate Esplanada, em São Paulo SP. Em 1959 seu samba Reconciliação (com Agenor Madureira e José Rosas) obteve algum sucesso, o mesmo acontecendo, em 1963, com o samba Retrato do Cabral (com Monsueto).  
Obra
Eu e você (c/Ernâni Silva), samba, 1937; Falso batuqueiro (c/Carlos de Sousa), samba, 1945; Reconciliação (c/Agenor Madureira e José Rosas), samba, 1959; Retrato do Cabral (c/Monsueto), samba, 1962; Riso/eta (c/Moacir Bernardino), samba, 1937.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PubliFOLHA.

Saint-Clair Sena

Saint-Clair Sena - 1939
Saint-Clair Sena (Saint-Clair Moreira Sena), compositor, nasceu no Rio de Janeiro RJ, em 20/5/1896 e faleceu na mesma cidade em 30/8/1986. Originário do bairro do Estácio e pouco depois se mudou com a família para Anta, município de Sapucaia RJ, onde o pai fundou a banda de música local.

Logo se interessou por música, que aprendeu com o maestro da banda local, Antônio Samico, e aos 12 anos começou a compor. De volta ao Rio de Janeiro, foi morar na pensão da família de Lamartine Babo, que ainda era garoto. Estudava odontologia e, à noite, tocava flauta em reuniões com os amigos na pensão.

Em 1930, tornou-se amigo de Noel Rosa e Assis Valente, com os quais passou a frequentar festas e reuniões musicais. Depois foi eleito diretor social do então fundado Grajaú Tênis Clube, tendo promovido diversas festas com artistas importantes.

Com a ajuda de Lamartine Babo, que atuava na Rádio Philips, transmitiu pelo rádio uma dessas reuniões artísticas, da qual participaram Gilda de Abreu e Vicente Celestino, entre outros. Por intermédio do humorista Jorge Murad, conheceu Francisco Alves, que gravou várias de suas composições, bem como Gastão Formenti, Carlos Galhardo e Orlando Silva.

Em 1934 teve sua primeira música gravada, o Samba da saudade (com Ronaldo Lupo), interpretado por Gastão Formenti na Victor. De 1932 a 1938 venceu diversos concursos de música popular, entre os quais o de marchas promovido pela revista O Malho, em 1934. Em 1940, levado por Olavo de Barros, começou a fazer teatro de revista.

Escreveu e musicou as peças de diversas temporadas de Walter Pinto, destacando-se Rabo de foguete, em co-autoria com Luís Peixoto e Walter Pinto, apresentada no Teatro Recreio, em 1945, com grande sucesso. Fundador e conselheiro da UBC, foi sócio efetivo da SBAT.

De sua numerosa produção musical destacam- se a canção Reflorir da minha vida, de 1936; a valsa Misterioso amor, de 1937; a valsa Cruel destino (com José Maria de Abreu), de 1937; e a Canção do meu amor, de 1937, todas gravadas por Francisco Alves; Jamais irei aonde tu fores, canção gravada em 1939 por Orlando Silva, e a marcha Quando eu era pequenino, gravada pelos Anjos do Inferno.

Obra

Cruel destino (c/José Maria de Abreu), valsa, 1937; Eu, você e mais alguém (c/José Maria de Abreu), fox, 1942; Misterioso amor, valsa, 1937; Reflorir da minha vida, canção, 1936.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PubliFolha.

sábado, outubro 30, 2010

Valdemar Silva

Valdemar Silva - 19/6/1937
Valdemar Silva (Valdemar Moniz da Silva), compositor e ritmista, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 23/10/1911, e faleceu na mesma cidade em 12/6/1990. Foi criado em um ambiente musical. Sua avó Serafina Lopes Faria tocava sanfona e cantava jongo.

Passou a trabalhar ainda muito jovem, tendo exercido desde os 12 anos de idade várias profissões.

Aos 20 anos passou a trabalhar como feirante, profissão a qual se dedicou por 38 anos. Começou a compor na adolescência, sendo sua primeira obra o samba Com fome e com frio, que ficou incompleto.

Em 1930, conheceu Getúlio Marinho (Amor) que o levou à Victor. Iniciou suas atividades artísticas em 1933, por intermédio de Amor, que o apresentou a Henrique Vogeler, responsável pela primeira gravação de sua obra, Até dormindo sorriste, uma parceria com Amor.

Nesse mesmo ano, Moreira da Silva gravou na Victor o samba Homem não chora. Em 1934 passou a atuar como ritmista em inúmeras gravações. Em 1935, Araci de Almeida gravou na Victor a marcha Tic-tac, parceria com Roberto Martins e Aurora Miranda gravou na Odeon o samba Muito chorei.

No mesmo ano, teve mais quatro composições gravadas por Patrício Teixeira na Odeon: as marchas Cala boca, com Paulo Pinheiro e Tipo combinado, com Bide e os sambas Samba no morro, com Roberto Martins e Remo no mar, com Alcebíades Teixeira.

No ano seguinte, compôs aquele que seria seu maior sucesso, o samba Favela, com Roberto Martins, gravado por Francisco Alves na Victor e um de seus maiores sucessos, que se tornou um dos grandes clássicos da música popular brasileira e que foi regravada por Carlos Galhardo, Sílvio Caldas, Ataulfo Alves, Maysa e as orquestras de Severino Araújo e Zacarias. Também nesse ano, a marcha Meu coração também parceria com Roberto Martins foi gravado por Araci de Almeida.

Em 1937, Carmen Miranda lançou o samba Imperador do samba em disco Odeon. No mesmo ano, fez com Zé Pretinho o samba Você precisa amar... gravado por Jaime Vogeler e com C. Vasconcelos o samba Julgou ser feliz gravado por J. B. de Carvalho.

Em 1938, teve a marcha Garota, parceria com Vicente Paiva gravada pela dupla Joel e Gaúcho. Em 1939, teve duas parcerias com Paulo Pinheiro gravadas na Odeon: o samba Eu sou a Bahia em dueto por Dircinha Batista e Nuno Roland e o samba-canção Em paga de tudo por Dircinha Batista. Na mesma época, Dircinha Batista gravou o samba Eu gostava tanto dele, com Raul Marques. Ainda em 1939, Patrício Teixeira gravou na Victor os sambas Pergunte à vizinha do lado, com J. Eloi de Assis e Perdão, com Raul Marques.

Trabalhou com os regionais de Benedito Lacerda e Claudionor Cruz e integrou as orquestras de Vicente Paiva, Fon-Fon, Simon Bountman e maestro Gaó. Em fins de 1940, os Anjos do Inferno gravaram na Columbia sua marcha Todo mundo dança, parceria com Raul Marques.

Em 1941, voltou a ter músicas gravadas por Patrício Teixeira: os sambas No dia do meu casamento, com E. Figueiredo e A gargalhar fiquei, com Raul Marques. No mesmo ano, fez com Milton de Oliveira o samba É feliz gravado por João Petra de Barros na Victor.

Em 1945, Roberto Paiva gravou na Continental seu Samba da vitória, com Ari Monteiro, alusivo ao fim da segunda Guerra Mundial. Em 1946, Carlos Galhardo gravou o samba Ela tem razão, com Erasmo Silva em disco Victor.

Em 1951, Orlando Silva gravou com sucesso o samba Senhor, me ajude, com Luís Soberano. Teve mais de vinte músicas gravadas, principalmente sambas e marchas tendo como principal parceiro Roberto Martins. Teve obras gravadas por Aracy de Almeida, Francisco Alves, Linda Batista e Carlos Galhardo entre outros.

Obra

A gargalhar fiquei (c/ Raul Marques), Aquarela do morro (c/ Arnô Canegal), Até dormindo sorriste (c/ Getulio Marinho), Brincando com Iaiá (c/ Raul Marques), Cala boca (c/ Paulo Pinheiro), Com fome e com frio, Compra ioiô (c/ Roberto Martins), É feliz (c/ Milton de Oliveira), Ela tem razão (c/ Erasmo Silva), Em paga de tudo (c/ Paulo Pinheiro), Eu gostava tanto dele (c/ Raul Marques), Eu sou da Bahia (c/ Paulo Pinheiro), Favela (c/ Roberto Martins), Garota (c/ Vicente Paiva), Homem não chora, Imperador do samba, Julgou ser feliz (c/ C. Vasconcelos), Meu coração (c/ Roberto Martins), Muito chorei (c/ Buci Moreira), No dia do meu casamento (c/ E. Figueiredo), Perdão (c/ Raul Marques), Pergunte à vizinha do lado (c/ J. Eloi de Assis), Remo no mar (c/ Alcebíades Teixeira), Samba da vitória (c/ Ari Monteiro), Samba no morro (c/ Roberto Martins), Senhor, me ajude (c/ Luis Soberano), Tem tempo (c/ Roberto Martins), Tipo combinado (c/ Alcebíades Barcelos), Todo mundo dança (c/ Raul Marques).

Fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira / AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982. / MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). /  Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha.

Rubens Soares

Rubens Soares, compositor, nasceu em 29/5/1911 no Rio de Janeiro, RJ, e faleceu em 13/6/1998 na mesma cidade. De 1928 a 1945 foi lutador de boxe da categoria peso médio, sagrando-se campeão várias vezes, além de membro da Polícia Especial, treinador de cavalos e treinador de boxe diplomado. Depois das lutas, reunia-se no bar com os amigos, compondo sambas de Carnaval. 

Em 1936, É bom parar (com Noel Rosa), um de seus maiores sucessos, foi gravada por Francisco Alves, na Victor, ganhando o primeiro prêmio no concurso oficial de músicas carnavalescas da prefeitura do Rio de Janeiro.

No ano seguinte, o mesmo cantor lançou, pela mesma fábrica, o samba de Carnaval Lá vem ela chorando (com Demazinho), e em 1940 Solteiro é melhor (com Felisberto Silva), registrado na Columbia. 

Para o Carnaval de 1941, compôs em parceria com Sílvio Caldas a marcha Capim mimoso, gravada por este na Victor; do mesmo ano foi Poleiro de pato é no chão, samba gravado por Francisco Alves, na etiqueta Columbia. 

Em 1942 fez grande sucesso no Carnaval com a batucada Nega do cabelo duro (com David Nasser), lançado pelos Anjos do Inferno, na Columbia. No mesmo ano compôs o samba Eu quero uma mulher (com Evaldo Rui), interpretado por Francisco Alves em disco Odeon. Outro grande sucesso foi Nasci para o samba (com David Nasser), gravado por Nelson Gonçalves em 1956, na Victor. 

Obra

É bom parar (c/ Noel Rosa), samba, 1936; Nasci para o samba (c/Davi Nasser), samba, 1956; Nega do cabelo duro (c/Davi Nasser), batucada, 1942; Poleiro de pato é no chão, samba, 1941; Solteiro é melhor (c/Felisberto Silva), samba, 1940.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha.

Germano Lopes da Silva

Germano Lopes da Silva, compositor e letrista, nasceu possivelmente em 1885 no Rio de Janeiro, RJ, e faleceu em 02/05/1933, na cidade de Niterói, RJ.

Também conhecido como Mestre Germano, conviveu nas décadas de 1910 e 1920 com importantes sambistas cariocas que frequentavam as casas das tias baianas nas imediações da Praça Onze, como a da  Tia Ciata.

Foi integrante do rancho "Macaco é Outro", e participou das famosas rodas de samba que ocorriam em casas de tias baianas na Praça. Numa dessas rodas, teria sido um dos compositores do samba Pelo telefone, sucesso do carnaval de 1917, e registrado em nome de Donga e Mauro de Almeida.

Quando soube do ocorrido, o Grêmio Fala Gente mandou publicar nota pelo Jornal do Brasil na qual afirmava: 

"Será cantada domingo, na Avenida Rio Branco, o verdadeiro tango "Pelo telefone", dos inspirados carnavalescos, o imortal João da Mata, o mestre Germano, a nossa velha amiguinha Ciata e o inesquecível bom Hilário; arranjo exclusivamente pelo bom e querido pianista J. Silva, dedicado ao bom e lembrado amigo Mauro, repórter da "Rua", em 6 de agosto, dando a ele o nome de "Roceiro". 

Em seguida, era transcrita uma letra, ao que parece, de sua autoria que terminava criticando Donga com os seguintes dizeres: 

"Tomara que tu apanhes/ Para não tornar a fazer isto/ Escrever o que é dos outros/ Sem olhar o compromisso".

Fontes: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira / VASCONCELOS, Ary. A nova música da República Velha. Edição do autor, Rio de Janeiro, 1985.

Luiz Vassalo

Luiz Vassalo, radialista e compositor, nasceu em 31 de maio de 1904, em Santana do Deserto, Minas Gerais. Trabalhou no balcão da casa A Primavera, numa antiga loja de sedas da rua Ourives. Foi proprietário da Casa das Sedas, na rua Halfeld, em Juiz de Fora, era a Vassalo e Cia.

Em 1933, assistindo o “Programa Casé”, interessou-se pelo rádio, e logo depois surgia o “Programa Suburbano”. Como Vassalo gerenciava a Casa Santa Helena, no bairro do Méier, subúrbio do Rio de Janeiro, teve a idéia de trazer para o rádio os comerciantes desta região da cidade e se deu bem. O Programa Casé só anunciava para os comerciantes da zona sul.

Um dos seus maiores sucessos como compositor foi sua marcha Eva querida (com Benedito Lacerda), gravada por Mário Reis, que foi cantada no Carnaval carioca de 1935.

Em 1936, Luiz Vassalo foi para a Rádio Educadora (Tamoio) com o programa. Depois, em 1938, para a Rádio Transmissora (Globo) e chegou a ser superintendente da emissora.

Em 1940, foi convidado por Gilberto de Andrade para integrar a equipe da Rádio Nacional e com seu extenso horário aos domingos criou o Programa Luiz Vassalo com início às 11 da manhã e encerrando às 21 horas, com sucesso em todos os horários.

Fonte: Histórias do Frazão - Curiosidades Musicais

sexta-feira, outubro 29, 2010

Uriel Lourival

Uriel Lourival (Francisco Uriel Lourival), compositor e letrista (? Natal, RN - 1932 Rio de Janeiro, RJ) era filho do poeta Lourival Açucena. Não se tem a data do nascimento. Em 1900 mudou-se para o Rio de Janeiro e trabalhou como cabo de polícia e funcionário da Estrada de Ferro Central do Brasil.

Autor de modinhas do final da segunda metade do século XIX, entre elas Quando o pesamento voa. Em 1926, Artur Castro gravou na Odeon a modinha A ceguinha, com acompanhamento da American Jazz Band de Sylvio de Souza.

Sua composição mais famosa é a valsa Mimi, consagrada nos anos 1930 pela gravação de Sílvio Caldas, a qual se seguiram várias outras posteriormente, entre as quais, as de Carlos Galhardo, Altamiro Carrilho, Carlos José, Dilermando Reis, Gilberto Alves e Ivon Curi.

Em 1935, teve a canção Céu moreno, gravada por Orlando Silva. Em 1937, a valsa Botão de rosa, foi gravada por Vicente Celestino e pela Orquestra Victor.

Em 1960, sua clássica valsa Mimi foi regravada por Gilberto Alves no LP Ontem e hoje da gravadora Copacabana. Em 1980, sua canção Flor do mal (Saudade eterna) foi gravada pelo cantor Onéssimo Gomes no LP Serestas brasileiras da gravadora Musidisc.

Obra

A ceguinha, Botão de rosa, Céu moreno, Mimi, Quando o pensamento voa,

Fontes: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira; Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

Milton Amaral

Milton Amaral (Antônio do Amaral Oliveira), compositor, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 08/02/1898, e faleceu na mesma cidade em 22/8/1989.

Em 1929, teve sua primeira composição gravada, o samba Tatuí por Artur Castro Budd pela Parlophon. Em 1931, teve a valsa Desilusão, em parceria com João Martins gravada por Gastão Formenti na RCA Victor. Em 1932, o cantor Paraguassu gravou as canções Todo poeta nasceu para sofrer e Meu cachimbo, pela Columbia.

Em 1934, Januário de Oliveira gravou a valsa Sonho e realidade. No mesmo ano, Gastão Formenti gravou aquela que seria seu grande sucesso, a valsa Folhas ao vento, regravada quatro anos mais tarde por Vicente Celestino.

Em 1935, o mesmo Gastão Formenti gravou o samba A madrugada vem rompendo, composto em parceria com José Maria de Abreu e Joaquim Castro Barbosa. Em 1936, teve as marchas Precisa-se de um marido e Vira pra cá, compostas em parceria com José Gouveia gravadas por José Lemos na RCA Victor. Em 1938, Gastão Formenti gravou a valsa Tu és a única pela Odeon.

Obras

A madrugada vem rompendo (c/ José Maria de Abreu e Joaquim Castro Barbosa), Desilusão (c/ João Martins), Folhas ao vento, Meu cachimbo, Pastorinhas, Precisa-se de um marido (c/ José Gouveia)

Fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.

Mano Aurélio

Mano Aurélio, apelido de Aurélio Gomes (Fl. Rio de Janeiro, RJ, década de 30), compositor e cantor, foi um dos fundadores da Escola de Samba Deixa Falar do Estácio de Sá. Segundo depoimento do compositor Ismael Silva, era um ótimo cantor.

Em 1933, lançou o samba Arrasta a sandália (com Osvaldo Vasques), que foi o primeiro grande sucesso do cantor Moreira da Silva, numa época em que ele ainda não era conhecido como o rei do samba de breque.

Com um estribilho curto, intercalado por respostas no estilo de partido-alto, o samba agradou, caiu no gosto do público, permanecendo como sucesso por muitos anos.

Ainda segundo Ismael Silva, seu parceiro Osvaldo Vasques (também conhecido por Baiaco) não era o verdadeiro autor do samba. Dessa opinião discordava Moreira da Silva que, em depoimento fornecido ao Arquivo da Cidade do Rio de Janeiro, atesta: "Baiaco era um compositor de mão-cheia. Dava uma sorte danada com o mulheril, que sempre entregava o dinheiro pra ele."

Fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.

Paschoal Carlos Magno

Paschoal Carlos Magno (Rio de Janeiro RJ 13/01/1906 - idem 24/05/1980), teatrólogo, revistógrafo,  crítico e compositor, foi uma personalidade fundamental na dinamização e renovação da cena brasileira. Fundou o Teatro do Estudante do Brasil e o Teatro Duse.

Em 1926, faz uma experiência como galã em Abat-Jour, de Renato Viana. Em 1928, tem uma fugaz participação, como ator, no Teatro de Brinquedo, de Álvaro Moreyra; e escreve críticas para O Jornal. Em 1929, lidera ampla campanha de coleta de recursos para fundar a Casa do Estudante do Brasil. 

Em 1930 sua canção Pierrot recebe a melodia do compositor Joubert de Carvalho, para a abertura de sua peça Pierrot, prestes a estrear no Rio de Janeiro pela companhia de Jaime Costa, da qual Paschoal assume a direção artística. Além de romântica, a canção deveria explorar o timbre agudo de Jorge Fernandes, o cantor escolhido para interpretá-la. No mesmo ano, recebe da Academia Brasileira de Letras, ABL, um prêmio por esta peça.

Em 1937, funda o Teatro do Estudante do Brasil, TEB, inspirado nos teatros universitários europeus, com uma função pedagógica, de formação teatral, e outra artística, de introduzir no nosso teatro a função do diretor teatral, cargo para o qual convoca a atriz Itália Fausta, que assina o primeiro espetáculo do grupo, Romeu e Julieta, de William Shakespeare, em 1938.

Em 1946, Paschoal tem representada em Londres, com boas críticas, a sua peça Tomorow Will Be Different, montada em vários outros países europeus, e também no Brasil. No mesmo ano, assume a coluna de crítica do jornal Democracia e, no ano seguinte, a do Correio da Manhã, que assina até 1961, através da qual exerce forte influência sobre o panorama teatral. 

Em 1948, sob sua orientação geral, e com direção do alemão Hoffmann Harnisch, o TEB monta Hamlet, de William Shakespeare, que alcança enorme sucesso e prestígio, sobretudo por revelar, no papel-título, o singular talento do jovem Sérgio Cardoso, então com 22 anos, a quem Paschoal define, na sua coluna, como sendo desde já o maior ator do Brasil. Sob a repercussão desse êxito, e das viagens de Paschoal pelo Brasil afora, teatros de estudantes começam a ser criados em várias cidades. 

Em 1949, Paschoal preside o lançamento pelo TEB, de um Festival Shakespeare, no Rio de Janeiro, com Romeu e Julieta, Macbeth e Sonho de Uma Noite de Verão; e cria, junto com a cantora Alda Pereira Pinto, o Teatro Experimental de Ópera.

Em 1952, Paschoal leva o TEB para extensa turnê pelo norte, com peças de Sófocles, Eurípides, William Shakespeare, Gil Vicente, Henrik Ibsen, Martins Pena. No mesmo ano, dá início a uma outra iniciativa importante: o Teatro Duse, uma sala de aproximadamente 100 lugares e um palco mínimo, instalada no casarão de Paschoal, em Santa Tereza. Inaugurado em 1952, com João Sem Terra, de Hermilo Borba Filho, o Duse funciona, com ingresso gratuito, até 1956, revelando, entre outros, Aristóteles Soares, Francisco Pereira da Silva, Leo Vitor, Antônio Callado, Rachel de Queiroz, Paulo Moreira da Fonseca, Maria Inês Barros de Almeida, e conquistando um lugar de prestígio no panorama cultural do Rio de Janeiro. 

Nomeado responsável pelo setor cultural e universitário da Presidência da República por Juscelino Kubitschek, desloca-se permanentemente pelo país afora, garimpando jovens talentos e lutando pela criação ou dinamização de espaços onde eles possam dar vazão à sua ânsia de aprender e criar. Em 1958, organiza em Recife o primeiro Festival Nacional de Teatros de Estudantes, reunindo mais de 800 jovens e dando início a uma tradição que prosseguirá até o sexto festival.

Nomeado, em 1962, secretário geral do Conselho Nacional de Cultura, realiza a Caravana da Cultura, reunindo 256 jovens artistas que percorrem os Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Sergipe e Alagoas, apresentando espetáculos de teatro, dança e música e realizando exposições de artes plásticas e distribuição de livros e discos. Uma iniciativa semelhante, a Barca de Cultura, que desce pelo Rio São Francisco de Pirapora a Juazeiro, é promovida por Paschoal já na década de 70. 

O golpe de 1964 o afasta dos centros do poder e prejudica a sua carreira diplomática. Sua última grande realização inicia-se em 1965, quando ele inaugura, no interior do Estado do Rio de Janeiro, a Aldeia de Arcozelo, da qual pretende fazer um local de repouso para artistas e intelectuais e um centro de treinamento para as diferentes áreas das artes. 

Mas a volumosa obra consome o resto da sua fortuna e o obriga a vender o seu casarão de Santa Tereza para pagar as dívidas. Ainda assim, o dinheiro revela-se insuficiente, e Paschoal ameaça publicamente tocar fogo na fazenda. Alguns auxílios, oficiais ou privados, chegam a ser liberados; mas até hoje a Aldeia de Arcozelo encontra-se fechada sob o domínio da Fundação Nacional de Artes Cênicas.

Fontes: Enciclopédia Itaú Cultural; A Canção no Tempo – Vol. 1 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34.

Breno Ferreira


Breno Ferreira
Breno Ferreira (Breno Ferreira Hehl), cantor e compositor, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 18/10/1907, e faleceu na mesma cidade em 23/11/1966. Foi cantor enquanto estudava direito, abandonando a advocacia após a formatura.

Técnico em cooperativismo foi o pioneiro da matéria no Brasil, tendo livros publicados. Sobre um motivo elaborado cinco anos antes, compôs em 1925 a toada Andorinha preta, um de seus maiores sucessos, gravado em 1932 por ele próprio na Columbia e na década de 1960 por Nat King Cole. Foi um dos primeiros artistas a gravar na Victor.

Em 1929, entre outras, gravou a toada Meu roçado (de sua autoria), o chorinho Meu bem (Rogério Guimarães) e a marcha Cadeirinha do Catete (Plínio de Brito).

No ano seguinte lançou diversas músicas na mesma gravadora, como a marcha Adeus, meu Carnaval (Josué de Barros), o samba Mariquinha, eu quero vê (Rogério Guimarães), a embolada Isquipac-isquipu (J. Caramuru), seu grande sucesso como cantor, as emboladas Óia a Joana, Pica-pau e A pombinha avuô, e a toada Na minha choça (todas de sua autoria)

Por volta de 1930 gravou com Sílvio Caldas o desafio Tracuá me ferrô (Sátiro de Melo). Em 1931, ainda na Victor, gravou o samba Olha a proa (com Pais de Andrade) e Samba de prata (de sua autoria), que foi outro sucesso. Na Columbia, além de composições suas, lançou composições de outros autores, como a marcha Garota errada (Joubert de Carvalho e Luís Martins), a toada Meu amor chegou (Joubert de Carvalho), a marcha Óia a virada (Diarbuco) (Nelson Ferreira) e a marcha Agüenta o rojão (Capiba), todas gravadas em 1933.

Obra

A pombinha avuôAndorinha preta, Bola errada, Caboclo tristeFoi, num foi, Forga nego Gavião tá no á, Isquipac-isquipu (com J. Caramuru), Mariquinha, eu quero vê (Rogério Guimarães), Meu roçado, Na minha choça, Olha a proa (com Paes de Andrade), Pica pau, Samba de prata, Sou de Pernambuco, Viola sem dono.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PubliFolha.

Brancura

Brancura na Casa de Detenção - 1932
Brancura (Sílvio Fernandes), compositor e flautista, nasceu provavelmente em 1908 no Rio de Janeiro, RJ, e faleceu na mesma cidade em 1935. Ganhou o apelido dos amigos do Estácio por conta de sua cor negra reluzente.

Outra versão conta que, como era parceiro de Baiaco na jogatina e exploração das mulheres da Zona do Mangue, seu apelido veio daí: a maioria das mulheres da zona que explorava era branca, as "polacas".

É lembrado pela sua valentia e por não andar sem sua navalha, no melhor estilo da malandragem do Estácio dos anos 1920.

Desde jovem frequentava o Café Apolo e o Café Compadre, que eram os redutos de sambistas da época. Foi ali, naquele ambiente, que conheceu vários artistas com Noel Rosa, Mário Reis e Francisco Alves.

O produtor musical Fernando Faro confirma a fama de valente de Brancura: "Era bandido. Tinha sempre um 45 e uma navalha por baixo do terno branco linho 120. Monarco me contou que, uma vez, o Brancura chegou no samba e uma mulher falou: “Estão fazendo um trabalho contra você.” “Contra mim? Sou Brancura, nada me atinge.” Um mês depois, estava preso na Ilha Grande. Passaram uns anos e o Brancura voltou. Apareceu na Mangueira, quando a escola estava na quadra. Ele que era uma elegância chegou com short rasgado, camisa regata suja, um rato morto na mão. Fizeram até um samba: O Brancura Enlouqueceu."

Seus primeiros sambas gravados foram Coração volúvel e Mulher venenosa, lançados por Francisco Alves, pela Odeon, em 1929.

Em 1931, seu samba Deixa essa mulher chorar, obteve grande sucesso no carnaval. Foi gravado por Francisco Alves e Mário Reis, em dupla, pela Odeon. Teve muitos outros sambas gravados, entre eles: Sinto muito, gravado por Mário Reis, em 1932; Carinho eu tenho, gravado por Ismael Silva, no mesmo ano, assim como o samba Príncipe negro, gravado por Patrício Teixeira.

Em 1935, o samba Você chorou, foi gravado por Francisco Alves.

Obra

Carinho eu tenho, Coração volúvel, Deixa essa mulher chorar, Mulher venenosa, Príncipe negro, Samba de verdade (c/ Francisco Alves), Sinto muito, Você chorou

Fontes: Almanaque Brasil - Papo cabeça - Fernando Faro; Samba na Veia; Turma do Estácio; Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.

Getúlio Marinho

Getúlio Marinho (Getúlio Marinho da Silva), compositor e dançarino, também conhecido pelo apelido de "Amor" nasceu em Salvador, Bahia, em 15/11/1889, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 31/1/1964. Filho de Paulina Teresa de Jesus e de Antonio Marinho da Silva, conhecido por "Marinho que toca". Aos seis anos mudou com a família para o Rio de Janeiro. Com essa mesma idade passou a integrar o Rancho Dois de Ouro.

Foi criado frequentando as casas de tias baianas como Bebiana, Gracinda, Ciata e Calu Boneca. Participou dos primeiros ranchos carnavalescos cariocas criados por baianos do bairro da Saúde. Saía como porta-machado no Dois de Ouros, e desfilava ainda no Concha de Ouro.

Freqüentou as rodas de samba organizadas pelos baianos que se reuniam no Café Paraíso, situado na antiga Rua Larga de São Joaquim, atual Avenida Marechal Floriano. Com o pioneiro Hilário Jovino Ferreira aprendeu a coreografia dos mestres-sala dos ranchos, tornando-se um grande especialista nesta arte, sendo mestre-sala de vários ranchos carnavalescos. De 1940 a 1946 foi o "cidadão-samba" do carnaval carioca.

O Rancho fundado por Tia Ciata "Macaco é o outro"(referência e crítica ao preconceito racial ) era integrado por: Hilário Jovino Ferreira, Perciliana Maria Constança (mãe do João da Baiana), Tia Amélia do Aragão (mãe do Donga), Getúlio Marinho da Silva, Tia Bebiana, Tia Rosa, Tia Sidata.
Em 1916 iniciou a carreira artística atuando como dançarino na revista Dança de velho, apresentada no Teatro São José. No ano seguinte, desfilou como mestre-sala no rancho "Flor do Abacate". Em 1919 foi o mestre-sala do rancho "Quem fala de nós tem paixão". Em 1921 passou a atuar no rancho "Reinado de Silva".

Em 1930 teve sua primeira composição gravada, o samba Não quero amor, pelo Conjunto Africano na Odeon. Frequentou terreiros de macumba e conheceu pais de santo famosos como João Alabá, Assumano e Abedé, passando a recolher pontos de macumba e os levando para o disco, com Elói Antero Dias, como Ponto de Exu, de domínio público, disco 78 rpm, gravadora Odeon, 1930; Ponto de Inhansã, de domínio público, disco 78 rpm, gravadora Odeon, 1930; e Ponto de Ogum, de domínio público, disco 78 rpm, gravadora Odeon, 1930. Outros pontos de macumba, de sua autoria foram gravados por Moreira da Silva.

Em 1931 Patrício Teixeira gravou o samba Não chores, benzinho, Francisco Alves, o samba Apanhando papel, parceria com Ubiratã Silva e Luís Barbosa o samba Fome não é pagode, todos na Odeon.

Em 1932 teve gravados os sambas Vou me regenerar, por Francisco Alves e Não gostei dos seus modos, por Luiz Barbosa e Vitório Lattari; e os pontos de macumba Ererê e Rei de Umbanda, por Moreira da Silva. No mesmo ano, seu samba Gegê, parceria com Eduardo Souto, venceu um concurso carnavalesco promovido pelo jornal Correio da Manhã, foi gravado com grande sucesso por Jaime Vogeler e serviu como mote para a criação da revista Calma Gegê, estrelado por Otília Amorim no Teatro Recreio. Feito inicialmente para focalizar o então presidente Getúlio Vargas, seus versos que diziam: "Tenha calma, Gegê /  Tenha calma Gegê / Vou ver se faço / Alguma coisa por você", tornou-se um modismo e um dito popular da época. 

Em 1933 compôs com Bide o samba Vou te dar, com Orlando Vieira, a batucada Mumba no caneco, ambas gravadas por Luiz Barbosa e com Valdemar Silva o samba Até dormindo sorriste, registrado por Jaime Vogeler. No mesmo ano, Patrício Teixeira gravou o partido alto Tentação do samba, parceria com João Bastos Filho. 

Em 1934 teve o samba Quando me vejo num samba, gravado por Patrício Teixeira. No ano seguinte, Castro Barbosa registrou a marcha De quem será?, parceria com João Bastos FIlho. No mesmo ano foi escolhido como segundo secretário, a primeira diretoria da União das Escolas de Samba.

Em 1936 teve o samba Molha o pano, parceria com Vasconcelos gravado por Aurora Miranda e a marcha  Pula a fogueira, parceria com João Bastos Filho por Francisco Alves na Victor. No ano seguinte, o instrumentista Luís Americano gravou ao saxofone sua valsa Teu olhar, parceria com J. Bastos Filho. 

Em 1939, Orlando Silva gravou o samba Vai cumprir o teu fado, com J. Bastos Filho. Em 1944 Nelson Gonçalves gravou o samba Nadir, outra parceria com João Bastos Filho, seu principal parceiro. Era considerado grande tocador de omelê, antigo nome da cuíca. Foi um dos pioneiros das escolas de samba. 

Em 1961 teve o batuque Macumbembê, gravado por J. B. de Carvalho. Em 1963 adoeceu seriamente sendo internado no Hospital dos Servidores da então Guanabara, vindo a falecer quase esquecido no ano seguinte.

Sobre ele, assim falou Jota Efegê, no livro Figuras e coisas da Música Popular Brasileira: "...sempre impôs sua presença nos desfiles. Vestindo roupas de fidalgo, calçando sapatos de fivela e salto alto, de luvas e cabeleira empoada, sentia-se personagem vindo dos tempos de Luiz XIV, Xv ou de uma corte qualquer para ser o galã da porta-estandarte nos cortejos em que figurava. Sóbrio na sua coreografia, sem acrobacias, presepadas ou letras espetaculares, lograva os aplausos do público justamente por isso que se pode designar como finesse".

Obra


Apanhando papel (com  Ubiratã Silva), Até dormindo sorriste (com Valdemar Silva), Auê, Bumba no caneco (com Orlando Vieira), Cafioto, De quem será? (Acom João Bastos Filho), É timbetá, Ererê, Eu sou é bamba, Fome não é pagode, Gegê (com Eduardo Souto), Isquindó (com Antenor Borges), Macumbembê, Molha o pano (com Vasconcelos), Na favela, Na mata virgem, Nadir (com João Bastos Filho), Não chores, benzinho, Não gostei dos seus modos, Não quero teu amor, Óh Mariana (com João Bastos Filho), Pula a fogueira (com João Dornas filho), Quando me vejo num samba, Rei de Umbanda, Tentação do samba (com Joao Bastos Filho), Teu olhar (com J. Bastos Filho), Vai cumprir o teu fado (com J. Bastos Filho), Vou me regenerar, Vou te dar (com Alcebíades Barcelos).

Fontes: Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana - Nei Lopes - 2a. Edição - Editora Selo Negro; Segredos Guardados - J. Reginaldo Prandi - Companhia das Letras; Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.

quinta-feira, outubro 28, 2010

Ary Kerner

Ary Kerner (Ari Kerner Veiga de Castro), compositor, instrumentista, poeta, jornalista e dramaturgo, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 27/02/1906, e faleceu na mesma cidade em 04/04/1963.

Como jornalista, colaborou em diversos jornais e revistas do Rio de Janeiro, como O Malho, Fon-Fon, O Cruzeiro, O Globo, Correio da Manhã, Diário de Notícias e A Noite.

Foi autor de diversos livros, entre os quais Rimário de ilusões, publicado em 1927, ano em que compôs a marchinha Seu Agache, satirizando o convite do então prefeito carioca Prado Júnior ao urbanista francês Alfred Agache para realizar um plano de modernização da cidade. Esta marchinha foi gravada em 1929, na Victor, por Sílvio Salema. Inspetor do ensino comercial, foi também funcionário da secretaria do Senado Federal. 

Suas principais composições, algumas assinadas como V. de Castro, são Trepa no coqueiro, embolada gravada por Patrício Teixeira na Odeon, em 1929, regravada por Mário Pessoa na Victor, em 1930 e, com grande sucesso, por Carmélia Alves, na Continental, em 1950; Coco de lndaiá, toada lançada por Paraguassu, na Columbia, também em 1929; Na Serra da Mantiqueira, canção gravada por Gastão Formenti, na Victor, em 1932 (inspirada na Revolução Constitucionalista, que apoiou, estando em São Paulo na ocasião, tendo editado, ainda, a marcha-hino patriótica em homenagem ao interventor paulista Pedro de Toledo, Vencer ou morrer, parceria com José Maria de Abreu); Recordar, gravada também por Gastão Formenti na Victor, em 1934. 

Em 1933 fez músicas para a burleta Alma de caboclo, levada na Casa de Caboclo, no Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano, sua canção Promessa (com José Maria de Abreu) venceu o concurso de músicas brasileiras do jornal A Noite, e a canção Ouve amor recebeu menção honrosa, ambas gravadas por Gastão Formenti.

Ainda em 1933, escreveu a peça regional Promessa, com músicas suas e de outros autores, encenada pela Casa de Caboclo, com mais de uma centena de apresentações, tendo no elenco Dercy Gonçalves

Obra 

Coco de Indaiá, toada, 1929; Na serra da Mantiqueira, canção, 1932; Promessa (c/ José Maria de Abreu), canção, 1933; Recordar, 1934; Seu Agache, marcha, 1929; Trepa no coqueiro, embolada, 1929.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PubliFolha.

Vantuil de Carvalho

Vantuil de Carvalho (fl. Rio de Janeiro, RJ, entre os anos 1900 e anos 1930), instrumentista, trombonista, orquestrador e professor de música, estudou na Escola Quinze de Novembro onde foi companheiro de Esmerino Cardoso e de Sebastião Cirino.

Destacou-se como trombonista ao final dos anos 1910, começo dos anos 1920. Por volta de 1925, teve o fox-trot Au revoir gravado pela Orquestra Augusto Lima na Odeon.

Em 1929, fez bastante sucesso no carnaval com a marcha Sou da fuzarca lançado na Parlophon pelo cantor Benício Barbosa e regravado logo depois por Charles Strichazy em interpretação em gaita de boca. Segundo relato do compositor, radialista e cantor Almirante, a marcha foi composta no trajeto entre a Ponte dos Marinheiros e a Praça da Bandeira com o autor tamborilando no chapéu de palha, enquanto conversava com Pixinguinha, um dos seus melhores amigos e com quem muito convivia nessa época. Antes de ser gravada, essa marcha foi lançada pelo grupo da Guarda Velha e dedicada ao Clube de Regatas do Flamengo.

Também em 1929, Patrício Teixeira gravou na Parlophon o Samba enxuto, e a atriz Margarida Max a marcha Olha a pomba. Em 1930, a marcha Olha a pomba foi regravada por Francisco Alves na Odeon, e o samba Foram dizer, registrada por Augusto Calheiros, também na Odeon. Ainda no mesmo ano, o samba Fico espiando foi gravado por H. G. Americano na Odeon, e a marcha És engraçadinha foi lançada na Brunswick pela Orquestra Brunswick com vocal de Elpídio Dias, o Bilu.

Integrou o conjunto de estúdio da gravadora Victor, o Grupo da Guarda Velha dirigido por Pixinguinha e que contou com nomes como Donga, Bonfiglio de Oliveira, João da Baiana e Nelson Alves, entre outros. Tocou com Pixinguinha, Donga, Luiz Americano, João da Bahiana e Bonfíglio de Oliveira no famoso Cabaré Assírio.

Obra

Au revoir;  És engraçadinhaFico espiando; Foram dizer;  Olha a pomba;  Pensa-me, diz o passado (com Laura Suarez);  Samba enxutoSou da fuzarca.

Fontes: Instituto Moreira Salles; Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.

quarta-feira, outubro 27, 2010

Artur Virou Bode

Artur Virou Bode (Artur Menezes dos Santos), flautista, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 31/12/1887, e faleceu na cidade de São Paulo, SP, em 09/08/1959. Era pai de Zuzuca do Flautim, conhecido nos círculos de choro da época.

Conhecedor de música, possuía uma boa leitura à primeira vista. Seu apelido "Artur Virou Bode" vem do fato de que, ao ter sido acometido de uma crise de bronquite durante uma sessão de choro, teve um acesso de tosse cuja sonoridade assemelhava-se ao som emitido por este animal.

O trombonista Candinho Trombone compôs a polca  Artur virou bode, em sua homenagem.

Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PubliFolha; Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.

Horacina Correia


Horacina Correia, cantora, nasceu no Rio Grande do Sul em 05/10/1924. Iniciou sua carreira artística ainda no final dos anos 30 inspirada no estilo de Carmen Miranda Contratada pelo empresário Walter Pinto, famoso por seus shows de vedetes, foi uma das atrações do Teatro Recreio.

Fez várias excursões, inclusive para a Argentina, onde era muito apreciada. Segundo pesquisador Antônio Epaminondas no livro Brasil brasileirinho, a mulata "gostava mesmo era de viajar, principalmente para a Argentina, onde realizou temporadas consecutivas, tendo prestígio em Buenos Aires comporável ao de Carmen Miranda nos Estados Unidos".

Foi crooner da Orquestra do maestro Fon-fon. Atuou no espetáculo Quem inventou a mulata? e nos filmes Cortiço e É com esse que eu vou, no qual cantou a canção Salve, Ogum (Pernambuco e Mário Rossi).

O primeiro disco que gravou foi lançado em 1945 pela Continental, cantando Eu sou o samba e Presunção (ambos de Amado Régis e Gadé), porém, teve curta carreira fonográfica apesar do prestígio, gravando apenas quatro 78 RPMs e dois LPs.

Em dezembro do mesmo ano, gravou seu segundo disco, desta vez com acompanhamento de Benedito Lacerda e seu conjunto regional, no qual cantou o samba Sai da roda, de Amado Régis e a marcha Pato enjeitado, de Amado Régis e Américo Seixas.

Em outubro do ano seguinte, gravou apenas o lado B do disco 15.763 em 78 rpm que trazia no lado A a cantora Emilinha Borba cantando o samba Madureira. Nesse disco, cantou com acompanhamento de Severino Araújo e sua orquestra Tabajara o samba Está muito bom!, de Henrique de Almeida e J. Diniz Mabial.

Em 1956 gravou pela Musidisc algumas composições muito conhecidas de Noel Rosa e Vadico, os sambas Até amanhã, Feitiço da Vila, Silêncio de um minuto e Pra que mentir. Nos anos 50 gravou seus dois LPs pela Musidisc , sendo que o segundo disco, Canções brasileiras, foi com a orquestra de Leo Peracchi.

Discografia

Horacina Corrêa - Musidisc LP sem data  /  Canções brasileiras - Horacina Corrêa com Léo Peracchi e orquestra - Musidisc LP sem data  /  Até amanhã-Feitiço da Vila-Silêncio de um minuto-Pra que mentir - Musidisc 78 rpm 1956  /  Está muito bom! - Continental 78 rpm 1947  /  Eu sou o samba-Presunção - Continental 78 rpm 1945  /  Sai da roda-Pato enjeitado - Continental 78 rpm 1945.

Sebastião Santos Neves

Sebastião Santos Neves (Fl. Rio de Janeiro, RJ, anos 20 e 30), compositor, teve, em 1924, seu samba Miúdo, gravado por Francisco Alves.

Em 1927, sua marcha Os canoeiros do norte e seu samba Olgarina gravados pelo mesmo cantor na Odeon. Em 1928, os sambas Caridade, com Anísio Mata, e Pesadelo, foram gravados também por Chico Viola, na mesma gravadora.

No mesmo ano, Batista Jr., pai das cantoras Linda Batista e Dircinha Batista, gravou o samba Independência. Teve ainda nesse  ano os sambas Chora no fim e Milagrosa gravados na Columbia por Euclides Sena.

Em 1931, compôs com José de Francesco o tango-canção Busca olvidar gravado na Odeon por Francisco Pezzi. Nesse ano, a marcha Frente única foi gravada pelo pequeno selo Ouvidor pela Jazz Orquestra Ouvidor.

Obra

Busca olvidar (c/ José de Francesco), Canoeiros do norte, Caridade (c/ Anísio Mata), Chora no fim, Cunhaçam, Frente única, Hino do sol, Independência, Milagrosa, Miúdo, Não é só na Bahia, Olgarina, Pesadelo.

_____________________________________________________________
Fontes: Dicionário da MPB; Diário da Noite, 2a. edição, de 12/02/1931.

Dentinho de ouro


Araci Cortes
Dentinho de Ouro (samba-canção, 1931) - Henrique Vogeler e Horácio Campos

Um dos mais interessantes discos da gravadora Brunswick é o samba-canção Dentinho de ouro, uma esplêndida interpretação de Araci Cortes. Seus autores são compositores dos mais famosos: Henrique Vogeler, músico completo, professor do Conservatório, autor de Linda flor (Ai, Ioiô) com Luiz Peixoto e Marques Porto, e Horácio Campos, autor dos versos de A voz do violão, que Francisco Alves imortalizou.

Título da música: Dentinho de ouro / Gênero musical: Samba canção / Intérprete: Cortes, Arací / Compositores: Vogeler, Henrique - Campos, Horácio / Gravadora Brunswick / Número do Álbum: 10148 / Data de Gravação: 1929-1931 / Data de Lançamento: 1931 / Lado B / Rotações: 78 rpm:



Quanto tu me sorris / Meu amor, meu querido
Sinto uma coisa aqui / Mexer bem, em mim

O seu dente de ouro / Começa a brilhar
A brilhar... a brilhar / Eu não olho pra ele
Ele pega a me olhar...

No que tu me sorris / Começa a brilhar
A brilhar... a brilhar / Viro a cara pro lado
Ele pega a me olhar...

Horácio Campos

Furnandes Albaralhão
Horácio Campos (Horácio Mendes Campos), violonista, compositor, escritor, poeta e libretista de teatro de revistas, nasceu e faleceu na cidade do Rio de Janeiro, RJ (1902 - ant. 1964). Ficou conhecido pela composição A voz do violão, canção composta em 1928 para a revista Não é isso que eu procuro, apresentado no Teatro João pela Companhia de Jardel Jércolis.

Não alcançou inicialmente grande sucesso, e acabou sendo musicada novamente por Francisco Alves que se empolgou pelos versos que ficou conhecendo através do diretor da companhia Jardel Jércolis e Chico acabou gravando a canção no mesmo ano, fazendo então com que alcançasse sucesso.

Foi gravada por Francisco Alves quatro vezes, tornando-se uma das composições mais emblemáticas do "Rei da voz" que a lançou em disco pela primeira vez em 1928, sem que aparecesse o nome do autor dos versos, que apresentou uma reclamação à Odeon. Só então Francisco Alves fez então uma segunda gravação incluindo seu nome na parceria. Essa canção foi ainda regravada por Francisco Alves em em 1929, 1939 e 1951.

Em 1931, Araci Cortes gravou o samba-canção Dentinho de ouro, parceria com Henrique Vogeler.

Em 1953, A voz do violão foi regravada em ritmo de baião por Mário Gennari Filho em interpretação ao acordeom em disco Odeon. Em 1954, durante o encerramento do Festival da Velha Guarda, no Parque do Ibirapuera, a canção foi tocada por todos os violonistas que se apresentaram no evento com um arranjo de Pixinguinha, sendo em seguida cantada por todos os artistas que participaram do mesmo evento. No mesmo ano, foi regravada ao violão por Luiz Bonfá.

Em 1956, A voz do violão foi regravada em ritmo de bolero por Pascoal Melilo ao saxofone e seu conjunto. Em 1960, foi relançada na Odeon por Luiz Bonfá e Norma Sueli. Em 1961, foi regravada duas vezes na gravadora Copacabana, por Romeu Fernandes e por Inezita Barroso.

Em 1981, a canção, com Francisco Alves, foi relançada na voz de Gilberto Alves no LP O fino da seresta volume 2. Em 2004, a canção foi regravada por Maria Lúcia e Toneco da Costa em CD no qual realizaram um diálogo entre violão e voz, além de a apresentarem no show Canções de Antigamente, no Café Concerto Majestic da Casa de Cultura Mário Quintana.

Obra

A voz do violão (c/ Francisco Alves), Dentinho de ouro (c/ Henrique Vogeler), Luizinha (c/ Henrique Vogeler), Os 18 de Copacabana (c/ Henrique Vogeler). 

Quem é Furnandes Albaralhão?

Horácio Mendes Campos publicou, em 1930, o livro de humor Caldo Berde em que apresenta sátiras, paródias de sonetos famosos e pensamentos com linguagem macarrônica, bem à moda do pré-modernista Juó Bananere. Alguns trechos de seu livro foram reproduzidos na revista A Pomba na década de 60.

"Horácio Campos é um dos muitos colaboradores quase ignorados de uma das várias fases de A Manha, o jornal humorístico e satírico de Aporelly. Na A Manha, na mesma fase em que êle, escreveu também Saul Borges Carneiro, com o nome de Barão d'Ascurra. Em outras fases — diga-se incidentemente — também na mesma fôlha humorística escreveram José Lins do Rêgo, Valdemar Cavalcanti, Rubem Braga, Joel Silveira, Carlos Lacerda, o organizador desta antologia, etc.

Usando o pseudônimo de Furnandes Albaralhão, Horácio Campos fazia, com muita arte, o suplemento lusitano de A Manha, escrevendo paródias de poetas portuguêses e brasileiros e composições de sua inteira inspiração. Chegou a reunir parte delas num livro delicioso, publicado com o título de Caldo Berde. Foi, em relação aos portuguêses, o que era Juó Bananere em relação aos italianos. Tendo desaparecido ainda moço, seu livro, nunca mais reeditado, é hoje uma verdadeira raridade bibliográfica, tanto mais que nem a Biblioteca Nacional dêle possui exemplar" (R. Magalhães junior in Antologia de Humorismo e Sátira, Ed. Civilização Brasileira, 1957, p. 309).

Fonte: Caldo Verde.

Tava na roda do samba

Tava na roda do samba (samba, 1932) - Salvador Correia

Título da música: Tava na Roda do Samba / Gênero musical: Samba / Intérprete: Almirante e Bando de Tangarás / Compositor: Correia, Salvador / Álbum 33524 / Gravação e lançamento: 00/1932 / Lado A / Disco selo Victor 78 rpm.



Tava na roda do samba
Quando a polícia chegô
Vamos acabá co'esse samba
Que o delegado mandô...oiii (x2)

Vâmo aguentando negrada
Que o samba é dia e lia
E quem não tiver coragem
Que apele pra correria...ôôô (x2)

Tava na roda do samba
Quando a polícia chegô
Vamos acabá co'esse samba
Que o delegado mandô...oiii (x2)

O samba tava enfezando
Combato que com harmonia
Mas a polícia chegando
Moveu com a pancadaria...ôôô (x2)

Tava na roda do samba
Quando a polícia chegô
Vamos acabá co'esse samba
Que o delegado mandô...oiii (x2)

Vâmo acabá com esse samba
Oi, vâmo acabá de uma vez
Que lá vem o delegado
Que vai nos levá pro xadrez...ôôô (x2)

Salvador Correia

Salvador Correia (Salvador Correia Barraca), compositor e pandeirista (16/8/1898 Rio de Janeiro, RJ - 05/08/1971 Rio de Janeiro, RJ), também conhecido como "Barraca" (por causa de seu sobrenome, de origem espanhola, que muitos pensavam ser um apelido), foi um músico de renome na cidade do Rio de Janeiro nas décadas de 1920 e começo de 1930 (Foto:  Revista O Malho, de novembro de 1926)

Em 1924, formou com outros instrumentistas a "Embaixada do Amorzinho", grupo instrumental que se apresentava na Festa Penha e rivalizava com os grupos "Embaixada do Fala Baixo", de Sinhô, e "Embaixada do Caninha", do compositor Caninha.

Foi afiliado ao "Cordão dos Anjinhos", do Clube Carnavalesco Tenentes do Diabo. Animou muitos dos fandangos, como eram chamados os bailes na época, do Clube Carnavalesco Tenentes do Diabo.

Em 1926, compôs a marcha Salve Jaú em homenagem ao aviador paulista Ribeiro de Barros, pioneiro na travessia do oceano Atlântico de avião.

Em 1927, obteve o primeiro lugar em concurso carnavalesco promovido por um jornal carioca que contava em sua comissão julgadora com os nomes de Coelho Neto, Múcio Leão, Gastão Penalva e Arthur Imbassahy, com a marcha De madrugada.

Nesse ano, sua participação na Festa da Penha com sua embaixada foi assim comentada por um jornal da cidade: "A garbosa Embaixada do Amorzinho, tendo à frente o hábil pandeirista Salvador Correia, foi o conjunto que melhor impressão deixou pela absoluta coesão de todos os elementos (...) Propagando o vasto repertório de sambas e marchas com que se apresentará no próximo ano aos aplausos dos nossos carnavalescos, a Embaixada do Amorzinho constituiu um dos fatos mais palpitantes deste ano no arraial da Penha".

Ainda em 1927, a marcha Salve Jaú foi gravada na Odeon por Francisco Alves. Depois que seu grupo "Embaixada do Amorzinho" se dissolveu passou a integrar a integrar como pandeirista um grupo criado pelo flautista Bide.

Em 1930, teve a marcha Bolinha gravada na Victor por Paulo Ribeiro. Em 1932, seu samba Tava na roda do samba foi gravado na Victor por Almirante e seu Bando de Tangarás. Foi aclamado em sua época como um habilidoso pandeirista.

Em 1965, passou a morar na aprazível Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro onde costumava receber anualmente, por ocasião de seu aniversário, amigos músicos para relembrar os fandangos do passado.

Obra

Bolinha, De madrugada, Salve Jahú, Ser discreto, Sete cordas, Suas-cuecas, Tava na roda do samba.
______________________________________________________________________
Fontes: Coletâneas de crônicas de Jota Efegê – Figuras e Coisas da Música Popular Brasileira Volume I (FUNARTE); Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.

terça-feira, outubro 26, 2010

Nestor Brandão

Nestor Brandão, compositor (circa séc. XIX - anos 1930 ?), marca sua presença na história da Música Popular Brasileira com a composição Braço de cera.

Lançada como marcha em dezembro de 1926, pela Orquestra Pan American do Cassino Copacabana, foi regravada no mesmo período, em forma de samba pelo barítono Frederico Rocha, em disco Odeon, da Casa Edison, número 123.224, tornando-se um grande sucesso no Carnaval do ano seguinte.

Ainda em 1927, Braço de cera foi gravada como samba por Francisco Alves na gravadora Odeonette.

Em 1989, Braço de cera foi relançada pela Collector´s no LP Almirante - Os ídolos do Rádio - Volume XX.

De carreira bastante desconhecida, não se tem notícias de outras composições de sua autoria que tenham sido gravadas.

J. Rui

J. Rui (Jaime Rui Costa Abollo Martinez), compositor, nasceu em 09/07/1909 na cidade do Porto, Portugal. Filho de Manuel Abollo Martinez, espanhol de Santiago de Compostela e Amélia Costa Martinez, portuguesa de Chaves, Trás-os-Montes, chegou ao Brasil com a família em 1913, estabelecendo-se no Rio de Janeiro.

Após terminar o curso secundário, matriculou-se no curso de Arquitetura da Escola Nacional de Belas Artes. Na época, já escrevia poesias. Participou do grupo chamado "Turma da Emba", do qual faziam parte Nássara e Luís Barbosa. Rui tocava reco-reco, chocalho e era o letrista oficial do grupo.

Em 1931, teve seu primeiro samba composto Para o samba entrar no céu, parceria com Nássara gravado por Almirante na Victor. Em 1933, compôs com o mesmo Nássara a célebre marcha Formosa, gravada por Francisco Alves em dupla com Mário Reis na Odeon, constitundo-se um dos grandes sucessos do carnaval daquele ano.

Em 1937, Francisco Alves gravou na Odeon a valsa Porque você voltou, também uma parceria com Nássara. Com fragmentos dessa melodia, Nássara faria mais tarde a marchinha Periquitinho verde, com letra de Sá Róris. Acredita-se que o compositor tenha colaborado em muitas composições conhecidas sem que nelas apareça seu nome. Um, exemplo deste fato, seria a composição A-M-E-I, Amei, gravada por Francisco Alves, onde uma quadra inteira foi por ele composta.

Atuou ainda no cinema, teatro - O v da vitória e rádio, tendo dedicado-se ainda à TV, onde assinou os scripts de vários programas humorísticos. Em 1963, em parceria com João Roberto Kelly, escreveu várias composições para a TV, dentre as quais Samba de branco, Cha-cha-cha de Cabo Frio, entre outras. 

Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB.