terça-feira, outubro 12, 2010

Santos Coelho

Santos Coelho (Manoel dos Santos Coelho), violonista e compositor, nasceu em 1870 no Rio de Janeiro, RJ e faleceu na mesma cidade em 1927. Tocava também viola portuguesa. Segundo os poucos registros conhecidos sobre ele, nasceu, viveu e morreu nesta cidade (Foto ao lado: Revista Fon Fon, de 07 de maio de 1910).

Embora pouco se saiba sobre sua vida, acabou entrando para a história da música popular brasileira devido à celebre canção Saudade eterna, que recebeu letra do poeta Domingos Correia e passou a ser conhecida como Flor do mal, sendo gravada inicialmente por Vicente Celestino pela Odeon em 1916.

Essa composição, entretanto, já havia sido letrada por Catulo da Paixão Cearense com o título de Ó como a saudade dorme num luar de calma!, versão que ficou menos conhecida. Em 1908, tomou parte de um famoso recital promovido por Catulo da Paixão Cearense no Instituto Nacional de Música.

Em 1910, publicou, com prefácio dos maestros Francsico Braga e Henrique Oswald, o Método de guitarra portuguesa, em edições E. Bevilacqua. Por volta de 1913, teve gravadas na Odeon as valsas Esfolhada, pela Banda do Malaquias, e Lídia, pela Banda do Corpo de Bombeiros.

Em 1946, o pianista Mário de Azevedo gravou a valsa Flor do mal em disco Continental. Em 1980, sua canção Flor do mal (Saudade eterna) foi gravada pelo cantor Onéssimo Gomes no LP Serestas brasileiras da gravadora Musidisc.

Obras

Esfolhada, Flor do mal, Lídia.

Título da música: Lídia / Gênero musical: Valsa / Intérprete: Banda do Corpo de Bombeiros / Compositor: Coelho, Santos / Gravadora Odeon / Número do Álbum 120215 / Data de Gravação 1912-1913 / Data de Lançamento 00/1913 / Lado: único / Acervo Humberto Franceschi / Rotações: Disco 78 rpm:



Título da música: Flor do mal / Gênero musical: Seresta / Intérprete: Vicente Celestino / Compositores : Correia, Domingos - Coelho, Santos / Gravadora Odeon / Número do Álbum 121052 / Data de Gravação 1912-1915 / Data de lançamento 1912-1915 / Lado: único / Acervo Humberto Franceschi / Rotações: Disco 78 rpm:


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Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha; Dicionário da MPB; Revista Fon Fon, maio/1910.

Antenor de Oliveira

Antenor de Oliveira , letrista, violonista e compositor, nasceu em Angra dos Reis-RJ (1881) e faleceu no Rio de Janeiro-RJ (1912). Era funcionário do Arsenal de Marinha.

Um dos fundadores do rancho "Ameno Resedá", de que foi mestre-de-canto ao lado do diretor de harmonia José Rebelo da Silva (Zé Cavaquinho). Não só foi letrista para marchas-ranchos do "Rancho", (incluindo composições do pistonista Bonfiglio de Oliveira), como também compôs.

Dentre suas composições destacou-se Os Vagalumes, (carnaval de 1911). Foi autor dos versos para o dobrado Jubileu, de Anacleto de Medeiros. Era considerado grande violinista. Foi também trovador de modinhas.
Obras

Brasil-Portugal, Jubileu (c/ Anacleto de Medeiros), Nunes Leite, Odalisca, Os vagalumes (marcha-rancho), Salve!, Saudação à águia, Severino Marques.

Título da música: Brasil-portugal / Gênero musical: Marcha cantada / Intérprete: Resedá, Ameno / Compositor: Oliveira, Antenor de / Gravadora Odeon / Número do Álbum 120312 / Data de Gravação 1912-1913 / Data de Lançamento 02/1913 / Lado indefinido / Rotações: Disco 76 rpm


Título da música: Nunes leite / Gênero musical: Dobrado / Intérprete: Resedá, Ameno / Compositor: Oliveira, Antenor de / Gravadora Odeon / Número do album 120310 / Data de Gravação 1912-1913 / Data de Lançamento 01/1913 / Lado indefinido / Rotações: Disco 76 rpm


Título da música: Odalisca / Gênero musical: Marcha / Intérprete: Resedá, Ameno / Compositor: Oliveira, Antenor de / Gravadora Odeon / Número do Álbum 120309 / Data de Gravação 00/1913 / Data de Lançamento 00/1913 / Lado único / Rotações: Disco 78 rpm


Título da música: Salve! / Gênero musical: Schottish / Intérprete: Resedá, Ameno / Compositor: Oliveira, Antenor de / Gravadora Odeon / Número do Álbum 120311 / Data de Gravação 1912-1913 / Data de Lançamento 02/1913 / Lado indefinido / Rotações: Disco 76 rpm


Título da música: Saudação a águia / Gênero musical: Marcha / Intérprete: Resedá, Ameno / Compositor: Oliveira, Antenor de / Gravadora Odeon / Número do Álbum 120313 / Data de Gravação 00/1913 / Data de Lançamento 00/1913 / Lado único / Rotações: Disco 78 rpm


Título da música: Severino marques / Gênero musical: Dobrado / Intérprete: Resedá, Ameno / Compositor: Oliveira, Antenor de / Gravadora Odeon / Número do Álbum 120308 / Data de Gravação 1912-1913 / Data de Lançamento 01/1913 / Lado indefinido / Rotações: Disco 76 rpm


Alexandre Gonçalves Pinto escreve sobre Antenor:

"Dotado de espirito culto, fazia as delicias de quantos tivessem a felicidade de conhecel-o, e com elle privar. Vou tentar fazer o seu perfil, começando a dizer que elle foi um fundador do Rancho Escola Ameno Resedá.

Fazendo logo prodigio, no cargo de director de canto, com as suas bellas poesias, e fulgor da sua capacidade inegualavel, ao lado do competente director de Harmonia, José Rebello, (Zé Cavaquinho) que é tambem um artista de muito valor, e mérito, que unidos a outras capacidades amenistas daquella época, levaram este rancho ao apogeu.

Antenor era um batuta no violão, e grande trovador de modinhas, occupou tambem no Ameno Resedá o cargo de director de Poemas, elle se immortalizou com a admiração de muitos poetas naquelle tempo, quando fez a letra para o dobrado jubileu, do inesquecivel Anacleto de Medeiros.

Antenor de Oliveira, nasceu em Angra dos Reis em 1881, e falleceu nesta Capital em 1912. O bom Antenor competiu com os eximios directores de cantos, e musicistas de todos os conjunctos carnavalescos, como foi, o Moreno da Flôr do Abacate, e Barnabé, da Cidade Nova e Pedro Paulo. Antenor foi um esplendido amador de arte dramatica, se distinguiu sempre, dando vida e esplendor aos papeis a elle confiados.

A morte de Antenor foi muito sentida, e pranteada, na roda de todos os chorões, era operarios do Arsenal de Marinha." (Fonte: O Choro (Reminiscências dos chorões antigos), 1936- Alexandre Gonçalves Pinto).

José Rebelo da Silva

Zé Cavaquinho
José Rebelo da Silva (20/03/1884 Guaratinguetá, SP - 01/05/1951 Rio de Janeiro, RJ) , instrumentista, regente e compositor, conhecido também como Zé Cavaquinho, ainda jovem se mudou para o Rio de Janeiro, onde estudou cavaquinho na loja e fábrica de instrumentos Cavaquinho de Ouro. Posteriormente aprendeu a tocar violão e flauta.

Foi professor de violão (escreveu métodos para o estudo do cavaquinho), e também funcionário do Ministério da Agricultura.

Sua carreira artística começou ainda jovem e, em 1903, com apenas 19 anos, participou da serenata organizada por Eduardo das Neves em homenagem ao aviador brasileiro Santos Dumont que então regressa da Europa.

Por essa época também atuou em orquestras, tocando flautas, basicamente em apresentações em cinemas. Por essa ocasião, reunia-se frequentemente no Cavaquinho de Ouro com outros importantes músicos da época como Quincas Laranjeiras, Anacleto de Medeiros, Luís de Souza,Juca Kalut, Felisberto Marques, Catulo da Paixão Cearense, Luiz Gonzaga da Hora, Irineu de Almeida, além do maestro Heitor Villa-Lobos, entre outros.

Em 1907, foi um dos fundadores do famoso rancho carnavalesco Ameno Resedá, cuja reunião de fundação teria acontecido segundo alguns na ilha de Paquetá e segundo outros na barca que trazia o grupo fundador de volta à Praça Quinze, depois de um passeio à famosa ilha da Baía da Guanabara. 

Em 1908, formou e regeu a orquestra que era a grande atração do primeiro desfile do rancho Ameno Resedá, com o enredo "Corte Egipciana". Essa orquestra tinha mais de vinte músicos além do coral. Além de reger a orquestra do Ameno Resedá desfilou também como violonista e flautista e compôs várias marchas-ranchos para desfile do Ameno Resedá. Ainda em 1908, participou com Catulo da Paixão Cearense e outros de um famoso recital organizado pelo poeta na Escola Nacional de Música. Na ocasião usou um violão-bolacha fabricado pelo Cavaquinho de Ouro.

Em 1911, dirigiu a orquestra do Ameno Reseda no desfile de carnaval com o enredo "Corte de Belzebu". Na ocasião, apareceu empunhando sua flauta à frente da orquestra e da comissão de frente, em documento histórico reproduzido posteriormente por Jota Efegê no livro "Ameno Resedá - O rancho que foi escola". Nessa ocasião, participou nos jardins do Palácio Guanabara de uma apresentação especial do Rancho Ameno Resedá ao presidente da República Hermes da Fonseca e sua esposa Orsina da Fonseca.

Em 1928, foi homenageado pela Casa Cavaquinho de Ouro através de um folheto por ela publicado e em cujo texto, citado por Ary Vasconcelos, se lê "..é, na atualidade, por suas requintadas preocupações clássicas do solo, um autêntico esteta do violão." Entre suas composições destacaram-se a valsa Miragem, e os tangos Ipiranga e Guanabara, este último, gravado em 1930 pela Orquestra Brunswick.

Fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.

João Francisco de Almeida

João Francisco de Almeida, compositor e flautista, nasceu no Rio de Janeiro-RJ e faleceu na mesma cidade em 1900. É autor das valsas Nestor e Albertina. Esta última recebeu versos de Catulo da Paixão Cearense, passando a ser conhecida como Dor constante ou Dor suprema.

A primeira gravação da valsa Albertina, ainda sem letra foi feita na Zon-O-Phone, pela Banda da Casa Edison, sem data precisa. Como choro, foi gravada, também sem data precisa pelo Grupo do Malaquias na Odeon.

Título da música: Albertina / Gênero musical: Choro / Intérprete(s): Grupo do Malaquias / Gravadora Odeon / Número do Álbum 40284 / Data de Gravação 1904-1907 / Data de Lançamento 1904-1907 / Lado único / Acervo Humberto Franceschi / Rotações: Disco 78 rpm:

Obra

Albertina (c/ Catulo da Paixão Cearense), Nestor.


Fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira

Abdon Lyra

Abdon Lyra
Abdon Lyra (23/09/1887 També, PE - 22/9/1962 Rio de Janeiro, RJ), maestro, trombonista e compositor, começou já, com 14 anos, a dirigir a banda de música de sua pequena cidade.

Em 1908, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde passou a atuar como trombonista em diversas orquestras.

Sua música mais conhecida é a modinha Estela, com versos de Adelmar Tavares, gravada por volta de 1909 por Mário Pinheiro e em 1910 por Eduardo das Neves na Odeon. Em 1914, o cantor Orestes de Matos gravou sua modinha Estela, com Adelmar Tavares.

Em 1931, teve a toada Nós somos do Ceará, parceria com Oscar Arruda, gravada pelo próprio Oscar Arruda e a canção Djanira, parceria com Oscar Arruda, gravada na Odeon por Armindo trinta.

Em 1948, junto com o poeta e letrista Olegário Mariano, ganhou um concurso no qual se escolhia o "Hino da Música".

Obra

Djanira (c/ Oscar Arruda), Estela (c/ Adelmar Tavares), Hino da Música (c/ Olegário Mariano), Nós somos do Ceará (c/ Oscar Arruda).

O grande maestro e trombonista

Abdon Lyra desde tenra idade foi um apaixonado por música. De origem muito humilde, no entanto, não possuía recursos para entrar para a Escola de Música. Mas a música estava no seu destino. Quando contava com apenas oito anos de idade, foi assistir a uma apresentação da Banda do Corpo de Bombeiros no coreto da praça de sua pequena cidade e ficou fascinado com o trombone. Sem dinheiro para comprar o instrumento, decidiu fabricá-lo ele próprio, com latas que eram jogadas fora.

Dotado de excelente ouvido musical, Abdon Lyra começou a estudar trombone por conta própria. Aos doze anos começou a dar aulas de música para ganhar dinheiro, pois seu objetivo era ir a Recife comprar livros de teoria musical e partituras para trombone, para se aperfeiçoar nos estudos.

Autodidata, aos catorze anos já dirigia a banda de música da pequena També. Depois foi para Recife para fazer o Curso de Humanidades no Instituto de Pernambuco, e então foi convidado pelo diretor para dirigir a banda de música do colégio.

Em 1908, aos 21 anos, viajou para o Rio de Janeiro, ingressando nas orquestras, tocando trombone, instrumento de sua profissão. Dois anos depois conheceu Octávia de Carvalho, uma jovem orfã nascida em João Pessoa, que tinha vindo para o Rio de Janeiro após a morte dos pais, para morar com uma prima. Logo os dois se apaixonaram e, três meses depois de se conhecerem, estavam casados.

Desta união tiveram dois filhos: Lupercílio e Léa, ambos também com dons musicais. Lupercílio estudou saxofone, fazendo parte, posteriormente, da Orquestra da Rádio Nacional, e Léa formou-se em piano, tornando-se professora deste instrumento.

Abdon Lyra fez parte da Sociedade de Concertos Sinfônicos e da Orquestra do Teatro Municipal e, por concurso, foi professor catedrático da cadeira de trombone da Escola Nacional de Música.

Sem esquecer a origem nordestina, Abdon compôs várias peças tendo como tema o Maracatu; compôs "Fantasia para Trombone e Orquestra", o "Dobrado Brasil Eterno", onde foi colocada letra por Aloísio Pereira Pires e ficando conhecida como "A Canção das Comunicações"; compôs o "Hino sobre Rio Bonito" e a música "Estela", com letra do poeta Adelmar Tavares, seu amigo.

Em meados de 1948 conquistou o primeiro lugar no concurso realizado para escolha do Hino à Música, com letra de Olegário Mariano, e que é o Hino Oficial da Escola de Música da UFRJ. Também é de sua autoria a Canção do Trabalhador Brasileiro, cuja letra é de autoria de sua filha Léa Lyra.

Em maio de 1952 sua esposa Octávia veio a falecer, mas Abdon, que também se dedicara à espiritualidade, não se deixou abater e continuou lecionando e regendo. Muito ligado à família, Abdon Lyra era um homem cativante. Simpático e elegante, sempre tinha um sorriso para dar às pessoas.

Foi o maior incentivador de sua neta Leuri, filha de Léa, também apaixonada pelos sons, e sempre lhe dava cadernos de música para que a pequena Nini - como era carinhosamente chamada - escrevesse suas composições. No entanto, nunca foi ambicioso. Sempre se dedicou à música por amá-la de fato e não para fazer dela um meio de enriquecer ou de se autopromover.

Trabalhava de madrugada, frente à sua escrivaninha, sob a luz tênue de uma luminária, transcrevendo obras para todos os instrumentos de uma orquestra, e se, num ensaio de regência, algum instrumento não estava afinado, ele o sabia imediatamente, mesmo quando tocado juntamente com todos os outros, tal era o seu ouvido musical.

Após se aposentar pela Escola de Música, Abdon Lyra continuou ligado ao que amava, dando aulas particulares de teoria musical e de violão, seu segundo instrumento. Mas, em 1961, começou a apresentar sintomas de arteriosclerose, o que fez com que suas atitudes perante a vida e perante os outros fossem se modificando. Certa tarde, ao atravessar uma rua, Abdon foi atropelado por um carro, indo ao chão. Teve seu rosto machucado e seus olhos, feridos. Já sofria de glaucoma, o que agravou com o ferimento.

Resistindo a ser tratado pela filha, pois a arteriosclerose o fez ficar desconfiado e teimoso, teve uma infecção ocular que o levou à cegueira. Em jovem, ele sempre dizia que não suportaria se lhe faltasse a visão. No entanto, quando esta lhe faltou, ele já não tinha mais consciência disso.

Abdon Lyra perdeu toda a noção do tempo, só não perdeu a noção da música. Internado na Beneficência Portuguesa, o maestro, embora não reconhecendo mais a família, compunha trechos musicais belíssimos que solfejava para sua netinha, quando esta ia visitá-lo, mesmo sem conhecê-la mais.

Em setembro de 1962, Abdon Lyra foi acometido de insuficiência renal aguda e falência múltipla dos órgãos, vindo a morrer na madrugada do dia 22, num quarto da Beneficência Portuguesa, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Foi enterrado no dia 23 de setembro, dia em que completaria 75 anos de idade. (fonte: Abdon Lyra - Samba & Choro

Pedro Galdino

Pedro Galdino (1860 - 1919 Rio de Janeiro, RJ), flautista e compositor, era negro e trabalhou como operário da Companhia Fiação Tecidos Confiança, em Vila Isabel, bairro carioca no qual sempre residiu. Sua família era de músicos.

Foi mestre de banda da fábrica Confiança. Por volta de 1910, teve as polcas Otacília e Saudades da Lapa gravadas pelo Pessoal do Bloco na Favorite Record.

Por volta de três anos depois, teve os xotes Natalina e Cotinha, e o tango Miranda, gravadas pelo flautista Pedrinho. Na mesma época o grupo instrumental Pessoal do Bloco gravou as valsas Lola, Pastorinha; os xotes Hilda, Adélia e Meu casamento (Olhos de veludo), e as polcas Caminhando, Flausina, Saudades da Lapa, Otacília, Vamos dançar, Não chores, Didi, Jocosa e Lembrança da Ilha do Governador, todas na Favorite Record.

Em 1957, seu choro Flausina foi regravado por Pixinguinha e sua banda no LP Assim é que é, lançado pela gravadora Sinter.

Em 1972, a polca Jocosa foi incluída no disco que acompanhou o fascículo "Donga e os primitivos" da série "História da música popular brasileira", lançada pela Editora Abril.

Obra
Adélia, Caminhando, Cotinha, Didi, Flausina, Hilda, Jocosa, Lembrança da Ilha do Governador, Lola, Meu casamento, Miranda, Não chores, Natalina, Olhos de veludo (c/ Gutemberg Cruz), Otacília, Pastorinha, Saudades da Lapa, Vamos dançar.

Título da música: Meu casamento / Gênero musical: Chótis / Intérprete(s): Pessoal do Bloco / Compositor(es): Galdino, Pedro / Gravadora Favorite record / Número do Álbum 1454047 / Data de Gravação 1910-1913 / Data de Lançamento: 1910-1913 / Lado único / Acervo Humberto Franceschi / Rotações: Disco 78 rpm



Fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.

Costa Júnior

Costa Júnior (João José da Costa Júnior), compositor, pianista e revistógrafo, nasceu no Rio de Janeiro-RJ em 08/11/1868 e faleceu na mesma cidade em 1917. Destacou-se como revistógrafo e compositor, mas foi também diretor de uma companhia lírica.

Em 1898, ingressou como professor do Instituto Profissional e do Conservatório do Rio de Janeiro. Usou também o nome artístico de Juca Storoni, anagrama de Costa Júnior.

Iniciou a carreira de revistógrafo no final da década de 1880, e sua primeira obra para o teatro foi a partitura da revista O homem, de Artur Azevedo.

Em 1889, levou à cena a revista O Bendengó. Nesse ano, regeu sua primeira orquestra no Teatro de Variedades. Em 1890, escreveu a revista O sarrilho, na qual fazia uma crítica à Proclamação da República.

Seu maior êxito como compositor foi a polca No bico da chaleira gravada inicialmente em 1907, pela Banda da Casa Edson na Odeon como música instrumental. Essa composição foi gravada também pela Banda da Casa Faulhaber e Cia em disco da Favorite Record. A mesma Banda da Casa Faulhaber e Cia gravou seu tango Os carapicus. Teve ainda gravada pela Favorite Record o arranjo cômico Carnaval carioca, sem indicação de quem tenha gravado. 

Em 1909, a polca No bico da chaleira tornou-se sucesso carnavalesco fazendo um sátira aos bajuladores do então muito poderoso Senador Pinheiro Machado. Sua letra dizia: "Iaiá me deixa/Subir nesta chaleira/Que eu sou do grupo/Do pega na chaleira". Segundo o livro "A canção no tempo": "Diariamente, o Morro da Graça no bairro de Laranjeiras no Rio de Janeiro era frequentado por dezenas de pessoas - senadores, deputados, juízes, empresários, ou, simplesmente, candidatos a cargos públicos ou mandatos coletivos. A razão da romaria era que no alto do morro morava o general-senador José Gomes Pinheiro Machado, líder do Partido Republicano Consevador, que dominou a política nacional no início do século".

Pois foi satirizando essa situação que surgiu a polca No bico da chaleira que acabaria por consagrar os termos "chaleira" e "chaleirar" como sinônimos de bajulação. Ainda em 1909, No bico da chaleira daria ensejo a uma revista com o mesmo nome de autoria de Ataliba Reis e Raul Pederneiras apresentada no Teatro Apolo, tendo sido gravada nesse ano pelo cantor Tomás de Souza em disco Columbia. 

Também em 1909, foi feito o filme Pega na chaleira com argumento de Gastão Tojeiro inspirado em sua polca Pega na chaleira

É de sua autoria o Tango do Amapá, homenagem ao Barão do Rio Branco pela vitória diplomática na questão do Amapá, música gravada pela Banda do Corpo de Bombeiros pela Odeon, e pela Banda do Corpo de Marinheiros Nacionais em disco Victor Record. 

Por volta de 1912, teve a cançoneta O que nasceu primeiro gravada pelo cantor Mário Pinheiro na Victor Record. Em 1913, o dobrado Cruz de Malta e a valsa Esquecida foram gravadas pela Banda do Corpo de Bombeiros pela Odeon. No mesmo ano, a polca Saiu-me boa foi gravada Odeon pela Banda Escudero. 

Provavelmente no mesmo período a Banda do Corpo de Bombeiros gravou as valsas Caresante e Irene pela Columbia, enquanto a Banda Columbia gravou o Tango da sogra, e a Banda da Imprensa Nacional registrou o tango O Peixoto nos ares. Ainda pela Columbia, a Banda do 52º de Caçadores registrou o tango No bico da chaleira, e a Banda so 13º Regimento de Cavalaria lançou o dobrado O politiqueiro

De seu repertório teatral foram registrados por volta de 1915 as cançonetas O Zeca Brazurura, pelo cantor Tomás de Souza, e Fala-me logo à saída e Petrópolis no prego (Canção da mulata)", pela cantora Iracema Bastos. Ainda teve gravadas as polcas A coisa é esta, pela Banda da Imprensa Nacional, e A coisa é outra, pela Banda Columbia. 

Por volta de 1916, sua valsa Coração ferido foi gravada na Odeon pela Banda da Casa Edson. Segundo o jornalista Edigard de Alencar, deixou mais de 200 composições.

Fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.