quarta-feira, dezembro 29, 2010

Geraldo Filme


Geraldo Filme (Geraldo Filme de Sousa), compositor, nasceu em São João da Boa Vista, SP, em 1928, e faleceu em São Paulo, SP, em 5/1/1995. Chegou a São Paulo com cinco anos de idade.

Criado na Barra Funda, foi entregador de marmitas, ficando conhecido como Negrinho das Marmitas. Compunha sambas para o cordão carnavalesco Paulistano da Glória, do qual seria refundador quando o cordão se tornou escola de samba.

Iniciou sua carreira trabalhando nas escolas de samba Coloração do Brás e Vai-Vai, na qual foi diretor de Carnaval e campeão com seu samba Solano, vento forte africano, em homenagem ao folclorista Solano Trindade.

Cronista da gente e da cidade, cantou em seus sambas principalmente o bairro do Bexiga, pelo qual tinha carinho especial. 

Aos 52 anos, lançou seu primeiro LP, Geraldo Filme, pela Eldorado, com texto de Plínio Marcos. Da parceria com Plinio Marcos nos palcos resultaram Balbina de Yansã e também o musical de grande sucesso Pagodeiros da Paulicéia

Fundador da escola de samba Unidos do Peruche, compôs em homenagem ao Pato N’Água, na morte do amigo, o samba Silêncio no Bixiga, gravado por Beth Carvalho no CD Beth Carvalho canta o samba de São Paulo. Neste disco aparece ainda Tradição, outro samba do compositor com a Anhembanda, a banda carnavalesca do centro Anhembi. 

Em dezembro de 1994, participou de show no Anhembi com sambistas da velha guarda. Quando morreu, trabalhava como coordenador de Carnavais de Bairro, no Anhembi, e era assessor da diretoria executiva da Vai-Vai. 

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PubliFolha - 2a. Edição - 1998.

Manfredo Fest


Manfredo Fest (Manfredo Irmin Fest), instrumentista, compositor e arranjador, nasceu em Porto Alegre, RS, em 13/5/1936, e faleceu em Tampa Bay, Florida, EUA, em 8/10/1999. Começou a estudar piano aos cinco anos, com o pai, imigrante alemão que foi concertista.

Com apenas dez por cento da capacidade visual normal, fez seus estudos em Braille, formando-se em piano pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Organizou em Porto Alegre vários conjuntos, que atuavam em festas, reuniões e bailes.

Mudou-se em 1961 para São Paulo SP, em busca de melhores oportunidades, formando seu primeiro trio, que atuava em boates, como a Baiúca e as do Hotel Jaraguá e Cambridge Hotel. No ano seguinte, gravou com o trio seu primeiro disco, Bossa-nova-nova bossa, pela RGE, em que foram incluídas também músicas de sua autoria, como Eu sou feliz, feita em parceria com sua esposa Lili Fest que, além de ter sido sua principal parceira, era quem transcrevia suas composições.

Em 1963 gravou outro LP pela RGE, Evolução, e dois anos depois lançou, pela mesma gravadora, o LP Manfredo Fest Trio, com músicas de Edu Lobo, Durval Ferreira, Baden Powell e Vera Brasil.

Em 1965 gravou para a Fermata o LP Some Peoples, com uma série de sucessos dos Beatles em ritmo de samba. Em 1966 lançou outro LP, Alma brasileira. No ano seguinte foi para os EUA., fixando-se em Los Angeles, onde formou novo trio.

Passou depois a trabalhar com Sérgio Mendes, fazendo a abertura de seus shows. Com o conjunto gravou ainda, em 1969, o LP Bossa Rio e, no ano seguinte, Alegria, ambos produzidos por Sérgio Mendes, além de um disco do show ao vivo no Japão.

Em 1970 deixou Sérgio Mendes, formando novos grupos e gravando dois anos depois um LP, o Bossa Rock Blues n° 1. Em 1973 foi para Chicago liderar o conjunto Batucada, formando no ano seguinte um novo trio. Em 1976 gravou o LP Brazilian Dorian Dream pelo seu próprio selo, o T&M Productions. Deste disco fazia parte a sua composição Jungle Cat. Gravou em 1978 o LP Manifestations, para a gravadora Tabu Records, em Los Angeles.

Em 1992 gravou em Minneapolis um disco de produção independente chamado Manfredo Fest and Friends, onde se destaca A Blues for Oscar, homenagem ao pianista de jazz Oscar Peterson.

A partir de 1993, começou a gravar pelo selo Concord, nos EUA, pelo qual já lançou quatro CDs, nos quais gravou versões instrumentais de músicas brasileiras como Caminhos cruzados (Tom Jobim), Passarim (Tom Jobim e Paulo Jobim), Começar  de novo (Ivan Lins e Vítor Martins) e Amazonas (João Donato), bem como versões de standards da música norte- americana, como Over the Rainbow (Harold Arlen e E. Y. Harburg) e Summertime (George Gershwin, Ira Gershwin e DuBose Heyward).

Fez uma tournée em 1996 pela Alemanha e Dinamarca, com seu filho Phil Fest, guitarrista, e o harmonicista Hendrik Meurkens, presenças constantes em seus discos mais recentes. No início de 1998 gravou um CD ao vivo no Vartan Live Jazz, em Denver, Cobrado, com regravações de algumas de suas músicas. Seu estilo combinava bossa-nova e jazz.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha - 2a. Edição - 1998.

Levino Ferreira, o Mestre Vivo

Levino Ferreira (Levino Ferreira da Silva), compositor e instrumentista, nasceu em Bom Jardim, PE, em 2/12/1890, e faleceu no Recife, PE, em 9/1/1970. Criado em Bom Jardim, onde fez o curso primário, iniciou-se em música com Pompeu Ferreira, mestre da Banda Vinte e Dois de Setembro.

Aos oito anos de idade, já integrava a banda, tocando trompa, e logo aprendeu a executar outros instrumentos de sopro, começando também a compor.

Em 1910, conhecido na região como exímio instrumentista, transferiu-se para Queimadas (hoje Orobó PE), como mestre da banda local. Mais tarde regressou a Bom Jardim, desempenhando com grande sucesso as funções de mestre da Banda Vinte e Dois de Setembro, o que lhe valeu muitos convites para organizar e dirigir bandas em localidades vizinhas. Nesse período, compôs suas primeiras músicas carnavalescas, ainda sem as influências do frevo, que conheceria somente em 1919, em Recife PE.

Durante vários anos, até 1935, percorreu a região a cavalo, apresentando-se em festas e dirigindo bandas, entre as quais a Independência, da cidade de Limoeiro PE.

Por volta de 1930 sua música já era ouvida em Recife, onde suas valsas eram editadas pela Casa de Música Azevedo Júnior.

Em 1935 a Orquestra Odeon gravou seu frevo Satanás na onda, que venceu o concurso de frevos de Recife. A convite do compositor Zumba (José Gonçalves Júnior), transferiu-se então definitivamente para a capital pernambucana. Passou a ser conhecido como Mestre Vivo, e suas composições eram cantadas por todos os blocos e clubes carnavalescos da cidade. Para o Carnaval de 1937 a Orquestra Diabos do Céu gravou na Victor seu frevo Diabinho de saia.

Teve grande atuação nas rádios recifenses, participando de várias orquestras e bandas: na Grande Orquestra PRA-8, da Rádio Clube de Pernambuco, tocava clarineta, saxofone, trombone de vara e pistom. Como saxofonista e trompetista, integrou o conjunto Ladário Teixeira, criado pelo músico Felinho.

Em 1951 ingressou na Rádio Tamandaré, atuando como chefe de orquestras e conjuntos. Já perto da aposentadoria, foi convidado pelo maestro Vicente Fittipaldi para fazer parte da Orquestra Sinfônica de Recife, tornando-se famoso como solista de fagote.

Em 1964 recebeu diploma do 1 Congresso de Frevo, realizado em Volta Redonda RJ. Em promoção da prefeitura de Recife e da Empresa Metropolitana de Turismo, foi criado em 1970 o Troféu Levino Ferreira, destinado a homenagear os clubes sociais de Recife.

Em 1971 foi homenageado postumamente com a medalha do mérito Cidade de Recife. Compôs ainda valsas, dobrados, maracatus, choros e música sacra. Seu poema sinfônico Cavalo marinho foi executado na França e na Inglaterra.

Obra

Alegria de Pompéia, frevo, 1955; Amália no frevo, frevo, 1960; A cobra está fumando, frevo, 1945; Comendo fogo, frevo, 1959; Diabinho de saia, frevo, 1938; Diabo solto, frevo, 1937; Lágrima de folião, frevo, s.d.; Mexe com tudo, frevo, 1941; Não adianta chorar, frevo, s.d.; Papa fila, frevo, s.d.; Retalhos de saudade, frevo, s.d.; Satanás na onda, frevo, 1935; Última troça, frevo, 1961; Último dia, frevo, 1951; Vassourinhas está no Rio, frevo, 1950.

Arlindo Ferreira

Arlindo Ferreira - Circa 1970
Arlindo Ferreira, instrumentista, nasceu em Sete Lagoas, MG, em 22/1/1916. Desde menino tocava violão, iniciando a carreira profissional em Belo Horizonte MG, na década de 1930, quando se apresentou na inauguração da Rádio Guarani.

Em 1938 foi para o Rio de Janeiro RJ, atuando na Rádio Transmissora (depois Globo) como integrante do regional de Claudionor Cruz, no qual permaneceu por dez anos. Por idêntico período de tempo, atuou com Rogério Guimarães na Rádio Tupi, transferindo-se depois para a Nacional.

Acompanhou vários cantores brasileiros da época, como Francisco Alves, Orlando Silva, Carlos Galhardo, Moreira da Silva, Ademilde Fonseca, tendo também sido acompanhante de Emilinha Borba por 15 anos, além de Gilberto Alves. Atuou no Cassino da Urca (Rio de Janeiro), no Quitandinha (Petrópolis RJ) e no Icaraí (Niterói RJ).

Sempre tocando violão, só gravou uma vez como solista, com Bola Sete, na música Bola Sete no choro, pela etiqueta Star (atual Copacabana). Como acompanhante, participou de diversas gravações. Aposentou-se em 1974.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira – Art Editora e PubliFolha – 2ª. Edição – 1998; Foto: samba & choro (www.samba-choro.com.br).

Fernando César

Fernando César (Fernando César Pereira), compositor, nasceu em Viseu, Portugal, em 6/11/1917, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 26/5/1983.

Começou a compor em 1954, ano em que foi gravada sua primeira música, Foi você, por Bill Farr, na etiqueta Continental. Mais tarde passou a trabalhar com os parceiros Britinho, Nazareno de Brito, Sílvio Silva e outros.

Obteve sucesso com os sambas Graças a Deus, 1954, Dó-ré-mi (com Nazareno de Brito), 1969, a toada Vento soprando e o bolero Quando as folhas caírem (com Maurício de Oliveira), gravados por Dóris Monteiro.

Em 1967 concorreu ao III FIC, da TV Globo, do Rio de Janeiro, com Engano (com Renato de Oliveira), e em 1968 seu samba Pedro Fico (com Sílvio Silva) classificou-se no II Concurso de Carnaval, interpretado por Paulo Marques.

Algumas composições suas de expressão foram: Balada do homem sem Deus (c/Agostinho dos Santos), valsa, 1959; Chorar em colorido (c/José Antônio Silva), bolero, 1966; Cigarro sem batom, bolero, 1955; Dó-ré-mi (c/Nazareno de Brito), samba, 1969; Falam meus olhos (c/Nazareno de Brito), fox, 1956; Graças a Deus, samba, 1954; Saudade chegando (c/Luís de Castro), fox, 1956; Vento soprando, toada, 1956.

Foi editor de música popular.

Obra

A montanha (Fernando César / Algueró Moreu), A noite é de nós dois (Fernando César / Otelo Zucolo), A noite é nossa (Fernando César / Lubin), A saudade e você, A verdade, Ainda bem (Fernando César / Britinho), Amor de olhar (Fernando César / Britinho), Amor de segunda mão, Amor em 3-D, Arrependimento (Fernando César / Dolores Duran), Assim é se nos parece, Balada do homem sem eus (Fernando César / Agostinho os Santos), Beguine (Fernando César / Tito César), Biquinis de borboletas (Fernando César / Britinho), Bis, Chuva, Cigarro sem batom, Ciúme (Fernando César / Renato de Oliveira), Crepúsculo (Fernando César / Renato de Oliveira), Deixe que eu possa esquecer (Fernando César / Renato de Oliveira), Depois da sete e quarenta (Fernando César / Carlos César), Desencontro (Fernando César / Britinho), Despedida, Despeito, Deus te favoreça, Devoção, Dia e noite (Fernando César / Tony Vestany), Diz por favor que sim, Domingo de amor, Dó-ré-mi, E agora José, É a tua vez de sorrir, Eles não sabem nada, Enquanto houver amanhã (Fernando César / Britinho), Esquecimento (Fernando César / Nazareno de Brito), Estou amando azul (Fernando César / Britinho), Eu sou assim (Fernando César / Jorge Iara), Eu vi, Faça de conta, Falam meus olhos (Fernando César / Nazareno de Brito), Felicidade é você (Fernando César / Nazareno de Brito), Foi você (Fernando César / G. Bianchi), Fracasso (Fernando César / Nazareno de Brito), Graças a Deus, Haja o que houver (Fernando César / Nazareno de Brito), História (Fernando César / Luiz Cláudio), Horas esquecidas (Fernando César / Nazareno de Brito), Horas vazias, Insistência (Fernando César / Luiz Cláudio), Já que está, Joga a rede no mar (Fernando César / Nazareno de Brito), Long-playing, Longe de mim (Fernando César / Britinho), Longe de ti (Fernando César / Ester Delamare), Lua discreta (Fernando César / Newton Ramalho), Luz que não se apaga (Fernando César / Britinho), Melancolia, Mente, Mil e tantas madrugadas (Fernando César / Britinho), Minha janela (Fernando César / Ted Moreno), Não chore (Fernando César / Roberto Mário), Não é por mim (Fernando César / Carlos Imperial), Não me esqueça (Fernando César / Britinho), Não sonhe comigo, Noite chuvosa (Fernando César / Britinho), Nossa favela (Fernando César / Britinho), Novo céu (Fernando César / Ted Moreno), Numa igreja sem ninguém (Fernando César / Ted Moreno), Nunca te direi (Fernando César / Britinho), O amor é isso, O amor não tem juízo, O velho e a rosa, Orgia (Fernando César / Nazareno de Brito), Ouro e prata (Fernando César / Renato de Oliveira), Outro dia virá (Fernando César / Nazareno de Brito), Palavras ao vento, Para que recordar (Fernando César / Carlos César), Penumbra (Fernando César / Ted Moreno), Ponto e chuva (Fernando César / Britinho), Porque brilham teus olhos, Por que e para que (Fernando César / Jaime Florence), Pra que falar (Fernando César / Nazareno de Brito), Prefiro duvidar, Pressentimento, Quando as folhas caírem (Fernando César / Maurício de Oliveira), Quando as saudades se encontram, Quem viu gostar assim (Fernando César / Britinho), Ribalta (Fernando César / Othon Russo e Nazareno de Brito), Rock do espirro (Fernando César / Alfredo Max), Saudade chegando (Fernando César / Luiz Cláudio de Castro), Saudade mora comigo (Fernando César / Otelo Zucolo), Segredo, Ser saudade (Fernando César / Britinho), Seu relógio (Fernando César / Nazareno de Brito), Silhuetas (Fernando César / Ted Moreno), Só ficou a saudade (Fernando César / Dolores Duran), Só pode ser você, Sol de ouro em céu azul, Souvenir, Tantas vezes, Tédio (Fernando César / Nazareno de Brito), Terezinha de Jesus (Fernando César / Britinho), Teu castigo, Tinha que ser, Três dias sem te ver (Fernando César / Britinho), Tu vais passar (Fernando César / Britinho), Tudo ou nada, Último favor, Velho gagá, Vento soprando, Vício, Viver sem você, Volta ao passado, Voltei, Zé Bonitinho (Fernando César / Britinho).

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PubliFolha - 2a. Edição - 1998; Fernando César (www.musicapopular.org/fernando-cesar/).