domingo, setembro 09, 2012

Xangô da Mangueira


Xangô da Mangueira (Olivério Ferreira), cantor, sambista e compositor, nasceu no Rio de Janeiro-RJ em 19/01/1923, e faleceu na mesma cidade em 07/01/2009. Originário do subúrbio carioca do Estácio, aos 12 anos começou a sair na Escola de Samba Unidos de Rocha Miranda e a compor seus primeiros sambas.

Em 1935 entrou para o G.R.E.S. da Portela, tornando-se conhecido como improvisador, numa época em que os sambas eram compostos por um estribilho fixo seguido de quadras improvisadas. Acompanhou Paulo da Portela, quando este foi para a Lira do Amor.

Em 1939 entrou para o G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira, depois de passar num teste como improvisador. Inicialmente, foi terceiro diretor de harmonia e três anos depois ingressou na ala dos compositores. Era quem puxava o samba-enredo na Avenida, passando o posto para Jamelão em 1951, quando ocupou o lugar de Cartola na direção de harmonia da escola.

Guarda de segurança aposentado, gravou para a Copacabana o LP Rei do partido-alto (seu apelido artístico) em 1972, com sambas cantados posteriormente por Martinho da Vila e Clara Nunes.

Em 1975, época em que cantava regularmente nos shows do Teatro Opinião, lançou o LP O velho batuqueiro, pela Tapecar, incluindo entre outras Carolina, meu bem (de sua autoria), Piso na barra da saia (com Rubem Gerardi), O namoro de Maria (com Aniceto) e No tempo dos mil-réis (com Sidney da Conceição).

Em dezembro de 1995, participou do show de comemoração do Dia Nacional do Samba, na Pracinha do Leme, no Rio de Janeiro, ao lado de Monarco, Walter Alfaiate e outros.

Em 1999, a gravadora Nikita Music lançou o CD Velha-Guarda da Mangueira e convidados, no qual participou como seu integrante.

No ano 2000, o Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro lançou o CD duplo Mangueira - Sambas de terreiro e outros sambas, para o qual colaborou com preciosas informações sobre os compositores. Neste disco, participou cantando as faixas Cuidado que o vento te leva (Chico Modesto), Divergência (c/ Zagaia e Quincas do Cavaco), Diretor de harmonia (Zagaia), Vela acesa (Fandinho) e Sai da minha frente (Zagaia).

Em janeiro de 2001, apresentou-se, juntamente com Tantinho, em show na Gafieira Elite, no Rio de Janeiro. Em 2003, ao lado de Casquinha, Jorge Presença, Cláudio Camunguelo, Leci Brandão, Dona Ivone Lara, Arlindo Cruz, Ivan Milanez e Marquinho China, foi um dos convidados de Nei Lopes em projeto sobre o partido-alto apresentado no Centro Cultural Banco do Brasil.

Em 2004 interpretou Mineiro, mineiro (Rubens da Mangueira e Ivan Carlos) no CD Sabe lá o que é isso?, do grupo carioca Cordão do Boitatá. Apresentou-se no Bar, Restaurante e Casa de Shows Feitiço Mineiro, no projeto "Gente do Samba", acompanhado do grupo Samba Choro integrado por Evandro Barcellos (violão de sete cordas), Valerinho (cavaquinho), Chico Lopes (sax e flauta), Kunka (surdo) e Makley (pandeiro e vocais).

Em 2005, com Marquinhos China, Silvino da Silva, Marli Teixeira e Tantinho da Mangueira, apresentou o show "Partideiros e calangueiros", dentro do projeto Na Ponta do Verso, do Centro Cultural Banco do Brasil. Neste mesmo ano lançou o livro Xangô da Mangueira - recordações de um velho batuqueiro, com apresentação de Nei Lopes e no qual constou encartado um CD com 11 faixas.

Ainda nesse ano Luciane Menezes e a Associação Brasileira Mestiço produziram o disco Samba em pessoa, no qual constou uma seleção de composições de Xangô da Mangueira apresentadas através dos anos na Festa da Penha, no Teatro Opinião, nas festas de candomblé e nas quadras de escolas de samba, muitas delas inéditas.

Faleceu nos primeiros dias do mês de janeiro de 2009. Em sua homenagem a Prefeitura da cidade deu nome a uma rua em frente à quadra da escola, Mangueira, a qual foi integrante da bateria por mais de 50 anos.

Em 2010 foi tema do projeto "República do Samba", que celebrava 10 anos de existência, em um tributo realizado no Centro Cultural Laurinda Santos Lobo, em Santa Teresa (RJ).

Obras

Amaralina (c/ Waldomiro do Candomblé), Arigó (c/ Batelão), Carolina, meu bem, Catimbó (c/ Waldomiro do Candomblé), Cheguei no samba (c/ Rubem Gerardi), Clareia ahi (c/ Jamelão), Coração em festa (c/ Padeirinho), Dança do caxambu (c/ Jorge Zagaia), Divergência (c/ Zagaia e Quincas do Cavaco), E cantador (c/ Baianinho), Formiguinha pequenina, Harmonia bonita, Isso não são horas (c/ Catoni e Chiquinho), Lá vem ela, Louvação aos grandes e aos pequenos (c/ Waldomiro do Candomblé), Mangueira, Moro na roça (c/ Zagaia), Não adianta falar mal de mim (c/ Waldomiro do Candomblé), Não xinxa o boi (c/ Nilo da Bahia), No tempo dos mil-réis (c/ Sidney da Conceição), O namoro de Maria (c/ Aniceto do Império), O pagode levanta poeira (c/ Jorge Zagaia), O samba nasceu no morro (c/ Tio Doca), Olha o partido (c/ Rubem Gerardi), Partido da remandiola (c/ Waldomiro do Candomblé), Pau da Ibrauna (c/ Walter da Imperatriz), Piso na barra da saia (c/ Rubem Gerardi), Quando eu vim de Minas, Quem fala alto é gogó (c/ Nilton Campolino), Quilombo (c/ Nilton Campolino), Recordações de um batuqueiro (c/ João Gomes), Se o pagode é partido (c/ Geraldo Babão), Se tudo correr bem (c/ Waldomiro do Candomblé), Velho batuqueiro, Vem rompendo o dia (c/ Tantinho da Mangueira), Vim da Bahia (c/ Sidney da Conceição), Você me balançou (c/ Wilson Medeiros e Waldomiro do Candomblé), Você não é não (c/ Alcides Malandro Histórico).

Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira: erudita, folclórica e popular. São Paulo, Art Ed., 1977. 3p.; Dicionário Cravo Albin da MPB.