sexta-feira, junho 07, 2013

Britinho

Leal Brito - 1962
Britinho (João Adelino Leal Brito). pianista, regente e compositor, nasceu em Pelotas, RS, em 05/05/1917. Aos dez anos de idade estudou violino e com 18 começou a aprender piano.

Em 1939 se mudou para São Paulo, iniciando a carreira e atuando na boate Tabu. Em 1942, transferiu-se para o Rio de Janeiro a fim de atuar na orquestra de Fon-Fon. Em 1944, formou seu próprio conjunto.

Em 1951, gravou na Todamérica ao piano os choros Foi sem querer e Machucadinho de sua autoria.

Em 1953, compôs com Mesquita o baião Pitu e o choro Estela, gravadas por Mesquita e seu Conjunto. No mesmo ano gravou ao piano com Fat's Elpídio o choro Sururu na Lapa, parceria dos dois.

Em 1952, teve gravado o baião Rosinha, parceria com Fat's Elpídio, por Mesquita e Seu Conjunto. No ano seguinte, Gentil Guedes e Sua Orquestra gravou seu choro Vê se te agrada, na Sinter.

Em 1956, gravou com seu Conjunto pela Continental os sambas Nem eu e Vatapá, ambos de Dorival Caymmi. No mesmo ano, gravou ao piano pela Sinter os sambas Feitio de oração de Noel Rosa e Vadico, Jura de Sinhô, e Implorar de Kid Pepe e Germano Augusto.

Em 1957, gravou ao piano pela Sinter, o fox-trote No tempo da jazz-band e, com seu Conjunto, o bolero Dolores de H. Giraud e R. Bravard. No mesmo ano, participou do LP Tarde dançante nº 2 lançado pela Sinter e que contou ainda com as participações de Pedroca, José Menezes, Irany Pinto, Walter Gonçalves, Silva Leite, Luperce Miranda, Juca do Acordeom e Eduardo Patané. Nesse disco, interpretou ao piano o fox Moritat, de Kur Weill e Bertolt Brecht.

Com seu conjunto, sua orquestra e coro acompanhou diversas gravações na Sinter, entre as quais, as de Neusa Maria, Carlos Augusto, Marilena Cairo, Trigêmeos Vocalistas, Vanja Orico e Gilda Valença. Nesse período gravou com seu conjunto pela Continental o LP Sucessos de Dorival Caymmi.

Em 1959, teve o Choro na gafieira gravado pelo Conjunto Samba Blue. Em 1960, gravou na Columbia com seus Ases do Ritmo as rumbas Mustafá de domínio público, e arranjos de sua autoria e Adão e Eva de Paul Anka. No mesmo ano, teve sua parceria com Fernando César, o bolero Desencontro, gravado por Antenor Correia na Odeon.

Em 1961, Jorge Goulart gravou Tu vais passar, tango, Pery Ribeiro o bolero Noite chuvosa e Wilson Simonal, Biquini de borboletas, parcerias com Fernando César. Em 1962, a Banda do Corpo de Bombeiros gravou de sua parceria com Fernando César, a música Terezinha de Jesus e Dalva de Andrade gravou Não me esqueça, da mesma parceria.

Em 1963, Helena de Lima gravou, de sua parceria com Fernando César, Nunca te direi e Longe de mim

Em 1964, a mesma Helena de Lima gravou Ponto e chuva, no ano seguinte, Ser saudade, em 1966, Nossa favela e Ainda bem e, em 1975, Quem viu gostar assim, todas parcerias com Fernando César.

Entre os LPs que gravou estão Convite ao samba e Dançando com Britinho, pela Sinter, Dançando em HI-FI, pela Columbia e Músicas de filmes de todo o mundo, pela Odeon. Utilizou os pseudônimos de Pierre Kolman e Franca Vila.

Obra

Ainda bem (c/ Fernando César), Biquinis de borboletas (c/ Fernando César), Choro na gafieira, Desencontro (c/ Fernando César), Estela (c/ Mesquita), Foi sem querer, Longe de mim (c/ Fernando César), Luz que não se apaga (c/ Fernando César), Machucadinho, Não me esqueça (c/ Fernando César), Noite chuvosa (c/ Fernando César), Nossa favela (c/ Fernando César), Nunca te direi (c/ Fernando César), Pitu (c/ Mesquita), Ponto e chuva (c/ Fernando César), Quem viu gostar (c/ Fernando César), Rosinha (c/ Fat's Elpídio), Ser saudade (c/ Fernando César), Sururu na Lapa (c/ Fat's Elpídio), Terezinha de Jesus (c/ Fernando César), Três dias sem te ver (c/ Fernando César), Tu vais passar (c/ Fernando César), Vê se te agrada.

Discografia

Foi sem querer/Machucadinho (1951) Todamérica 78
Nem eu/Vatapá (1956) Continental 78
Moritat/Feitio de oração (1956) Sinter 78
Jura/Implorar (1956) Sinter 78
Canadian sunset/Dolores (1957) Sinter 78
Refrain/No tempo do jazz-band (1957) Sinter 78
Mustafá/Adão e Eva (1960) Colúmbia 78
Sucessos de Dorival Caymmi [S/D] Continental LP
Convite ao samba [S/D] Sinter LP
Dançando com Britinho [S/D] Sinter LP
Os dez maiores sambas [S/D] Sinter LP
Rio, zona sul [S/D] Sinter LP
Pensando em ti [S/D] Sinter LP
Dançando em HI-FI [S/D] Columbia LP
Músicas de filmes de todo o mundo [S/D] Odeon LP

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Fontes: http://www.musicapopular.org/britinho/; Dicionário Cravo Albin da MPB.

Bloco Carnavalesco Bafo da Onça

O Bloco Carnavalesco Bafo da Onça, fundado em 1956, é um dos mais tradicionais blocos do Carnaval do Rio de Janeiro. Bafo de onça é uma gíria para descrever pessoas com mau hálito, decorrente do fato de que as onças, por serem animais carnívoros, ficam com pedaços de carnes presos nos dentes, que com o passar do tempo, aprodrecem e provocam um odor insuportável associado algumas vezes também aos bêbados, pelo forte hálito de bebida alcoólica.

O nome e origem do bloco estão ligados ao sentido da gíria, isso porque seu fundador Sebastião Maria, carpinteiro de polícia, saía no Carnaval fantasiado de onça e era chegado numa bebida. Então num boteco no bairro do Catumbi, durante um dos porres de Sebastião em 12 de dezembro de 1956, surgiu o nome o Bafo da Onça.

Bloco Bafo da Onça desfila pelas ruas do Centro do Rio (Foto: Arquivo do Bafo da Onça)
Na década de 60, o Bafo da Onça reunia cerca de 1.500 pessoas na Avenida Rio Branco, por onde passa até hoje. "Naquela época era muito diferente", conta Capilé, presidente do bloco em 2006. "Na rua, ficavam as mulheres e as crianças do lado esquerdo e os homens do lado direito, desfilando separados." No final da festa, havia a apresentação das mulatas. "O Sargentelli ia lá buscar as moças para fazer show para ele", lembra o presidente.

No início dos anos 60 o bloco lançou pelo Selo Mocambo, junto com a Fábrica de Discos Rozenblit Ltda, um LP com alguns de seus sambas-de-empolgação. Entre os compositores e cantores do disco, destacaram-se Joaquim Antero de Araújo (Mistura), Walter Terra (Jujuba) e Paulo F. de Lima, além, da figura mais associada ao bloco, o saudoso cantor e compositor Osvaldo Nunes. "Osvaldo Nunes era alma daquilo. Foi o grande compositor da época", declarou a cantora Beth Carvalho em recente entrevista.

As mulheres e crianças saíam, em fila, animando o bloco (Foto: Arquivo do Bafo da Onça)
Até a década de 70 os blocos eram considerados a elite do Carnaval e desfilavam pela Av. Rio Branco alegrando famílias inteiras. Atualmente a realidade é diferente: os blocos andaram quase esquecidos durante um tempo, mas voltaram com força total. O bloco Cordão do Bola Preta, fundado em 1918, o Cacique de Ramos, fundado em 1961 e o Bafo da Onça são juntos os blocos mais tradicionais e importantes do Carnaval.

O Cordão da Bola Preta, que no ano passado viveu maus momentos e chegou a ser despejado do antigo prédio na Cinelândia, se renovou. E ganhou uma nova sede, um Centro Cultural no coração da Lapa. O prefeito Eduardo Paes anunciou no ano passado um crédito no valor de 898.000,00 para que a RioUrbe realizasse a obra de revitalização da sede do Cacique de Ramos. Já o Bafo da Onça continua em sua pequena e humilde quadra situada no bairro do Catumbi a espera de investimentos e pelo menos, quem sabe, cheguem no próximo Carnaval?

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Fontes:  Folha do Centro - Fevereiro/2010; UOL Música - 20/2/2006.

Marco Antônio


Marco Antônio (Antônio Lopes Marques), cantor, nasceu em Vitória, ES, em 1927, e faleceu em Nilópolis, RJ, em 05/02/1965. Em 1954 iniciou sua carreira artística, quando contratado pela Columbia gravando a batucada Você chorou, de Átila Bezerra, Sebastião Gomes e Jorge Gonçalves, e a marcha Ximbica resfriada, de Almeida Freire, Murilo Vieira e A. Vanderley.

Foi para a RGE e gravou em 1961, com acompanhamento do conjunto RGE os sambas Mulher de 30, de Luís Antônio, e Samba de improviso, de Haroldo Barbosa e Luis Reis, e os boleros Beija-me depois, de Evaldo Gouveia e Jair Amorim, e Volta, de Ciro de Souza e Antônio Moreira.

Em 1962, gravou a marcha Sujaram a barra, de Nello Nunes, A. Batista e Guguta; o samba É menino, de Antoninho Lopes, Zé da Vila e Ramandini; o bolero Chega, de A. F. Conceição e Espírito Santo, e a guarânia Contando os dias, de Lupicínio Rodrigues. Nesse ano, participou da coletânea 14 sucessos de ouro - Vol. 2 da RGE interpretando  em dueto com a cantora Elza Laranjeira a balada Amor.

Em 1964, lançou aquele que acabou sendo seu último disco, o LP Tu serás a estrela guia gravado pela Odeon e no qual interpretou as músicas Se eu pudesse lhe dar o perdão, de Marino Pinto e Carlos Marques; Andaluza e Espera mais um pouco, de Ciro Monteiro e Dias da Cruz; A noite o luar e alguém, de Cid Magalhães e Amâncio Cardoso; O pranto dos meus olhos, de Neco e J. Pereira; É bom ser bom, de Fernando Barreto; Abre a porta, de Rutinaldo; Tu serás a estrela guia e Deus esteja nesta casa, de  Maurílio Lopes e Flávio Carvalho; Ave sem ninho, de Nilo Barbosa e Geraldo Morais; Nosso amor tinha raiz, de Paulo Marques e Jorge Ramos, e Nossas alianças, de Paulo Gesta e Jorge Smera.

Começou a fazer bastante sucesso com a balada Nossas alianças, sendo tocada nas rádios quando sofreu o trágico acidente no qual veio a falecer.

A tragédia

"Trágica ocorrência roubou a vida do cantor Marco Antônio, na madrugada de cinco de fevereiro, nas proximidades de sua residência, em Nilópolis. Eram duas horas quando ele procurava chegar a sua casa, na Avenida Mirandela 290, tateando no escuro, pois um temporal interrompera a energia elétrica, ali, desde as 19 horas do dia 4. Foi então que pisou numa poça d’água, onde caíra um fio de alta tensão, sendo fulminado. Ninguém pôde fazer qualquer coisa em seu socorro. O corpo permaneceu onde fora eletrocutado, até às 9 horas do dia seguinte, quando se providenciou o desligamento da rede elétrica que matara o artista. Marco Antônio foi sepultado no cemitério de Inhaúma, no dia 6, às 10 horas da manhã, depois de velado por alguns artistas que chegaram a ter conhecimento da tragédia. Altemar Dutra enviou uma coroa de flores para o seu colega de gravadora, a Odeon, que, aliás, cuidou do sepultamento.

Cantor desde 1954, Antônio Lopes Marques (Este o seu nome verdadeiro), ele contava 38 anos de idade e era natural de Vitória, no Espírito Santo. Casado com D. Celita Alves Marques, era pai de quatro filhos: o quinto deverá nascer em junho. Gozava de estima dos cantores e disk-jóqueis: lutador trabalhava intensamente, perseguindo o sucesso, que começava a alcançar. Compungidos, vários programadores interromperam a apresentação de música de carnaval. Jair de Taumaturgo, da Mayrink Veiga (emissora em que Marco Antônio se apresentava com mais frequência, tendo ali cantando algumas horas antes de morrer), homenageou a memória do artista falecido. Também Júlio Louzada dedicou-lhe a sua "Oração da Ave Maria”. A Rádio Mauá também alterou sua programação, logo que soube do fato, passando a transmitir gravações selecionadas. Todos sentiram a morte do cantor que era simples, de pouca fala e voz bonita".  (Revista do Rádio, 06/03/1965)

Discografia

(1954) Você chorou/Ximbica resfriada • Columbia • 78
(1961) Samba de improviso/Volta • RGE • 78
(1961) Mulher de trinta/Beija-me depois • RGE • 78
(1962) Sujaram a barra/É menino • RGE • 78
(1962) Chega/Contando os dias • RGE
(1962) 14 sucessos de ouro - Vol. 2 • RGE • LP
(1964) Tu serás a estrela guia • Odeon

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Fontes: Revista do Rádio; Dicionário Cravo Albin da MPB.