terça-feira, junho 18, 2013

Salomé Parísio

Salomé Parísio: estreiando em "Um Milhão de Mulheres" (Foto: Reprodução)

Salomé Parísio (Dulce de Jesus Parísio de Lira), cantora e atriz, nasceu em Bonito, PE, em 03/06/1921. Começou a carreira de cantora em 1939, quando se inscreveu no concurso de calouros "Valores desconhecidos", da Rádio Clube de Pernambuco, interpretando a valsa Minha adoração, de Nelson Ferreira, acompanhada ao piano pelo próprio Nelson. Sendo bastante aplaudida, o diretor geral da emissora Oscar Moreira Pinto ligou para a Rádio e mandou contratá-la.

Inicialmente, apresentou-se com seu nome verdadeiro, mas, devido ao fato de que, naquele momento, a Itália era governada por Benito Mussolini, conhecido como "Duce", e para evitar confusão com seu nome, foi sugerido a ela pelo maestro Nelson Ferreira, que utilizasse outro nome artístico. O escolhido foi Salomé Parísio, parte do nome de sua mãe, Josefa Salomé Parísio de Lira.

Pouco depois, Nelson Ferreira organizou com ela, Aline Branco, Creuza de Barros e Iracema Batista, o Quarteto Irakitan, que se apresentava na Rádio Clube, com as quatro vestidas iguais e cantando temas do folclore brasileiro, com harmonias vocais feitas pelo maestro. Na Rádio Clube de Pernambuco, apresentou-se em diferentes programas, entre os quais, "Hora Azul das Senhoritas". Formou também um trio com as irmãs Alaíde e Maria. Durante toda a década de 1930, apresentou-se naquela Rádio.

Em 1940, participou de espetáculo no Teatro Santa Izabel, em Recife, mas tendo que cantar escondida atrás das cortinas, devido ao fato de ser mulata. O preconceito sofrido teve grande repercussão e o diretor do teatro acabou sendo afastado. No ano seguinte, recebeu convite para fazer uma temporada no Palace Hotel, de Salvador. Despediu-se de Recife num recital assim anunciado por jornais da cidade: "O adeus do Rouxinol de Pernambuco. Recital de canto pela estrela Salomé Parísio".

Em 1943, fez apresentações, juntamente com outros artistas, em bases militares norte americanas sediadas no Brasil, devido à Segunda Guerra Mundial.

Em 1946, viajou ao Rio de Janeiro para participar de um teste para cantora lírica no Teatro Municipal. Foi aprovada, mas acabou não contratada pois o teatro não aceitava cantoras líricas negras. No mesmo ano, foi contratada para uma temporada de duas semanas na boate Clipper, em São Paulo, mas que durou cinco meses. Ainda em 1946, retornou à Bahia e voltou a se apresentar no Palace Hotel e na Rádio Sociedade, de Salvador.

Em 1947, contratada pelo diretor teatral Chianca de Garcia, estreou no espetáculo Um milhão de mulheres, de J. Maia e Humberto Cunha. Fez sucesso nesse espetáculo, recebendo inúmeros elogios da imprensa carioca. No mesmo ano, atuou na revista O Rei do Samba, de Chianca de Garcia e J. Maia. No ano seguinte, estrelou em São Paulo a revista O mundo em cuecas, de Chianca de Garcia. No mesmo, atuou na revista Nós, os palhaços, também de Chianca de Garcia.

Em 1949, estreou no cinema, atuando no filme Prá lá de boa, de Luis de Barros. Pouco depois, realizou uma temporada pela América do Sul, cantando em diversos países. No ano seguinte, voltou ao Rio de Janeiro, para atuar no espetáculo Mão boba, de Chianca de Garcia e Luiz Peixoto, apresentado no Teatro Carlos Gomes.

Em 1951, em São Paulo, atuou na revista musical Folias brejeiras, na boate Hugo. No mesmo ano, fez excursão por várias capitais brasileiras. De retorno à São Paulo, foi contratada pela Rádio América.

Em 1952, fez sua primeira gravação, registrando pela Odeon, os sambas Rainha do mar, de Valfrido Silva e A. Amaral, e Sinhá da Bahia, de Vicente Paiva e Luiz Iglésias. No mesmo ano, integrando a Companhia Folclórica Brasileira, fez diversas apresentações em Portugal. Em 1953, gravou, também pela Odeon, o fox-canção  Boa noite meu anjo, de Guillar , Danpa e Paresi, em versão de Ariovaldo Pires, e o baião Jacarandá, de Groose.

Em 1954, gravou dois discos pela gravadora pernambucana Mocambo, o primeiro com o bolero Nossa felicidade, de Ruth Amaral e Manoel Ferreira, e o fox Canção do fim, de U. Monucci e R. Jordan, em versão de Paulo Rogério e, no segundo, o tema folclórico israelita Abraça teu irmão, adaptado por Maurício Welta, e o samba Amarga recordação, de Gracinha de Souza e Sócrates. No mesmo ano, estreou no Rio de Janeiro, na revista Eu quero é me badalar, de Walter Pinto e Luiz Iglesia, apresentada no Teatro Recreio. No ano seguinte, viajou com o elenco da revista Eu quero é me badalar, para apresentações em São Paulo, Santos, Argentina e Uruguai.

Em 1958, apresentou-se na Rádio Farroupilha, em Porto Alegre e no ano seguinte, atuou nos programas "Belle epoque" e "Folias do Golias", na TV Paulista.

Em 1960, fez parte da caravana de artistas brasileiros que se apresentaram em Nova York, no Rádio City Music Hall, em espetáculo dirigido por Carlos Machado. Ainda em 1960, participou do LP Valsa, divina valsa, lançado pela gravadora Copacabana, no qual interpretou, acompanhada pela orquestra do maestro Gustavo Carvalho, as valsas Primavera em meu coração, com letra de Osvaldo Santiago, para música de J. Strauss; Contos dos bosques de Viena, de J. Satrauss; Valsa do Imperador, de J. Strauss e Lamartine Babo; Sob o céu de Paris, de H. Giraud e J. Drejac, em versão de Lamartine Babo, e Straussiana, valsa da opereta Viva o amor, de Lamartine Babo.

Em 1963, gravou, em compacto simples, os sambas Bem bom e Porque será, ambos de Maurício de Oliveira. Ainda nesse ano, acompanhada de Osvaldinho da Cuíca, Escurinho do Pandeiro e Dó Um do Pandeiro, realizou excursão à Argentina e ao Uruguai.

Em 1969, foi convidada a atuar como atriz na novela Sangue do meu sangue, na TV Excelsior.  Em 1970, atuou no espetáculo Perdidos na noite, de Meira Guimarães, apresentado na boate Hoffman's, em São Paulo.

Em 1973, foi contratada pela Rádio e TV Jornal do Commercio, de Recife. No mesmo ano, gravou o frevo Aquela ponte, incluído no LP Na transa do frevo, da gravadora Rozenblit.

Em 1977, gravou o samba Perdão amor, de Xangô, Pachá, R. Fernandes e Paulo Rodrigues, para o LP Carnaval 77, uma produção independente.

Em 2002, com arranjos do maestro Celso Henrique, gravou o CD Salomé Parísio ao vivo, no qual interpretou Ave Maria, de Vicente Paiva e Jaime Redondo; Teu nome, Menina e Divina essência, todas de Biano; Bian-tá-tá, de Hekel Tavares; Sob o céu de Paris, de H. Giraud e J. Drejac; Fascinação, de Marchetti e Armando Louzada; Salve o baiano Caymmi, de Dr. Rossi; Babalú, de Margarita Lecuona; Magia da paixão, de sua autoria, e Fica comigo, de Marcos Siqueira.

Em 2004, foi homenageada com o documentário Salomé Parísio, dirigido por Jefferson Cardoso.

Discografia


1952 Rainha do mar/Sinhá da Bahia • Odeon • 78
1953 Boa noite meu anjo/Jacarandá • Odeon • 78
1954 Nossa felicidade/Canção do fim • Mocambo • 78
1954 Abraça teu irmão/Amarga recordação • Mocambo • 78
1960 Valsa, divina valsa • Copacabana • LP
1963 Bem bom/Porque será • Compacto simples
2002 Salomé Parísio ao vivo • CD

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Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB.

Noelia Noel

Noelia Noel (Noelia Cozzi), bailarina, cantora e atriz de cinema, nasceu em Buenos Aires, Argentina, e foi uma das primeiras artistas, nos anos 1950, a se exibir nas rádios e TV do Japão, cantando músicas brasileiras, antecedendo de muito o sucesso da MPB pós bossa nova naquele país.


A jovem estudava balé na Escola Nacional de Bailados da municipalidade portenha, porém tinha admiração também, ao lado do clássico, pela música popular. À convite de um diretor cinematográfico, empolgado pela harmonia de seus gestos na dança, e após bem-sucedido teste, assinou contrato com a Argentina Sonofilmes, onde tomou parte em três películas como Casa de bonecas, Stela Maris e A doutora quer tangos. Porém, Noelia não estava satisfeita: percebeu que o cinema não era o seu objetivo.

Depois de estrear no cinema, não teve dificuldade em conseguir uma chance para cantar no rádio. Assim aconteceu, na capital platina e nas cidades de turismo próximas, como Mar Del Plata e Córdoba. Depois veio o triunfo: temporadas no Chile e Montevidéu, nas rádios Carve e Espectador.

Com a volta a Buenos Aires firmou contrato para atuar na boate Embassy onde permaneceu durante algum tempo. Até que um dia, foi vista ali cantando, por pessoa ligada a direção da boate carioca Night and Day e, em poucos dias, estava com um contrato para vir cantar no Rio de Janeiro.

Na boate Night and Day, suas atuações obtiveram tal agrado que permaneceu quatro meses em cartaz. Isto constituiu um recorde, naquela época, de permanência de um artista estrangeiro, não só no Night and Day, como em qualquer outra boate nacional.

Pouco depois estreava na rádio Tupi e na TV Tupi. Na televisão, Noelia apareceu por ser bonita e fotogênica, conforme sempre acontece, mas também destacou-se por ser uma artista do canto popular.

Em 1953, ainda no Brasil, gravou pela Continental os boleros Milagro, de Margarita Lecuona, e Mi felicidade, de Dilu Melo.

Em 1956, apresentou-se no Japão na peça La Cumparsita na qual se apresentou cantando músicas brasileiras. Na mesma época apresentava um programa na TV e outro na rádio japonesa. No mesmo ano, escreveu um artigo para a Revista do Rádio no qual afirmava "No Japão, estão muito entusiasmados com o baião e com a marcha brasileira, por isto estou incitando os empresários para que mandem buscar artistas brasileiros."

Em 1961, de volta ao Brasil gravou pela RCA Victor com acompanhamento de orquestra o bolero Me dá risada, de Francisco Yoni e Edmundo Arias, que foi sucesso na voz de Edith Veiga em versão para o português, e o rock-balada En el Boulevard, de Hector Horácio Santos.

Eclética, atuou também no teatro (Rio e São Paulo) e nas TVs de Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Salvador, Fortaleza, Recife e São Paulo, mais tarde com programas fixos na TV Continental e TV Paulista.

Discografia


1953 Milagro/Mi felicidad • Continental • 78
1961 Me dá risada/En el Boulevard • RCA Victor • 78

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Fontes: A Cena Muda, de 06/01/1954; Revista da Semana, de 26/11/1955; Revista do Rádio, de 10/07/1954, 05/03/1955 e 18/05/1957.