sexta-feira, junho 21, 2013

Vicente Leporace

Vicente Leporace - 1953
Vicente Leporace (Vicente Fiderice Leporace), jornalista, compositor, ator e radialista, nasceu em São Tomás de Aquino, MG, em 26/01/1912, e faleceu em São Paulo, SP, em 16/04/1978. Irmão do também compositor Sebastião Leporace e tio dos músicos Gracinha, Mariana e Fernando Leporace, se mudou ainda criança para a cidade de Franca, São Paulo.

Em 1932, participou da Revolução constitucionalista em São Paulo. Além de sua atuação radiofônica teve colunas em diferentes jornais paulistas. Faleceu de edema pulmonar, aos 66 anos de idade.

Iniciou a carreira artística em 1941, na Rádio Clube Hertz de Franca. Atuou posteriormente nas Rádios Mayrink Veiga, no Rio de Janeiro, e Cruzeiro do Sul, Record e Bandeirantes, em São Paulo, sendo que na última permaneceu atuando durante décadas. Em seu programa na Rádio Bandeirantes em 1944 começou a carreira artística do Grupo do Luar, rebatizado a partir de concurso por ele promovido como Demônios da Garoa. Foi parceiro de Hervé Cordovil em obras como Jangada, Prelúdio e Onde estou?.

Em 1951, estreou o programa radiofônico "O trabuco" que ficou quase trinta anos no ar comentando os fatos políticos do dia. Teve músicas gravadas por nomes como Agnaldo Rayol, Almir Ribeiro e Sílvio Caldas. Estreou no cinema em 1947, atuando no filme Luar do Sertão. Três anos depois, atuou no filme A vida é uma gargalhada, em 1952, no filme Sai da frente.

No ano seguinte esteve nas películas Nadando em dinheiro; Uma pulga na balança e Sinhá Moça. Em 1954, atuou em mais dois filmes: É proibido beijar e Na senda do crime. Ainda em 1952, assinou com Hervê Cordovil o samba-canção Porque gravado por Isaura Garcia na RCA Victor. Em 1955, participou do filme Carnaval em lá maior dirigido por  Adhemar Gonzaga.

Em 1956, o samba-canção Jangada, com Hervé Cordovil, foi gravado por Sílvio Caldas pela Columbia, enquanto o samba-canção Pode ficar foi gravado por Carmélia Alves no LP Hervé Cordovil da gravadora Copacabana. No ano seguinte, teve o samba-canção Onde estou?..., com Hervê Cordovil, gravado pelo então estreante cantor Almir Ribeiro.

Em 1958, a cantora Leny Eversong gravou pela Beverly os sambas-canção Pode ficar e Jangada, os dois com Hervé Cordovil.  No mesmo ano, o samba-canção Onde estou, com Hervé Cordovil, foi gravado por Duda e Seu Conjunto no LP Hit parade - Duda e Seu Ritmo e Coro da gravadora Continental. Ainda no mesmo ano, esse samba-canção deu título a uma coletânea que reuniu todos os discos de 78rpm do cantor Almir Ribeiro, falecido em fevereiro daquele ano.

Em 1960, o samba O rei do samba, com Hervé Cordovil, foi gravado por Jorge Goulart no LP Eu sou o samba da RCA Victor. No mesmo ano, a cantora Elza Laranjeira no LP A noite do meu bem da gravadora RGE registrou o samba-canção Porquê, com Hervé Cordovil.

Em 1963, o cantor José Tobias no LP Poema triste da Áudio Fidelity regravou o samba-canção Jangada.

Em 1971,atuou no filme A hora e a vez do cinegrafista.

Obra

Jangada  (c/Hervé Cordovil), O rei do samba (c/Hervé Cordovil), Onde estou? (c/Hervé Cordovil), Pode ficar (c/ Hervé Cordovil), Porque (c/ Hervé Cordovil), Prelúdio (c/Hervé Cordovil).

Playlist





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Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB; Revista do Rádio.

Wilson Roberto

Wilson Roberto - 1948
Wilson Roberto (Antônio Bistene), cantor e compositor, conhecido como "cantor dos olhos verdes", nasceu em Corinto, Minas Gerais (circa 1925). Em 1945, passou a residir na cidade de São Paulo.

Estreou em discos em 1945, gravando na Continental com acompanhamento de Rago e seu conjunto a marcha Quero bis, de Valdomiro Lobo, e o samba Maestro, atenda o pedido, de Rômulo Paes e Valdomiro Lobo.

Em 1946, lançou dois discos, sendo que no primeiro, interpretou os sambas Pensando nela, de Hélio Sindô e Valdomiro Lobo, e O meu viver, de sua autoria, Valdomiro Lobo e Rago. No segundo, cantou a marcha O maestro tem razão, de Hélio Sindô e Valdomiro Lobo, e o samba Olinda não fracassou, de Hélio Sindô e Arlindo Pinto.

Em 1948, passou a gravar na Odeon e lançou a marcha Não me falte a lua, de Gomes Cardim e Fernando Martins, e o samba Você chorou, de Gomes Cardim e Noel Vitor.

Em 1950, gravou os sambas Brasil romântico, de Lauro Muller e Ubaldo Silva, e Noite sem promessa, de Fernando Martins, o bolero Amor e mais amor, de B. Capo, com versão de Haroldo Barbosa, e o baião Rolinha, de Victor Simon e Bueno Braga, além das marchas Ai, ai de mim, de José Roy e Orlando Monello, e "Clara", de Odaurico Mota.

Em 1951, gravou o samba Terra seca, de Ary Barroso, além do bolero Tentação, de Alfredo Godinho e Domingos Blasco, dos sambas Brasil moreno, de Ary Barroso e Luiz Peixoto, e Foi Deus, de Orlando Monello, do baião Sabugueiro, de Ubaldo Silva e Gomes Costa, da marcha Vem morena, de José Roy, e dos sambas-canção Veleiro do Brasil, de Victor Simon, e Voltei, de José Roy e Liz Monteiro.

Em 1952, gravou seus dois últimos discos pela Odeon com os sambas Brasil grande, de Petrus Paulus, Exaltação ao Rio, de Cristóvão de Alencar e Luiz de França, e Amazonas (Inferno verde), de Victor Simon e Liz Monteiro, e o samba-canção Sofrimentos iguais, de Alfredo Godinho. Nesse mesmo ano, foi contratado pela RCA Victor, onde interpretou os sambas Não adianta chorar, de José Roy, S. Falcão e A. de Oliveira, e Não sou Deus, de Liz Monteiro e Orlando Monello, e as marchas Vou morar no deserto, de José Roy e Orlando Monello, e Boneca, de Jucata.

Em 1953, gravou o samba Saudade, de José Roy e Orlando Monello, a valsa Feliz casamento, de A. Sciarotta e Orlando Monello, o samba-canção Sonho desfeito, de Q. Querino e Orlando Monello, o bolero Meu mal é você, de sua autoria, e o tango Mentira, de Flores, Pracanico e Rodrigues. Gravou ainda a marcha Hino infantil, de sua autoria e a valsa São Judas Tadeu, uma parceria com Ubaldo Silva, com acompanhamento do coro do Orfanato São Judas Tadeu.

Gravou em 1954 os boleros Amor perdido, de Pedro Flores e Liz Monteiro, e Bolero dos namorados, de sua autoria, o tango Lencinho querido, de Feliberto e Peñaloza, em versão de Maugéri Neto, e o samba-canção Ambição, de Erasmo Silva e Américo Seixas, entre outras.

No ano seguinte, lançou os sambas Funeral, de Tânio Jairo e Antônio Lopes, e Casado não pode abusar, de José Roy e João Grimaldi, o tango Minha esposa querida, de sua autoria, e o samba-canção Agasalho, de Armando Castro, Barros Filho e Raguinho. Ainda em 1955, lançou seus dois últimos discos pela RCA Victor interpretando a valsa Ano novo, de sua autoria, Arlindo de Oliveira e Leitão, a marcha-rancho Natal...natal, sua autoria e de Doca, o samba Gorro de meia, de José Roy e João Grimaldi, e a marcha Cadilac de pobre, de José Roy e Edson Borges.

Em 1956, transferiu-se para a Polydor e registrou o beguine Arrivederci Roma, de R. Rascel, Garinel e Giovani com versão de Júlio Nagib, e o samba-canção Nada, de sua autoria. No mesmo ano, gravou a marcha Quem paga sou eu, de Everton Correia e Inácio Heleno, e os sambas Não sou palhaço, de José Roy e Orlando Monelo, Jequintibar, de Firmo Jordão, o Doca e Mário Pretextato, o Popó, e Cai meu pranto, de Victor Simon e Antoninho Lopez.

Gravou pela gravadora Califórnia em 1960, com acompanhamento de J. Catarino e sua banda as marchas Meu vício é mulher, de Haroldo Lobo, Milton de Oliveira e J. Lima, e Cravo e canela, de Nelson Figueiredo, Henrique de Almeida e Rômulo Paes.

Em 1963, lançou pela Philips o samba-canção Meu amanhã não é mais seu, de Dora Lopes, e a balada Eu que amo só você, uma versão de Fred Jorge para o sucesso do italiano Sergio Endrigo Io che amo solo te , em disco que contou com o acompanhamento de Portinho e sua orquestra. Pouco depois, já com a carreira em declínio, lançou pelo selo RMS os sambas Gimba, de Jorge Koszas e Gianfrancesco Guarniri, e Céu brasileiro, de Odovaldo Migliano.

Obra


Ano novo (c/ Arlindo de Oliveira e Leitão), Bolero dos namorados, Hino infantil, Mamãezinha. Maria da noite (c/ Orlando Monello), Maria José (c/ Gomes Cardim), Meu mal é você, Minha esposa querida, Nada, Natal...natal (c/ Doca), O meu viver (c/ Valdomiro Lobo e Rago), São Judas Tadeu (c/ Ubaldo Silva).

Playlist




Discografia


Quero bis/Maestro atenda o pedido (1945) Continental 78
Pensando nela/O meu viver (1946) Continental 78
O maestro tem razão/Olinda não fracassou (1946) Continental 78
Não me falte a lua/Você chorou (1948) Odeon 78
Brasil romântico/Amor e mais amor (1950) Odeon 78
Rolinha/Noite sem promessa (1950) Odeon 78
Ai, ai de mim/Clara (1950) Odeon 78
Terra seca/Tentação (1951) Odeon 78
Brasil moreno/Sabugueiro (1951) Odeon 78
Vem morena/Foi Deus (1951) Odeon 78
Veleiro do Brasil/Voltei (1951) Odeon 78
Brasil grande/Exaltação ao Rio (1952) Odeon 78
Amazonas (Inferno verde)/Sofrimentos iguais (1952) Odeon 78
Não adianta chorar/Vou morar no deserto (1952) RCA Victor 78
Boneca/Não sou Deus (1952) RCA Victor 78
Mamãezinha/Saudade (1953) RCA Victor 78
Feliz casamento/Sonho desfeito (1953) RCA Victor 78
São Judas Tadeu/Hino infantil (1953) RCA Victor 78
Meu mal é você/Mentira (1953) RCA Victor 78
São Paulo/Virgem Nossa Senhora de Fátima (1953) RCA Victor 78
Maria José/Gira gira (1953) RCA Victor 78
Vai com Deus/Exemplo do cachorro (1953) RCA Victor 78
Amor perdido/Bolero dos namorados (1954) RCA Victor 78
Lencinho querido/Ambição (1954) RCA Victor 78
Garçon/Muitas vezes (1954) RCA Victor 78
Maria da noite/Pepe Romero (1954) RCA Victor 78
Ai, Pepe toureiro/Garotas das porteiras (1954) RCA Victor 78
Funeral/Minha esposa querida (1955) RCA Victor 78
Agasalho/Casado não pode abusar (1955) RCA Victor 78
Ano novo/Natal...natal (1955) RCA Victor 78
Gorro de meia/Cadilac de pobre (1955) RCA Victor 78
Arrivederci Roma/Nada (1956) Polydor 78
Quem paga sou eu/Não sou palhaço (1956) Polydor 78
Jequintibar/Cai meu pranto (1956) Polydor 78
Meu vício é mulher/Cravo e canela (1960) Califórnia 78
Meu amanhã não é mais seu/Eu que amo só você (1963) Philips 78
Gimba/Céu brasileiro (1964) RMS 78

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Fontes: Dicionário da MPB; www.musicapopular.org; Revista do Rádio.

O dom da família Batista

Batista Júnior e seus bonecos, com suas filhas Linda e Dircinha (Revista da Semana, de 17/4/1937)
“É difícil encontrar-se no meio artístico, qualquer que seja elementos da mesma família que se destaquem igualmente, sem que um, seja ofuscado pela fama do outro, do mais antigo. Há, não resta dúvida, exceções. Na América do Norte, a família Barrymore tem obtido grande sucesso, enquanto que aqui, no Brasil, a família Batista já se tornou famosa.

O primeiro nome a aparecer foi o de Batista Júnior, figura que alcançou nos nossos meios artísticos, grande prestígio e admiração. Especialmente no ambiente da ribalta a popularidade que desfrutou esse grande artista foi quase sem precedente. Iniciou sua difícil arte de fazer rir nos palcos de São Paulo, de onde o seu nome propagou-se com rapidez pelo Brasil inteiro. Considerado o maior ventríloquo do Brasil, conquistou em diversos concursos medalhas e diplomas de honra.

O seu nome cresceu... e sua fama espalhou-se com extraordinária facilidade, mesmo além fronteiras. Recebeu então convite para levar até os palcos argentinos e uruguaios, os seus já famosos bonecos falantes. E nestas duas repúblicas amigas, como em outros países sul-americanos os seus triunfos se sucederam. Voltando ao Brasil, percorreu quase todos os Estados colhendo os mais calorosos aplausos.

Pelo cenário radiofônico sua passagem foi também das mais brilhantes. Mesmo como compositor musical o seu nome obteve sucesso. Aliás, o primeiro disco gravado por Dircinha Batista, com apenas oito anos, foi a valsa de sua autoria: “Borboleta Azul”.  Sua última atuação no rádio deu-se na Nacional. Em princípios quase de 1943 quando preparava nova série de espetáculos radiofônicos faleceu. Legando, porém à Dircinha e Linda o seu nome e fibra de grande artista que foi.

Dircinha Batista, embora mais moça, é mais antiga no meio radiofônico do que Linda. Sua primeira atuação perante um microfone deu-se na Rádio Educadora Paulista. Mas seu primeiro contrato foi firmado com o Rádio Clube do Brasil, aos onze anos. E a garotaque fora a princesinha do rádio foi lançando uma série enorme de sucessos: “Pirata da areia”, “Periquitinho verde”, “Tirolesa”, “Upa, upa”, “Eu gosto de samba”, “Bem-te-vi”, “Música maestro” etc.

Como o do pai, seu nome projetou-se além fronteiras, culminando com uma temporada de relevo em Buenos Aires. Cantando com especialidade o samba e a marchinha brasileira, Dircinha interpreta com destaque o bolero mexicano, o tango portenho, dolente e nostálgico, as canções cubanas, e as próprias valsas brasileiras. Também no cinema nacional a “linda” Batista, tem emprestado o seu concurso, já tendo trabalhado em diversos filmes, entre os quais o famoso “Futebol em família”, tendo por gala Arnaldo Amaral.

O terceiro nome desta família em que o valor artístico pontificou é o de Linda Batista. Como Dircinha, foi levada ao microfone pela mão de Batista Junior.

Atuando, de início, em diversas estações simultaneamente o seu nome foi logo se tornando conhecido. Seu primeiro grande sucesso foi a marchinha “Bis Maestro”, sendo até hoje, um dos seus discos, que obteve maior venda. Em 1936, foi eleita pela primeira vez “rainha do rádio”, e desde então nunca mais perdeu o posto supremo. Seu primeiro contrato de exclusividade foi firmado com a Rádio Nacional, onde permaneceu durante alguns anos, transferindo-se no ano passado para a PRG3 Tupi do Rio.

Não só no rádio, mas também nos principais cassinos da cidade, de Belo Horizonte e de São Paulo, atuando ao lado de Grande Otelo, Linda Batista tem conquistado os mais frementes aplausos. No cinema o seu último grande sucesso foi conquistado em "Não adianta chorar", onde interpretou suas últimas grandes criações carnavalescas.

Como vêem os prezados leitores, três nomes da mesma família que obtiveram igual sucesso. "A força revolucionária da nossa música", Dircinha Batista e a "Rainha do Rádio", Linda Batista, são legítimas continuadoras dos sucessos de Batista júnior, sucessos que levaram aos grandes centros da América do Sul, o nome glorioso do Brasil artístico.”

(Reportagem de Batira Brasil)

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Fontes: Revista da Semana de Abril/1937; A Cena Muda de 06/03/1945.