sábado, julho 13, 2013

Dolly Ennor

Revista Fon Fon (11/3/1944)
Dolly Ennor (Dorothy Margaret Ennor), cantora, nasceu em São Paulo, SP, em 25/08/1900, e faleceu na mesma cidade em 20/01/1977. Filha de um inglês casado com uma maranhense, pertenceu à alta sociedade paulista. Aos sete anos de idade os pais a enviaram para estudar na Inglaterra onde fez o curso colegial completo e também estudou canto e piano.

De espírito boêmio seguiu a carreira artística contrariando a família. Embora ficasse noiva várias vezes nunca se casou. Foi muito ligada à colônia britânica paulista e costumava cantar em casamentos. Foi chamada pelos fãs de a "Jeanette Mac Donald brasileira".

Iniciou a carreira artística na década de 1920 e fez sua primeira apresentação pública no Teatro Municipal de São Paulo com a Sociedade Dramática de Ópera de São Paulo em 1924. No mesmo ano, foi convidada para cantar na inauguração da Rádio Cruzeiro do Sul, em São Paulo.

Em 1927, ingressou na Rádio Educadora Paulista utilizando seu nome verdadeiro. Nesse ano, apresentou-se em show no Salão Germânia sendo bastante aplaudida. Na ocasião, assim reportou o jornal O Estado de São Paulo: "Com a sua bela e generosa voz, a srta. Dorothy Ennor encantou todo o distinto e numeroso auditório, conquistando-lhe palmas sobre palmas, sempre calorosas e tão insistentes, que teve de voltar ao palco para interpretar números fora do programa, aumentando, assim, os motivos de agrado que lhe tem valido a mais decidida simpatia do nosso meio artístico."

Já o jornal Diário da Noite assim se referiu sobre sua apresentação: "Que linda voz! Cantando, vai colorindo as notas, dando-lhes relevo, irradiando-as com a sua fantasia, iluminando-as com a sua espiritualidade. A sala toda escutou, vibrou, emocionou-se ao ouvi-la a cantar "A fonte e a flor", de Feliz Otero, e "Eu tenho adoração por meus olhos", de Marcelo Tupinanmbá."

Em 1929, passou a atuar em companhias de operetas em teatros paulistas e cantou em concertos. Em 1930, gravou seu único disco, pela Victor, com acompanhamento da Orquestra Victor Paulista de Salão, interpretando as canções Oh! Ma Rose Marie e Chant indien, ambas de Frimi, Ferreol e Saint Granier. Nesse disco seu nome aparece no selo como Dorothy Ennor. Na década de 1930, alternou sua atuação artística entre o Rio de Janeiro e São Paulo.

Em 1935, foi para o Rio de Janeiro e estreou na Rádio Transmissora na qual atuaria até fins de julho de 1936. Nesse ano, foi convidada para a inauguração da Rádio Nacional no Rio de Janeiro, cantando ao lado de nomes como Bidu Sayão, Silvinha Mello, Roxane, Sônia Carvalho, Araci de Almeida, Marília Batista, Francisco Alves, Nuno Roland e outros.

Em novembro do mesmo ano foi dirigida pelo maestro Gaó juntamente com as cantoras Silvinha Mello e Roxane. Na ocasião o trio interpretou, entre outras, a canção Meu limão, meu limoeiro, tema do folclore brasileiro. Em fins de 1936, retornou para São Paulo juntamente com a cantora Silvinha Mello com quem foi atuar na Rádio Educadora Paulista.

Em janeiro de 1937, atuou na Rádio Educadora Paulista, junto com Elisa Coelho, Nair Duarte Nunes, Roxane, Gaó, e Gilda Farnesi. Nesse período, assim falou sobre ela a revista Carioca: "Dolly Ennor, que é um dos elementos mais prestigiosos do "cast" da Rádio Nacional, encontra-se presente em período de férias, voltando aos programas daquela estação depois do carnaval".

De volta ao Rio de Janeiro atuou na Rádio Clube e na Rádio Cruzeiro do Sul. No mesmo ano, voltou a São Paulo para atuar na Rádio Cruzeiro do Sul paulista.

No final de 1937, embarcou para Pernambuco onde atuou na Rádio Clube de Pernambuco. Em 1938, depois de três meses em Pernambuco retornou à São Paulo e voltou a cantar na Rádio Cruzeiro do Sul.

No mesmo ano, juntamente com Gastão Formenti, Lauro Borges, Dilermando Reis e Rogério Guimarães voltou ao Rio de Janeiro para fazer parte do programa "Variedades Esso", apresentado por Renato Murce, um programa patrocinado pela Standard Oil Company of Brazil na Rádio Sociedade Nacional do Rio de Janeiro e na Rádio Tupi de São Paulo.

Em 1939, permaneceu atuando no programa "Variedades Esso" na Rádio Nacional. Em 1940, retornou definitivamente à São Paulo onde ainda permaneceria durante vários anos atuando na Rádio Difusora paulista.

Atuou até o começo da década de 1950, quando chegou a se apresentar na televisão sendo entrevistada por Hebe Camargo.

Discografia


1930 - Oh! Ma Rose Marie/Chant indien - Victor - 78

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Fontes: Dicionário Cravo Albin da MPB; Revista Fon Fon, de 1944..


Francisco Braga

Francisco Braga (Antônio Francisco Braga), compositor, regente e professor, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 15/04/1868, e faleceu na mesma cidade em 14/03/1945. Iniciou os seus estudos musicais em 1876 e concluiu o curso de clarineta com Antônio Luís de Moura em 1886, tendo também sido aluno de Carlos de Mesquita (harmonia e contraponto).

Em 1890 participou do concurso oficial para a escolha do novo Hino Nacional Brasileiro, classificando-se entre os quatro primeiros colocados e, com isso, obteve bolsa de dois anos para estudar na Europa.

Foi então para Paris, onde estudou composição com Jules Massenet e, posteriormente, fixou residência em Dresden, Alemanha.

Influenciado pelo compositor alemão Wagner, decidiu compor uma obra de maiores proporções, utilizando recursos cênicos, vocais e orquestrais. Assim, baseado em novela de Bernardo Guimarães, compôs Jupira, ópera em um ato, que dirigiu pela primeira vez no Teatro Lírico do Rio de Janeiro em 1900, ano da sua volta ao Brasil.

Dois anos depois foi nomeado professor do Instituto Nacional de Música, no Rio. Em 1905 compôs o Hino à Bandeira, cujos versos são de Olavo Bilac.

Suas composições primavam pelo bom acabamento e leveza de técnica, sem complexidade aparente, marca de sua formação francesa. As inúmeras composições de marchas e hinos lhe valeram o apelido de "Chico dos Hinos".

Em 1908 compôs, a partir de temas nacionais, a música para O contratador de diamantes, drama de Afonso Arinos, e em 1909, na inauguração do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, foi apresentado em primeira audição seu poema sinfônico Insônia.

Em 1912 participou da fundação da Sociedade de Concertos Sinfônicos, da qual se tornou diretor artístico e regente, permanecendo à frente da orquestra por vinte anos.

Presidente perpétuo da Sociedade Pró-Música e fundador do Sindicato dos Músicos, Francisco Braga foi escolhido como Patrono da Cadeira de número 32 da Academia Brasileira de Música.

Obra


Missa de S. Francisco Xavier (s.d.)
Missa de S. Sebastião (s.d.)
Te Deum (s.d.)
Stabat Mater (s.d.)
Trezena de S. Francisco de Paula (s.d.)
A Paz, poema com coro (s.d.)
Oração pela Pátria, poema com coro (s.d.)
Trio, para piano, violino e violoncelo (s.d.)
Dois Quintetos (s.d.)
Quarteto para instrumentos de sopro (s.d.)
Virgens Mortas, canção com letra de Olavo Bilac (s.d.)
Trovador do Sertão, para canto e orquestra (s.d.)
Hino à juventude brasileira (s.d.)
Hino à Paz (s.d.)
Paysage (1895)
Cauchemar (1896)
Brasil, marcha (1898)
Marabá, poema sinfônico, sua primeira obra com temática nacional (1898)
Episódio Sinfônico
Jupira, ópera (1898)
A Pastoral, episódio lírico (1903)
Barão do Rio Branco, dobrado (1904)
Satanás, dobrado (s.d.)
Hino à Bandeira do Brasil (1905)
Canto de Outono, para orquestra de arcos (1908)
O Contratador de Diamantes, música incidental (1908)
Insônia, poema sinfônico (1908)
Anita Garibaldi, ópera (1912-1922)
Hino dos alunos do Colégio Pedro II (Executado pela 1a. vez em 2/12/1937).
Diálogo sonoro ao luar. Seresta para saxofone alto (mib) e bombardino (dó)(s.d.) Publicado no Boletín Latinoamericano de Música, t. VI (1946).

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Fontes: Academia Brasileira de Música; Wikipédia.

Nilo Sérgio

Nilo Sérgio - 1943
Nilo Sérgio (Nilo Santos Pinto), compositor, cantor e produtor, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 16/06/1921, e faleceu na mesma cidade em 1981. Foi criador e diretor da gravadora Musidisc. Iniciou a carreira artística na Rádio Cruzeiro do Sul e depois, como crooner da orquestra The Midnighters.

Em 1943, gravou seu primeiro disco, interpretando o fox trot Take it from there, de Robin e Rainger.  Ainda nesse ano, gravou com o trio vocal As Três Marias, e com acompanhamento da orquestra de Zaccarias, o samba Morena boca de ouro, de Ary Barroso. Seus primeiros discos, lançados pela gravadora RCA Victor, traziam vários estilos que iam de fox trotes, beguines e principalmente de standards do cancioneiro americano.

A partir de 1949, começou a abrasileirar seu repertório, embora mantendo o estilo romântico, e gravou a marcha I'm looking over a four leaf clover (Trevo de quatro folhas), de Woods e Dixon, para a qual ele mesmo fez a versão; o fox trot My darling, my darling, de Frank Loesser; o beguine On na island with you, de Edward Heyman e N. Herb Brown; os sambas Mañana, versão de Haroldo Barbosa, para música de P. Lee e D. Harbour, e Falta-me alguém de Claudionor Cruz e Pedro Caetano, e a Canção de aniversário, de José Maria de Abreu e Alberto Ribeiro.

Em 1950, gravou a marcha Sorrisos, de W. Calahan e L. Roberts, e versão sua, e o samba bolero Que importa a vida, parceria com Raimundo Baima. Ainda em 1950, ingressou na gravadora Todamérica, na qual estreou, registrando a valsa Cavaleiros do céu, de Satan Jones, e versão de Haroldo Barbosa; e o beguine Speak low, de Kurt Weill e Ogden Nash. No mesmo ano gravou os sambas Anseio, de sua autoria e Alberto Ribeiro,  Não posso esquecer, de José Maria de Abreu e Alberto Ribeiro, além da valsa Parabéns a você, de M. T. Hill, e versão de Léa Magalhães, e a Canção de aniversário de casamento, de A. Jolson e S. Chaplin, e versão de  Osvaldo Santiago.

Ainda em 1951, gravou os sambas Você é tormento, de sua parceria com Garoto, e Não briguemos, de sua autoria, e em disco lançado apenas em março de 1952, o bolero Serenata, de G. Braga, e ainda, a toada Onde a tristeza mora, de José Maria de Abreu. Em 1952, sua música Na madrugada foi gravada no primeiro LP do Trio Surdina.

Em 1953, criou sua própria etiqueta, o selo Musidisc. Nesse mesmo ano, lançou o primeiro LP pelo seu novo selo, Datas felizes, no qual interpretou as baladas Natal, de sua autoria; Papai Noel, de Alberto Ribeiro; Aniversário de casamento, de Ivanovic e Lourival Faissal; as valsas Aniversário de mamãe, de sua autoria e Alberto Ribeiro; e Parabéns a você, de M. J. Hill, e versão sua; as canções Canção da Páscoa, de sua autoria e Alberto Ribeiro; Canção de aniversário, de José Maria de Abreu e Alberto Ribeiro, e Canção dos namorados, parceria sua com Alberto Ribeiro.

Em 1956, dividiu com o Trio Surdina o LP Canções de Natal. Nesse disco, o trio interpretou quatro músicas e ele, mais quatro: Silent night, de Franz Gruber; o motivo tradicional Tannembaum, Papai Noel, de Alberto Ribeiro, e Natal, de sua autoria. Nesse ano, sua interpretação para Canção de aniversário, de José Maria de Abreu e Alberto Ribeiro, foi incluída no LP No mundo da canção - Vol. 1. No final dos anos 1950, criou sua própria orquestra, que passou a acompanhá-lo em gravações.

Em 1960, gravou o LP Dançando suavemente - Nilo Sérgio e sua orquestra, no qual foram interpretados diversos clássicos internacionais, além de Devaneio, de Djalma Ferreira e Luís Antônio, e Bongô para dois, de sua autoria. Nesse ano, a canção Trevo de quatro folhas, versão da música de M. Dixon e H. Woods, foi gravada por João Gilberto na Odeon.

Em 1961, foi relançada sua gravação com as valsas, Canção de aniversário de casamento, de M. J. Hill e Léa Magalhães, e, com o Trio Madrigal, Parabéns a você, de A. Jolson, S. Chaplin e versão de Osvaldo Santiago, registradas na Continental. Nos anos 1960, teve a música Amanhã eu vou gravada por Ed Lincoln, no LP Ed Lincoln seu piano e seu órgão espetacular.

Em 1962, lançou um de seus maiores êxitos, o LP Isto é romance - Nilo Sérgio, sua orquestra e vozes, no qual foram interpretadas as músicas Romantic partners, Marias de Portugal, Canção de um vagabundo e Canção para um homem no espaço, todas de sua autoria, além de Espiral, parceria com Ed Lincoln, entre outras.

Em 1963, lançou dois LPs, no primeiro, Bolero, amor e romance - Nilo Sérgio, sua orquestra e vozes, foram interpretados 10 boleros clássicos. No segundo, Cleópatra, cinema e romance - Nilo Sérgio, sua orquestra e vozes, foram interpretados 12 temas do cinema.

Em 1969, lançou pela Musidisc, o LP Canções para uma noite de chuva - Orquestra Nilo Sérgio, no qual foram interpretadas, entre outras, Deixe-me viver, Copacabana concerto, Oração para uma menina, Amor de inverno, Meu pecado e O parque, todas de sua autoria, além de sucesso da época como Carolina, de Chico Buarque, e Modinha, de Sérgio Bittencourt.

Em 1971, depois de quase 20 anos de existência, chegou ao fim a gravadora Musidisc, deixando um acervo de cerca de quatro mil fonogramas que renderam entre 400 e 500 discos. Entre os músicos que passaram por sua gravadora, destacaram Ed Lincoln, Orlandivo, Sílvio César e Pedrinho Rodrigues, além da Orquestra Românticos de Cuba, feita especialmente para as gravações. Também fizeram gravações pela Musidisc o conjunto Voz do Morro, integrado por Paulinho da Viola, Elton Medeiros e Nelson Sargento, o intrumentista Altamiro Carrilho, e o grupo de rock Bango.

Com o fim da gravadora, o espaço onde ela funcionou passou a ser utilizado como estúdio. Ao longo da carreira de cantor gravou gravou mais de 40 discos, entre 78 rpm e LPs.

Obra


Canção de aniversário (c/Alberto Ribeiro), Canção dos namorados, Na madrugada, Natal, Papai Noel.

Discografia


1943 - Take it from there - Com The Midnighters - Victor - 78
1943 - It can't be wrong - Com The Midnighters - Victor - 78
1943 - You'll never know/My devotion - Com The Midnighters - Victor - 78
1943 - Jingle, jangle, jingle/If you please - Com The Midnighters - Victor - 78
1943 - Sunday, Monday or always/For the first time - c/The Midnighters - Victor - 78
1943 - Paper Doll/Hello Frisco - Com The Midnighters - Victor - 78
1943 - Morena boca de ouro - Com As Três Marias - Victor - 78
1944 - Have I stayed aweay too long/Don't believe everything you dream- Victor - 78
1944 - I'II be around/No love, no nothing - Victor - 78
1944 - How sweet you are/We mustn"t say goodbye - Victor - 78
1944 - Someday I'II meet you again/The dreamer - Victor - 78
1944 - Shoo-shoo baby/Don't sweetheart me - Victor -78
1944 - Goodnight, wherever you are/How blue the night - Victor - 78
1944 - San Fernando Valley/Long ago - Victor - 78
1945 - I'm making believe/Let me love you tonight - Continental - 78
1945 - Always - All of me/This heart of mine - Continental - 78
1945 - More and more/Candy - Continental - 78
1945 - Laura/Dream - Continental - 78
1946 - As long as I live/It might as well be spring - Continental - 78
1947 - Among my souvenirs/Mam'selle - Continental - 78
1948 - Without you/Make mine music - Continental - 78
1948 - Begin the beguine/Je vous aime - Continental - 78
1949 - I'm looking over a four leaf clover/My darling, my darling - Continental - 78
1949 - On na island with you/Mañana - Continental - 78
1949 - Canção de aniversário/Falta-me alguém - Continental - 78
1950 - Sorrisos/Que importa a vida - Continental - 78
1950 - Cavaleiros do céu/Speak low - Todamérica - 78
1950 - Anseio/Não posso esquecer- Todamérica - 78
1950 - Parabéns a você/Canção de aniversário de casamento- Todamérica - 78
1951 - Você é tormento/Não briguemos- Todamérica - 78
1951 - Serenata/Onde a tristeza mora- Todamérica - 78
1953 - Datas felizes - Musidisc - LP
1956 - Canções de Natal - Nilo Sérgio e Trio Surdina - Musidisc - LP
1956 - Vai menina/Dos perdidos - Musidisc - 78
1960 - Dançando suavemente - Nilo Sérgio e sua orquestra - Musidisc - LP
1961 - Canção de aniversário de casamento/Parabéns a você - Continental - 78
1962 - Isto é romance - Nilo Sérgio, sua orquestra e vozes - Musidisc - LP
1962 - Dança e romance - Nilo Sérgio, sua orquestra e vozes - Nilser - LP
1963 - Bolero, amor e romance - Nilo Sérgio, sua orq. e vozes - Nilser - LP
1963 - Cleópatra, cinema e romance - Nilo Sérgio, sua orq. e vozes - Nilser - LP
1969 - Canções para uma noite de chuva - Orq. Nilo Sérgio - Musidisc - LP


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Fontes: Dicionário Cravo Albin da MPB; Revista "O Malho", de 1943; http:// oladobom.blogspot.com/2010/11/musidisc-de-nilo-sergio.html.

Barrozo Neto

Gravura: "O Malho" - Abril de 1941
Barrozo Neto (Joaquim Antônio Barrozo Netto), pianista e compositor, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 30/01/1881, e faleceu na mesma cidade em 01/09/1941. Sua atividade, como mestre dos mais competentes e pianista de grandes recursos técnicos, colocou-o em lugar de destaque na música brasileira. Usava o pseudônimo de William Gordon.

Seus primeiros estudos de música foram feitos com o objetivo de ser violinista, mas seu mestre, não encontrando no aluno qualidades que o fizessem um virtuose do instrumento de Paganini, o aconselhou que preferisse o piano.

À fim de aperfeiçoar os estudos e completar sua educação musical, ingressou no Instituto Nacional de Música, estudando teoria e solfejo com Arnaud Gouveia e Porto Alegre, piano com Alfredo Bevilacqua e harmonia com Frederico Nascimento.

Com Alberto Nepomuceno estudou contraponto, fuga, composição e órgão. Com 19 anos, já estava apto a enfrentar as plateias. Apresentando-se em concertos com grande sucesso, suas composições foram recebidas sempre com êxito e entusiasmo, até na Europa, onde efetuou várias tournées de propagação da nossa música.

Em 1906, ingressou no Instituto Nacional de Música, como professor de piano, exercendo esse cargo com excepcional relevo.

Em 1927, teve a canção Cantiga, com Luiz Guimarães, gravada na Odeon pela cantora Lulieta Teles de Menezes. No ano seguinte, duas modinhas foram registradas por Maria Emma na Odeon: A canção da felicidade, com Nosor Sanches, e Canção da saudade, em disco que teve seu acompanhamento ao piano. No mesmo ano, gravou na Odeon em interpretação ao piano duas obras de sua autoria, a Berceuse, em mi menor, e a peça característica No ferreiro - sinos de aldeia. Teve ainda em 1928, a modinha Canção da felicidade regravada na Odeon pelo cantor Gastão Formenti.

Em 1929, a valsa lenta "Canção do amor" foi gravada por Gastão Formenti na Odeon, e a modinha "Canção da felicidade" foi registrada na Victor por Cândido Botelho. Também pela Victor o cantor Eurístenes Pires gravou a Canção de amor.

Em 1930, o maxixe Candango, parceria com Marcelo Tupinambá, foi gravado na Brunswick pela cantora Ana de Albuquerque Melo.

Em 1932, motivado pelo trabalho desenvolvido por Heitor Villa-Lobos com o canto orfeônico nas escolas municipais do Rio de Janeiro, passou a desenvolver trabalho nesse sentido. Ficaram marcados os concertos realizados pelo "Coral Barrozo Netto" no Salão Leopoldo Miguez da Universidade do Brasil. Num desses concertos foi apresentada a Suite Vozes da Floresta para coro, solistas e orquestra.

Em 1933, sua modinha Canção da felicidade, e a canção Cantiga, ambas com Nósor Sanches, foram gravadas por Bidu Sayão na Victor.

Em 1958, a Canção da felicidade e Cantiga, com Luis Guimarães, foram regravadas por Lenita Bruno no LP Modinhas fora de moda, lançado por ela no selo Festa.

Em 1961, a Canção da felicidade deu título ao LP gravado por Vicente Celestino na RCA Victor no qual ele interpretou diversas modinhas entre as quais a Canção da felicidade.

Em 1970, Canção da Felicidade ganhou nova gravação, dessa vez na voz de Inezita Barroso no LP Modinhas da gravadora Copacabana, sendo também incluída no LP Uma voz e um violão em serenata - VOL. 4 lançado por Francisco Petrônio e Dilermando Reis pela Grand Prix/Continental.

Em 1980, a canção Tempos Idos foi gravada pelo pianista Roberto Szidon no LP Piano brasileiro 100 anos de sucesso lançado pela Kuarup. No ano seguinte, a Tarantella (Para canto e piano ou violino e piano) foi gravada no disco Brasil, piano e cordas - Roberto Szidon (Piano), Michel Bessler (Violino) e Márcio Mallard (Violoncelo) lançado pela Kuarup.

Entre suas obras para piano destacam-se Minha Terra, Cachimbando, e Choro e Galhofeira.

Obra


A canção da felicidade (c/ Nosor Sanches), A um coração, Cachimbando, Canção da saudade, Canção do amor, Cantiga (c/ Luiz Guimarães), Choro e Galhofeira, Coriscos, Danse des fantoches, Feux Follets, Minha terra, Movimento perpétuo, Olhos tristes, Rapsódia guerreira, Si eu morresse amanhã, Variações sobre um tema original

Discografia


1928 Berceuse/No ferreiro - sinos de aldeia • Odeon • 78

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Fontes: Os Mestres da Música - Alberto Montalvão; Revista "O Malho" - 1941; Dicionário da MPB.