sábado, janeiro 04, 2014

Amaro Silva

Amaro Silva (Circa 1910 Pernambuco), flautista e compositor, teve sua primeira composição gravada, quando Aurora Miranda lançou seu samba Não tem rival, em 1934, na Odeon.

Em 1937, teve os sambas Triste fim de um coração e Respeita a cadência gravados por Odete Amaral na Columbia. No ano seguinte,
Ciro Monteiro gravou pela Victor o samba Ela não compreende.

Em 1940, o samba Com você e sem você, com Nelson Teixeira, foi gravado por Arnaldo Amaral na Columbia.

Em 1941, foram gravadas a marcha Tinha gente assim, com Raul Longras, pela dupla caipira Alvarenga e Ranchinho, e o samba Confessa, com Ary Barroso, pelo cantor Deo, ambos em discos Odeon.

Em 1942, Odete Amaral gravou na Odeon a marcha Vitaminas, com Djalma Mafra e Domício Augusto. No ano seguinte, os sambas Desta vez vou ser feliz e Réu primário, com Djalma Mafra, foram gravados por Marilu na Victor. Em 1944, a marcha Salve o inventor da mulher, com Djalma Mafra, foi gravada na Odeon por Odete Amaral.

Em 1987, seus sambas Triste fim de um coração e Respeita a cadência, na interpretação de Odete Amaral e acompanhamento musical do Conjunto Regional Cruzeiro do Sul, foram incluídas no LP "Grandes cantoras", que o selo Revivendo lançou com gravações de Odete Amaral, Laís Marival, Araci Cortes e Carmen Barbosa.

Em 1985, o samba Mulher bonita, com Domício Alves Magalhães, foi gravado pelo Trio Palestina. Em 1991, o samba Vitaminas, com Djalma Mafra e Domício Augusto, na interpretação de Odete Amaral foi incluído no LP "A coroa do Rei", que o selo Revivendo lançou com gravações de Francisco Alves, Rosina Pagã, Dircinha Batista e Odete Amaral.

Em 2004, o samba Confessa, com Ary Barroso, em gravação de Deo foi relançado pelo selo Revivendo no CD triplo "Ary Barroso - Nossa Homenagem", em homenagem ao centenário de Ary Barroso.

Começando a compor aos dez anos de idade

Quando Amaro Silva começou a rabiscar as primeiras letras num caderno escolar, fez um samba. Um samba onde havia muito de frevo e maracatu nortista. Ele nasceu em Pernambuco. Chegando ao Rio, garoto de calças curtas, começou a compor melodias inspiradas ao som de uma pequena flauta. Alicinha de Archambeau ouviu o novo Pan precoce e levou-o a presença de Joaquim Medina, o saudoso violonista falecido. Assim Amaro Silva ingressou no ambiente radiofônico. Logo depois, Carmen Miranda lançou um samba seu que obteve sucesso: “Artigo brasileiro”.

Falando à CARIOCA, Amaro diz:

— Cecília Miranda de Carvalho foi, no entanto, a verdadeira madrinha e pioneira de todas as minhas composições musicais. Hoje a irmãzinha de Carmen e Aurora Miranda encontra-se afastada do microfone, aguardando a chegada de um encantador bebê ao seu lar feliz.

Madame Abílio de Carvalho deixou Amaro Silva às voltas com Dircinha Batista. A deliciosa garota tomou a si o encargo de espalhar as músicas do jovem compositor, alcançando grande êxito com a interpretação de “Mocidade brasileira”, inegavelmente uma das melhores composições de Amaro Silva.

— Os meus sambas e marchas quase sempre exploram de preferência motivos patrióticos e coisas da nacionalidade — informa ele.

À exceção do seu primeiro samba, feito aos 10 anos de idade e intitulado: “Se fosses minha...”, o qual foi indiscutivelmente um verdadeiro caso de precocidade. Hoje, Amaro Silva dedica-se também a compor músicas para o teatro. Custódio Mesquita, notando o seu valor, levou-o para abrilhantar, musicalmente, as peças da Casa de Caboclo.

— Já estou escrevendo em “Alma de violão”, a nova peça de Duque e Miranda. Confesso que me desinteressei das gravações e edições musicais ao notar a desarmonia reinante no meio. Sinto-me bem no teatro.

Amaro Silva não deixará, no entanto, os estúdios radiofônicos e declara:

— Acho que não há um compositor melhor que outro: depende tudo da oportunidade da sua inspiração. Lamartine Babo tem tantos sucessos como Ary Barroso ou Assis Valente.

As suas artistas prediletas são: Carmen e Aurora Miranda, Dyrcinha Baptista e Aracy de Almeida, no rádio. Martha Eggerth, no cinema. Dulcina, no teatro.

— Também admiro profundamente Sylvio Caldas que é, sem favor, a voz do Brasil. César Ladeira — “speaker” absoluto e Cristóvão de Alencar — que anda seguindo de perto os valores do primeiro. Gosto de Procópio e admiro Bing Crosby.

Amaro Silva tem uma porção de composições musicais inéditas e várias gravadas, “Sem carinho”, samba, e “Canção de inverno” foram algumas das suas últimas produções lançadas, respectivamente, por Dircinha e Moacyr Montenegro, na PRA-9.

— O meu último samba intitula-se “Noite de São João” e destina-se ao concurso “Da Noite”, tendo sido feito de parceria com Salomão Suissa — termina Amaro Silva.

CARIOCA, de 06/06/1936

Algumas obras

Artigo brasileiro, Com você e sem você (c/ Nelson Teixeira), Confessa (c/ Ary Barroso), Desta vez vou ser feliz (c/ Djalma Mafra), Ela não compreende, Mocidade brasileira, Mulher bonita (c/ Domício Alves Magalhães), Não tem rival, Respeita a cadência, Réu primário (c/ Djalma Mafra), Salve o inventor da mulher (c/ Djalma Mafra), Tinha gente assim (c/ Raul Longras), Triste fim de um coração, Vitaminas (c/ Djalma Mafra e Domício Augusto).


Fontes: CARIOCA, de 22/2/1936 e 06/06/1936; Dicionário da MPB.