terça-feira, julho 15, 2008

Josué de Barros

Josué de Barros (Josué Borges de Barros), compositor, instrumentista e cantor, (Salvador BA 16/03/1888 — Rio de Janeiro RJ 30/11/1959) descendia de Domingos Borges de Barros, Visconde da Pedra Branca, poeta e ilustre personagem do Primeiro Reinado, tendo sido sua filha, a Condessa de Barral e Pedra Branca, preceptora dos filhos de Pedro II, Isabel e Leopoldina (foto: Josué de Barros com Carmen Miranda).

Em 1904 apresentou- se com o irmão no Café Cascata, no Rio de Janeiro, tornando-se a dupla conhecida como Irmãos Barros. Começou a gravar solos de violão em selo Columbia, na década de 1900, e exibia-se num cabaré da Rua do Lavradio, quando foi convidado pelo bailarino Duque para tocar na inauguração do Cabaret Brasil, em Paris, França.

O cabaré não chegou a ser aberto, mas mesmo assim Duque resolveu tentar a sorte na Europa, acompanhado por ele e por Artur Budd, ator de circo e cantor. Não tendo conseguido contrato em Paris, apresentou-se só com Artur Budd em Lisboa, Portugal, onde alcançaram sucesso. Convidados para ir a Berlim, Alemanha, gravaram discos na fábrica Beka Grand-Record. Esses discos, com marchas e cançonetas lançadas antes da Primeira Guerra Mundial, seriam as primeiras gravações feitas por artistas brasileiros na Europa.

De volta ao Rio de Janeiro, tornou-se conhecido a partir do lançamento de sua composição Chora, violão, gravada em 1928 por Araci Cortes, na Parlophon. Em 1929, em uma festa de caridade no I.N.M., foi apresentado a uma jovem cantora, Carmen Miranda. Provavelmente em agosto desse ano, apresentou-a ao diretor da gravadora Brunswick, onde Carmen gravaria seu primeiro disco.

Ainda em 1929, introduziu no Brasil o violão elétrico. Com seu filho, o violonista Betinho, acompanhou Carmen Miranda em excursões à Bahia e Pernambuco, em 1932, e Buenos Aires, Argentina, em 1933. Contratado para exibições em boates, fixou-se na Argentina, de 1934 a 1939, com a família. Como cantor, apareceu em Babaô Miloquê (batuque) e História de um capitão africano (cena cômica), duas faces de um 78 rpm gravado em dezembro de 1929 na Victor, com orquestração de Pixinguinha, inspiradas em estribilhos africanos.

Autor de mais de uma centena de composições, teve músicas gravadas por Gastão Formenti, Elisa Coelho e Carmen Miranda, destacando-se: a canção sertaneja Minha paioça, gravada por Gastão Formenti em 1928 na Parlophon; Iaiá, Ioiô, Dona Balbina e Triste jandaia, lançadas por Carmen Miranda em 1930, na Victor; Carnaval tá aí (com Pixinguinha), marcha gravada por Carmen Miranda, na Victor, para o Carnaval de 1931; Ciúme de caboca (com Domingos Magarinos), toada gravada por Elisa Coelho, na Victor, em 1931.

Também gravou suas próprias composições, como a valsa Gemidos d’alma, na Victor, e a marcha Sinhá, sinhô, na Columbia, ambas em 1931.

Obras

Chora, violão, canção sertaneja, 1928; Dona Balbina, samba, 1930; Iaiá, Ioiô, marcha/carnaval, 1930; Minha paioça, canção sertaneja, 1928; Triste jandaia, canção-toada, 1930.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha.

Babaú

Babaú (Waldemiro José da Rocha), compositor, nasceu no Rio de Janeiro RJ em 23/1/1914 e faleceu na mesma cidade em 02/07/1993. Nascido no Buraco Quente, no morro da Mangueira, viu a fundação da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira quando ainda era menino.

Em 1928 fez parte do Bloco dos Arengueiros e, em 1930, começou a aprender cavaquinho e a fazer samba, observando os mestres Cartola, Aluísio do Violão, Nelson Cavaquinho e Carlos Cachaça. Participou da fundação da Escola de Samba Unidos do Tuiuti, compondo o primeiro samba-enredo da escola, As riquezas do Brasil.

Em 1937, Araci de Almeida gravou um de seus sambas mais conhecidos, Tenha pena de mim (com Ciro de Sousa), que seria regravado por vários intérpretes. São também da década de 1930 os sambas Eu vou pra roça (com Chiquinho Tuiuti) e Sofro demais.

Em 1940, Araci de Almeida gravou o samba Eu dei; por essa época compôs com João Taú Silva Encontro saudoso e Ela me abandonou, gravadas por Gilberto Alves. Em 1945 participou da fundação da Unidos do Cabuçu, integrando a ala de compositores da escola. Foi também um dos fundadores da Unidos do Outeiro, para a qual compôs o primeiro samba-enredo, Brasil gigante, em 1946. Em 1966 compôs, com Bira Sargento, Não me abandone.

Afastado por algum tempo das atividades artísticas, voltou aos palcos em 1972 para cantar no Teatro Opinião, de São Paulo SP. Três de seus sambas de partido-alto foram então gravados: Pedra 90, por Jorginho do Império, em 1972; Brincadeira tem hora, por ele próprio; e Por que você não foi, em 1974, por Xangô. Ainda em 1972, concorreu pela Unidos de Jacarepaguá com o samba Sete portas da Bahia.

Na década de 1980, conheceu Eraldo de Carvalho na Rádio Roquete Pinto e formou com ele parceria responsável por O galo canta, Flores e mulheres e Mostra o pau. Em 1990 gravou os sambas Quem fala mais alto e Chinelo velho, no disco Raízes brasileiras.

Já cego pelo glaucoma, fundou em 1993 a Unidos de Vila Valqueire. Em 1994, com o patrocínio da Secretaria de Estado da Cultura, do Rio de Janeiro, foi lançado o livro Tempos de outrora, vida e obra de Babaú da Mangueira, de autoria de Andréia Ribeiro Alves.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PibliFolha.