sexta-feira, setembro 12, 2008

Jacaré

Jacaré (Antônio da Silva Torres), compositor e instrumentista (Recife PE 12/6/1929—01/04/2005), fez os primeiros estudos com seu pai, Josias, que era barbeiro, e, aos nove anos, já começava a solar no cavaquinho as primeiras composições. Trabalhando como ajudante de alfaiate, recebeu o apelido de Jacaré, dado por Arlindo Melo, também compositor de marchas carnavalescas e alfaiate.

Em 1957 passou a integrar o regional da Rádio Clube de Pernambuco, ao lado de músicos de renome na época: Felinho, China, Otacílio Feitosa, Nelson Miranda, Martins da Sanfona, Martins do Pandeiro e outros. Atuou no Rádio Clube até 1964, quando, com o fim dos programas de auditório, foi ganhar a vida tocando na noite, nos bares Canavial Drinks (dirigido por Heloísa Helena), Hotel São Domingos, Casa-Grande & Senzala e, já em 1982, no Bar do Bispo.

Participou, em outubro de 1984, do projeto Recife e Seus Artistas Populares, promovido pela Fundação de Cultura Cidade do Recife, ocasião em que conheceu Hermínio Bello de Carvalho e Maurício Carrilho, que o convidaram a integrar o Projeto Pixinguinha daquele ano.

No ano seguinte, 1985, gravou seu primeiro e único disco: Jacaré — Choro frevado, sob o patrocínio da Prefeitura da Cidade do Recife. O disco só contém composições de sua autoria: Galho seco, Saudade de Limoeiro, Goianinha, Jacaré de saiote, Silvana, Vai e vem, Jacaré voador, Jacarezinho, Chorinho caiçara, Pro Hermínio, Sem rancor, Jaciara, Saudoso cavaquinho.

CD

Choro frevado, 1998, Funarte/Atração Fonográfica ATR 32058 (Série Acervo Funarte de Música Brasileira, n 35).

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PubliFolha.

Adeus querida

Floriano Faissal
Adeus querida - Floriano Faissal

Se não vais voltar,
Se tudo acabou,
Se eu vivo a esperar em vão,
Porque deixar meu coração,
Sofrer assim ?
Vem, uma vez mais,
Vem dizer adeus,
E vem reviver, o que passou,
E amenizar a cruel paixão,
Que deixaste em mim.
Vem, querida, vem,
Comigo recordar,
De novo, vem sonhar,
E amar,
E em nome do amor,
Que houve entre nós dois,
Deixemos pra depois,
O adeus !...

Floriano Faissal

Floriano Faissal (São Paulo-SP, 1907 - Rio de Janeiro-RJ, 1986), ator, radialista e compositor, era irmão dos também radialistas Roberto, William e Lourival Faissal.

Começou sua carreira como figurante de teatro e escrevendo comédias e revistas musicais, mas foi no rádio a partir de 1938 quando entra para a Rádio Nacional para escrever esquetes para o programa Luis Vassalo que sua carreira decolou.

Floriano foi um dos mais famosos radialistas das décadas de 40 e 50 na Rádio Nacional e chegou a se tornar diretor do Departamento de Rádioteatro da emissora. Na década de 60 ele virou compositor de músicas (Adeus querida, por exemplo) e temas para programas na TV Rio.

Terminou sua carreira profissional produzindo e dirigindo programas para o Projeto Minerva e o Mobral na Funtevê e depois na Rádio MEC. No cinema ele fez apenas dois filmes, sendo o mais conhecido, "Inconfidência Mineira", na década de 40.

Fonte: Wikipédia; Rádio Nacional. .

Brasinha

Brasinha (Gustavo Tomás Filho), compositor (Rio de Janeiro RJ 10/12/1925—id. 16/4/1998), compôs principalmente músicas carnavalescas. Sua primeira composição, Minha canção, é de 1938.

Teve sua primeira música gravada — o samba Quero esquecer — por Zezé Gonzaga, para o Carnaval de 1952, na etiqueta Sinter. Com Luís Antônio compôs um samba famoso, Zé Marmita, gravado por Marlene, na Continental, para o Carnaval de 1953.

Seus principais parceiros foram Haroldo Lobo, Eratóstenes Frazão, Wilson Batista, Armando Cavalcanti, Klécius Caldas, Luís Antônio, Newton Teixeira e Rutinaldo. Algumas de suas músicas foram lançadas na França e em outros países. Foi funcionário da prefeitura do Rio de Janeiro.

Obras

Avenida iluminada ou Lágrimas de um coração (c/Newton Teixeira), marcha-rancho, 1969; Califa de Bagdá (c/Haroldo Lobo e Milton de Oliveira), marcha, 1957; A lua é dos namorados (c/Armando Cavalcanti e Klécius Caldas), marcha, 1961; Marcha do pescador (c/Rutinaldo), 1962; Oh! que delícia de mulata (c/Milton de Oliveira e Bevilaqua), marcha, 1968; O sheik de Copacabana (c/Blecaute e Almeidinha), marcha, 1967; Zé Marmita (c/Luís Antônio), samba, 1953.

Brasinha, o poeta da folia

As provas para o vestibular de Direito estavam marcadas para depois do carnaval de 1951, mas ele estava ali, em um boteco da Lapa, com os amigos vendo a folia passar. E então, entre uma cerveja e outra, veio a surpresa que mudaria para sempre a sua trajetória: um bloco passou cantando a sua primeira composição. Ele mal pôde acreditar. A faculdade ficou no sonho e a música tornou-se a sua grande paixão.

Foi assim que começou a carreira de Brasinha (Gustavo Thomas Filho) na MPB. Nem ele podia imaginar que, carioca, 17o. filho de uma família com origem italiana e inglesa, fosse conviver com os grandes nomes da música popular brasileira. Mas o destino quis assim. E ele seguiu a vocação, que inscreveria seu nome em enciclopédias e livros sobre a nossa MPB e deixaria aos admiradores da canção popular marchinhas inesquecíveis.

Com a chamada sorte de principiante, Brasinha gravou Quero esquecer, seu primeiro samba, em 1951. Depois, inspirado no ambiente do operariado brasileiro, de que ainda era integrante, olhou em volta, captou o sentimento do povo e brotaram os versos de Zé Marmita, uma crítica social que ainda não saiu de moda, elogiada até por Chico Buarque. Na época, um sucesso na voz da intempestiva Marlene.

As músicas são muitas. Quase 200 gravadas. Os parceiros outros tantos. As noites de boemia, incontáveis. Tudo servia de inspiração. A alardeada - e até hoje inacreditável - chegada do homem à Lua acabaram nos versos de A lua é dos namorados. A mulata, histórias infantis, histórias de adultos, como a do compositor e amigo Herivelto Martins, que em uma de suas idas ao sítio que tinha em Bananal, São Paulo, ficou maluco procurando uma tal vaca malhada. Se achou não se sabe, mas ela acabou em música de carnaval.

Por conta de seu ofício de carnavalesco conheceu gente bamba como Zé Kétti, Zé da Zilda, Blecaute, Risadinha, Donga, João da Baiana, Guilherme de Britto, Braguinha, entre tantos outros. Conheceu também astros da MPB, como Pixinguinha, Orlando Silva, Lupicínio Rodrigues, Dorival Caymmi. Sem contar as estrelas: Emilinha, Ângela Maria, Linda e Dircinha Batista, Dalva de Oliveira. Aliás, a magia e o feitiço do carnaval sempre povoaram a imaginação do compositor, que gravou um de seus grandes sucessos Avenida iluminada (com o subtítulo sugestivo "As lágrimas de um coração").

Para garantir o leite das crianças (uma delas, eu), Gustavo Thomas Filho era funcionário público. Depois do expediente, as noites de sexta-feira especialmente eram sempre uma criança. E, já na década de 70, com um gravador de rolo, dava asas à imaginação para compor novas músicas madrugada adentro.

Foi assim que ele criou A marcha do Kung Fu, com a qual sairia campeão do concurso Convocação Geral, promovido pelo Jornal O GLOBO, em 1975. Inspirado no seriado da TV Globo, a marchinha até hoje é tocada no carnaval. Depois viria Mexa-se, também na linha da crítica de costumes, enfocando a mania de saúde das pessoas nos anos 80, fazendo todo mundo praticar exercícios para viver com saúde e alegria.

Infelizmente, por conta do vício do cigarro, Brasinha viria a falecer, vítima de câncer de pulmão, no dia 16 de abril de 1998. Deixou a esposa, Maria de Lourdes, companheira de 48 anos de vida, e os filhos Gustavo e Kátia. Brasinha nasceu em 10 de dezembro de 1925. A sua vida e obra é hoje tema de um projeto, já certificado pelo Minc para ser transformado em livro, CD e show. Só falta o patrocínio (* Kátia Thomas é jornalista e filha do compositor Brasinha).

Fontes: Revivendo Músicas; Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PubliFolha.

Nat King Cole

Nat King Cole, nome artístico de Nathaniel Adams Cole (Montgomery, 17 de março de 1919 — Santa Mônica, 15 de fevereiro de 1965) foi o primeiro vocalista negro a ter um programa na televisão norte-americana. Nessa época (1956), o movimento pelos direitos civis não estava suficientemente mobilizado para influenciar a opinião pública do país na luta contra a segregação. Sua presença no vídeo comandando um show artístico representava importante passo no combate ao odioso preconceito racial.

No início dos anos cinqüenta os negros ainda eram impedidos de freqüentar escolas, restaurantes, teatros e hotéis utilizados por brancos, principalmente no sul do país. Por dois anos Cole liderou um programa semanal de grande audiência na rede NBC, transmitido de Los Angeles para todo o país, tendo de investir seus próprios recursos econômicos, por absoluta falta de patrocinadores. Inúmeros artistas negros e brancos, amigos de Nat, contribuíram financeiramente, entre eles, Sammy Davis Jr., Stan Kenton, Peggy Lee, Ella Fitzgerald e Johnny Mercer, além de não cobrarem por suas participações.

A exemplo de outros vocalistas negros, Cole começou cantando no coro da igreja batista onde seu pai era pastor, em Montgomery no Alabama. Aos quatro anos de idade muda-se com a família para Chicago - Illinois; seu pai fora transferido para uma paróquia da cidade. A partir dos cinco anos orientado por sua mãe que era pianista, aprende a tocar piano e órgão. Aos doze inicia estudos formais de música clássica e se envolve com o jazz estimulado por seu irmão mais velho, Eddie.

No início dos anos trinta, ouvir jazz em Chicago não era tarefa difícil. Lá estava o pai dos pianistas modernos Earl "Fatha" Hines que exerceria grande influência em sua formação musical. No limiar de 1936, depois de participar do trio formado por seus irmãos e de trabalhar, como pianista em clubes noturnos da cidade, é contratado pela revista musical "Suffle Along", percorrendo todo o país. Durante a "tournée" conhece uma das dançarinas da revista, Nadine Robinson, apaixonando-se por ela e casando-se em seguida. Anos mais tarde Cole casar-se-ia, pela segunda fez, com a vocalista da Big Band de Duke Ellington, Maria Ellington que não era parente de Duke. A revista chega a Los Angeles, um ano depois, em estado pré-falimentar. Desempregado, Cole decide fixar-se na cidade onde ganha a vida tocando seu piano em restaurantes e clubes noturnos.

As coisas começam a mudar ao conhecer os músicos Oscar Moore e Wesley Prince, convencendo-os a formarem um trio de jazz inovador com piano, guitarra e contra-baixo, iniciando as apresentações sob contrato no clube "Swanee Inn" de Hollywood, tocando um repertório de jazz e blues. Em poucos meses recebem propostas para apresentações em locais cada vez mais sofisticados. No ano seguinte (1939) gravam com a denominação de "King Cole Swingsters", acompanhando a cantora Bonnie Lake. Mais um ano de atividade e o trio é batizado, definitivamente, como "King Cole Trio", assinando contrato com o selo DECCA (hoje MCA), onde grava sua primeira faixa "Sweet Lorraine" com vocal de Cole. Em 1942, o prestígio do trio se consolida definitivamente e muda de gravadora, passando para a Capitol, selo no qual Cole permanece pelo resto de sua carreira.

Nos sete anos seguintes, as atividades de Cole se concentraram exclusivamente no trio, até que, por volta de 1946, faz sua primeira experiência cantando acompanhado por uma secção de cordas, ao gravar a composição de Mel Tormé "Christmas Song" no lado A e "For Sentimental Reasons" no lado B. Esse disco de 78 rotações alcançou a surpreendente marca de um milhão de cópias vendidas. A partir daí, a carreira como cantor solista começa a se delinear, abandonando a faceta de pianista de jazz, assumindo a de cantor. Cole emerge como grande intérprete - uma voz suave, quente e melodiosa, apoiado por arranjadores e maestros como Nelson Riddle, Gordon Jenkins, Ralph Carmichael, Pete Rúgolo e Billy May.

A confirmação absoluta de seu talento veio em 1950, quando acompanhado pela orquestra de Les Baxter e arranjos de Nelson Riddle, grava "Mona Lisa" (oito semanas consecutivas como a mais vendida), somando-se aos temas; "Too Young", "Because" You´re Mine", "Unforgettable", "Pretend", "When I Fall In Love" e "Stardust". Seguem-se retumbantes sucessos; "Walkin´My Baby, Back Home", "Ballerina", "Hajji Baba", "Nature Boy", "Blue Gardenia" e "Again".

Cole participou de várias películas produzidas em Hollywood, entre as quais destacamos, "Saint Louis Blues" de 1958 e "Cat Ballou" de 1965, ao lado de Lee Marvin e Jane Fonda.

Em 1959. Cole veio ao Brasil, apresentando-se na Televisão Record Canal 7 de São Paulo, recebendo verdadeira consagração de seus admiradores. Durante sua permanência em São Paulo, esteve acompanhado pelo homem de rádio, televisão e disco Roberto Corte Real que serviu de intérprete e cicerone em seus deslocamentos pela cidade. Segundo depoimento que o saudoso amigo Roberto me fez, Cole ficou tão agradecido pela atenção recebida que, jamais esqueceu de enviar-lhe um afetuoso cartão de boas festas por ocasião do Natal.

Em 1991, a filha Natalie gravou o tema "Unforgettable", cantando em dueto, uma mixagem tecnicamente perfeita a partir da gravação original feita por Nat no início dos anos 50.

Nat "King" Cole, a grande voz surgida após a segunda guerra mundial, nos legou respeitável acervo de belas gravações realizadas para o selo Capitol. Destacado pianista de jazz e um vocalista inesquecível, Cole faleceu a 15 de fevereiro de 1965, aos 48 anos de idade, de câncer pulmonar.