domingo, abril 28, 2013

O massacre da "Sabiá"

Chico Buarque e Tom Jobim
Não há brasileiro, vivo ou morto, que não tenha uma vizinha gorda e, além de gorda, patusca como uma viúva machadiana. Dirão os idiotas da objetividade que vizinha é a que mora ao lado, ou defronte, ou ali na esquina ou, ainda, na mesma rua. O caso não me parece tão simples. O que eu chamo de vizinha é, antes de mais nada, um certo tipo físico, uma certa e generosa adiposidade. Dizia-me um amigo, a propósito de não sei de quem:

— "Gorda como uma vizinha".

Aí está dito tudo. E se tiver varizes, melhor. Ah, esquecia-me das brotoejas. É preciso que desponte, no seu decote, uma constelação de brotoejas. Assim é, fisicamente, a vizinha. Do ponto de vista de caráter, sentimentos e modos tem de ser patusca. Imaginem uma víbora gaiata — é a vizinha, como a imaginava o nosso Machado de Assis.

Se, por acaso, mora ao lado uma senhora esguia, de lindas maneiras e nobres sentimentos — estejamos certos de um equívoco, de uma fraude ou de uma confusão de endereço. Reside a dois passos, mas é a falsa vizinha, a antivizinha, sem nada de machadiano.

Fiz esta breve introdução para concluir: — tenho, na minha rua, uma senhora que é a vizinha perfeita, irretocável. Está sempre na janela. Eis aí um costume típico. Como se sabe, a janela foi a televisão das gerações passadas. Hoje, tudo mudou. Há pessoas que passam anos e não usam a janela nem para cuspir. Resumindo: — a janela só existe e sobrevive nas letras do Chico Buarque de Holanda.

Mas onde é que eu estava? Ah, na vizinha gorda, a quem chamam de "Moby Dick", a baleia. E a santa senhora, instalada no seu primeiro andar, toma conta de tudo e de todos. Vê quem chega, quem parte, quem namora e quem prevarica.

Ontem, ao sair de casa, quem vejo eu? A vizinha.

Quase atravessei a rua. Mas já a vizinha crispava no meu braço a sua mão pequena e voraz de gorda. Não tive outro remédio senão parar. Agrediu-me com a pergunta:

— "O que me diz do Festival?".

Não me lembro se disse "Gostei" ou "Não gostei". Agora me lembro. Minha resposta foi exatamente esta:

— "Mais ou menos".

Só. Por coincidência, também ela achara "mais ou menos". Vendo, ali, uma similitude de gosto, de sentimentos, vibrou a vizinha. Conversamos uns quinze minutos. E, por fim, quando me despedi, ela fez mistério, fez suspense. Disse, sem desfitar-me:

— "Nada como um dia depois do outro".

Aquilo ficou na minha cabeça. "Nada como um dia depois do outro." Só uma vizinha gorda diria isso. Sim, a frase era um achado de vizinha gorda, patusca e cheia de varizes. Mas como ia dizendo: — despedi-me e, em seguida, apanhei o táxi. Vim para a cidade ressoante do "Nada como um dia depois do outro". E, então, pensei no Festival.

Em São Paulo, quando se escolheu a música paulista, os fanáticos de Vandré promoviam uma apoteose para o seu ídolo e, ao mesmo tempo, massacravam a música de Caetano Veloso. E não só a massacravam, como também massacravam o autor. Se vocês assistiram ao teipe da Paulista, hão de se lembrar. Pela primeira vez viu-se uma pobre canção linchada. A canção, digo eu, e respectivo autor.

E mais: — enquanto Caetano Veloso queria cantar, a platéia — sapateando como uma espanhola — fazia um coro feroz, unânime e obsceno. Mas o artista deu-lhe o bravo troco. Chamou os jovens ululantes de "imbecis", "analfabetos", "débeis mentais" etc. etc. E disse tanto que a obscenidade emudeceu. O comportamento de tal platéia — e toda ela "festiva" — foi de uma indignidade inédita.

Vejam como cabe, aqui, o "Nada como um dia depois do outro" da minha vizinha. No Rio, novamente, apoteose para Vandré e vaia para "Sabiá". Em São Paulo, porém, o "Proibido" foi realmente proibido pela platéia, e saiu do Festival. Aqui, o vaiadíssimo "Sabiá" ganhou e vai representar o Brasil.

Mas o que ainda me assombra é o poder de promoção da "festiva". O povo acha graça e vamos e venhamos: — o simples nome de "festiva" é um apelo ao ridículo. Realmente, há o ridículo, sem prejuízo, todavia, do gênio promocional das esquerdas. O leitor não tem noção do que sejam os bastidores da glória, do sucesso, da consagração. Hoje, só se é poeta, romancista, sociólogo, crítico, cineasta, se as esquerdas o permitirem. Cabe então a pergunta: — e por quê? Vejamos.

Porque a "festiva" infiltrou-se nas redações, nas rádios, nas TVs. Há um escritor que não escreve, não lê, não pensa? Outro que é cineasta inédito? E outro ainda um romancista que não fez, nem fará jamais um romance? Como desfilam em passeatas e xingam os Estados Unidos — são grandes sociólogos, cineastas, romancistas e poetas. E há o caso de Gilberto Freyre.

As esquerdas o abominam. Por que, não se sabe, ou, por outra, sabe-se perfeitamente. Gilberto Freyre é um homem livre. Pensa, vejam vocês e pasmem: — pensa. Pois bem. Até outro dia era, na vida intelectual do Brasil, uma presença enorme, obrigatória, obsessiva. Lembro-me de que, certa vez, as grandes figuras literárias do Brasil propunham que ele fosse o nosso candidato ao prêmio Nobel. E, súbito, desaba sobre o seu nome e sua obra um vil silêncio. É solidamente ignorado pelos nossos jornais. Não há mais notícia, nem reportagem, nem crônica, nem artigo sobre Gilberto Freyre. Acabou? Morreu? Deixou de pensar, ler, escrever? Não, mil vezes não.

Simplesmente, não aceitou a pressão das esquerdas. E estas, que têm a posse de todos os meios de promoção, não falam em Gilberto Freyre, negam-lhe uma notícia de duas linhas ou uma vaga referência. Bem. Volto ao Festival.

Vejam vocês: — a "festiva", com o seu horror ao risco, não deu um tiro em 31 de março, não matou um passarinho em 1º de abril. E nem vai mover uma palha ou tirar uma cadeira do lugar. Mas só se tem talento com a sua licença. E, domingo, no Maracanãzinho, as esquerdas caíram do cavalo. Esperavam o primeiro prêmio para Vandré e quem ganhou foi "Sabiá". Entre parênteses, não nego o talento de Vandré. Sua "Marselhesa" nada tem de "Marselhesa" e, pelo contrário, soa como berceuse e o próprio autor a canta como tal.

Mas, berceuse ou "Marselhesa", há talento. E o resultado doeu na "festiva". Logo, com aquela sua coragem sem risco, saiu pelas redações, rádios e TVs. O nosso Vandré teve uma imprensa que nem Rui, nem o barão do Rio Branco, nem Santos Dumont mereceram. Mas era pouco. A glória impressa era pouco. E que fizeram elas, as esquerdas? Vejam que golpe bem imaginado. Na terça-feira, em jornais, rádios e TVs, largaram a bomba:

— Tom e Chico iam renunciar.

Nada descreve o meu espanto. O prêmio, se não me engano, é de 25 milhões. Vinte e cinco milhões — o brasileiro não é assim. Mesmo o nosso milionário não é assim. Um dia, o Walther Moreira Salles ganhou um prêmio menor no "Seu Talão". Pois meteu-se na fila e foi buscar o dinheiro. Por que, e a troco de que, Tom e Chico iam enfiar no bolso de Vandré os 25 milhões? O Chico não está presente. E, se o Tom aceitasse a coação sentimental e realmente idiota, estaria merecendo um urgente tratamento psiquiátrico.

Sim, e nós o amarraríamos num pé de mesa e lhe daríamos água numa cuia de queijo Palmira.

[3/10/1968]
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A Cabra Vadia: novas confissões / Nelson Rodrigues; seleção de Ruy Castro. — São Paulo:  Companhia das Letras, 1995.

sexta-feira, abril 26, 2013

A rua é do povo

Há 121 anos, esta cidade — logo que chega dezembro — começa a ser sacudida pelos ventos carnavalescos. Iniciam-se os ensaios das escolas de samba, dos ranchos, das sociedades carnavalescas; nascem blocos, surgem as músicas, elas que são a própria alma do carnaval.

Sempre que um grupo de amigos se encontra e conversa, um deles, sendo carioca, perguntará com certeza: — Vocês conhecem este samba? É do carnaval de 1942. — Sim, porque os verdadeiros carnavalescos cultivam em música os passados carnavais, marcados através de marchas ou sambas.

Pessimistas, infelizmente, sempre existiram e são eles os encarregados de bradar todos os anos: — O carnaval está morrendo. — Mas o carnaval continua, modificando-se através das épocas (ninguém pode viver em 1962 como em 1932 ou 1902) mas existindo porque enquanto houver um carioca, ele se encarregará de espalhar o contágio carnavalesco.

Como deve ter sido bonito aquele carnaval de 1888, num momento em que havia grande respeito pelo povo e seus direitos e a Companhia Carris Urbanos chegava a mudar o trajeto dos bondes só para não prejudicar o grande carnaval de rua. Foi na rua que nasceu o nosso carnaval, indo logo depois para os salões. Nesse ano, a rua do Ouvidor, que era chamada “o pulso do Rio de Janeiro”, tornara-se a rua carnavalesca por excelência.

A nós, talvez, pareça impossível que numa ruazinha estreita coubesse tanto movimento. Mas — sabeis — a cidade era menos povoada e a rua do Ouvidor dava para os gastos com a colaboração da Gonçalves Dias, da praça Tiradentes, do largo de São Francisco.

No começo, o carnaval de rua foi horrível. Latas d’água (onde buscá-las hoje?) eram jogadas de janelas, havia limões de esguicho e não apenas água pura molhava os carnavalescos, mas outras águas nada limpas serviam, àquela época, na qual imperava o entrudo, que durou muitos anos. Mas a rua sempre foi, para o carnavalesco, o lugar melhor para rir, brincar, pular, cantar.

Três séculos durou o entrudo — aquele horrível jogar de águas, de polvilho, de sujeiras — cultivado até pelo primeiro imperador, o trêfego Pedro I e que, segundo historiadores, continuou com dom Pedro II, gostando de “brincar” o entrudo na quinta da Boa Vista.

Muito antes da chegada do carnaval propriamente dito, ou sejam, os quatro dias marcados pela folhinha para os folguedos de Momo, as ruas se agitavam com aquilo que então chamavam “comemorações precursoras”. Até comerciantes — eles que hoje só pensam em ganhar dinheiro — promoviam festejos nos quarteirões onde estavam localizadas suas casas de comércio. Talvez estivessem promovendo o que hoje se chama “publicidade”, mas o fato é que o comércio do Rio foi, no passado, um grande amigo e mesmo colaborador do carnaval carioca. Corriam os livros de ouro arranjando dinheiro para que as ruas ficassem belamente ornamentadas com festões, flores, gambiarras, luzes, balões. Ninguém queria fazer feio, principalmente aqueles moradores em ruas por onde passariam os grandes préstitos. E instituíam prêmios para as melhores fantasias individuais como para a melhor sociedade. Em 1889, os fenianos ganharam tantos e tantos presentes que um jornal, registrando o fato, pedia desculpas de não enumerá-los todos, mas só alguns: coroas, vasos de flores, jarros com palmas, jóias de valor, festões de rosas.

Eram importantíssimas as comissões eleitas para o festejo das ruas. Em 1879, os jornais publicavam um anúncio dizendo assim: “Rua Visconde de Inhaúma — Os moradores desta rua, desejosos pelo progresso desta, pedem aos distintos cavalheiros José Júlio Pereira da Silva, Alfredo Coelho da Rocha, Antônio Augusto de Carvalho e Domingos Braga que se encarreguem dos festejos do carnaval desta rua”. (Mantenho o texto tal como foi publicado). Por esse anúncio se sente que não era qualquer um que podia fazer parte de uma comissão de rua. Esses “distintos cavalheiros”, com certeza, já haviam demonstrado, na prática, suas qualidades de carnavalescos e de organizadores.

Nos quatro dias de carnaval, as casas ficavam, de noite, com as luzes acesas, atendendo ao pedido da comissão de folguedos e de algumas delas saíam formidáveis Zé Pereiras “para lembrar aos moradores do bairro o dever de enfeitar suas casas e iluminá-las”.

Em 1889, em todas as janelas da rua do Lavradio (conta o jornal O País), de ambos os lados, queimaram-se fogos de artifício. Em 1891, desceram dos subúrbios para a cidade trinta mil pessoas. Era ainda o carnaval centralizado em determinados pontos do Rio, ele que depois ia ocupar toda a cidade, alastrar-se, subir e descer de morros.

É grande, longa e bela a história do carnaval de rua no Rio de Janeiro. Aos poucos, o carnaval não apenas se descentralizou como usou todos os meios de transporte, fazendo com que tudo compartilhe da folia. Em 1896, os mascarados invadiram os bondes que até hoje continuam veículos muito amados pelos carnavalescos pobres. A viagem é sempre longa, mais barata que a de outros meios de transporte e nela canta-se, brinca-se, namora-se, enquanto a pobre campainha sofre e condutor e motorneiro reclamam. Durante muitos carnavais, os passageiros do bonde Fábrica, que saía do ponto inicial às 7h15min, realizavam renhidas batalhas de serpentinas e confetes. O bonde ia e voltava na “peleja”. Em 1926, até o bonde do Leme entrava no folguedo. Os moradores dali, famílias elegantes, segundo contam os jornais da época, alugavam quatro bondes que, em certo dia carnavalesco, saíam da bela praia para a cidade e a ela voltavam com os foliões. Nessa batalha do bonde do Leme havia farta distribuição de chocolates para as moças e prêmios para os mascarados mais espirituosos. Enquanto os moradores da Zona Norte invadiam os bondes para as batalhas de confete, os moradores do Leme podiam alugá-los. Até nos carnavalescos se encontra a diferença da sorte.

A batalha do bonde do Caju-Retiro foi até registrada em samba; outro bonde de memória carnavalesca é o da Ponta do Caju. Depois dos bondes — mesmo no tempo em que eram puxados a burros — os carnavalescos da rua tomaram conta dos trens, se bem que tivessem conseguido apenas uma grande batalha, no trem que partia da Penhas às 6h55min. Mas brincar mesmo, só podiam nos carros da segunda classe. Por uma dessas ironias do destino, o cordão, promotor dessa batalha num pobre trem de subúrbio, chamava-se Homens de Dinheiro.

Desde que o carnaval existe e dele é dona absoluta esta cidade hoje Guanabara, os carnavalescos da rua escolheram aqueles que melhor lhes parecia. Depois da rua do Ouvidor, quando em 1907 surgiu a avenida Central, o carnavalesco exultou. Agora sim, ia ter espaço para pular. E mesmo que a avenida não fosse como a de hoje, já era uma área maior e mais bela. Foram os foliões que inauguraram, antes da inauguração oficial, a nossa bela avenida hoje Rio Branco. O prefeito Pereira Passos abria a cidade; surgiam jardins, praças, ruas outrora feias e sujas, tortas e estreitas, alargaram-se, foram limpas, tornaram-se retas e claras. Tudo parecia colaborar para a glória maior do carnaval. Em 1908, quinhentas mil pessoas vieram brincar o carnaval na avenida. Era o delírio.

A avenida Beira-Mar, da qual só fora inaugurada a parte correspondente à antiga praça de Botafogo, marcou o carnaval de 1906. Em 1909, a folia alastrou-se pelas ruas vizinhas da avenida Sete de Setembro, “longa rua do largo do Rocio ao largo do Poço”, Uruguaiana, avenida Passos, até a praça da República. Era um mundo em agitação: “gente que sobe, gente que desce, gente que se emaranha e confunde”. Em 1910, o carnaval localizava-se principalmente na Galeria Cruzeiro. Quem poderá esquecer os foliões da Cervejaria Brahma e do Bar Nacional?

Outras ruas tiveram um seguro destino carnavalesco: Santo Amaro, que durante muitos anos manteve o título de foliona, pois nela estavam localizadas nada menos do que cinco sociedades carnavalescas. Aliás, Santo Amaro foi, até a morte do High Life, uma rua que manteve a folia acesa. Mas, sem dúvida, nenhum ponto da cidade foi mais amado pelo carnavalesco da rua do que a praça Onze. Impossível separar o samba carnavalesco da praça Onze que, segundo alguns, lhe serviu de berço. Nascesse onde nascesse o samba, era na praça Onze que ele vinha alimentar seus súditos. Ainda está na memória de todos nós aquele que conta que vão acabar com a Praça Onze (e acabaram mesmo) e que é também um grande hino de despedida à praça do samba, praça sede, berço e mãe protetora de um novo tipo de carnaval: o do povo dos morros, das favelas, das escolas de samba.

Há também um samba declarando, e com toda razão, que a praça Onze não morreu e a prova é que ela se não mais existe, virou um símbolo. Está marcado pelo carnaval o lugar onde ela estava plantada. Ainda hoje, escolas de samba desfilam… na praça Onze.

O largo do Machado também teve sua época, isso em 1896, se bem que os jornais noticiassem que aquele carnaval era “de família”. Sabe-se bem que todo carnaval é de família, pois que durante o reinado de Momo todos parecem se entender, todos cantam, dançam, pulam, como se estivessem em família. E o que são os carnavalescos senão uma grande família?

O carnaval de rua, depois de ocupar os bondes, de tentar ocupar os trens, tomou conta dos automóveis com os grandes corsos que vinham da avenida Beira-Mar até a praça Mauá, com mulheres sentadas nas capotas de autos, com serpentinas indo e vindo, marcando o que então se chamava flirt, com esguichos de lança-perfume, gritinhos e sorrisinhos. Os pedestres colocavam-se ao longo do trajeto do corso e tomavam parte ativa e decidida nas batalhas de confete, serpentina e namoros.

Depois, os carnavalescos ocuparam o mar. Em 1926, apareciam os banhos de mar à fantasia, sem impedir que continuassem as batalhas de confete nas ruas. Confetes que vêm desde 1892 dando cor aos nossos carnavais. (Que beleza é a história do confete, saindo papelinho de Espanha, passando por Paris, mas vindo alojar-se definitivamente nesta cidade). Havia batalhas de confete em ruas pobres e em ruas ricas, com grandes comissões de festejos onde se encontravam comendadores, coronéis, doutores. Batalhas de confete simples, por amor ao carnaval, e outras servindo para fins beneficentes e elegantes, com prêmios valiosos. A primeira grande batalha de confete organizada pelo jornal O País, na avenida Beira-Mar, foi uma beleza. Carros e mais carros desfilavam com dominós pretos, brancos, vermelhos, guardando incógnitos. Todos se fantasiavam; ninguém queria perder a alegria de brincar livremente o carnaval e, para tal, nada melhor do que uma fantasia de dominó com máscara de seda.

Outras, muitas outras batalhas de confete ficaram célebres: a da rua Haddock Lobo, a do boulevard em Vila Isabel, a célebre batalha de confete da rua Dona Zulmira.

O leitor(a) perguntará: — E hoje, de tudo isso, o que há? — Responderei: — Bom, naturalmente os tempos mudaram, duas guerras enlutaram e tornaram mais difícil a vida de nossa geração, além das constantes guerras frias. O mundo evoluiu, o progresso, a civilização, deu aos homens novas condições de vida e de luta, mas não se enganem: nosso carnaval de rua não morreu. Vejam, por exemplo, num domingo de carnaval, os bondes de Copacabana ou dos subúrbios. As batalhas continuam. Vejam os banhos de mar à fantasia, vejam as batalhas de confete, com suas novas características.

O carioca de hoje em dia, açoitado pela inflação, diverte-se como pode, se bem que muitos carnavalescos gastem, muitas vezes, no carnaval, mais do que podem. E fique claro: o que caracteriza um verdadeiro folião é que desde priscas eras até nossos dias, para se divertir, principalmente nos quatro dias, para pular, dançar, rir, beber e amar (verbos muito peculiares aos folguedos de Momo), ele jamais pensou em miséria, carestia, salário baixo, falta d’água e de conforto. Vende, empenha, toma emprestado, cava, dá golpes, mas brinca.

Hoje, várias ruas de Copacabana, como a Miguel Lemos, a Cinco de Julho, a Joaquim Nabuco e ultimamente a Constante Ramos, promovem carnaval de rua, com palanques para crianças. Na frente de uma casa de apartamentos, rapazes iluminam o trecho da rua, alugam uma orquestra, passam cordas para evitar a invasão de outros estranhos à rua e os bailes furam as noites com muita alegria e sambas cantados aos gritos.

O leitor(a), se for pessimista, continuará perguntando: — Por que não enche mais a avenida? — A resposta é assim: — Porque a cidade cresceu muito, as distâncias são longas, a condução é difícil e cara, os moradores do subúrbio preferem ficar nos seus bairros e neles promover o carnaval. Querem ver com os vossos olhos que a terra fria há de comer? Ide, num domingo de carnaval, a Madureira. Vede como há uma multidão agitada, pulando, cantando. O trem que serve aquele subúrbio também toma parte nos folguedos. Sobe e desce abarrotado de mascarados.

Eu aconselharia (e não sou de aconselhar) que aqueles que não acreditam no carnaval — o que significa não acreditar no povo carioca, pois o carnaval é a sua festa máxima — fossem ao subúrbio. Lá encontrarão um carnaval do passado, um carnaval simples e ingênuo, com mascarados de mãos dadas, com um ir e vir em torno de palanques e coretos armados, um carnaval alegre onde ainda há dominós, pierrôs, mortes.

* * *

O que sempre marcou o carnaval de rua foram as fantasias. O chamado “sujo” sempre existiu. No começo, até famílias se fantasiavam de “sujo” para sair dando trotes em amigos e conhecidos. Esse tipo de carnavalesco tem a idade do próprio carnaval. Não se pense que só se fantasia de “sujo” quem sai coberto de molambos, caras pintadas com papel de seda vermelho, homens vestidos de mulher e vice-versa. Não; a característica do “sujo” não é ser sujo mesmo, porém vestir qualquer coisa para esconder-se no anonimato: a casaca do papai, uma antiga roupa da vovó, também servem aos “sujos” que tiveram ou tem pai com casaca e a vovó viva ou morta porém com bonitas roupas. Esse tipo de carnavalesco existe ainda nos estados, onde grupos de famílias se organizam, tornam-se irreconhecíveis e promovem visitas provocando “assustados”, as festinhas familiares do Norte e do Nordeste, improvisadas mas sempre muito alegres.

Há outra espécie de “sujos” que continuam até hoje; em grande maioria, o que lhes dá a fantasia é a miséria, a falta de dinheiro para comprar qualquer coisa que o torne diferente do pacato cidadão que é, antes ou depois do carnaval. No passado, lá pelos oitocentos, o “sujo” chamava-se Zé Códea. Muito devem os cariocas a Zé Códea e aos “sujos” de todas as épocas. Lá vão eles, tocando pandeiros, algumas vezes um bumbo, cantando e pulando enquanto uma caixinha ou uma tampa de queijo é apresentada aos que assistem a suas passagens. Níqueis colhidos para o auxílio às cervejas.

Mas o que marcava os carnavais dos oitocentos era o diabinho. De tal maneira, que sem diabinho nem parecia haver carnaval. Os jornais ora protestavam; onde estão os diabinhos?, ora comemoravam: — Ontem, vimos mais de dez diabinhos. Vermelhos, com grande rabo reto, máscara animalesca de grandes chifres, na mão um tridente, eles eram o próprio carnaval. A fantasia de diabinho, segundo alguns autores, veio até 1920. Mas a partir de 1900, já a rua apresenta outros tipos além do grupo do Zé Pereira com seu zabumba, do diabão, do dominó, que tanto servia aos bailes como à rua. Já se encontravam os morcegos, os bebês, a pastorinha, os princés (que afinal é apenas um príncipe), o burro doutor, o palhaço, o marinheiro, o clóvis (que é clown), índios e aquela horrível figura da morte — uma caveira que toca uma campainha — até hoje tão do agrado dos carnavalescos.

Naturalmente, o dominó dos bailes e dos corsos não era o mesmo das ruas. Os primeiros exibiam-se em riqueza, os segundos em qualquer fazenda lisa. Como não havia nenhuma espécie de proibições aos carnavalescos, a rua dava muito padre, soldados, marinheiros, oficias do Exército ou da Guarda Nacional. E também os originais: um homem fantasiado de “inglês”; outro de “doutor”, montado num enorme cavalo, desfilou pela avenida, mas, segundo o cronista Efegê, entre as figuras carnavalescas de maior sucesso estava o “velho” que vinha à frente dos cordões, fazendo misérias. E cantando:

Eu sou o velho
Dizem todos…
Mas um velho folião
Não é de nenhum reumático
É de puxa… cordão

Não falemos das brigas entre cordões. Estamos aqui apenas para saudar as realizações do carnaval carioca de rua. Nos bailes, as fantasias cada vez mais luxuosas, nas ruas os “sujos” e as improvisações surgidas em cada ano através dos chamados “brinquedos”: bigodes postiços, barbas idem, o índio que até hoje parece liquidar com os espanadores da praça, tantas penas a fantasia exige, o “Pai João”. No Pai João havia o negro, enquanto o Zé Códea era o branco, naturalmente, o português pobre.

Blocos improvisados ou organizados e cordões foram de início os proporcionadores da grande alegria nas ruas, sem falar nos préstitos das grandes sociedades, onde até hoje o povo mais olha do que toma parte. Mas o carnaval de rua, como o grande carnaval carioca, tomou uma nova forma — melhor e mais bela — quando, segundo Almirante, nasceram em 1915-1916, as escolas de samba.

O que há hoje em dia como carnaval de rua? Tudo, modificado é claro, mas pobre, infelizmente, mas ainda há, mascarados e rara é a noite em que, a partir de dezembro, não se tem que correr à janela para ouvir e ver passar uma escola de samba ou um bloco que está ensaiando para os quatro dias. Ensaiando só? Não. Está já fazendo o seu carnaval. As músicas diferem, se bem que há outras que vêm do passado, ficando como que arraigadas ao corpo dos carnavalescos. Ao corpo e à memória.

* * *

Houve uma democratização no carnaval carioca. No começo, as senhoras “bem” não tomavam parte nas batalhas nem nos folguedos da rua do Ouvidor ou da avenida. Ficavam olhando das janelas enfeitadas ou brincando entrudo umas com as outras. As menos “bem” alugavam cadeiras nas calçadas para olhar. O tempo passou, o micróbio carnavalesco (é um micróbio, sem dúvida) tomou conta da cidade. Quando as senhoras começaram a invadir os bailes iam tão irreconhecíveis que — pensavam — com aquela fantasia estavam zelando e defendendo a dignidade da família. Hoje os bailes não exigem tanto; as “bem” e as “mal” não precisam esconder o rosto. O carnaval é para todos.

A rua é do povo e é o povo — que continua mais sofredor que ontem — sempre carnavalesco, realizando o seu carnaval, com sapatos ou tamancos, de “sujo” ou de camisa listrada, as morenas, de odaliscas, escurinhas, de cabeleiras brancas, a rua do povo continua o seu papel de servir carnavalescamente ao povo.

Um grande carnaval para vocês, leitores.

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Eneida. “A rua é do povo”. Revista Senhor. Rio de Janeiro, fevereiro de 1942

Eneida (Eneida Costa de Morais), jornalista e escritora, nasceu em Belém, PA, em 23/10/1904, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 27/4/1971. Com apenas 15 anos, foi secretária da revista literária A Semana, em Belém, e em 1929 lançou o livro de versos Terra verde.No mesmo ano, foi para o Rio de Janeiro, onde se radicou, tendo trabalhado em vários jornais cariocas (inclusive A Manhã, do barão de Itararé), fixando-se como cronista do Diário de Notícias, da década de 1950 até a morte. Conhecida como a maior foliã do Carnaval da cidade, criou o famoso Baile do Pierrô, realizado todos os anos em boates de Copacabana, aos quais compareciam os maiores artistas plásticos, escritores e cantores, todos fantasiados de pierrô.

segunda-feira, abril 15, 2013

José Roberto

José Roberto, cantor, iniciou a carreira em 1967, ano em que saiu de Salvador, sua terra natal. Com gravações pouco expressivas dessa época, somente no início da década de 70, é que ele ganhou popularidade nacional com hit de 71, Resolvi não te deixar, de Sérgio Reis.

Bem ao estilo Jovem Guarda, a gravação pode confundir alguns pela semelhança com a voz e o estilo de Jerry Adriani. Ainda em 71, emplacou outro sucesso, uma composição de Roberto Carlos, que agradaria ao público e reforçaria a sua popularidade, Tenho um amor melhor que o seu, provava o efeito (estilo) e a força, que a jovem guarda manteria nos primeiros anos da década de 70. A letra da música mantinha o romantismo e os acordes característicos que havia marcado a última metade da década de 60.

Fez sucesso com a música Lágrimas nos olhos. Com quase quarenta anos de carreira, lançou 27 trabalhos, entre LPs e CDs. Em Portugal, teve quatro compactos duplos que foram lançados na época da Jovem Guarda.

Pela vendagem dos discos, recebeu vários prêmios e troféus importantes do cenário artístico brasileiro. Participou de vários programas de televisão no eixo Rio-São Paulo. Além disso, foi muito aplaudido em shows realizados na Colômbia e no Paraguai.

José Roberto mora no Rio de Janeiro e continua cantando. Na sua carreira, gravou 27 discos e fez shows por todo o Brasil e em países da América Latina.

Fonte: http://www.nossajovemguarda.com.br/2012/11/cantor-jose-roberto-sucessos-na-jovem.html

domingo, abril 14, 2013

Gileno

Gileno (Gileno Osório Wanderley de Azevedo), cantor, compositor e guitarrista, nasceu em Natal, Rio Grande do Norte, em 25 de Abril de 1949, e é mais conhecido como Leno da famosa dupla vocal Leno e Lílian. Começou sua carreira musical durante a Jovem Guarda. Após participação em bandas, foi descoberto por produtores da antiga CBS (atual Sony BMG) e formou com Lílian Knapp a dupla Leno e Lilian, que emplacou sucessos como Pobre menina e Devolva-me.

Desentendimentos entre a dupla acarretaram em sua separação ainda no período da Jovem Guarda. Porém, antes, Leno já tinha lançado dois trabalhos solo em 1968 e 1969. Além disso, era fornecedor de músicas para diversos artistas da época, principalmente a banda carioca Renato e seus Blue Caps.

Em 1971, grava o primeiro disco gravado em 8 canais no Brasil, Vida e Obra de Johnny McCartney, que contou com a produção do até então desconhecido compositor baiano Raul Seixas e do cantor e compositor gaúcho Luís Vagner, além da colaboração do letrista Arnaldo Brandão. Porém, na época foi lançado apenas um compacto duplo com quatro canções do álbum, e o álbum completo viria a ser lançado apenas em 1995.

Em 1972, reuniu-se com Lílian e retomaram a dupla, mas sem o brilho de outrora.

Em 1976, lança Meu nome é Gileno, com músicas próprias (como a regravação de "Grilo City", do disco de 1971) e regravações como Luar do Sertão (do poeta Catulo da Paixão Cearense) e Me deixe mudo, do compositor e músico experimentalista Walter Franco.

Nos anos 80, ficou na ativa, lançando alguns discos. Nos anos 90, participou de uma série de homenagens feitas à Jovem Guarda, ao lado de outros grandes nomes do movimento como Jerry Adriani, Wanderléa e sua ex-parceira Lílian, com quem mantém relação amistosa até hoje.

Atualmente, continua dedicado à música, tendo lançado um DVD comemorativo de seus anos de estrada.

Discografia
Leno e Lilian

1966 - Devolva-me / Pobre Menina - Compacto simples
1966 - Leno e Lilian - Compacto duplo
1967 - Está Pra Nascer / Não Vai Passar - Compacto simples
1967 - Coisinha Estúpida / Um Novo Amor Surgirá - Compacto simples
1967 - Leno e Lilian - Vol. II - Compacto duplo
1967 - Não Acredito - Compacto duplo
1968 - Não Acredito - Vol. II - Compacto duplo

Coletâneas

1966 - As 14 Mais - Vol. XVIII (06 Devolva-me e 13 Pobre Menina)
1967 - As 14 Mais - Vol. XIX (03 Está pra Nascer e 12 Não Vai Passar)
1967 - As 14 Mais - Vol. XX (03 Não Acredito e 12 Parem Tudo)

Carreira solo

Estúdio

1968 - Leno
1970 - A Festa dos Seus 15 Anos
1976 - Meu Nome É Gileno
1981 - Encontros No Tempo
1990 - Coração Adolescente
1995 - Vida e Obra de Johnny McCartney
2006 - Idade Mídia
2010 - Canções com Raulzito

Ao vivo

2000 - Coisas Que a Gente Viveu

Compactos

1968 - A Pobreza / Me Deixe em Paz
1970 - A Última Vez Que Eu Vi Rozane / É Bom Estar em Natal mais Uma Vez
1970 - Sha-la-la / Corina, Corina
1974 - Flores Mortas / Rock Baby Rock
1983 - Quero Amanhecer com Você / Com Muito Prazer
1984 - Rosa de Maio / Sonho Tropical

Compactos duplos (EP)

1971 - Lady Babel / Convite para Ângela / Johnny McCartney / Peguei Uma Apollo

Coletâneas

1988 - O Melhor de Leno 1974-1988
1995 - Aquelas Canções - Antologia 1968-1970

Tributos

1991 - Brasil - Jovem Guarda
1995 - 30 Anos de Jovem Guarda - Vol 2 (Ritmo de Chuva)
1995 - 30 Anos de Jovem Guarda - Vol 4 (A Pobreza)
2002 - O Pulo do Negro Gato (01 Negro Gato e 11 Esqueça e Perdoe)
2005 - Jovem Guarda para Sempre (01 Momentos Inesquecíveis, 05 Pobre Menina, 06 Devolva-me, 07 Veja Se Me Esquece e 14 Era um Garoto Que Como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones)

Grupo Matéria Prima

1973 - Sessão de Rock

Fonte: Wikipédia.

domingo, abril 07, 2013

Waldirene

Waldirene (Anabel Fraracchio), cantora, nasceu em São Paulo, SP, em 24/9/1948. Começou a se apresentar com a família aos oito anos de idade. Ficou conhecida como "A garota do Roberto".

Começou a carreira se apresentando sozinha em 1966, cantando em clubes como Santa Mônica, Congregação Israelita e Hípica Paulista, todos em São Paulo. Foi atração do programa Sílvio Santos.

Foi lançada por Ademar Dutra como a "mais promissora artista da nova safra da Jovem Guarda" e logo em seguida contratada pela RCA Victor, quando gravou em 1966 seu primeiro disco, um compacto simples com Eu te amo, tu me amas.

Em 1967, gravou Garota do Roberto, seu maior sucesso, de Carlos Imperial e Eduardo Araújo, e Só vou gostar de quem gosta de mim, de Rossini Pinto. Foi em seguida convidada por Roberto Carlos e atuou no programa "Jovem Guarda" na TV Record, sendo anunciada carinhosamente por Roberto Carlos como "Garota papo firme". Gravou em uma coletânea a música Vem quente que eu estou fervendo, considerada uma ousadia na época. Seu terceiro compacto apresentou Tempestade em copo d'água, de Nilton César e Nem sei o que faço, de Roberto Correa.

Em 1968, lançou seu primeiro LP no qual destacaram-se as músicas Eu preciso de carinho e Dó ré mi, lançadas também em compacto simples. No final do mesmo ano, lançou outro compacto simples com Suas mãos e Torta de morangos.

Com o fim o programa "Jovem Guarda" e o declínio do movimento enveredou pela música romântica. Gravou alguns compactos e um LP pela Continental. Lançou ainda um LP pela Tapecar no início dos anos 1970. Na década de 1990, foi uma vez vencedora no Festival de Viña del Mar, no Chile.

Em 1995, quando das comemorações dos 30 anos da Jovem Guarda foi uma das artistas que mais atuou na criação e divulgação dos eventos comemorativos.

Em 2005, participou de diversos eventos e shows comemorativos dos 40 anos da Jovem Guarda, como o projeto "Festa de arromba- 40 anos da Jovem Guarda", apresentado durante todo o mês de agosto, noTeatro II do CCBB (Centro Cultural do Banco do Brasil), no Rio de Janeiro, passando também por Brasília e São Paulo, no qual fez dupla com Jerry Adriani, em temporada de 3 dias.

Discografia

(1966) Eu te amo, tu me amas • RCA • Compacto simples
(1967) Garota do Roberto / Só vou gostar de quem gosta de mim • RCA • Compacto simples
(1967) Eu gosto demais de você / Traços de amor / Meu benzinho / Volte meu bem • RCA • Compacto duplo
(1967) Tempestade em copo d'água / Nem sei o que faço • RCA • Compacto simples
(1968) Waldirene • RCA • LP
(1968) Eu preciso de carinho / Dó ré mi • RCA • Compacto simples
(1968) Suas mãos / Torta de morangos • RCA • Compacto simples
(1970) Waldirene • Tapecar • LP
   
Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB.

George Freedman


George Freedman, cantor e compositor, nasceu em Berlim, Alemanha, em 1940. Filho de pai alemão e mãe brasileira, ainda pequeno transferiu-se para o Brasil. Iniciou a carreira no final da década de 1950 cantando rocks, na sua maioria versões de hits estrangeiros.

Em 1959 gravou na Califórnia seu primeiro disco interpretando de sua autoria o rock balada Leninha e de Steve Rowlands, em versão de Fred Jorge, o rock calipso Hey, little baby. Nessa época fez apresentações constantes na TV Tupi de São Paulo. Todavia, só veio a obter alguma projeção pessoal a partir da explosão do movimento da Jovem Guarda.

Em 1960, obteve seu primeiro sucesso com Olhos cor do céu, versão de Pretty blue eyes. Em 1961 gravou pela Continental os rocks Advinhão e Inveja, de Baby Santiago. Em 1962 lançou compacto duplo com O jato, Canção do casamento, Good luck charm e Um beijinho só.

No mesmo ano lançou Multiplication, seu primeiro LP. Apresentou-se na TV Paulista no programa "Ritmos da juventude". Na mesma época apresentava-se com regularidade acompanhado do conjunto The Rebels na boate Lancaster na Rua Augusta em São Paulo. Em 1966 gravou Coisinha estúpida e Um grande amor.

Em 1968 lançou Quando me enamoro e Eu te amo. Em 1970, chegou a fazer dupla com Waldirene, lançando pela RCA Victor um compacto simples com as músicas Nosso amor e Você e eu. Com o declínio do movimento, saiu da cena artística.

George Freedman sofreu um A.V.C. no dia 30 de junho de 2012, enquanto cantava no palco do Restaurante “Botica do Quintana”, em São Paulo, durante apresentação com o grupo Rebaca Neife. Segundo o site "Nossa Jovem Guarda", estava se tratando e em recuperação, pois ficaram alguns problemas como a perda fácil do equilíbrio, cansaço e falta de ar, nada grave, mas ainda uma seqüela do A.V.C.

Obras

Mr. Z, O autógrafo, Ouça, Tudo o que eu sinto por você, Vai embora.

Discografia
(1959) Hey, little baby/Leninha • Califórnia • 78
(1960) O tempo e o mar/Olhos cor do céu • Polydor • 78
(1960) Volta/Só nós dois • Polydor • 78
(1960) Tinha que ser/O céu do teu olhar • Polydor • 78   
(1961) Adivinhão/Inveja • Continental • 78
(1961) Alguém igual a você/Inspiração • Continental • 78
(1962) O Madison/O jato • RGE • 78
(1962) George Freedman em compacto • RGE • Compacto Duplo
(1962) Multiplication • RGE • LP
(1962) Um beijinho só/Canção do casamento • RGE • 78
(1963) Eu o seguirei/Não brinque Sally • RGE • 78
(1966) Coisinha estúpida/Um grande amor / Tudo o que eu sinto por você / Nossa infância • RCA Victor • Compacto Duplo
(1967) George Freedman • RCA Victor • LP
(1968) Eu te amo/Quando me enamoro • RCA Victor • Compacto simples
(1971) Mater seculorum/Agora que te encontrei • RCA Victor • Compacto simples

Fontes: http://www.nossajovemguarda.com.br/2012/10/cantor-george-freedman-estamos-torcendo.html; Dicionário Cravo Albin da MPB.

Ed Carlos


Ed Carlos (Oscar Teixeira), cantor e compositor, nasceu em 3 de fevereiro de 1952, em Santo André, São Paulo. Iniciou a carreira ainda adolescente, em 1967.

Comenta-se que, na efervescência do Programa Jovem Guarda, o garoto era presença constante nos bastidores da TV Record e travou amizade com alguns artistas, entre os quais o "Rei" Roberto Carlos, que o apadrinhou para gravar seu primeiro disco, um compacto simples lançado pela Fermata com as músicas "Belinha", de Toquinho e Vitor Martins, e "Edifício de Carinho", de Roberto Carlos e Tom Gomes, conquistando rapidamente as paradas de sucesso.

O maior êxito viria no ano seguinte com outro single: "Estou Feliz", versão de Lilian Knapp para "Puppet On A String" e "Namoro de Bonecos", de João Carlos e Newton, canções incluídas em seu primeiro LP.

Com o sucesso alcançado, Ed Carlos logo foi convidado pela TV Bandeirantes para apresentar o programa Mini-Guarda, que permaneceu mais de um ano no ar. Pela atração, passaram Pepeu Gomes (na época integrante do Grupo Os Minos), Fábio Jr. e Enza Flori, entre outros.

Ao longo da carreira, que inclui a curiosa gravação de "Amante Latino" (sucesso de Sidney Magal), também se destaca o sucesso Roberto, Meu Amigão", uma homenagem ao padrinho artístico.

A carreira começou a se esvaziar nos anos 1980 e hoje o cantor é proprietário da churrascaria Restaurante Ed Carnes. O estabelecimento fica na Rua Teodoreto Souto, 292, no Bairro do Cambuci, em São Paulo.

Obras

Roberto, meu amigão

Discografia

(1968) Ed Carlos • CBS • LP
(1973) Ed Carlos • CBS • LP
(1974) Ed Carlos • CBS • LP
(1975) Juro que te amo • CBS • LP
(1979) Escuta amor/Roberto, meu amigão • CBS • Compacto simples
(1980) Quero ver você sorrir/Para ser feliz/Sede de viver/Canção • CBS • Compacto Duplo

Fonte: Jovem Guarda.