"Noel Rosa, o mais encyclopedista do nosso samba ha muito que por motivos imperiosos se afastára do microphone. Hoje, no emtanto, podemos dar à sua legião de fans uma nota acerca das actividades do "Socrates do samba". Passou hontem, a irradiar pela Radio Cajuti e com successo de sempre as composições que tão bem sabe compôr e interpretar." (Gazeta de Notícias, de 02/06/1935).
Noel Rosa, em mais uma charge do amigo e também grande compositor Antônio Nássara. Noel realmente era um filósofo em suas composições, não só nos seus sambas, como também nas marchinhas, junto com Lamartine Babo. Era o crítico genial da MPB do nosso Brasil dos anos 1930. E parece que esse "Brasil" não mudou muito em quase oitenta anos...
Cyrene Fagundes, cantora, nascida no Rio de Janeiro, no bairro carioca de Vila Isabel, fez curta carreira em São Paulo e no Rio, onde cantou sambas e marchas, principalmente. Abandonou a vida artística em 1935 depois de se casar.
Começou a atuar em 1932, apresentando-se ao microfone da Rádio Record de São Paulo, cantando com acompanhamento do maestro Martinez Grau o samba Passarinho, passarinho, sendo em seguida contratada com exclusividade pelo radialista César Ladeira devido ao agrado que sua voz teve para os ouvintes.
Em janeiro de 1933, foi contratada com exclusividade pela Rádio Cruzeiro do Sul de São Paulo, retornando depois para a Rádio Record. Nessas apresentações, interpretou entre outras composições, os sambas O nego no samba, de Ary Barroso, Marques Porto e Luiz Peixoto, Malandro, de André Filho, Carnaval tá aí, de Pixinguinha e Josué de Barros, e a marcha Moleque indigesto, de Lamartine Babo.
Em 1934, transferiu-se para o Rio de Janeiro e passou a cantar na Rádio Mayrink Veiga. Nesse ano, fez sucesso no carnaval com a marcha Toddy sendo tema de reportagem da revista O Malho.
Marcha Toddy (O Malho)
Participou também, juntamente com Moreira da Silva, Araci de Almeida, Luís Barbosa, Almirante e Madelou Assis de festival musical no Teatro João Caetano apresentando as músicas classificadas no concurso carnavalesco da revista O Malho. Nessa ocasião, cantou a marcha Toddy, vencedora do concurso da revista O Malho.
Ainda em 1934, gravou pela Odeon aquele que seria seu único registro fonográfico com marcha-junina Solta o balão, de Sátiro de Melo e Djalma Ferreira, e o samba Enquanto eu viver, de Sátiro de Melo, com acompanhamento da Orquestra Odeon.
Em 1935, concedeu entrevista ao jornal Gazeta de Notícias que assim se referiu a seu respeito: "Pequena, viva e inteligente, olhos verdes como o mar nas praias do Flamengo, onde o sol lhe tosia todos os dias, a pele morena de brasileira de verdade". No mesmo ano, passou a atuar na Rádio Ipanema.
Ainda em 1935, casou-se e se afastou da carreira artística.
Discografia
1934 Solta o balão/Enquanto eu viver Odeon 11128 78
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Fontes: Dicionário da MPB; http://www.musicapopular.org/cyrene-fagundes; Revista "O Malho", de 18/01/1934 e 15/02/1934.
Paulo Werneck (Paulo de Frontin Werneck), cantor e compositor, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 29 de setembro de 1918 e faleceu, na mesma cidade em 4 de outubro de 2001. Teve curta carreira artística, num momento em que a carreira de cantor ou compositor ainda engatinhava na profissionalização.
Iniciou a carreira artística no começo da década de 1930, apresentando-se em programas de Rádio. Em 1932, gravou pela Victor com acompanhamento do Grupo da Guarda Velha os sambas A neném é do amor, de J. Machado, e Meu coração está magoado, de sua autoria.
Em 1934, gravou na Odeon em dueto com João Petra de Barros, com acompanhamento da Orquestra Odeon, a marcha Noiva do meu coração e o samba Menina bonita, ambas de sua autoria.
Em 1935, seu samba Foi assim que morreu o nosso amor foi gravado na Odeon pelo cantor Mário Reis.
Em 1936, gravou em dueto com Aurora Miranda e acompanhamento do Grupo Odeon a marcha Janjão e Zabé, de Ary Barroso e Paulo Roberto, e o samba Minha existência está finando, de sua autoria e Lauro dos Santos Werneck. Nesse ano, seu samba Rancor, com A. Rocha, foi gravado em dueto por Carmen Miranda e Aurora Miranda na Odeon.
Durante os anos 40 e 50, segundo informações de um familiar, permaneceu trabalhando com o meio artístico musical em São Paulo, sendo um dos donos da legendária Boate Oásis, no subsolo do edifício Esther.
Em 2003, sua interpretação do samba Janjão e Zabé, de Ary Barroso e Paulo Roberto, em dueto com Aurora Miranda, foi incluída no volume 2 da coleção Nossa homenagem Ary Barroso 100 anos, lançada pelo selo Revivendo em homenagem ao centenário de nascimento de Ary Barroso.
De curta carreira, assim foi definido na revista O Malho pelo jornalista e compositor Osvaldo Santiago: "Os sambistas são tidos geralmente como sujeitos mal vestidos e mal encarados. Na realidade, porém, a classe está cada vez mais limpa e elegante. Paulo de Frontin Werneck, cantor e autor de sambas românticos, é o moço alinhado que o clichê indica. Ele acaba de gravar por Mário Reis o samba "Quando meu amor morreu", uma peça digna do êxito que está obtendo".
Cantor e autor
"Neto de conde, do conde de quem herdou o nome, Paulo de Frontin Werneck constitue, entre os elementos excessivamente democraticos do nosso broadcasting, um excepção de bom sangue e de boa educação. É um cantor de linha e um auctor de elite, apesar de actuar no genero predilcto das grandes massas do nosso publico, que é o samba, a marchinha, o fox-trot, a valsa e cousas assim. Paulo de Frontin Werneck começou, como inteprete, no programa "Horas do Outro Mundo", que Renato Murce transmittia na Philips. E hoje já conta com uma legião de admiradores e admiradoras, estas, naturalmente, em muito maior numero, o que causa inveja a muito medalhão do radio carioca... Como auctor, são varias as suas composições, salientando-se as que estão na ordem do dia carnavalesco: - "Menina bonita". samba, e "Noiva do meu coração", marcha, ambas gravadas por João Petra de Barros e elle proprio" (O Malho, 31/01/1935).
Obras
Foi assim que morreu o nosso amor, Menina bonita, Meu coração está magoado, Minha existência está finando (c/ Lauro dos Santos Werneck), Noiva do meu coração, Rancor (c/ A. Rocha).
Playlist
Discografia
1932 A neném é do amor/Meu coração está magoado • Victor • 78
1934 Noiva do meu coração/Menina bonita • Odeon • 78
1936 Janjão e Zabé/Minha existência está finando • Odeon • 78
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Fontes: Dicionário Cravo Albin da MPB; Revista "O Malho"