Baptista Júnior alcançou em nossos meios artísticos, grande prestígio e admiração. Especialmente no ambiente da ribalta a popularidade que desfrutou esse grande artista foi quase sem precedente. Iniciou sua difícil arte de fazer rir nos palcos de São Paulo, de onde o seu nome propagou-se com rapidez pelo Brasil inteiro. Foi considerado o maior ventríloquo do Brasil, conquistando em diversos concursos medalhas e diplomas de honra.
João Baptista de Oliveira Júnior, cantor, ventríloquo, comediante e compositor, nasceu em São Paulo, SP, em 15/01/1894, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 24/5/1943. Pai das cantoras Linda e Dircinha Batista, era casado com D. Emília Grandino de Oliveira, de tradicional família paulista e conhecida no meio artístico como D. Neném, com quem teve três filhas. Transferiu-se com a família para o Rio de Janeiro na década de 1920, em busca de melhores condições de trabalho, morando no bairro carioca do Catete.
Trabalhou como comediante, ventríloquo (imitava mais de 22 vozes sem abrir os lábios) e cançonetista. Conseguia a atuar com 18 bonecos e fazer as vozes para todos. Atuou no rádio, teatro e cinema e foi autor de várias cançonetas, cenas cômicas, lundus, valsas e sambas, muitos deles gravados pela Odeon e Columbia.
Gravou mais de 25 discos nos anos 1920 e 1930. Começou fazendo um tipo caipira. Seu primeiro disco foi Quadrilha do pé espaiado e o lundu Porque me enganou, numa fase em que a indústria de discos dava muita ênfase nas gravações de cômicos e cançonetistas, como Bahiano, Eduardo das Neves e outros.
Em 1928 gravou pela Odeon o samba Um adeus por despedida, de José Francisco de Freitas, além da cançoneta Chic-chic e a marcha Não vai chorar, de sua autoria.
Em 1929, foi contratado pela Columbia, estreando com uma série de três discos, que incluíam entre outras composições de sua autoria, a valsa Convencida, a toada Chuvinha e a cançoneta Futebol, uma das pioneiras a tratar do assunto. Nesse mesmo período, gravou diversas composições com motivos sertanejos como a prosa sertaneja Ó de casa e a canção sertaneja Mágoas de carreiro, ambas de sua autoria.
Em 1930, gravou as cenas cômicas Casamento na roça; Hotel dos viajantes e Na quitanda. No mesmo ano, gravou de Sátiro de Melo o cateretê Rela coco e a embolada Sacode a saia, caboca!. No mesmo ano, sua filha Dircinha Batista, então com oito anos de idade, iniciou-se na vida artísitca lançando um disco com duas composições de sua autoria, Borboleta azul e a a canção Dircinha.
Em 1931, gravou as canções cômicas Reflexos de um concurso de beleza e Apuros do chorão no dentista, de sua autoria. Nesse mesmo ano, participou do primeiro filme sonoro nacional, o Coisas nossas, produzido por Wallace Downey.
Em 1934, gravou na Odeon de sua autoria a cena cômica Infantilidade e a embolada Sururu.
Em 1936, retornou para a Columbia onde lançou mais dois discos com, entre outras, a Quadrilha da família chorão.
Teve importante papel na introdução de suas filhas, Linda e Dircinha, na carreira artística.
Batista Júnior e seus bonecos, com suas filhas Linda e Dircinha (Revista da Semana, de 17/4/1937) |
Obra
A aldeiazinha, A boiada, A feira, A minha vida é viajar, A roseira, Adeus Momo, Agonizando, Apuros do chorão no dentista, Borboleta azul, Casamento na roça, Chic-chic, Chuvinha, Ciganinha, Convencida, El adios final, El collar, Futebol, Geraldo aviador, Hotel dos viajantes, Infantilidade, Infeliz nos amores, Jaboti, jatobá, Linda loira, Linda morena, Mágoas de carreiro, Marcha dos caixeiros viajantes, Me quieres matar, Miss Brasil, Monólogo caipira, Na delegacia, Na quitanda, Não estou embriagado, Não vai chorar, O barbeiro do arrabalde, O chorão, Ó de casa!, O professor de canto, O relógio carrilon, P. R. C...bola, Pai João, Passadas as eleições, Pinta meu bem, Porque sonhar?, Problemas dos empregados, Quadrilha da família Chorão, Quadrilha do pé espaiado, Reflexos do concurso de beleza, Rugidos da mata virgem, Saudades da minha infância, Sogra versus genro, Sonhei, Sururu, Te conheço Simplício, Trem Cruzeiro, Uma festa de São João na roça, Vancê já foi, Vasco X Corintians, Visita de um caipira paulista.
Playlist
Discografia
1918 Monólogo caipira • Phoenix • 78
1918 Visita de um caipira paulista • Phoenix • 78
1921 Quadrilha do pé espaiado • Odeon • 78
1921 Porque me enganou • Odeon • 78
1921 Linda morena • Odeon • 78
1921 Linda loira • Odeon • 78
1921 O espelho e a mulher • Odeon • 78
1921 A gauchada • Odeon • 78
1921 A roseira • Odeon • 78
1921 Porque sonhar? • Odeon • 78
1928 Independência/Um adeus por despedida • Odeon • 78
1928 Chic-chic/Não vai chorar • Odeon • 78
1928 Jaboti, jatobá/Borboleta azul • Odeon • 78
1929 Convencida/Saudades de minha infância • Columbia • 78
1929 O relógio carrilon/Pinta, meu bem • Columbia • 78
1929 Futebol/Chuvinha • Columbia • 78
1929 Me quieres matar/A feira • Columbia • 78
1929 El collar/El adios final • Columbia • 78
1929 Constantinopla/Adeus Momo • Columbia • 78
1929 Não estou embriagado/Ó de casa! • Columbia • 78
1929 Mágoas de carreiro/Uma festa de São João na roça • Columbia • 78
1929 Infeliz nos amores/Ciganinha • Columbia • 78
1929 Vancê já foi/Miss Brasil • Columbia • 78
1929 Vasco x Corinthians/A aldeiazinha • Columbia • 78
1929 Problemas dos empregados/Sonhei • Columbia • 78
1929 Sogra versus genro/Linda morena • Columbia • 78
1930 Na quitanda/Rugidos da mata virgem • Columbia • 78
1930 Casamento na roça/Hotel dos viajantes • Columbia • 78
1930 Pai João/Quadrilha do pé espaiado • Columbia • 78
1930 Linda loira/Passadas as eleições • Columbia • 78
1930 O chorão/Agonizando • Columbia • 78
1930 Te conheço Simplício/Trem Cruzeiro • Columbia • 78
1930 O professor de canto/Marcha dos caixeiros viajantes • Columbia • 78
1930 Rela coco/Sacode a saia, caboca! • Columbia • 78
1931 Reflexos do concurso de beleza/Apuros do chorão dentista • Columbia • 78
1931 A boiada/O barbeiro do arrabalde • Columbia • 78
1934 Infantilidade/Sururu • Odeon • 78
1936 Quadrilha da família chorão/P.R.C...bola • Columbia • 78
1936 A minha vida é viajar/Na delegacia • Columbia • 78
______________________________________________________________________
Fontes: Revista da Semana, de 17/04/1937; Dicionário Cravo Albin da MPB; officinadosradios.blogspot.com.