Filho do maestro Luís Perrone e da pianista Noêmia Perrone, aos 9 anos experimentou um momento de glória, ao ser o único menino a contracenar com o famoso tenor italiano Enrico Caruso quando este veio ao Brasil, em 1917.
No ano seguinte abandonou os estudos de bel canto por causa da morte do pai, vítima da epidemia de gripe espanhola no Rio de Janeiro.
Em 1922 trabalhou na dublagem do filme O Garoto, de Charlie Chaplin, interpretando Jackie Coogan ao vivo nas sessões do cine Odeon. Nesta mesma ocasião substituiu o baterista da orquestra do cinema, produzindo efeitos sonoros, e passou a atuar como percussionista e baterista.
Em 1924, ao atuar em bailes acompanhando pianistas de renome, como Osvaldo Cardoso de Menezes, seu prestígio aumentou muito e, a partir daí, percorreu diversos cinemas e teatros, tocando em variadas orquestras e jazz-bands.
Notabilizou-se em 1927, quando inovou na batida de samba, em gravações da Odeon com a orquestra de Simon Bountman. A partir de então, construiu uma sólida carreira como baterista.
Em 1929, atuando no Cassino Éden, em Lambari, MG, conheceu Radamés Gnattali, de quem se tornou amigo e com quem tocaria por toda a vida. Alguns anos depois o maestro, inclusive, lhe dedicou duas peças: Samba em três andamentos e Bate-papo a três vozes, onde a bateria de Luciano teve lugar de destaque como solista.
No dia 12 de setembro de 1936 participou do programa inaugural da Rádio Nacional e passou a integrar as diversas orquestras e conjuntos da emissora. Texto publicado na revista Carioca, em outubro desse mesmo ano, diz ter sido Perrone “o primeiro a oferecer ao público um concerto de bateria, o que aconteceu na Rádio Cajuti, e ter sido o primeiro a gravar este instrumento em discos”. E conclui: “Sonha ele com uma orquestra bem organizada e bem ensaiada, que possa levar ao mundo, em interpretações perfeitas, a magnitude da nossa melodia e a riqueza incomparável dos nossos ritmos...”.
Em 1939 participou da histórica gravação de Aquarela do Brasil , na voz de Francisco Alves e arranjo de Radamés Gnattali. A essa altura, Luciano Perrone se tornara o dono da bateria no Brasil. Uma legenda de fotografia publicada em uma revista da época diz: “Luciano Perrone é, sem favor, o mais completo "bateria" do nosso broadcasting. Homem dos sete instrumentos, dispondo de uma agilidade extraordinária, as suas atuações constituem um verdadeiro espetáculo".
Em 1960, com Radamés e Aída Gnattali, Edu da Gaita, Chiquinho do Acordeon, José Menezes, Vidal e Luis Bandeira, integrou a 3ª Caravana Oficial da Música Popular Brasileira, que excursionou pela Europa, apresentando-se em Portugal, França, Inglaterra e Itália. Nessa excursão, segundo Ary Vasconcellos “o baterista brasileiro recebe as melhores referências da imprensa e da crítica do Velho Mundo, às quais a vibração das plateias diante dos nossos ritmos parece ter-se comunicado”.
Em 1963 lançou o disco Batucada Fantástica acompanhado pelo conjunto Ritmistas Brasileiros, com exemplos percussivos de diversos ritmos brasileiros, como maracatu, baião, maxixe, afoxé e, claro, samba. Tocou nas rádios Nacional e MEC e foi timpanista da Orquestra Sinfônica Nacional, além de integrante da Orquestra Radamés Gnattali e do Sexteto Radamés Gnattali.
Aposentou-se em 1968, mas ainda em 1972 gravou Batucada Fantástica Vol. 3.
Discografia
1932 Pedaço por ti • Columbia • 78
1932 Meu sabiá/Um beijo só • Columbia • 78
1932 Alvorada/O vendedor de pipoca • Columbia • 78
1955 A voz do morro/Sorriu pra mim • Continental • 78
1956 Faceira/Bate papo a três vozes • Continental • 78
1967 Batucada fantástica • Musidisc • LP
1972 Batucada fantástica, volume 3 • Musidisc • LP
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Fontes: Clique Music; Agenda do Samba & Choro.