quarta-feira, abril 12, 2006

Marchinhas de Carnaval


O samba, gênero musical que data bem antes de 1916, ano da gravação de Pelo telefone, de Donga, passou a ser sinônimo de Brasil. Mas na disputa entre os dois gêneros, o samba e a marchinha, durante bom tempo, ao menos na época do carnaval, o segundo reinou soberano nos salões de baile.

Por isso, contar a história das marchinhas é, de certa forma, narrar a história do Carnaval. Por baixo do pó-de-arroz, as marchinhas faziam sucesso desde os primeiros anos do século. Espécie de embrião das escolas de samba, os cordões de foliões agitavam as ruas do Rio de Janeiro. E nas festas, eles cantavam e tocavam marchinhas.

A fórmula de sucesso era razoavelmente fácil: compasso binário, como a marcha militar, andamentos acelerados, melodias simples e de forte apelo popular, e lógico, letras irônicas, sensuais e engraçadas. As letras, aliás, agradavam demais os foliões.

Muitas delas continuam atuais. Crônicas urbanas, elas tratam normalmente de temas cotidianos. Histórias do dia-a-dia dos subúrbios cariocas. Por muitas vezes, tinham conotação política. O ambíguo, o duplo-sentido, era muito explorado. Uma forma de dar leveza a temas que não eram assim tão "leves". "Elas têm uma vertente jornalística. Por exemplo, foram feitas marchinhas para Hitler, para as duas fases do Getúlio Vargas, a do Estado Novo e a de sua volta nos braços do povo.", explica Omar Jubran, vencedor do Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte.

As marchinhas de carnaval tiveram seu auge nos anos 30, 40 e 50. Depois delas, muito foi produzido, pouco aproveitado. Algo que perdura até os nosso tempos: muita quantidade, pouca qualidade. Jubran arrisca uma explicação: "O apogeu do gênero está relacionado à popularização do disco e do rádio." Nomes como Almirante, Mário Reis, Dalva de Oliveira, Sílvio Caldas e Carmen Miranda, os grandes cantores da época, gravaram marchinhas e com elas venceram muitos carnavais.

Os principais compositores, que escreveram aclamadas músicas de festa, foram Noel Rosa, João de Barro (pseudônimo de Braguinha), Lamartine Babo e Ary Barroso.

Entre as muitas músicas, que até hoje estão no imaginário popular brasileiro, vale destacar Touradas em Madri, de João de Barro e Alberto Ribeiro, composta para a Guerra Civil Espanhola, que teve início em 1936; Chiquita Bacana, de João de Barro e Alberto Ribeiro, lançada em 1949, era uma interpretação muito particular do existencialismo, mas que não se referia propriamente às idéias de Jean-Paul Sartre.

Também seria impossível não lembrar de O teu cabelo não nega, dos Irmãos Valença e de Lamartine Babo, de 1932; Mamãe eu quero, de Jararaca e Vicente Paiva, de 1937, que levada por Carmem Miranda aos Estados Unidos chegou a ser gravada por Bing Crosby; Allah-la-ô, de Haroldo Lobo e Antônio Nássara, sucesso de 1941; e Yes, nós temos bananas, de João de Barro e Alberto Ribeiro, destaque de 1938 que trazia uma crítica bem-humorada à empáfia dos norte-americanos.

Dos anos 60 em diante as marchinhas começaram a perder espaço para os sambas-enredo. As escolas de samba, agremiações de grandes sambistas, começavam a ditar quais eram os sucessos. Alguns compositores, como Chico Buarque, se arriscaram a escrever as suas marchinhas. Caetano Veloso também se arriscou, mas flertou com outro gênero, o frevo, que anima em Pernambuco, tal qual as marchinhas no Rio de Janeiro, a festa de carnaval. Mas ficou nisso.

Nos anos 80 algumas regravações chegaram a fazer sucesso, como Balancê, de João de Barro e Alberto Ribeiro – talvez a maior dupla de compositores de marchinhas -, lançada por Gal Costa em 1980 e Sassaricando, de Luís Antônio, Jota Júnior e Oldemar Magalhães, gravada por Rita Lee para a trilha sonora da novela Ti, Ti, Ti.... Mas era muito pouco para um País que somente em 1952 produziu cerca de 400 músicas de carnaval, a maioria delas marchinhas alegres e divertidas.

As marchinhas lindas:


Mais marchinhas (e sambas carnavalescos) nas músicas de João de Barro, o nosso Braguinha:


O inesquecível Lalá, Lamartine Babo tem um monte de marchinhas em algumas das canções abaixo:


































































Fontes: História do Samba; História do Samba em Fascículos - Editora Globo.

Lula Freire

Lula Freire (Luís Fernando de Oliveira Freire), compositor, nasceu no Rio de Janeiro RJ em 25/9/1938. Industrial, começou a interessar-se por música na época do surgimento da bossa nova, em 1959. 


Sua primeira letra foi feita para uma melodia de Chico Feitosa, Passarinho, gravada por Sérgio Ricardo, na Odeon, ainda em fins de 1959.

Compôs a letra para diversas músicas, como Moça flor (com Durval Ferreira), Resolução (com Edu Lobo), Lenda (com Marcos Vale), Feitinha pro poeta (com Baden Powell), Amanhecendo (com Roberto Menescal) .

Em 1962 foi eleito deputado federal pelo Maranhão e quatro anos depois sua composição Cidade vazia (com Baden Powell) obteve o quarto lugar no FNMP da TV Excelsior de São Paulo.

Obras

Amanhecendo (c/Roberto Menescal), samba, 1964; Cidade vazia (c/Baden Powell), 1966; Feitinha pro poeta (c/Baden Powell), samba, 1965; Moça da praia (c/Roberto Menescal), samba, 1964; Moça-flor (c/Durval Ferreira), 1974; Noite de paz (c/Roberto Menescal), samba-canção, 1964.

Veja também



Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira, São Paulo, Art Ed.

Lucho Gatica


O cantor chileno Lucho Gatica, que foi coroado na década de 1950 como ''El Rey del Bolero" por seu estilo renovador de interpretação chega hoje aos 72 anos de idade. Gatica começou sua longa carreira de êxitos em seu país natal há mais de meio século, na cidade de Rancagua, ao sul de Santiago, em 11 de agosto de 1928.

Das composições que o fizeram famoso em todo o continente, destacam-se: Contigo en la distancia, El reloj, Historia de un amor, La barca, La puerta, e No me platiques.

Gatica, radicado no México, continua cantando, mas a voz que deixou gravada no acetato já não é mais a mesma. De qualquer forma, nos lugares onde se apresenta se enchem de admiradores incondicionais que não tiveram oportunidade de vê-lo pessoalmente na sua melhor forma, na época dourada e já desaparecida do bolero. Pero Lucho Gatica ¡Sigue siendo el rey! (Mas Lucho Gatica segue sendo o rei!).

Algumas canções cifradas e letras

Angustia

Ansiedad

Bésame Mucho

Contigo en la Distancia

Desvelo de Amor

El Reloj

Encadenados

Espérame en el Cielo

Frenesí

Hasta Siempre

Historia de Un Amor

La Barca

La Mentira

La Puerta

Las Muchachas de la Plaza España

Miénteme

No Me Platiques

No Puedo Ser Feliz

Piel Canela

Quizás, Quizás, Quizás

Sabor a Mí

Sabrá Dios

Si Me Comprendieras

Sinceridad

Solamente Una Vez

Somos

Tú Me Acostumbraste

Voy a apagar la luz


Acesse aqui a relação de compositores e intérpretes de bolero

Bolero: Letras, Cifras e Músicas

Saiba sobre as origens do bolero


Fonte: La Cuarta - Grandes Voces. Tradução: Everaldo J Santos.

Leno e Lílian

Leno e Lílian. Dupla vocal formada por Lílian (Sílvia Lília Barrie Knapp, Rio de Janeiro RJ 1948-) e Leno (Gileno Osório Wanderley de Azevedo, Natal RN 1949-). 

A cantora, compositora e modelo Lílian começou a se apresentar com sucesso ao lado do compositor Leno durante a década de 1960, no programa Jovem Guarda, da TV Record, de São Paulo SP, gravando pela CBS em 1966 o compacto simples Devolva-me (Lílian e Renato Barros), além de Pobre menina (Russell, versão de Leno), seu primeiro sucesso. 

Nesse mesmo ano a dupla gravou o LP Leno e Lílian (CBS), incluindo Devolva-me, Pobre menina e ainda Eu não sabia que você existia (Renato Barros e Tony), gravando no ano seguinte o LP Não acredito, que apresentou, entre outros, Não acredito (Neil Diamond, versão de Rossini Pinto), e Coisinha estúpida (Carson Parks, versão de Leno).

A dupla se apresentou em rádios, televisões e shows em todo o país, dissolvendo-se em 1968, passando os cantores a atuar individualmente, quando Leno gravou o LP Leno (CBS), que incluía, de Renato Barros, Papel picado e A pobreza.

No ano seguinte, gravou A festa dos seus quinze anos (CBS), incluindo, além da faixa-título (Ed Wilson), E quando você me deixou (Pedro Paulo e Getúlio Cortes).

Em 1972 a dupla voltou a gravar na CBS, realizando o LP Leno e Lílian, que incluía, entre outros, Deus é quem Sabe (Raul Seixas) e Esqueça e perdoe (Getúlio Cortes), gravando no ano seguinte o segundo Leno e Lílian, com Mesmo sem luar (Charden) e Amantes de verão (Ramírez), ambas versões de Fred Jorge.

Em 1995 participaram dos shows e discos comemorativos dos 30 anos da Jovem Guarda. Continuam se apresentando, em dupla ou separadamente, em shows e gravações ocasionais.

Veja também



Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.

Leila Pinheiro


Leila Pinheiro, cantora, nasceu em Belém PA, em 16/10/1960. Começou seus estudos de piano em 1970, no Instituto de Iniciação Musical, em sua cidade natal, prosseguindo-os, a partir de 1974, com o músico paraense Guilherme Coutinho. Estreou como cantora em 1970, no show Sinal de partida, no Teatro da Paz, de Belém.


Em 1981 mudou-se para o Rio de Janeiro RJ e gravou de forma independente seu primeiro disco, Leila Pinheiro, lançado em 1983. Dois anos depois, defendeu a canção Verde (Eduardo Gudin e José Carlos Costa Neto) no Festival dos Festivais da TV Globo, garantindo o terceiro lugar e o prêmio de cantora revelação.

Em 1986 foi contratada pela Polygram e gravou o disco Olho nu, com participação do guitarrista norte-americano Pat Metheny. Representou o Brasil no Festival Mundial Yamaha, no Japão, sendo premiada como melhor intérprete.

Em 1987 recebeu da Associação Brasileira de Produtores de Disco o Troféu Villa-Lobos, como revelação feminina do ano. Lançou seu terceiro disco em 1988, Alma, pela Polygram.

Em 1989 foi convidada por Roberto Menescal para ser a intérprete de um disco em comemoração aos 30 anos da bossa nova, para o mercado japonês. Com produção e arranjos do próprio Menescal, o disco, Bênção, bossa nova, tornou-se grande sucesso tanto no Japão como no Brasil.

Em 1991 participou do I Rio Show Festival, com Roberto Menescal e banda. Lançou o disco Outras caras, também com produção de Menescal. Gravou em 1993 0 CD Coisas do Brasil, produzido e arranjado por César Camargo Mariano, e excursionou pela Europa.

Em 1994 transferiu-se para a EMI, pela qual gravou Isso é bossa nova. Em 1996 gravou e produziu Catavento e girassol, trabalho dedicado à obra de Guinga e Aldir Blanc. Em 1997 participou do show em homenagem a Vinícius de Moraes no Metropolitan, Rio de Janeiro, e fez tournée pelos E.U.A, com Ivan Lins.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha.

Legião Urbana



Legião Urbana. Grupo vocal-instrumental, um dos mais importantes do pop rock brasileiro da década de 1980, influenciado por grupos como os ingleses The Smiths, Clash e Gang of Four. Formado em Brasília DF em 1982 por Renato Russo, vocais e guitarra base; Marcelo Bonfá (Marcelo Augusto Bonfá, Itapira SP 1965-), bateria; Dado Villa-Lobos (Eduardo Dutra Villa-Lobos, Bruxelas, Bélgica 1965-), guitarra; Renato Rocha (Rio de Janeiro 1961-), contrabaixo.


Antes desse grupo, em 1978, Russo, também contrabaixista, formara o primeiro conjunto punk de Brasília, o Aborto Elétrico, ao lado do baterista Felipe Lemos (que mais tarde fundou o Capital Inicial; do guitarrista André Pretorius. Outros integrantes fundadores do Legião, que permaneceram no grupo apenas um ano, foram os guitarristas Ico Ouro-Preto e Eduardo Paraná.

Contratado pela EMI, primeiro disco do grupo foi o compacto Será (Renato Russo), um dos maiores sucessos de 1985. Seus três primeiros LPs, Legião Urbana (1984, incluindo Será, Geração Coca-Cola e Ainda é cedo, regravada por Marina), Dois (1986, com destaque para Tem perdido, regravada por Leila Pinheiro, Quase sem querer e Eduardo e Mônica) e Que país é este? (1987, cujos sucessos foram a faixa-título e Faroeste caboclo), consolidaram o grupo entre os mais influentes da década.

Em 1989, Renato Rocha se desligou, Renato Russo assumiu o contrabaixo e o grupo continuou como trio, gravando o disco As quatro estações, que manteve o sucesso, puxado por faixas como Pais e filhos e Meninos e meninas.

Os outros discos do grupo são Legião Urbana V(1991), Música para acampamentos (duplo ao vivo, 1992), Descobrimento do Brasil (1993) e A tempestade ou O livro dos dias (1996), cujo lançamento coincidiu com o falecimento de Renato Russo, vítima de AIDS.

Em 1997 foi lançado o disco Uma outra estação, reunindo gravações antigas e recentes do grupo. CDs: Música para acampamentos (2 CDs), 1992, EMI 781226-2; As quatro estações, 1995, EMI 835836.

Algumas músicas cifradas e gravações














































































Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

A Jovem Guarda


Num sentido estrito, a expressão "Jovem Guarda" designou um programa da TV Record, de São Paulo SP, estreado em setembro de 1965 e findo em 1969, comandado por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléia; mas tem sido comumente empregada para definir gênero musical também conhecido como iê-iê-iê, seja, a versão brasileira do rock internacional.


A Jovem Guarda foi, entretanto, cristalização de uma tendência bem anterior: a informação do rock’n’roll norte-americano da década de 1950 já criara no Brasil um mercado de consumidores e aficionados, permitindo que, desde 1957, os primeiros cantores e compositores brasileiros do gênero tentassem reproduzir o ritmo com letras em português ou cantando no original.

Entre os maiores expoentes desse período estavam os irmãos Tony e Celly Campello, Sérgio Murilo, Ed Wilson e, em fase pouco posterior, Ronnie Cord e os grupos The Jordans, The Jet Blacks e The Clevers. O trio central — Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderleia entrou em cena justamente quando começava a se acentuar a queda de popularidade dos primeiros artistas brasileiros do rock’n’roll.

Em 1961, Celly Campelo decidiu afastar-se da vida artística, enquanto as atenções se voltavam para a bossa nova e, nos meios de comunicação, sobreviviam poucos espaços: o programa Hoje é Dia de Rock, de Jair de Taumaturgo, na Rádio Mayrink Veiga carioca; o Clube do Rock, de Carlos Imperial, na TV-Rio, e Crush em Hi-Fi, na TV Record, de São Paulo.

Em discos, os sucessos rareavam: Marcianita, com Sérgio Murilo, Diana, com Carlos Gonzaga. Roberto Carlos optou, então, por algum tempo, pela bossa nova, mas Erasmo Carlos e Wanderléia decidiram insistir, tentando divulgar um tipo de música que, nessa época, já tinha muito de bolero e samba-canção, misturado ao ritmo do rock’n’roll. No Rio de Janeiro RJ, Ed Wilson, Cleide Alves, Renato e seus Blue Caps também esperavam sua oportunidade.

Foi o repentino sucesso de um compositor e intérprete radicado em São Paulo que abriu a brecha para o que seria a Jovem Guarda: em 1963, Ronnie Cord conseguiu bons índices de venda e popularidade com o rock Rua Augusta (de Hervé Cordovil), chamando a atenção do público e dos homens de media para as figuras de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, principalmente, autores de Parei na contramão. Em seguida, É proibido fumar e Festa de arromba (da mesma dupla) confirmaram a existência do mercado.

Foi dessa música — onde os dois celebram textualmente seus companheiros de vida artística e preferência musical — que surgiu a idéia de um programa de televisão, concretizado pela TV Record paulista, na época grande investidora em música popular. Inicialmente o programa deveria chamar-se Festa de Arromba e ocuparia uma hora ociosa, a tarde de domingo, vaga desde a proibição de transmissão dos jogos de futebol. Com o nome definitivo de Jovem Guarda, o programa foi ao ar pela primeira vez em setembro de 1965, reunindo Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléia, os cantores Eduardo Araújo, Sérgio Murilo, Agnaldo Rayol, Reynaldo Rayol, Martinha, Cleide Alves, Meyre Pavão, Rosemary e os grupos The Jordans, The Jet Blacks, Renato e seus Blue Caps, Os Incríveis e Golden Boys.

Rapidamente, a Jovem Guarda tornou-se uma das grandes atrações da emissora, reunindo grandes plateias de adolescentes no Teatro Record, mas foi a partir de 1966, com o grande sucesso de Roberto Carlos e Erasmo Carlos Quero que vá tudo para o inferno, que o programa tomou proporções nacionais e passou a ser sinônimo de movimento ou tendência musical.

Outros artistas se juntaram ao grupo inicial: Ronnie Von, Vanusa, De Kalafe, Deny e Dino, Leno e Lílian, Antônio Marcos, Os Vips, Os Brasões, The Pops, entre outros. Seguindo o exemplo da Apple, promotora dos Beatles, a agência de publicidade Magaldi, Maia & Prosperi passou a coordenar industrialmente a imagem do trio central da Jovem Guarda, criando as marcas Calhambeque, Tremendão e Ternurinha para uma série de produtos que ia de bonecas a calças e blusas.

Vários compositores de outras áreas começaram então a se interessar pelos ritmos da Jovem Guarda, como Jorge Ben, que passou a freqüentar o programa, e os baianos Gilberto Gil e Caetano Veloso, que, aconselhados pela cantora Maria Bethânia, incorporaram ao seu trabalho elementos do iê-iê-iê, como as guitarras que acompanhavam Domingo no parque e Alegria, alegria, no III FMPB, da TV Record, em 1967.

Segundo Erasmo Carlos, foi justamente a Tropicália — movimento que Gil e Caetano fundaram nesse período — uma das principais causas do esvaziamento da Jovem Guarda. “A Tropicália — diz ele — era uma Jovem Guarda com consciência das coisas, e nos deixou num branco total”.

Mas, antes de se extinguir totalmente no início de 1969, diluída pela superexposição ao consumo, pelo cansaço e esgotamento criativo de seus participantes e pelos prejuízos que levaram Magaldi, Maia & Prosperi a desistir dos esquemas comerciais, a Jovem Guarda deixou sua contribuição, alimentando vários programas semelhantes na televisão, como a Festa do Bolinha, de Jair de Taumaturgo, na TV-Rio carioca, e publicações especializadas, como a revista Reis do iê-iê-iê, sucessora do que a Revista do rock tinha sido para o rock’n’roll brasileiro na década de 1950.

Além de projetar nacionalmente alguns de seus ídolos, o movimento foi em grande parte responsável pela posterior assimilação de instrumentos eletrônicos na música brasileira de todas as tendências e pela fusão de informações estrangeiras e dados nacionais que caracterizou a produção musical na década de 1970.

No início da década seguinte, Leo Jaime, os Titãs, a Blitz e outros intérpretes e grupos roqueiros retomaram a musicalidade simples e direta da Jovem Guarda, constituindo a Nova Jovem Guarda.

Em 1995, remanescentes da Jovem Guarda se reuniram para comemorar os 30 anos do movimento, gravando uma caixa de cinco CDs para a Polygram, onde recriam os antigos sucessos, e fazendo uma serie de shows com com êxito nacional: Wanderléia, Erasmo Carlos, Ronnie Von, Bobby de Carlo, Os Vips, Os Incriveis, Martinha, Leno e Lílian, Golden Boys e outros.

Ainda em 1995, a Paradoxx lançou dois CDs com vários artistas da Jovem Guarda, mas gravados ao vivo, nos shows comemorativos; e, no ano seguinte, a revista Caras colocou no mercado uma coleção de seis CDs e fascículos, contando a historia da Jovem Guarda e com remasterizações das gravações originais.

Protagonistas


Algumas letras, ciras e gravações









Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.