Raul Torres |
Fazenda Belo Horizonte / Uma tropa ali chegou
Que vinha do Indaiá / Ali a tropa pousou
Nego Plácido viu a tropa / Da mula baia gostou
Criola de São Junqueira / Fechou negócio e comprou
E foi nessa hora mesmo / Nego Plácido falou
Pregue o sêlo no recibo / O dinheiro ele puchou
Botou a besta no pasto / Êle mesmo que amansou
E no fim de quinze dias/ Na cidade ele passeou
Levou a besta na cidade / Foi ferrar lá no ferreiro
Lá na cidade de Franca / O povo ficou banzê
De vêr a marcha da besta / Pisando muito ligeira
Batia a ferragem nas pedras / Parecia fogo de isqueiro
No lugar que ele passava/ Causava adimiração/ Nego Plácido montado
Parecia o Napoleão/ No pescoço lenço branco/ Bombacha de gorgurão
Era de marcha trotada/ Ferradura de rompão
Lá na cidade de Franca/ êle é um grande fazendeiro/ Tem fazenda com invernada
Ele é um grande boiadeiro/ No estado de Goiás/ No Triângulo Mineiro
Prá comprar treis mil cabeça/ Ele tem muito dinheiro
Na barranca do Rio Grande/ Uma boiada chegou/ Tinha quase mil cabeça
Nego Plácido comprou/ No fazer a travessia/ A correnteza levou
No meio daquele rio/ A boiada esparramou
O nego vendo o perigo/ Co'a mula baia gritou/ Atirou a baia n'água
E o laço na mão levou/ Mesmo no meio do rio/ Muitos bois ele laçou
No lombo da mula baia/ A sua boiada ele salvou.
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