segunda-feira, setembro 20, 2010

Revendo o passado

Augusto Calheiros
Revendo o passado (valsa, 1926) - Freire Júnior - Intérprete: Augusto Calheiros

Disco 78 rpm / Título da música: Revendo o passado / Freire Júnior (Compositor) / Augusto Calheiros (Intérprete) / Conjunto (Acomp.) / Gravadora: Odeon / Nº do Álbum: 11021-a / Nº da Matriz: 4662-1 / Gravação: 30/Maio/1933 / Lançamento: Agosto/1933 / Gênero musical: Valsa / Coleções: IMS, Nirez


Recordar é viver / Diz o velho ditado
Recordar é sofrer / Saudades do passado
Um sonho que viveu / Em nosso coração
Um amor que morreu / Deixando uma cruel paixão

Crer num sonho de ilusão / Ver na imaginação
A imagem do primeiro amor / Que tal qual uma flor
Murchou ao relento / No chão... secou...

Quem na estrada do viver / Não encontrou alguém
Alguém que o fez sofrer / A quem se dedicou
Talvez, quem saber amor...

Quem não teve uma paixão / A mesma ainda tem
E vive na ilusão / De ainda de ser feliz
Só o destino não quis...

Quem não tem no seu passado / A vida do seu bem
No túmulo guardado / O seu amor primeiro
Talvez o derradeiro...

Sim...
Somos todos iguais / A vida é mesmo assim
Desilusões e nada mais...

Rosa Negra

Rosa Negra
Rosa Negra, cantora e atriz, foi descoberta pelo revistógrafo Marques Porto no Bar Cosmopolita, um bar que existia no Passeio Público da cidade do Rio de Janeiro, onde apresentava-se cantando e dançando. Trabalhou também em parques de diversão, no Méier.

Em março de 1926, estreou na revista Pirão de areia, no Teatro São José, liderando um grupo de black-girls e cantando com uma "charleston jazz band". Apresentou com as Black Girls um número chamado Bahiana, n'aime tu?, que era bisado e trisado diariamente. Embora contracenasse com atrizes de renome, como Otília Amorim, foi a atriz mais aplaudida na revista do São José.

Em agosto do mesmo ano estreou na Companhia Negra de Revista, primeira tentativa de criar no Brasil uma companhia teatral apenas com atores e atrizes negros. A revista de estreia da Companhia Negra foi Tudo preto, de autoria de De Chocolat, com música do maestro Sebastião Cirino e com Pixinguinha regendo a orquestra. Apresentada no Teatro Rialto, a revista fez muito sucesso.

Foi uma das atrizes que mais se destacou, tendo interpretado Ludovina cançonette, um número charlestônico, Pérolas negras, outro número de sucesso, Jaboticaba afrancesada e Banhistas, onde contracena com a vedete Dalva Espíndola. Foi chamada por alguns críticos de "Mistinguette brasileira", numa referência à famosa vedete francesa que atuou na Companhia Bataclan.

Estreou logo depois na revista Preto e branco. A Companhia Negra partiu em seguida para em excursão pelos Estados de Minas Gerais e São Paulo. Em 1927, retornou ao Rio de Janeiro e estreou no Teatro República com a Companhia Negra a revista Carvão Nacional. Na nova revista, interpretou Tentação, O mundo da lua, Tudo preto, Flor de amor, A procura de uma estrela, Beijar, Broxura e Tudo o que é nosso.

No mesmo ano, gravou com Francisco Alves o samba Não quero saber mais dela, de Sinhô, que foi um grande sucesso, regravado em 1980 pelo grupo paulista Rumo.



Em 1928, ainda com Francisco Alves, gravou o foxtrote Moleque namorador, de Hekel Tavares e o fox Que pequena levada, de J. Francisco de Freitas. Gravou ainda Rosa preta e Quem quer casar comigo?.

Em 1930, atuou no Teatro Cassino Antarctica, em São Paulo, na revista Chora menino, de Marques Porto e Luiz Peixoto, com a Companhia Brasileira de Revistas. Em 1931, estrelou no Teatro República com a Companhia Mulata Índia do Brasil a revista Com que roupa?, de Luís Peixoto com músicas de Ary Barroso, Freire Jr e Vadico.

Em 1932, atuou no Teatro Margarida Marx, na Piedade, e fez parte da troupe de variedades do Moinho Vermelho que se exibiu no Teatro República. Fez bastante sucesso nesse período da nossa música, mas apesar disso, há poucos registros biográficos, inclusive qual foi o desenrolar de sua carreira, quando e onde nasceu e como e onde morreu.

Em 2003, o selo Revivendo no CD Sinhô - O pé de anjo relançou sua interpretação do samba Não quero saber mais dela, de Sinhô gravado em dueto com Francisco Alves.

Discografia

Não quero saber mais dela (J. B. da Silva "Sinhô") - com Francisco Alves (1928); Moleque namorador (Hekel Tavares) - com Francisco Alves (1928); Que pequena levada (José Francisco de Freitas / Lamartine Babo) - com Francisco Alves; Rosa Preta (Brasilphone - 78 rpm); Quem quer casar comigo (Brasilphone 1.018 - 78 rpm).


Fontes: Cantoras do Brasil; Dicionário Cravo Albin da MPB.

Pedro de Sá Pereira

Comidas, Meu Santo!,  1925
Pedro de Sá Pereira, compositor e maestro, (25/1/1892, Porto Alegre, RS - 1955), teve suas primeiras composições gravadas em 1915, com as valsas Nas asas do amor e Sorrir dormindo, registradas na Odeon pelo grupo O Passos no Choro. Em 1922, fez as músicas para a revista Nós pelas costas, de J. Praxedes, apresentada no Teatro Recreio e que marcou a estréia da cantora e atriz Araci Cortes.

Em 1925, as canções Caiuby (Canção da cabocla bonita) e Meu Brasil, terra natal foram gravadas na Odeon por Vicente Celestino. No mesmo ano, fez os arranjos para o fox-trot Cabeleira a la garçone gravado por Zaíra de Oliveira. Ainda em 1925, o cantor Artur Castro Budd gravou na Odeon a modinha Luar do Brasil e a canção Arte e bom gosto, e Sílvio Vieira a canção Ai xixi.

Em 1926, fez com o maestro Júlio Cristóbal as músicas para a revista Prestes a chegar, de Luiz Peixoto e Marques Porto, que alcançou grande sucesso. Segundo um anuário publicado nesse mesmo ano, tinha "grande habilidade para compor e compilar músicas para revistas, as quais ficam facilmente gravadas no ouvido do público".

No mesmo ano, o cantor Roberto Vilmar gravou na Odeon a canção Leão da noite, e o cantor Fernando lançou com sucesso o samba Entra no cordão. Ainda em 1926, Fernando gravou o maxixe Sandália de couro, com Marques Porto e Ari Pavão, e a canção Ruínas de um sonho, além da modinha Chuá, chuá, que se tornaria o maior sucesso do maestro e um clássico do cancioneiro popular brasileiro.

Em 1927, teve a marcha Os canoeiros do norte gravada na Odeon por Francisco Alves. No mesmo ano, Patrício Teixeira gravou a canção Luar do Brasil, também na Odeon. Ainda nesse ano, a canção Chuá, chuá recebeu letra de Zeca Ivo e foi regravada na Odeon por Francisco Alves.

Em 1928, Francisco Alves gravou a canção Cangote cheiroso, o maxixe Cuscus, a valsa Quanto sofri, a toada-canção Canção da noite e a a modinha Leão da noite (Flor de sangue). Teve no mesmo ano o fox-canção A flor de ingá, e o fox-trot Sempre a rir gravados por Dimas Alonso, também na Odeon. No mesmo ano, fez com Luiz Peixoto a canção Casinha da colina, seu outro grande sucesso, gravada na Odeon por Vicente Celestino. Também em 1928 teve mais quatro composições gravadas na Parlophon: a canção Oração da viola, por Euristenes Pires, a canção Coração gaúcho e a melodia Voz da floresta, por João Celestino, e a canção Pobre viola, por Paulo Rodrigues.

Em março de 1929, a Odeon lançou disco que tinha Francisco Alves interpretando o samba Água de coco, que fez sucesso na época de seu lançamento. No mesmo ano, o cantor Oscar Gonçalves gravou a valsa-canção O amor assim começa, e a cantora Aracy Cortes lançou o samba Quindins de iaiá, parceria com C. M. Bittencourt, além de Produto nacional e a canção Vamos juntar os trapinhos?. Teve ainda o samba-canção Por que foi?, com Luiz Iglésias, lançado pela atriz Margarida Max que também o apresentou em teatro de revistas. Também em 1929, o cantor João Celestino gravou na Parlophon as canções Amor de tropeiro e Feitiços de morena, e Sílvio Salema a canção Tristezas de rolinha, ainda na Parlophon. Fez com Ary Barroso e Júlio Cristóbal as músicas para a revista Laranja da China, de Olegário Mariano, estrelada por Araci Cortes no Teatro Recreio.

Em 1930, fez com Marques Porto e Luiz Peixoto o samba Meu Senhor do Bonfim gravado pela cantora Araci Cortes. Ainda no mesmo ano, as canções Minha Santa Terezinha e Cabocla cheirosa (Irassucê), parcerias com Alfredo Breda, foram lançadas por Araci Cortes, e os sambas Cuscus e Cangote cheiroso, foram regravadas na Brunswick pela cantora Luiza Fonseca. Também em 1930, o samba Falsa jura foi gravado por Januário de Oliveira, e o samba-canção Vou pra Bahia, com Correia da Silva, foi lançado pela cantora Helsie Houston, os dois na Columbia, além da canção Saudades do meu sertão, lançada por Julinha Dias na Parlophon.

Em 1931, teve nova música gravada por Araci Cortes na Odeon, o samba Abana! Baiana!, com A. Carvalho. No mesmo ano, Sílvio Vieira gravou na Victor a canção Minha favela, parceria com Marques Porto. Em 1932, a canção Meu Brasil, parceria com o poeta Olegário Mariano foi gravada na Columbia por Vicente Celestino. Em 1933, a marcha O beicinho da crioula, com João Rossi, foi gravada por Luiz Barbosa. 

Em 1950, a canção Casinha da colina foi regravada na Odeon por Carioca e Sua Orquestra em ritmo de choro com vocal de Jamelão. No ano seguinte, Chuá, chuá e Casinha da colina foram regravadas em ritmo de baião por Mário Gennari Filho em interpretação solo de acordeom. 

Em 1952, o baião Nega suspira foi gravado em solo de flauta por Dante Santoro. No ano seguinte, Augusto Calheiros regravou Chuá, chuá. Em 1954, a canção Meu Brasil, com Olegário Mariano foi gravada por Vicente Celestino na RCA Victor. Em 1957, suas canções Chuá-chuá, com Ari Pavão, e Casinha da colina, com Luiz Peixoto, foram regravadas no LP Paulo Tapajós recorda gravado por Paulo Tapajós na Continental. Em 1962, Chuá, chuá foi regravada no LP Os velhinhos transviados, de Zé Menezes.

Em 1969, Chuá, chuá foi regravada pela dupla Tonico e Tinoco, e em 1976, por Rosinha de Valença no LP Cheiro de mato. Em 1981, Nalva Aguiar regravou Casinha da colina em LP lançado pela CBS. Em 1990, a dupla Pena Branca e Xavantino regravou Chuá, chuá. Em 2000, teve as composições Chuá, chuá, com Ari Pavão, Paulista de Macaé, Polícia já deu lá em casa e Meu Senhor do Bonfim, com Luiz Peixoto, interpretadas em show pelo conjunto Lira Carioca, especializado em música popular das primeiras décadas do século XX. Dois anos depois, essas músicas foram relançadas no CD "Notáveis desconhecidos" gravado pelo conjunto Lira Carioca.

Foi um dos principais nomes do teatro de revistas na década de 1920 e seu nome ficou eternizado na música popular brasileira com a canção "Chuá, chuá".

Obra

A flor de ingá, Abana! baiana! (c/ A. Carvalho), Água de coco, Ai xixi, Amor de tropeiro, Arte e bom gosto, Cabocla cheirosa (Irassucê) (c/ Alfredo Breda), Caiuby (Canção da cabocla bonita), Canção da noite, Cangote cheiroso, Casinha na colina (c/ Luiz Peixoto), Chuá, chuá (c/ Ary Pavão), Coração gaúcho, Cuscus, Entra no cordão, Esquecer-te nunca, Falsa jura, Feitiços de morena, Folgazão depois de velho (c/ Nagib Hankach), Leão da noite (Flor de sangue), Luar do Brasil, Meu Brasil (c/ Olegário Mariano), Meu Brasil, terra natal, Meu Senhor do Bonfim (c/ Marques Porto e Luiz Peixoto), Minha favela (c/ Marques Porto), Minha Santa Terezinha (c/ Alfredo Breda), Nas asas do amor, Nega suspira, O amor assim começa, O beicinho da crioula (c/ João Rossi), Oração da viola, Os canoeiros do norte, Pobre viola, Por que foi? (c/ Luiz Iglésias), Produto nacional, Quanto sofri, Quindins de iaiá (c/ C. M. Bittencourt), Rodolfo Valentino, Ruínas de um sonho, Sandália de couro (c/ Marques Porto e Ary Pavão), Saudades do meu sertão, Sempre a rir, Sorrir dormindo, Tristezas de rolinha, Vamos juntar os trapinhos?, Vou pra Bahia (c/ Correia da Silva), Voz da floresta.

Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB; Wikipédia.