quarta-feira, outubro 27, 2010

Artur Virou Bode

Artur Virou Bode (Artur Menezes dos Santos), flautista, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 31/12/1887, e faleceu na cidade de São Paulo, SP, em 09/08/1959. Era pai de Zuzuca do Flautim, conhecido nos círculos de choro da época.

Conhecedor de música, possuía uma boa leitura à primeira vista. Seu apelido "Artur Virou Bode" vem do fato de que, ao ter sido acometido de uma crise de bronquite durante uma sessão de choro, teve um acesso de tosse cuja sonoridade assemelhava-se ao som emitido por este animal.

O trombonista Candinho Trombone compôs a polca  Artur virou bode, em sua homenagem.

Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PubliFolha; Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.

Horacina Correia


Horacina Correia, cantora, nasceu no Rio Grande do Sul em 05/10/1924. Iniciou sua carreira artística ainda no final dos anos 30 inspirada no estilo de Carmen Miranda Contratada pelo empresário Walter Pinto, famoso por seus shows de vedetes, foi uma das atrações do Teatro Recreio.

Fez várias excursões, inclusive para a Argentina, onde era muito apreciada. Segundo pesquisador Antônio Epaminondas no livro Brasil brasileirinho, a mulata "gostava mesmo era de viajar, principalmente para a Argentina, onde realizou temporadas consecutivas, tendo prestígio em Buenos Aires comporável ao de Carmen Miranda nos Estados Unidos".

Foi crooner da Orquestra do maestro Fon-fon. Atuou no espetáculo Quem inventou a mulata? e nos filmes Cortiço e É com esse que eu vou, no qual cantou a canção Salve, Ogum (Pernambuco e Mário Rossi).

O primeiro disco que gravou foi lançado em 1945 pela Continental, cantando Eu sou o samba e Presunção (ambos de Amado Régis e Gadé), porém, teve curta carreira fonográfica apesar do prestígio, gravando apenas quatro 78 RPMs e dois LPs.

Em dezembro do mesmo ano, gravou seu segundo disco, desta vez com acompanhamento de Benedito Lacerda e seu conjunto regional, no qual cantou o samba Sai da roda, de Amado Régis e a marcha Pato enjeitado, de Amado Régis e Américo Seixas.

Em outubro do ano seguinte, gravou apenas o lado B do disco 15.763 em 78 rpm que trazia no lado A a cantora Emilinha Borba cantando o samba Madureira. Nesse disco, cantou com acompanhamento de Severino Araújo e sua orquestra Tabajara o samba Está muito bom!, de Henrique de Almeida e J. Diniz Mabial.

Em 1956 gravou pela Musidisc algumas composições muito conhecidas de Noel Rosa e Vadico, os sambas Até amanhã, Feitiço da Vila, Silêncio de um minuto e Pra que mentir. Nos anos 50 gravou seus dois LPs pela Musidisc , sendo que o segundo disco, Canções brasileiras, foi com a orquestra de Leo Peracchi.

Discografia

Horacina Corrêa - Musidisc LP sem data  /  Canções brasileiras - Horacina Corrêa com Léo Peracchi e orquestra - Musidisc LP sem data  /  Até amanhã-Feitiço da Vila-Silêncio de um minuto-Pra que mentir - Musidisc 78 rpm 1956  /  Está muito bom! - Continental 78 rpm 1947  /  Eu sou o samba-Presunção - Continental 78 rpm 1945  /  Sai da roda-Pato enjeitado - Continental 78 rpm 1945.

Sebastião Santos Neves

Sebastião Santos Neves (Fl. Rio de Janeiro, RJ, anos 20 e 30), compositor, teve, em 1924, seu samba Miúdo, gravado por Francisco Alves.

Em 1927, sua marcha Os canoeiros do norte e seu samba Olgarina gravados pelo mesmo cantor na Odeon. Em 1928, os sambas Caridade, com Anísio Mata, e Pesadelo, foram gravados também por Chico Viola, na mesma gravadora.

No mesmo ano, Batista Jr., pai das cantoras Linda Batista e Dircinha Batista, gravou o samba Independência. Teve ainda nesse  ano os sambas Chora no fim e Milagrosa gravados na Columbia por Euclides Sena.

Em 1931, compôs com José de Francesco o tango-canção Busca olvidar gravado na Odeon por Francisco Pezzi. Nesse ano, a marcha Frente única foi gravada pelo pequeno selo Ouvidor pela Jazz Orquestra Ouvidor.

Obra

Busca olvidar (c/ José de Francesco), Canoeiros do norte, Caridade (c/ Anísio Mata), Chora no fim, Cunhaçam, Frente única, Hino do sol, Independência, Milagrosa, Miúdo, Não é só na Bahia, Olgarina, Pesadelo.

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Fontes: Dicionário da MPB; Diário da Noite, 2a. edição, de 12/02/1931.

Dentinho de ouro


Araci Cortes
Dentinho de Ouro (samba-canção, 1931) - Henrique Vogeler e Horácio Campos

Um dos mais interessantes discos da gravadora Brunswick é o samba-canção Dentinho de ouro, uma esplêndida interpretação de Araci Cortes. Seus autores são compositores dos mais famosos: Henrique Vogeler, músico completo, professor do Conservatório, autor de Linda flor (Ai, Ioiô) com Luiz Peixoto e Marques Porto, e Horácio Campos, autor dos versos de A voz do violão, que Francisco Alves imortalizou.

Título da música: Dentinho de ouro / Gênero musical: Samba canção / Intérprete: Cortes, Arací / Compositores: Vogeler, Henrique - Campos, Horácio / Gravadora Brunswick / Número do Álbum: 10148 / Data de Gravação: 1929-1931 / Data de Lançamento: 1931 / Lado B / Rotações: 78 rpm:



Quanto tu me sorris / Meu amor, meu querido
Sinto uma coisa aqui / Mexer bem, em mim

O seu dente de ouro / Começa a brilhar
A brilhar... a brilhar / Eu não olho pra ele
Ele pega a me olhar...

No que tu me sorris / Começa a brilhar
A brilhar... a brilhar / Viro a cara pro lado
Ele pega a me olhar...

Horácio Campos

Furnandes Albaralhão
Horácio Campos (Horácio Mendes Campos), violonista, compositor, escritor, poeta e libretista de teatro de revistas, nasceu e faleceu na cidade do Rio de Janeiro, RJ (1902 - ant. 1964). Ficou conhecido pela composição A voz do violão, canção composta em 1928 para a revista Não é isso que eu procuro, apresentado no Teatro João pela Companhia de Jardel Jércolis.

Não alcançou inicialmente grande sucesso, e acabou sendo musicada novamente por Francisco Alves que se empolgou pelos versos que ficou conhecendo através do diretor da companhia Jardel Jércolis e Chico acabou gravando a canção no mesmo ano, fazendo então com que alcançasse sucesso.

Foi gravada por Francisco Alves quatro vezes, tornando-se uma das composições mais emblemáticas do "Rei da voz" que a lançou em disco pela primeira vez em 1928, sem que aparecesse o nome do autor dos versos, que apresentou uma reclamação à Odeon. Só então Francisco Alves fez então uma segunda gravação incluindo seu nome na parceria. Essa canção foi ainda regravada por Francisco Alves em em 1929, 1939 e 1951.

Em 1931, Araci Cortes gravou o samba-canção Dentinho de ouro, parceria com Henrique Vogeler.

Em 1953, A voz do violão foi regravada em ritmo de baião por Mário Gennari Filho em interpretação ao acordeom em disco Odeon. Em 1954, durante o encerramento do Festival da Velha Guarda, no Parque do Ibirapuera, a canção foi tocada por todos os violonistas que se apresentaram no evento com um arranjo de Pixinguinha, sendo em seguida cantada por todos os artistas que participaram do mesmo evento. No mesmo ano, foi regravada ao violão por Luiz Bonfá.

Em 1956, A voz do violão foi regravada em ritmo de bolero por Pascoal Melilo ao saxofone e seu conjunto. Em 1960, foi relançada na Odeon por Luiz Bonfá e Norma Sueli. Em 1961, foi regravada duas vezes na gravadora Copacabana, por Romeu Fernandes e por Inezita Barroso.

Em 1981, a canção, com Francisco Alves, foi relançada na voz de Gilberto Alves no LP O fino da seresta volume 2. Em 2004, a canção foi regravada por Maria Lúcia e Toneco da Costa em CD no qual realizaram um diálogo entre violão e voz, além de a apresentarem no show Canções de Antigamente, no Café Concerto Majestic da Casa de Cultura Mário Quintana.

Obra

A voz do violão (c/ Francisco Alves), Dentinho de ouro (c/ Henrique Vogeler), Luizinha (c/ Henrique Vogeler), Os 18 de Copacabana (c/ Henrique Vogeler). 

Quem é Furnandes Albaralhão?

Horácio Mendes Campos publicou, em 1930, o livro de humor Caldo Berde em que apresenta sátiras, paródias de sonetos famosos e pensamentos com linguagem macarrônica, bem à moda do pré-modernista Juó Bananere. Alguns trechos de seu livro foram reproduzidos na revista A Pomba na década de 60.

"Horácio Campos é um dos muitos colaboradores quase ignorados de uma das várias fases de A Manha, o jornal humorístico e satírico de Aporelly. Na A Manha, na mesma fase em que êle, escreveu também Saul Borges Carneiro, com o nome de Barão d'Ascurra. Em outras fases — diga-se incidentemente — também na mesma fôlha humorística escreveram José Lins do Rêgo, Valdemar Cavalcanti, Rubem Braga, Joel Silveira, Carlos Lacerda, o organizador desta antologia, etc.

Usando o pseudônimo de Furnandes Albaralhão, Horácio Campos fazia, com muita arte, o suplemento lusitano de A Manha, escrevendo paródias de poetas portuguêses e brasileiros e composições de sua inteira inspiração. Chegou a reunir parte delas num livro delicioso, publicado com o título de Caldo Berde. Foi, em relação aos portuguêses, o que era Juó Bananere em relação aos italianos. Tendo desaparecido ainda moço, seu livro, nunca mais reeditado, é hoje uma verdadeira raridade bibliográfica, tanto mais que nem a Biblioteca Nacional dêle possui exemplar" (R. Magalhães junior in Antologia de Humorismo e Sátira, Ed. Civilização Brasileira, 1957, p. 309).

Fonte: Caldo Verde.

Tava na roda do samba

Tava na roda do samba (samba, 1932) - Salvador Correia

Título da música: Tava na Roda do Samba / Gênero musical: Samba / Intérprete: Almirante e Bando de Tangarás / Compositor: Correia, Salvador / Álbum 33524 / Gravação e lançamento: 00/1932 / Lado A / Disco selo Victor 78 rpm.



Tava na roda do samba
Quando a polícia chegô
Vamos acabá co'esse samba
Que o delegado mandô...oiii (x2)

Vâmo aguentando negrada
Que o samba é dia e lia
E quem não tiver coragem
Que apele pra correria...ôôô (x2)

Tava na roda do samba
Quando a polícia chegô
Vamos acabá co'esse samba
Que o delegado mandô...oiii (x2)

O samba tava enfezando
Combato que com harmonia
Mas a polícia chegando
Moveu com a pancadaria...ôôô (x2)

Tava na roda do samba
Quando a polícia chegô
Vamos acabá co'esse samba
Que o delegado mandô...oiii (x2)

Vâmo acabá com esse samba
Oi, vâmo acabá de uma vez
Que lá vem o delegado
Que vai nos levá pro xadrez...ôôô (x2)

Salvador Correia

Salvador Correia (Salvador Correia Barraca), compositor e pandeirista (16/8/1898 Rio de Janeiro, RJ - 05/08/1971 Rio de Janeiro, RJ), também conhecido como "Barraca" (por causa de seu sobrenome, de origem espanhola, que muitos pensavam ser um apelido), foi um músico de renome na cidade do Rio de Janeiro nas décadas de 1920 e começo de 1930 (Foto:  Revista O Malho, de novembro de 1926)

Em 1924, formou com outros instrumentistas a "Embaixada do Amorzinho", grupo instrumental que se apresentava na Festa Penha e rivalizava com os grupos "Embaixada do Fala Baixo", de Sinhô, e "Embaixada do Caninha", do compositor Caninha.

Foi afiliado ao "Cordão dos Anjinhos", do Clube Carnavalesco Tenentes do Diabo. Animou muitos dos fandangos, como eram chamados os bailes na época, do Clube Carnavalesco Tenentes do Diabo.

Em 1926, compôs a marcha Salve Jaú em homenagem ao aviador paulista Ribeiro de Barros, pioneiro na travessia do oceano Atlântico de avião.

Em 1927, obteve o primeiro lugar em concurso carnavalesco promovido por um jornal carioca que contava em sua comissão julgadora com os nomes de Coelho Neto, Múcio Leão, Gastão Penalva e Arthur Imbassahy, com a marcha De madrugada.

Nesse ano, sua participação na Festa da Penha com sua embaixada foi assim comentada por um jornal da cidade: "A garbosa Embaixada do Amorzinho, tendo à frente o hábil pandeirista Salvador Correia, foi o conjunto que melhor impressão deixou pela absoluta coesão de todos os elementos (...) Propagando o vasto repertório de sambas e marchas com que se apresentará no próximo ano aos aplausos dos nossos carnavalescos, a Embaixada do Amorzinho constituiu um dos fatos mais palpitantes deste ano no arraial da Penha".

Ainda em 1927, a marcha Salve Jaú foi gravada na Odeon por Francisco Alves. Depois que seu grupo "Embaixada do Amorzinho" se dissolveu passou a integrar a integrar como pandeirista um grupo criado pelo flautista Bide.

Em 1930, teve a marcha Bolinha gravada na Victor por Paulo Ribeiro. Em 1932, seu samba Tava na roda do samba foi gravado na Victor por Almirante e seu Bando de Tangarás. Foi aclamado em sua época como um habilidoso pandeirista.

Em 1965, passou a morar na aprazível Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro onde costumava receber anualmente, por ocasião de seu aniversário, amigos músicos para relembrar os fandangos do passado.

Obra

Bolinha, De madrugada, Salve Jahú, Ser discreto, Sete cordas, Suas-cuecas, Tava na roda do samba.
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Fontes: Coletâneas de crônicas de Jota Efegê – Figuras e Coisas da Música Popular Brasileira Volume I (FUNARTE); Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.