|
Aristides Zacarias |
Aristides Zacarias, instrumentista, regente e compositor, nasceu na cidade de Jaboticabal, SP, em 05/01/1911. Aos dois anos mudou-se para São José do Rio Preto, em São Paulo, localidade onde iniciou seus estudos de clarineta. Teve como professor o mestre de banda Pedro Moura, pai do saxofonista Paulo Moura.
Iniciou a carreira artística aos 18 anos, quando ingressou na Banda de Quaranta, no interior de São Paulo. No mesmo período apresentou-se em cinemas do trompetista José Moura, com quem organizou uma banda que tocava em bailes do Automóvel Clube, de São José do Rio Preto, e do pianista Chiquinho Scarambone.
Em 1931, transferiu-se para Catanduva, onde atuou no Clube Sete de Setembro. Em 1932, por ocasião da Revolução Constitucionalista que explodiu naquele ano em São Paulo, deixou o emprego no Clube Sete de Setembro. Em 1934, transferiu-se para a capital paulista, onde atuou em diversas gafieiras, entre as quais a Itália Fausta, e tocava em troca de local para dormir. Mudou-se pouco depois para Santos, onde arranjou emprego para tocar no Cabaré Coliseu, e em seguida, empregou-se para tocar em navio que realizava viagens costeiras.
Em 1935, retornou para São Paulo e foi convidado por José Gagliardo para integrar a Orquestra da Rádio Cosmos, que o mesmo estava organizando. Ainda no mesmo ano viajou para o Rio Grande do Sul, a fim de fazer parte da orquestra organizada pelo cantor
Ascendino Lisboa, para atuar na inauguração do cassino Farroupilha, na cidade de Porto Alegre. Na mesma ocasião tocou nas comemorações do centenário da Revolução Farroupilha e também na Rádio Farroupilha. Foi em seguida para o Rio de Janeiro, indo atuar no Cassino Icaraí, em Niterói. Ficou pouco tempo no Rio, pois logo ingressou na Orquestra de
Romeu Silva para uma excursão de oito meses em Buenos Aires, apresentando-se na Rádio El Mundo e no Cassino Tabarís.
Em 1936, retornou ao Rio de Janeiro, passando a atuar no Cassino da Urca. Na mesma ocasião tomou parte em sua primeira gravação, acompanhando à clarineta o cantor
Almirante, juntamente com a Orquestra de Simon Boutman. Em 1937, deixou a Orquestra Romeu Silva, passando a atuar na Rádio Nacional, onde tocou na Orquestra All stars, sob a direção de
Radamés Gnattali. Em 1939, viajou para os Estados Unidos para tocar com a Orquestra de Romeu Silva, no Pavilhão do Brasil, na Feira Internacional realizada na cidade de Nova York.
Em 1941, excursionou pela Argentina com a Orquestra da Rádio Nacional. Na ocasião exibiu-se no programa "Hora del Brasil", na Rádio Municipal de Buenos Aires, apresentando-se também na Boate Embassy. Em 1942, retornou ao Rio de Janeiro, passando a fazer parte do conjunto de Claude Austin, que se apresentava no Cassino do Copacabana Palace. Pouco depois passou a integrar a orquestra do maestro
Fon-Fon, na Rádio Tupi do Rio de Janeiro. No mesmo período atuou no Cabaré Assírio, no subsolo do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.Voltou em seguida a atuar na Orquestra do Copacana Palace, então sob a direção do maestro Fon-Fon, indicado por ele para substituir Claude Austin.
Em 1943, gravou seu primeiro disco como diretor de orquestra, dirigindo a orquestra The Midnigthers, que foi organizada a pedido da Victor para tocar composições norte-americanas e suprir com isso o mercado, pois os músicos americanos se encontravam em greve naquele momento. A orquestra contava com três pistonistas, quatro sax, dois trombones, ritmo e o vocalista Nilo Sérgio. Na ocasião gravaram os foxtrotes
My devotion, de Wiliam e Napton, e
I'll never know, de Warren e Gordon, ambos grandes sucessos. No mesmo ano fez suas primeiras gravações, dirigindo sua própria orquestra. Em 10 de outubro daquele ano gravou seis músicas pela Victor, entre as quais os frevos
Vira as máquinas, de Marambá,
Cadê você, de Levino Ferreira e
A hora é essa, de Zumba, além dos frevos-canções
Primeira bateria, de
Capiba e
Bye, bye, my baby, de
Nelson Ferreira e
Cai, cai, de Marambá, com o vocal de
Carlos Galhardo.
Em 1944, gravou o samba
Brasil, de
Benedito Lacerda e
Aldo Cabral, com o vocal das Três Marias, a batucada
Cai, cai, de
Roberto Martins, o choro
Tico-tico no fubá, clássico de
Zequinha de Abreu, e com o vocal das Três Marias e Nilo Sérgio, o samba
Morena Boca de Ouro, de
Ary Barroso. No mesmo ano, regravou três dos maiores sucessos do cancioneiro popular brasileiro em todos os tempos, os sambas
Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, e
Praça Onze, de
Herivelto Martins e
Grande Otelo, e o choro
Carinhoso, de
Pixinguinha e
João de Barro. No mesmo período dividiu discos com Carlos Galhardo e
Nelson Gonçalves, gravando frevos e frevos-canção como
Olha a beliscada, de Levino Ferreira,
Sabe lá o que é isso?, de Nelson Ferreira e
Lá vai poeira, de Marambá.
Em 1945, gravou o samba
Não tenho lágrimas, de
Max Bulhões e
Milton de Oliveira, e também
O caminho é longo para Tipperery, versão em ritmo de samba da composição dos americanos Jack Judge e Harry Williams. Gravou ainda os frevos
Cuidado, senão eu grito, de Zumba,
O salão está vazio, de Jones Johnson,
Espalha brasa, de Marambá,
A cobra tá fumando, de Levino Ferreira e
Agüenta a virada, de Edivaldo Pessoa. No mesmo ano passou a atuar como diretor musical da Victor.
Em 1946, gravou os sambas
A casinha pequenina e
Meu limão, meu limoeiro, de domínio público, e o choro
Apanhei-te cavaquinho, de
Ernesto Nazareth, entre outras. Gravou ainda os frevos
Meu chamego é você, de Marambá,
Edinho no frevo, de Carnera e
Entra na fila, de Levino Ferreira. Em 1947, gravou o samba
Feiticeira, de Ary Barroso, a
Valsa nº 7, de Chopin, em ritmo de samba, o samba
Palpite feliz, de
Noel Rosa e
Vadico , e o frevo
Chegou sua vez, de Levino Ferreira, entre outras.
Em 1949, gravou de
Chiquinha Gonzaga o choro
Atraente e, de
Dorival Caymmi, a toada
Peguei um ita no Norte. No mesmo ano sua orquestra recebeu o Prêmio de Melhor Orquestra do Rio de Janeiro. Em 1950, entre outras composições, gravou os frevos
Lá vai veneno, de Zumba,
O frevo da meia-noite, de Carnera,
O caldeirão está fervendo, de Jones Johnson, o samba
Último desejo, de Noel Rosa, e o samba-canção
No Rancho Fundo, de Ary Barroso e
Lamartine Babo. No mesmo ano deixou depois de sete anos o Copacabana Palace Hotel, transferindo-se com sua orquestra para o Hotel Excelsior, em São Paulo.
Em 1951, gravou o samba
Feitio de oração, de Noel Rosa, o motivo popular
Peixe vivo, em ritmo de baião, com arranjos de
Mário Zan e Palmeira, a marcha-frevo
Saudades de Raul Morais, de Edgard Morais, e de sua própria autoria e Pernambuco, o baião
Pedalinho. No mesmo ano foi contratado pela Prefeitura de Montevidéu, no Uruguai, para atuar ao lado da orquestra de Xavier Cugat. Retornando ao Brasil, apresentou-se durante um mês na cidade de Recife, voltando a seguir para o Rio de Janeiro.
Em 1952, ganhou o Prêmio de Melhor Clarinetista do Ano, em concurso instituído pela Rádio MEC. No mesmo ano gravou os choros
Xamexuga, de sua autoria e Pernambuco, e
Franci, de
Ari Monteiro, a valsa
Flor de laranjeira, de Ari Monteiro e Irani de Oliveira e o fox
Parabéns a você, com arranjos do maestro
Lindolfo Gaya. Ainda em 1952, realizou gravações em separado com seu conjunto e com seu sexteto. Com o sexteto Zacarias gravou a guarânia
Índia, em ritmo de baião, e o choro
Sugestivo, de Moacir Silva. Já com seu conjunto gravou o bolero-mambo
Jezebel, de Wayne Shanklin, e o baião
Dance no baião, com arranjos de sua autoria. Em 1953, gravou de sua autoria o choro
Rebolando, de
Lourival Faissal e
Getúlio Macedo, o baião
O banjo no baião, e, de Carnera o frevo
Esquecendo as mágoas. No mesmo ano, realizou uma série de programas na Rádio Nacional do Rio de Janeiro e formou o Conjunto Zacarias para atuar na Boate Vogue. No mesmo período, organizou com o pianista Fats Elpídio o Quarteto Excelsior, a fim de atuar no Hotel Excelsior.
Em 1954, gravou o samba
Agora é cinza, de
Bide e
Marçal, os frevos
Vassourinhas no Rio de Carnera, e
Isquenta mulhé, de Nelson Ferreira. Em 1955, gravou os frevos
Vassourinha do Levino, de Levino Ferreira,
Carro-chefe, de Nelson Ferreira, e
Vale-tudo, de Carnera. Ainda em 1955, foi escolhido pelo crítico Silvio Túlio Cardoso, através da coluna "Discos populares" escrita por ele para o jornal
O Globo, como o "melhor regente de pequeno conjunto do ano" recebendo como prêmio um disco de ouro entregue em cerimônia no Golden Room do Copacabana Palace. Em 1956, gravou os frevos
Zaccarias no frevo, de Carnera e
Tempo quente, de Edgard Morais. No mesmo ano, gravou com Fats Elpídio, na dobradinha clarinete e piano, a canção
Os pobres de Paris, de Marguerite Monnot e o fox
Blue star, de Young e Heyman.
Em 1957, gravou de Ary Barroso os sambas
Aquarela do Brasil e
Na Baixa do Sapateiro, e de Mário Zan e J. M. Alves, o dobrado
Quarto centenário. Recebeu nesse mesmo ano seu segundo Disco de Ouro. Na mesma época, trocou o Excelsior pelo Country Clube do Rio de Janeiro, ocasião em que ampliou seu conjunto, transformando-o em um sexteto com a entrada de mais um sax e um trombone.
Nos anos 1950, atuou durante sete anos no carnaval do Clube Internacional de Recife. Em 1960, estreou com o diretor da Orquestra da TV Excelsior do Rio de Janeiro, ocasião na qual abandonou a direção musical da RCA Victor. No mesmo ano gravou com seu conjunto e coro os sambas
A corneta no samba, de Monsueto Menezes, e
Nostalgia, de sua autoria. Em 1961, gravou o rojão
É crime não saber ler, de sua autoria, o xote
Mulher transviada, de sua autoria e J. Borges, e com sua orquestra, o frevo-de-bloco
Recordando a mocidade, de Edgard Morais e o frevo-canção
Segure esse bode, dos
Irmãos Valença.
Em 1962, gravou com seu regional os xaxados Chen-en-en, de Rui Morais e Silva, e Pagode da Maria, de sua autoria e Manoel Avelino. Durante os anos 1960, gravou 21 LPs com a Orquestra Namorados do Caribe, composta por antigos elementos de sua orquestra e por uma seção de cordas. Ao longo de sua carreira gravou dezenas de discos, incluindo diferentes gêneros musicais, especialmente sambas e frevos.
Em 1966, com o fechamento da TV Excelsior, passou a atuar em boates. Em 1971, abandonou a carreira artística.
Discografia
Vira as máquinas / Cai, cai (1943) Victor 78; Cadê você / Primeira bateria (1943) Victor 78; A hora é essa / Bye, bye, my baby (1943) Victor 78; Cai, cai / Brasil (1944) Victor 78; Tico-tico no fubá / Morena boca de ouro (1944) Victor 78; Aquarela do Brasil / Praça onze (1944) Victor 78; Carinhoso / Batuque no morro (1944) Victor 78; Não tenho lágrimas / O caminho é longo para Tipperary (1944) Victor 78; A casinha pequenina / Jurô (1946) Victor 78; Meu limão, meu limoeiro / Implorar (1946) Victor 78; Menina dos olhos / Escorregando (1946) Victor 78;Meu chamego é você (1946) Victor 78; Edinho no frevo (1946) Victor 78 / Olha a saúde (1946) Victor 78; De guarda-sol aberto (1946) Victor 78; Entra na fila (1946) Victor 78; Feiticeira / Sétimo véu (1947) RCA Victor 78; Palpite feliz / Danúbio azul (1947) RCA Victor 78; Gafanhoto / Lamento negro (1947) RCA Victor 78; Linguarudo (1947) RCA Victor 78; Tira-teima (1947) RCA Victor 78; Chegou sua vez (1947) RCA Victor 78; Cheguei na hora (1947) RCA Victor 78; Agora é você (1947) RCA Victor 78; Peguei um ita no Norte / Atraente (1949) RCA Victor 78; Lá vai veneno (1950) RCA Victor 78; O tocador quer fumar (1950) RCA Victor 78; Frevo da meia-noite (1950) RCA Victor 78; O caldeirão está fervendo (1950) RCA Victor 78; Com essa eu vou (1950) RCA Victor 78; Gaúcho (1950) RCA Victor 78; Três da tarde / Fogão (1950) RCA Victor 78; Sururu na cidade / Último desejo (1950) RCA Victor 78; Canta Brasil / No rancho fundo (1950) RCA Victor 78; Frevo dos vassourinhas / Freio a óleo (1950) RCA Victor 78; Aperta o passo (1950) RCA Victor 78; Lágrimas de folião (1950) RCA Victor 78; Gostozinho (1950) RCA Victor 78; Ponto final (1950) RCA Victor 78; Feitio de oração / Mesquitiando (1951) RCA Victor 78; Peixe vivo / Meu barquinho (1951) RCA Victor 78; Favela / Pedalinho (1951) RCA Victor 78; Canhão setenta e cinco / Saudades de Raul Morais (1951) RCA Victor 78; Minas Gerais / O delegado é o mesmo (1951) RCA Victor 78; Fazendo inferno (1951) RCA Victor 78; É pra quem pode / Adeus alegoria (1951) RCA Victor 78; Clarins da madrugada (1951) RCA Victor 78; Tira prosa (1951) RCA Victor 78; Xamexuga / Franci (1952) RCA Victor 78; Flor de laranjeira / Parabéns a você (1952) RCA Victor 78; Índia / Sugestivo (1952) RCA Victor 78; Jezebel / Dance no baião (1952) RCA Victor 78; É pra fuxico (1952) RCA Victor 78; Fantasma (1952) RCA Victor 78; Cangarussu / Carlos Avelino (1952) RCA Victor 78; Tota no frevo (1952) RCA Victor 78; Geraldo no frevo / Levado da breca (1952) RCA Victor 78; O banjo no baião / Rebolando (1953) RCA Victor 78; Esquecendo as mágoas (1953) RCA Victor 78; Baião do sul / Auf wierdersehen, meu amor. Com seu conjunto (1953) RCA Victor 78; Agora é cinza / Fecha, carrança (1954) RCA Victor 78; Arrasta-pé / Nostálgico (1954) RCA Victor 78; Vassourinhas no Rio (1954) RCA Victor 78; Isquenta mulhé (1954) RCA Victor 78; O frevo é assim (1954) RCA Victor 78; Ebb tibe / Anna (1954) RCA Victor 78; Por amor / Gracioso. Com seu conjunto (1954) RCA Victor 78; Vassourinha do Levino/Vai mexendo (1955) RCA Victor 78; Vale-tudo (1955) RCA Victor 78; Carro-chefe (1955) RCA Victor 78; Zaccarias no frevo (1956) RCA Victor 78; Não adianta chorar / Desacatando (1956) RCA Victor 78; Tempo quente (1956) RCA Victor 78; Os pobres de Paris / Blue star. Com Fats Elpídio (1956) RCA Victor 78; A woman in love / The tender trap. Com Fats Elpídio (1956) RCA Victor 78; Mr. Wonderful / Memories are made of this. Com Fats Elpídio (1956) RCA Victor 78; Aquarela do Brasil / Na Baixa do Sapateiro (1957) RCA Victor 78; Quarto centenário / Dobrado 220 (1957) RCA Victor 78; Papa-filas (1958) RCA Victor 78; Sacode tudo (1958) RCA Victor 78; Viva o nosso papai. Com Quarteto Excelsior (1959) RCA Victor 78; Sambas em black tie [195?] RCA Victor LP; Sambas em desfile [195?] RCA Victor LP; Uma noite no Country Club [195?] RCA Victor LP; Coquetel dançante Nº 2 [195?] RCA Victor LP; Música, maestro [195?] RCA Victor LP; A corneta no samba / Nostalgia (1960) RCA Victor 78; Gavião / É de estourar (1961) RCA Victor 78; Recordando a mocidade / Segure esse bode (1961) RCA Victor.