Quando na prisão Caetano recebeu de sua então mulher Dedé a revista Manchete com as primeiras fotografias da Terra, tiradas de grande distância, foi tomado de forte emoção, ao mesmo tempo em que refletia sobre a ironia de sua situação, conforme registrou no livro Verdade tropical: “Preso numa cela mínima, admirava as imagens do planeta inteiro, visto do amplo espaço.”
A força daquela impressão determinaria, quase dez anos depois, a feitura de uma canção cuja letra começa referindo-se ao fato (“Quando eu me encontrava preso”) seguindo-se divagações poéticas sobre a Terra, intercaladas pelo refrão (“Terra, Terra/ por mais distante/o errante navegante / quem jamais te esqueceria”) várias vezes repetido.
Os versos finais da composição são cantados sobre uma melodia que, embora diferente, reproduz uma divisão muito próxima à do final da segunda parte de “Você Já Foi à Bahia”, de Dorival Caymmi: “... tudo, tudo na Bahia / faz a gente querer bem / a Bahia tem um jeito...” Neste ponto Caymmi arremata: “que nenhuma terra tem”, com a palavra “tem” sobre a tônica, enquanto Caetano retoma o refrão “terra, terra...” Tranquila faixa de abertura do citado álbum, “Terra” é uma das melhores canções de Caetano no final dos anos setenta (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).
Terra (1978) - Caetano Veloso - Intérprete: Caetano Veloso
LP Muito - Dentro Da Estrela Azulada / Título da música: Terra / Caetano Veloso (Compositor) / Caetano Veloso (Intérprete) / Gravadora: Philips / Ano: 1978 / Nº Álbum: 6349 382 / Lado A / Faixa 1 / Gênero musical: Canção / MPB.
Intro:G G/B ( G G/B ) Quando eu me encontrava preso, na cela de uma cadeia Foi que eu vi pela primeira vez, as tais fotografias Em que apareces inteira, porém lá não estava nua C C/G C C/G E sim coberta de nuvens G/B G G/B G Am Terra, terra, Em Dm Por mais distante o errante navegante F C Quem jamais te esqueceria ( G G/B ) Ninguém supõe a morena, dentro da estrela azulada Na vertigem do cinema, mando um abraço pra ti Pequenina como se eu fosse o saudoso poeta C C/G C C/G E fosses a Paraíba G/B G G/B G Am Terra, terra, Em Dm Por mais distânte o errante navegante F C Quem jamais te esqueceria ( G ) Eu estou apaixonado, por uma menina terra Signo de elemneto terra, do mar se diz terra à vista Terra para o pé firmeza, terra para a mão carícia C C/G C C/G Outros astros lhe são guia G/B G G/B G Am Terra, terra, Em Dm Por mais distânte o errante navegante F C Quem jamais te esqueceria Eu sou um leão de fogo, sem ti me consumiria A mim mesmo eternamente,e de nada valeria Acontecer de eu ser gente e gente ser outra alegria C C/G C C/G Diferente das estrelas G/B G G/B G Am Terra, terra, Em Dm Por mais distânte o errante navegante F C Quem jamais te esqueceria ( G ) De onde nem tempo e nem espaço, que a força mande coragem Pra gente te dar carinho, durante toda a viagem Que realizas do nada,através do qual carregas C C/G C C/G O nome da tua carne G/B G G/B G Am | Terra, terra, | Em Dm | 3 vezes Por mais distânte o errante navegante | F C | Quem jamais te esqueceria | Na sacadas do sobrado, na velha são salvador A lembranças de doselas, do tempo do Imperador Tudo, tudo na Bahia faz a gente querer bem C C/G C C/G A Bahia tem um jeito G/B G G/B G Am Terra, terra, Em Dm Por mais distânte o errante navegante F C Quem jamais te esqueceria