sexta-feira, setembro 12, 2008

Brasinha

Brasinha (Gustavo Tomás Filho), compositor (Rio de Janeiro RJ 10/12/1925—id. 16/4/1998), compôs principalmente músicas carnavalescas. Sua primeira composição, Minha canção, é de 1938.

Teve sua primeira música gravada — o samba Quero esquecer — por Zezé Gonzaga, para o Carnaval de 1952, na etiqueta Sinter. Com Luís Antônio compôs um samba famoso, Zé Marmita, gravado por Marlene, na Continental, para o Carnaval de 1953.

Seus principais parceiros foram Haroldo Lobo, Eratóstenes Frazão, Wilson Batista, Armando Cavalcanti, Klécius Caldas, Luís Antônio, Newton Teixeira e Rutinaldo. Algumas de suas músicas foram lançadas na França e em outros países. Foi funcionário da prefeitura do Rio de Janeiro.

Obras

Avenida iluminada ou Lágrimas de um coração (c/Newton Teixeira), marcha-rancho, 1969; Califa de Bagdá (c/Haroldo Lobo e Milton de Oliveira), marcha, 1957; A lua é dos namorados (c/Armando Cavalcanti e Klécius Caldas), marcha, 1961; Marcha do pescador (c/Rutinaldo), 1962; Oh! que delícia de mulata (c/Milton de Oliveira e Bevilaqua), marcha, 1968; O sheik de Copacabana (c/Blecaute e Almeidinha), marcha, 1967; Zé Marmita (c/Luís Antônio), samba, 1953.

Brasinha, o poeta da folia

As provas para o vestibular de Direito estavam marcadas para depois do carnaval de 1951, mas ele estava ali, em um boteco da Lapa, com os amigos vendo a folia passar. E então, entre uma cerveja e outra, veio a surpresa que mudaria para sempre a sua trajetória: um bloco passou cantando a sua primeira composição. Ele mal pôde acreditar. A faculdade ficou no sonho e a música tornou-se a sua grande paixão.

Foi assim que começou a carreira de Brasinha (Gustavo Thomas Filho) na MPB. Nem ele podia imaginar que, carioca, 17o. filho de uma família com origem italiana e inglesa, fosse conviver com os grandes nomes da música popular brasileira. Mas o destino quis assim. E ele seguiu a vocação, que inscreveria seu nome em enciclopédias e livros sobre a nossa MPB e deixaria aos admiradores da canção popular marchinhas inesquecíveis.

Com a chamada sorte de principiante, Brasinha gravou Quero esquecer, seu primeiro samba, em 1951. Depois, inspirado no ambiente do operariado brasileiro, de que ainda era integrante, olhou em volta, captou o sentimento do povo e brotaram os versos de Zé Marmita, uma crítica social que ainda não saiu de moda, elogiada até por Chico Buarque. Na época, um sucesso na voz da intempestiva Marlene.

As músicas são muitas. Quase 200 gravadas. Os parceiros outros tantos. As noites de boemia, incontáveis. Tudo servia de inspiração. A alardeada - e até hoje inacreditável - chegada do homem à Lua acabaram nos versos de A lua é dos namorados. A mulata, histórias infantis, histórias de adultos, como a do compositor e amigo Herivelto Martins, que em uma de suas idas ao sítio que tinha em Bananal, São Paulo, ficou maluco procurando uma tal vaca malhada. Se achou não se sabe, mas ela acabou em música de carnaval.

Por conta de seu ofício de carnavalesco conheceu gente bamba como Zé Kétti, Zé da Zilda, Blecaute, Risadinha, Donga, João da Baiana, Guilherme de Britto, Braguinha, entre tantos outros. Conheceu também astros da MPB, como Pixinguinha, Orlando Silva, Lupicínio Rodrigues, Dorival Caymmi. Sem contar as estrelas: Emilinha, Ângela Maria, Linda e Dircinha Batista, Dalva de Oliveira. Aliás, a magia e o feitiço do carnaval sempre povoaram a imaginação do compositor, que gravou um de seus grandes sucessos Avenida iluminada (com o subtítulo sugestivo "As lágrimas de um coração").

Para garantir o leite das crianças (uma delas, eu), Gustavo Thomas Filho era funcionário público. Depois do expediente, as noites de sexta-feira especialmente eram sempre uma criança. E, já na década de 70, com um gravador de rolo, dava asas à imaginação para compor novas músicas madrugada adentro.

Foi assim que ele criou A marcha do Kung Fu, com a qual sairia campeão do concurso Convocação Geral, promovido pelo Jornal O GLOBO, em 1975. Inspirado no seriado da TV Globo, a marchinha até hoje é tocada no carnaval. Depois viria Mexa-se, também na linha da crítica de costumes, enfocando a mania de saúde das pessoas nos anos 80, fazendo todo mundo praticar exercícios para viver com saúde e alegria.

Infelizmente, por conta do vício do cigarro, Brasinha viria a falecer, vítima de câncer de pulmão, no dia 16 de abril de 1998. Deixou a esposa, Maria de Lourdes, companheira de 48 anos de vida, e os filhos Gustavo e Kátia. Brasinha nasceu em 10 de dezembro de 1925. A sua vida e obra é hoje tema de um projeto, já certificado pelo Minc para ser transformado em livro, CD e show. Só falta o patrocínio (* Kátia Thomas é jornalista e filha do compositor Brasinha).

Fontes: Revivendo Músicas; Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PubliFolha.

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