segunda-feira, dezembro 13, 2010

João Dias Carrasqueira

João Dias Carrasqueira
João Dias Carrasqueira, instrumentista e compositor, nasceu em Paranapiacaba, SP, em 3/4/1908, e faleceu na cidade de São Paulo, SP, em 14/5/2000. Filho do mestre-de-banda Antônio Dias Carrasqueira, teve com o irmão José Maria as primeira noções de flauta, formando-se mais tarde professor de flauta pelo Conservatório Musical Santa Cecília, de São Paulo SP.

Começou a tocar profissionalmente em orquestras de cinema da capital paulista e, a partir da década de 1930, em emissoras de rádio. De 1933 a 1936, atuou em regionais e orquestras na Rádio Cruzeiro do Sul, onde tocou com Paraguassu e Catulo da Paixão Cearense, entre outros, trabalhando também na Rádio Cosmos.

Em 1939, na Rádio Record, integrou a orquestra da emissora e o Regional de Armandinho, sob o cognome de Canarinho da Lapa. Por essa época, compôs alguns chorinhos, lançados por conjuntos regionais.

Passou mais tarde a dedicar-se à música erudita, apresentando-se em 1954 como solista de flauta da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo, no IV Centenário de São Paulo, posto que conquistou em concurso internacional.

Em 1962 recebeu prêmio da APCT como melhor instrumentista, pela interpretação do ciclo integral das sonatas para flauta e cravo de Johann Sebastian Bach (1685—1750).

Foi contratado pelo governo do Estado de São Paulo, em 1965, para ministrar aulas a professores e fiscais de conservatórios, durante temporadas na capital e no interior. Ainda nesse ano, apresentou todas as obras para flauta de Camargo Guarnieri, acompanhado pelo próprio autor. Compôs peças para trilhas sonoras de programas de televisão, entre os quais a novela O tempo e o vento, da TV Excelsior, de São Paulo, inspirada em romance de Érico Veríssimo (1905—1976). 

Em 1976 participou do Festival de Choro organizado pela TV Bandeirantes, de São Paulo, obtendo o quarto lugar com sua composição Chorinho triste. Flautista da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo e da Orquestra Filarmônica de São Paulo, desligou-se delas para dedicar-se a apresentações individuais e ao magistério.

Foi responsável por primeiras audições de obras de vários compositores, como Bruno Maderna (1920—1973), Gian Francesco Malipiero (1882—1973), Camargo Guarnieri e outros. Professor universitário pelo Conselho Federal de Educação, destacou-se no ensino de flauta em faculdades e conservatórios, bem como nos cursos internacionais de música da Pró-Arte Brasil. 

Em 1985 gravou o LP Recital de flauta, etiqueta Conanima, no qual interpreta obras de compositores brasileiros e de autores internacionais do período romântico, além de composições próprias. 

Em 1995, com a fundação da Associação Brasileira de Flautistas, foi lançado seu CD The Flute Wizard. Criou um método de ensino, baseado na música brasileira, que formou várias gerações de flautistas.

CD

The Flute Wizard, 1995, Régia Música CDA 931025.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PubliFolha.

Geraldo Carneiro

Geraldo Carneiro
Geraldo Carneiro (Geraldo Eduardo Ribeiro Carneiro), letrista e poeta, nasceu em Belo Horizonte, MG, em 11/6/1952. De 1960 a 1966 estudou piano com Carmen Mañanes.

Em 1968 apresentou-se na televisão ao lado de Paulo Jobim e Danilo Caymmi. Nesse mesmo ano conheceu Egberto Gismonti, que seria seu parceiro a partir de 1971. Em 1969, ano em que estudou com Vilma Graça, teve sua música Tristeza, tristeza (com Eduardo Souto Neto) gravada por Jorginho Teles.

Em 1971 compôs a música Água e vinho, que deu nome ao LP de Egberto Gismonti lançado no ano seguinte pela Odeon, no qual estão também A traição das esmeraldas e Ano zero, todas elas da dupla.

Em 1972 produziu o LP Egberto Gismonti, para o qual compôs com o cantor, entre outras, Luzes da ribalta e Encontro no bar.

A partir de 1974 começou a fazer letras para o grupo A Barca do Sol, do qual faz parte seu irmão Nando Carneiro. No primeiro LP do conjunto, gravado em 1974 na Continental, estão, entre outras, Brilho da noite e Lady Jane (ambas com Nando Carneiro) e Fantasma da ópera (com Muri Costa). 

Ainda em 1974, produziu o LP Academia de danças, de Egberto Gismonti, e em abril do ano seguinte compôs dez músicas com o músico argentino Astor Piazzola, das quais apenas duas foram lançadas, inicialmente na Itália: As ilhas e Muralha da China. A seguir, As ilhas foi gravada no Brasil por Ney Matogrosso

Em 1978 compôs com John Neschling Rita Baiana. Na década de 1980, formou outras parcerias: com Francis Hime compôs Pau-brasil (1984), e Cantata (1988); com Wagner Tiso, a ópera performática Manu Çaruê (1987). 

Em 1988 voltou a compor com Gismonti, escrevendo as letras para Trem noturno, Corações futuristas, e Caravela. Escreve roteiros para cinema e peças de teatro. 

Obra

Água e vinho (com Egberto Gismonti), 1971; Ano zero (c/Egberto Gismonti), 1972; Brilho da noite (c/Nando Carneiro), 1974; Corações futuristas (c/Egberto Gismonti), 1988; Encontro no bar (c/Egberto Gismonti), 1973; As ilhas (c/Astor Piazzola), 1974; Luzes da ribalta (c/lEgberto Gismonti), 1973; Palhaço (c/Egberto Gismonti), 1988; Pau-brasil (c/Francis Hime), 1984; Rita Baiana (c/John Neschling), 1978. 

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PubliFolha.

Edison Carneiro

Edison Carneiro
Edison Carneiro (Edison de Souza Carneiro), folclorista, jornalista e escritor, nasceu em Salvador, Bahia, em 12/08/1912, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 02/12/1972.

Diplomado pela Faculdade de Direito da Universidade da Bahia em 1935, foi redator dos jornais Estado da Bahia, de 1936 a 1939, Bahia Jornal, em 1937, O Jornal, do Rio de Janeiro, em 1939 e da agência British News Service, de 1940 a 1947, exercendo ainda o cargo de redator-chefe da Associated News desde 1941.

Aos 16 anos começara a publicar artigos e crônicas na imprensa local. Aos 18 anos participaria de um movimento cultural de índole renovadora - a Academia dos Rebeldes. Foram, então, seus companheiros, os poetas Sosígenes Costa, Áydano do Couto Ferraz e Alves Ribeiro, o cronista Dias da Costa e os romancistas Jorge Amado, João Cordeiro e Clóvis Amorim.

A partir de 1933, empolgado pela beleza mística dos cultos populares de origem africana, passou a dedicar-se ao seu estudo, havendo, em 1937, chegado a fundar uma federação das casas de candomblé baianas, sob a denominação de União das Seitas Afro-Brasileiras da Bahia.

Iniciou sua carreira de jornalista através das páginas do Estado da Bahia, na qualidade de colaborador, em seguida, redator efetivo. Transferindo-se para o Rio de Janeiro, trabalharia em O Jornal. Do Rio de Janeiro, comissionado pelo Museu Nacional, voltou à Bahia em agosto de 1939, a fim de recolher material sobre os cultos afro-brasileiros e encomendar a feitura de bonecas de pano, em tamanho natural, com as vestimentas e insígnias do orixás, material este que pode ser visto no Museu da Quinta da Boa Vista.

Publica Religiões negras (1936), Negros Bantos e Castro Alves - Ensaio de Compreensão (1937). Fixado, definitivamente, no sul do país, passou a dividir o seu tempo entre as atividades jornalísticas e trabalhos de tradução para o português, de obras escritas em inglês e francês, por solicitação de editores sulistas.

Em 1946 publicou, em edição mexicana, Guerra de los Palmares, que surgiria, um ano após, no Brasil, sob o título O Quilombo dos Palmares. Em 1947, publicaria Trajetória de Castro Alves, e em 1948, o MAB editaria seu mais famoso livro - Candomblés da Bahia.

Em 1949 ingressaria na Confederação Nacional da Indústria, de onde se transferiria, em 1955, para o Serviço Nacional da Indústria (SESI), onde permaneceu até a sua morte.

Foi ainda redator do serviço público do MEC. Publicou Antologia do Negro Brasileiro (1950), Linguagem Popular da Bahia (1951); A Cidade do Salvador (1954), A Conquista da Amazônia (1956), O Negro em Minas Gerais e A Sabedoria Popular (1957). Durante essa época foi um dos principais redatores do Última Hora e do Jornal do Brasil.

Em 1959 iniciaria sua carreira de professor, encarregado do ensino da disciplina Bibliografia do Folclore, no Curso de Biblioteconomia da Biblioteca Nacional. Nessa mesma ocasião participou do grupo de trabalho que estruturou a Campanha de Defesa do Folclore. Publicou A Insurreição Praieira (1960) e Samba de Umbigada (1961).

Foi redator da Carta do Samba em 1962. Mais tarde passa a ministrar, na condição de professor visitante, cursos em várias Universidades brasileiras, entre as quais, as de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Paraná e Rio Grande do Sul. Editou os livros Ladinos e Crioulos (1964) e Dinâmica do Folclore (1965).

Em 1966 foi nomeado membro da comissão criada pelo Ministério das Relações Exteriores para organizar a representação brasileira no 1º Festival Mundial de Arte Negra, a realizar-se em Dacar. De Dacar, onde chefiou a Delegação do Brasil, seu primeiro contacto com a África negra, atendendo a convite especial da UNESCO, seguiria para o Daomé (atual Benin), onde participaria do Colóquio África-América Latina.

Visitou outros países africanos, entre eles o Togo, a Costa do Marfim e a Nigéria. Publicou nesse ano, em francês e em inglês, um artigo sobre as religiões afro-brasileiras sob o título de Contribuição da África à Civilização Brasileira.

De volta ao Brasil, continuaria a escrever artigos e verbetes, para jornais, revistas e enciclopédias, entre essas, a Enciclopédia Barsa, a Delta-Larousse e a Mirador Internacional, e iniciou a revisão e anotação de obras clássicas da nossa história social, entre elas, as Cartas de Vilhena, reeditadas em 1969, na Bahia, sob o título A Bahia no Século XVIII, e o trabalho pioneiro de Nina Rodrigues, Os Africanos no Brasil.

Nessa fase publicou artigos no Jornal do Comércio, do RJ, em A Tarde, da Bahia, em Brasil Açucareiro, na revista Planeta e em Afro-Ásia, revista do Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBA, enquanto outros seriam publicados no exterior, nos EUA, União Soviética, México e Argentina.

Por toda a sua grande atividade literária, foi agraciado, em 1969, pela Academia Brasileira de Letras com o Prêmio Machado de Assis. Foi ainda condecorado com a Medalha Sílvio Romero pelo Governo da Guanabara e com a Medalha Euclides da Cunha, pela cidade de São José do Rio Preto.

Seu valor como profundo conhecedor da nossa cultura popular foi reconhecido por importantes organizações estrangeiras, entre as quais as Sociedades de Folclore do México, Peru e Tucaman, na Argentina. Enquanto, no Brasil, que o nomeou seu membro honorário, pelo Conselho Diretor da Comissão Nacional de Folclore do IBECC (órgão nacional da UNESCO), e pelo Conselho Nacional do Folclore, dos quais participou como membro efetivo.

Tal reconhecimento não partiria, no entanto, apenas de instituições oficiais e, desse modo, Édison Carneiro recebeu da Escola de Samba Portela, o título de Grande Benemérito, e o de Sócio Honorário das Escolas de Samba da Mangueira e Acadêmicos do Salgueiro, tendo recebido igual honraria do afoxé Filhos de Gandhi, da Bahia, e do Clube das Pás Douradas, de passistas de frevo do Recife.

Após a sua morte, um novo livro de sua autoria seria ainda publicado - Folguedos Tradicionais, um dos mais completos trabalhos existentes sobre a nossa cultura popular. Édison Carneiro morreu em 1973. Hoje é nome de rua, em Pernambués, nome de Escola Pública, de prêmio literário do Estado da Bahia, mas sua memória persiste viva sobretudo na saudade do povo, para o qual o nome de Édison Carneiro é sinônimo de luta pelo futuro

Fontes: Estudo da Capoeira - Edison Carneiro - Cadernos de folclore 1 - Capoeira 1975; Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha.

Carioca

Ivan Paulo da Silva
Carioca (Ivan Paulo da Silva), regente, arranjador, instrumentista e compositor, nasceu em Taubaté, SP, em 10/12/1910, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 11/4/1991. Estudou em São Paulo com os maestros Antão Fernandes e Antônio Barbarisco, e no Rio de Janeiro, com o maestro Paulo Silva. 

Começou sua carreira musical em 1933, tocando trombone na Banda de Música da Força Pública de São Paulo. Em 1935 passou a atuar também em orquestras, como a Columbia, a de Otto Wey, a de José Nicolini, a dos Irmãos Cópia, a de Luís Argentos e a de Orlando Ferri. 

Em 1937 participou pela primeira vez de uma gravação, como trombonista da Orquestra de Leo Peracchi, acompanhando Silvino Neto na música Gorro de meia. Em 1938 deixou a Banda da Força Pública e excursionou pelo Uruguai e Argentina, com Jardel iércolis, fazendo teatro de revistas. 

Transferindo-se para o Rio de Janeiro em 1939, passou a atuar na Orquestra de Fon-Fon, com a qual gravou nesse ano nos estúdios da Rádio Tupi, acompanhando Francisco Alves na música A voz do violão (Francisco Alves e Horácio Campos). Com essa orquestra, que integrou até 1941, fez excursão pela Argentina. 

De 1942 a 1946 trabalhou na orquestra Ali Stars e de 1946 a 1952 apresentou-se com orquestra própria na Rádio Tupi. Depois de ter gravado vários discos na Odeon (de 1950 a 1953), atuou com sua orquestra na Rádio Mayrink Veiga de 1954 a 1956 e de 1958 a 1963. Nessa segunda fase, recebeu o prêmio Melhor Long Playing de 1961, do jornal O Globo, e, no ano seguinte, foi premiado com o troféu de Melhor do Rádio, da Revista do Rádio. Ainda em 1962 excursionou com sua orquestra pelo Uruguai. 

Em 1964 participou do show Sambamba, no Copacabana Palace Hotel, tendo recebido o prêmio Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, como melhor arranjador. A orquestra de Carioca gravou muitos LPs, entre os quais Sambas em brasa (Musidisc), Clássicos no samba (RCA), Carioca e sua orquestra de baile (Rádio), Samba... Oba! (Imperial) etc. 

Em 1974 recebeu o prêmio de Melhor Arranjador do Festival Musicopa, realizado na Penitenciária Lemos de Brito, do Rio de laneiro. 

Como compositor, é autor de Graças a Deus, gravado por Elizeth Cardoso, Voltei ao meu lugar, gravado por Jamelão, Derrubando violões, gravado por Ademilde Fonseca, as Gingas (nos 1, 2, 3 e 4), gravadas por Carioca e sua Orquestra, e do famoso prefixo do programa noticioso Repórter Esso.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira  - Art Editora - Publifolha.

Rubens Campos

Rubens Campos, compositor, nasceu em São Paulo SP em 16/8/1912. Começou como ritmista e participante de coro em programas de rádio e gravações de outros cantores, atuando, entre outros, no programa Favela em São Paulo, na Rádio São Paulo, transmitido para o Rio de Janeiro pela Rádio Tupi.

Em 1941, com Henricão, seu principal parceiro, compôs Está chegando a hora, adaptação da canção mexicana Cielito lindo (A. Sedos e F. Tudela), que se tornou o maior sucesso no Carnaval do ano seguinte, na voz de Carmen Costa (e ainda hoje é cantada em fins de partidas de futebol pela torcida do time vencedor).

Por volta de 1946, viajou com o conjunto Brasiliana pela Europa, e na década de 1950, com o pseudônimo de Carrol Blanchez, compôs mambos e chá-chá-chás, ritmos então de grande aceitação.

Obra

Ai ai ai (com Henricão), samba, 1950; Está chegando a hora (com Hemricão), 1942.

Fonte: Enciclopédia da música brasileira: erudita, folclórica e popular. São Paulo, Art Editora, 2000.