terça-feira, dezembro 17, 2013

Dois apitos: Benedito Lacerda

"Dois apitos" era a expressão, nos anos de 1930, de quem tinha duas profissões paralelas. Benedicto Lacerda, desculpem, Benedito Lacerda, instrumentista (exímio flautista), compositor e regente, nascido em Macaé, Rio de Janeiro, em 14/3/1903, foi um dos "monstros sagrados", ao lado do incrível Pixinguinha, da nossa Música Popular. Aqui uma reportagem da revista CARIOCA, de novembro de 1935, sobre o nosso artista:

"Não houve, no último carnaval, e mesmo depois dele, quem no Brasil inteiro não cantasse:

Eva, querida,
Quero ser o teu Adão,
Dar-te-ei o meu amor, a minha vida,
Em troca de teu coração.

O autor desta marchinha, como de muitas outras músicas populares, foi Benedito Lacerda, que agora atua no “broadcasting” como flautista e diretor de um conjunto regional. Benedito Lacerda, que acaba de ser contratado pela Rádio Belgrano, de Buenos Aires, para propagar na metrópole argentina a nossa música carnavalesca, foi, em garoto, jornaleiro, dedicando-se a venda dos jornais vespertinos. Depois, rapazinho, foi caixeiro de armarinho.

E exerceu até bem pouco tempo essa profissão, conservando ainda o calo do metro. Começou a tocar, de ouvido, numa flauta de bambu. Aprendeu mais tarde musica por escala, dedicando-se também ao saxofone. Inimigo das oito horas de trabalho, Benedito Lacerda despediu-se do estabelecimento em que trabalhava, logo que as suas músicas começaram a interessar ao público.

“Criança, toma juízo...”, samba, “Ciganinha”, marcha, “Querido Adão”, música carnavalesca, são algumas de suas produções de êxito. “Eva, querida” é agora verdadeira coqueluche em Buenos Aires.

— Prefiro viver como vivo agora, — diz Benedito Lacerda, — sem preocupações de horários e ralhos de patrões. Um dia, toco. No outro, canto. Irradio, gravo discos e vou ganhando a “nota”. Depois do Carnaval, irei ver como param as coisas no Prata...

Benedito Lacerda fez questão de mostrar a CARIOCA que ainda entende de seu antigo mister de caixeiro de armarinho. Meteu-se atrás de um balcão e em poucos minutos vendeu um “stock” de roupas feitas, por preços verdadeiramente escandalosos, mas com a vantagem de as vender fiado, sem sequer perguntar os nomes dos fregueses."



Fonte: CARIOCA, de 30/11/1935.

Lan e os músicos de 1950



Lançou "Aquarela do Brasil" e chamou o Brasil de "mulato inzoneiro". O Flávio Cavalcanti disse que isso é a mesma coisa que "mestiço intrigante" e o mineiro de Ubá ficou louco da vida. O Flávio até tentou se desculpar, indo na casa dele. O Ary comprou um cão policial e o deixou na frente de sua casa para esperar.... Ao lado Araci de Almeida, comemorando seu aniversário, na ocasião, em São Paulo, e o próprio Governador (que não fora convidado) disse: "Vim pessoalmente apertar a mão da maior cantora popular do Brasil”. Araci sorriu encabulada e respondeu sincera: “Governador, isto são lantejoulas de sua parte”.



Herivelto sofre o complexo do apito. Quando o “Praça Onze” agradou, ele castigou logo em seguida o “Laurindo”, aquele que dizia assim: — Laurindo, pega o apito... etc., etc. Laurindo sumiu e o apito ficou com Herivelto... Maysa (Perdi meu pente) Matarazzo é Bonjardim de nascença. Um dia houve uma festa para os melhores do rádio. Maysa foi convidada, Andrezinho Matarazzo acompanhou-a e, quando deu com o ambiente exclamou para si mesmo: — Eu salto aqui! Para encerrar, mais duas charges dessa época: Pixinguinha e José Vasconcelos...




Fonte: Dicionário Ilustrado — Texto de Stanislaw Ponte Preta — Desenho de Lan — Jornal "Última Hora"