quinta-feira, junho 13, 2013

Dupla Ouro e Prata


Havia em 1945 no Bom Retiro, em São Paulo, um grupo vocal - instrumental chamado "Bando do Sereno". Os rapazes eram amadores, porém ganhavam vários prêmios em Horas de Calouros. No Natal daquele ano, o conjunto se desfez. Um dos vocalistas, o pandeirista Miguel Ângelo Roggieri, havia prometido a uma garota que o grupo iria tocar em sua festa. A solução que encontrou foi propor a um dos violonistas do conjunto, o seu amigo Renato, que comparecessem somente os dois (violão e pandeiro).

A dupla agradou em cheio. Entusiasmados, inscreveram-se no programa de calouros "A hora do gato” com o nome "Dupla R" (Roggieri e Renato); ganharam o prêmio. O diretor da Rádio Bandeirantes, José Nicolini resolveu contratá-los.

Posteriormente, ocorreu a troca de um dos integrantes, o Renato, pelo outro violonista (e crooner) do Bando do Sereno, Rubião de Oliveira. Em uma das apresentações, o animador Vicente Leporace, que não gostava do nome "Dupla R”, sugeriu a troca. Num improviso anunciou: "Com vocês, a grande Dupla Ouro e Prata!", nome que ficou.

Ao encerrar o contrato com a Rádio Bandeirantes, foram para a Rádio Tupi e, posteriormente, para a Rádio Record, quando começaram a gravar discos pela "Continental". No Carnaval de 1949 foram campeões com o samba Bebo de José Roy e Vitor Simon. Porém a vitória no carnaval foi acompanhada da morte de Rubião de Oliveira, no sábado de Aleluia de 1949, aos 23 anos de idade.

Um amigo comum apresentou Oswaldo Cruz a Miguel. O rapaz pertencia a outro conjunto amador - "Príncipes da Vila". A nova dupla “Ouro e Prata” lançou, em 1950, um 78 RPM com dois clássicos: Lá vem a baiana, de Dorival Caymmi e Copacabana, de Braguinha e Alberto Ribeiro.

Gravaram vários discos até 1963, quando a dupla foi desfeita, com Miguel iniciando carreira-solo, gravando com o nome Miguel Ângelo a música Quatro Paredes.  Oswaldo Cruz, a convite do Compositor Lúcio Cardim, passou a cantar em sua casa noturna, iniciando um trabalho na vida noturna que duraram dez anos.

 ( Texto adaptado de http://www.duplaouroeprata.com.br/ )

Playlist





1 - A mulher que o trem matou; 2 - Adeus Marapé; 3 - Balanceio; 4 - Capote de pobre é cachaça; 5 - O casamento e o frango; 6 - Ô diacho!; 7 - O guarda e o motorista; 8 - Time perna de pau; 9 - Xote do tintureiro.

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Fonte:

Denise Duran

Irley da Silva Rocha é o seu nome real. Mas não significaria quase nada, se não envolvesse um mito da nossa MPB: é a irmã mais nova de Dolores Duran. 

 

Toda a sua família demonstrava inclinação para o canto. E com Lela, seu apelido desde pequena, não poderia ser diferente, embora não tivesse interesse em seguir carreira como cantora.

Ela e Dolores Duran costumavam ir ao cinema juntas e ensaiar peças de teatro para as crianças do bairro. Com a morte da irmã mais velha, em 24 de outubro de 1959, a cantora Marisa Gata Mansa, que era muito amiga de Dolores, insistia quase que diariamente para que Lela começasse a cantar.

A insistência foi tanta, que ela acabou indo, com Marisa, fazer um teste na gravadora Copacabana. Uma vez aprovada, adotou o nome artístico ‘Denise Duran’ e gravou o LP Canções e Saudades de Dolores, com quatro músicas gravadas por ela e oito por Marisa. .

Em 1962, Djalma Ferreira, proprietário da casa “Drink”, convida Denise para inaugurar a boate “Djalma’s”, que seria aberta em São Paulo. Assim, ela fixa residência na cidade e, neste mesmo ano, casa-se com o cantor Dave Gordon.

Casamento não impedirá a carreira


"Até o dia do falecimento de Dolores Duran, a sua irmã Irley apenas cantava... em casa. Marisa e Ribamar, que a conheciam muito bem, insistiram para que ela tentasse o rádio. E com a morte de Dolores, ela julgou que deveria ocupar o lugar da irmã. Justificou-se:

— Dolores, ao falecer, deixou um nome feito na historia do rádio brasileiro. Suas composições, cantadas e aplaudidas, mostraram que tão cedo ela não seria esquecida. Porém, vim para o rádio, certa de que, ao ver-me, todos lembrariam a minha, irmã.

Coube à Marisa dar o nome artístico à Irley. Ela foi para uma gravadora como Denise Duran, fez um teste e aprovou plenamente. Agora está preparando um LP. E Denise Duran, que tem uma alegria contagiante, salientou:

Nelson Gonçalves ensina segredos de como empolgar o público à Denise (Revista do Rádio, 1960)
— O que eu fazia antes de cantar? Ainda faço. Sou secretária, escrevo à máquina e trabalho com centenas de anotações.

— Queria mesmo ser cantora?

— Nunca simpatizei com a minha voz. Em vida, Dolores insistia para que eu tentasse o rádio. Só a sua morte convenceu-me a abraçar a carreira de cantoras.

— Dolores e você sempre foram unidas?

— Quando criança, nós brigávamos muito. Toda vez que mamãe saia, havia sempre um “caso” entre Dolores e eu. Ela, que era mais velha do que eu oito anos, tinha pena de bater em mim. Eu aproveitava isso para bater nela...

— Diga sinceramente: está gostando de ser cantora?

— Estou. Vamos ver se estão gostando de mim.

Denise Duran insistiu em dizer que tem uma vida atarefada. Trabalha em dois expedientes. Por isso, falta-lhe tempo para inspirações poéticas. Contudo, pretende também ser compositora. E, diante de uma das nossas indagações, respondeu com muita graça:

— Não vou à praia. Tenho medo de morrer afogada. Para mim, nadar é a coisa mais difícil do mundo. Em se falando de natação, nasci para ser prego...

— De que, finalmente, você gosta?

— Gosto de cinema e adoro o teatro. Se eu pudesse também seria atriz. 

— O que você acha do casamento?

— É essencial, para a mulher. No meu caso, pode escrever, não deixarei o casamento pela vida artística.

— Seu casamento está por perto?

— Está sim. E já devia ter acontecido.

— No caso, deixará de ser cantora?

— Não. O meu casamento não prejudicará a carreira que agora tento. Vou conciliando o amor com a vida de cantora.

Denise não quis declarar qual o nome do seu noivo. Mas, garantiu, no seu casamento, deixará que os fotógrafos compareçam para fixar flagrantes do dia mais feliz da sua vida."

Algumas gravações  

 

A noite chorou também (Jurandir Chamusca) Denise Duran 1961 Samba; Agradeço a Deus (Hianto de Almeida e Macedo Neto) Denise Duran 1961 Samba; Céu particular (Dolores Duran e Billy Blanco) Denise Duran 1960 Samba-canção; Noite de paz (Dolores Duran) Denise Duran 1960 Samba-canção; Olhe o tempo passando (Dolores Duran e Edson Borges) Denise Duran 1960 Samba-canção; Quem foi (Ribamar e Dolores Duran) Denise Duran 1960 Samba-canção.

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Fontes: Chiadofone; Revista do Rádio n° 565, de 1960; Gravações raras - Denise Duran.

Maestro Cipó

Maestro Cipó (Orlando Silva de Oliveira Costa), arranjador, compositor, saxofonista e líder de orquestra, nasceu em Itapira, SP, em 24/11/1922, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 03/11/1992. Abandonado pela mãe, foi criado por uma parteira inglesa, conhecida como Gina Parteira. Começou a aprender a tocar clarinete aos dez anos de idade em sua cidade natal. Teve sua vida musical inicialmente ligada à bandas de música.

Em 1940, mudou-se para São Paulo, já sabendo tocar saxofone, e passou a tocar no conjunto do Maestro Gaó. Em 1943, foi para o Rio de Janeiro, contratado pela orquestra de Simon Boutman.

Em 1946, gravou seu primeiro disco, pela Continental, que saiu com o título de Cipó e Sua Orquestra, no qual foram interpretados os choros Um choro com swing e Interpretando, ambos de sua autoria. No mesmo ano, gravou, também de sua autoria, o fox-trot Crazy idea, e o choro Contaminado.

No começo dos anos 1950, ingressou na Rádio Tupi, como arranjador. Em 1957, participou com seu conjunto, do LP Festival de Jazz - 2º Grande Concerto, lançado pela Sinter, com diferentes maestros e conjuntos, sendo gravado ao vivo no Golden Room do Copacabana Palace em novembro de 1956. Ainda nesse ano, atuou no grupo musical Turma da Gafieira.

Em 1958, lançou pela Sinter o LP Assim eu danço... - Cipó e seu conjunto. Nesse ano, fez a trilha sonora do filme Alegria de viver, dirigido por Watson Macedo. Em 1959 lançou, também pela Sinter, o LP Melodias favoritas da tela - Cipó e Seu Conjunto, no qual foram interpretados clássicos do cinema.

Na década de 1960, passou a liderar o conjunto Sete de Ouros e tornou-se diretor musical da TV Tupi. Em 1962, o conjunto Sete de Ouros, sob sua direção, lançou pela Odeon, o LP 7 de Ouros. No ano seguinte, gravou pela Continental, o LP Madison sensacional - Cipó e seus Madison Boy's.

Em 1964, gravou pelo selo Imperial/Odeon o LP Aqui começa o maravilhoso mundo da música - A Fantástica Orquestra de Stúdio de Cipó, no qual foram registrados uma série de grande sucessos internacionais.

No mesmo ano, liderou o conjunto 7 de Ouros na gravação do LP Impacto! - Conjunto Sete de Ouros, lançado pela Polydor, no qual foram interpretados os sambas O amor que acabou, de Chico Feitosa e Luis Fernando Freire; Todo dia é dia de chorar, de Romeo Nunes e Carlito; O morro não tem vez, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, entre outros.

Em 1965, gravou, também pelo selo Imperial/Odeon, o LP Ritmo espetacular - Cipó e Academia de Samba Imperial, no qual foram tocados os sambas, entre outros, Despedida de Mangueira, de Benedito Lacerda e Aldo Cabral; Implorar, de Kid Pepe e Germano Augusto; Estão voltando as flores, de Paulo Soledade; e Pierrot apaixonado, de Noel Rosa e Heitor dos Prazeres.

Participou nos anos 1960 e 1970, de dezenas de programas musicais produzidos pelas TVs Tupi, Rio, Excelsior, entre outras. Em 1972, criou a Orquestra do Maestro Cipó, com a qual passou a animar bailes e gafieiras no Rio de Janeiro, misturando samba e jazz.

Em 1979, lançou pela gravadora CID o eclético LP A Gafieira - Cipó e Sua Orquestra, com as músicas Aquarela do Brasil, de Ary Barroso; Na Glória, de Raul de Barros e Ari dos Santos; Vereda tropical, de Gonzalo Curiel; Cuban Love Song, de Stothart, Fields e McRugh; Mambo Jambo e Mambo Nº5, de Perez Prado; Paraquedista, de José Leocádio; Apelo e Pra que chorar, de Baden Powell e Vinícius de Moraes; Negue, de Adelino Moreira e Enzo de Almeida Passos, e Força estranha, de Caetano Veloso, além dos sambas Pra que vou recordar o que chorei, de Carlos Dafé, e Gotas de veneno, de Wilson Moreira e Nei Lopes. 

Obras 

Assim eu danço, Bop ciponato, Conquistador, Contaminado, Crazy idea, Doce recordação, Interpretando, Tema para dois, Um choro com swing.

Discografia

1946 - Um choro com swing/Interpretando • Continental • 78
1946 - Crazy idea/Contaminado • Continental • 78
1958 - Assim eu danço... Cipó e seu conjunto • Sinter • LP
1959 - Melodias favoritas da tela - Cipó e Seu Conjunto • Sinter • LP
1962 - 7 de Ouros • Odeon • LP
1963 - Madison sensacional - Cipó e seus Madison Boy's • Continental • LP
1964 - Impacto! - Conjunto Sete de Ouros • Polydor • LP
1964 - Aqui começa o maravilhoso mundo da música • Imperial/Odeon • LP
1965 - Ritmo espetacular - Cipó e Academia de Samba Imperial • Odeon • LP
1965 - Brazilian Beat - Cipó And His Authentic Rhythm Group • Odeon • LP
1979 - A Gafieira - Cipó e Sua Orquestra • CID • LP

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Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB.