Nelson Novaes (Armando Carlos de Campos Souza Aranha), cantor, compositor e radioator, nasceu em São Paulo, SP, em 20/5/1920, mas viveu parte de sua infância na cidade de Jacareí. Ainda jovem, empregou-se como linotipista da "Revista dos Tribunais".
Estudava contabilidade, mas desejava lançar-se como cantor. Seu chefe, o escritor Nelson Palma Travassos, permitiu-lhe facilidades para que pudesse conciliar seu horário de trabalho com a música, e o cantor, em agradecimento, adotou o pseudônimo artístico de Nelson, juntando-o ao sobrenome Novaes.
Em 1940, ingressou na Rádio Cultura de São Paulo, exibindo-se em várias outras emissoras, inclusive nas rádios Tupi e Mayrink Veiga do Rio de Janeiro. Apresentou-se no Cassino Copacabana, e atuou também como radioator. Gravou um total de oito discos de 78 rpm, entre os anos de 1944 e 1959.
Seus maiores sucessos foram os boleros Jamais te esquecerei e Pelo teu amor. Jamais te esquecerei, foi lançado em 1947, numa versão instrumental gravada pelo próprio compositor, o violonista Antônio Rago.
Um ano mais tarde, a composição recebeu letra de Juracy Rago, primo do violonista, tendo sido cantada pela primeira vez por Nelson Novaes. De seus registros, destacam-se, ainda, o samba Precaução, da famosa dupla Pedro Caetano e Claudionor Cruz e Na beira do cais, valsa de Alberto Ribeiro.
Discografia
(sem data) Um amor igual ao nosso • Todamérica • 78
(sem data) Beijarás pensando em mim • Todamérica • 78
(sem data) Maria gastadeira • 78
(1944/1955) Precaução • Continental • 78
(1944/1955) Na beira do cais • Continental • 78
(1944/1955) Por um beijo de amor • Continental • 78
(1944/1955) Chinita mia • Continental • 78
(1944/1955) Jamais te esquecerei • Continental • 78
(1944/1955) Coração em festa • Continental • 78
(1944/1955) Casinha da colina • Continental • 78
(1944/1955) Pelo teu amor • Continental • 78
(1944/1955) Minha canção de amor • Continental • 78
(1944/1955) Despedida • Continental • 78
(1944/1955) Três coisas de valor • Continental • 78
(1944/1955) Só gosto de amor • Continental • 78
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Fontes: Dicionário Cravo Albin da MPB; Revista do Rádio - Fevereiro de 1950..
segunda-feira, maio 27, 2013
A polêmica da marchinha "Cachaça" - Parte 2
O escândalo: Colé cantou "Cachaça" com gosto. Carmen Costa fez dupla com Colé. Mirabeau Pinheiro, um dos muitos autores. Lúcio de Castro diz que também fez... (Fotos: Revista do Rádio de 10/03/1953). |
"Praticamente às vésperas do Carnaval carioca, o senhor Marinósio Filho, residente em Londrina, Paraná, compareceu a sede da União Brasileira de Compositores para reclamar a paternidade da marchinha “Cachaça”, que estava sendo cantada, por todo o Brasil, através do rádio e de uma grande vendagem de discos.
Houve escândalo porque a mesma melodia fora gravada como de autoria de três outros compositores — Héber Lobato, Mirabeau Pinheiro e Lúcio de Castro. Entretanto, aquêle que se dizia o verdadeiro autor levava documentos e um disco que asseguravam a veracidade de suas palavras: segundo esses, “Cachaça” fora registrada, em 1945, no Instituto Nacional de Música, e gravada, na mesma época, no Uruguai, na fábrica de discos “Sand’ Or”.
O disco foi tocado e comprovou-se que a melodia era a mesma, com pequeníssimas modificações! A UBC reconheceu, então, o senhor Marinósio Filho como o autor legítimo da marchinha, prontificando-se a ajudá-lo a receber os direitos autorais competentes, inclusive porque o mesmo pertencia ao seu quadro de associados.
No dia seguinte, levado à Editora “Copacabana Musical”, o senhor Marinósio Filho assinou contrato para o recebimento dos direitos de execução de “Cachaça” em todo o Brasil. Resolveu não adotar questão judicial contra os outros pseudo-autores, preferindo, mesmo, aceitá-los na qualidade de “colaboradores” — com exceção de Lúcio de Castro destinando-lhes 15 por cento de sua renda. Foi a melhor solução encontrada."
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Fonte: Revista do Rádio – 10 de março de 1953.
A polêmica da marchinha "Cachaça" - Parte 1
Marinósio mostra documentos e disco gravado, ganhando a questão (Revista do Rádio, 10/3/1953). |
Pouca gente sabe, mas o autor da marchinha “Cachaça” (“Você Pensa que Cachaça é Água”), viveu boa parte de sua vida em Londrina, Paraná. A música, tocada há décadas em diversos bailes e desfiles de Carnaval, foi composta por Marinósio Trigueiros Filho. Baiano, natural de Salvador, Marinósio aportou em Londrina no início da década de 1940.
Os herdeiros do compositor, que moram na cidade, ganharam em segunda instância, em fevereiro de 2011, uma ação por danos morais contra o Sistema Globo de Gravações Audiovisuais Ltda (Sigla), do qual a gravadora Som Livre é a mais conhecida.
Marinósio era um típico boêmio, que integrava um conjunto de música tocando em bares e boates da época. Viajava muito e, por conta dessas andanças pelo país, passou pelo Norte do Paraná, então em pleno desenvolvimento e expansão, e resolveu fincar raízes em Londrina. De acordo com uma das filhas de Marinósio, Dulcínie Moratore Trigueiros Rossetto, o pai compôs a música em Salvador, quando estava num botequim. “Ele começou a cantarolar e viu que dava samba. Então anotou a letra num guardanapo mesmo”, conta.
A letra, que versa sobre cachaça e água, pode ser uma referência ao próprio autor. “Meu pai era boêmio, gostava da noite. Na época ele tomava uísque”, diz Dulcínie. Já com a música pronta, Marinósio mudou-se para Londrina. Foi gravá-la, entretanto, somente em 1946. Com a banda, viajava muito, tocando em bares e boates no Brasil e também no exterior, principalmente na Argentina e Uruguai, onde gravou a música.
De volta ao Brasil, Marinósio se espantou quando ouviu, pela televisão, a execução da marchinha. “Um belo dia de 1953, escutou a música, com alguma alteração na letra, no Carnaval do Rio de Janeiro. Na quarta-feira de cinzas ele pegou um avião e foi parar na União Brasileira de Compositores (UBC), que cuida dos direitos autorais”, conta a filha. Na época, o presidente era o sambista Ataulfo Alves de Sousa. “Eles conversaram e houve um acordo. Meu pai comprovou que a autoria era dele”, diz Dulcínie. Segundo ela, Marinósio levou o disco gravado no Uruguai alguns anos antes, que a família conserva até hoje.
Entretanto, mesmo assim a autoria foi dividida entre quatro compositores: Marinósio, que ficou com 40%, e outros três, cada um com 20%: Lúcio de Castro, Heber Lobato e Mirabeau Pinheiro.
“A música fez sucesso e, já que tinham trocado uma linha para melhor, ele concordou em dividir”, diz a filha. Morto em 1990, Marinósio não teve outras composições de sucesso, já que dedicava bastante tempo para tocar com um grupo em bares e boates. Mas em 2007, a família resolveu comprar o CD com a marchinha dele, para guardar no acervo. “Qual não foi a surpresa ao ver que não constava o nome do meu pai”, lembra Dulcínie.
Antes de ir à Justiça, a família tentou negociar com a gravadora, que concordou em pagar os direitos autorais, mas não teria registrado uma errata, dando o crédito da autoria a Marinósio. Foi então que a família resolveu entrar com uma ação, protocolada em 2007, em que pediam danos morais pela omissão do nome de Marinósio na autoria da marchinha, gravada em no CD Bonde das Marchinhas.
O Tribunal de Justiça (TJ) do Paraná confirmou a sentença da 5ª Vara Cível de Londrina que condenou a Globo Comunicação e Participações S.A. a pagar R$ 20 mil a cada um dos sete herdeiros de Marinósio Trigueiros Filho, autor da marchinha “Cachaça”, e que não teve a autoria incluída no CD Bonde das Marchinhas, lançado em 2007. “Os herdeiros foram atrás para ver a questão dos direitos”, afirma o advogado Carlos Levy, que defende a família.
Levy explicou que há duas formas de se remunerar o autor – ou herdeiros – de uma música gravada em CD. “O primeiro é o pagamento de direitos autorais pela reprodução fonográfica. A outra é o direito do autor de ver o nome dele aparecer, como sendo a autoria reconhecida”, diz.
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Fontes: Gazeta do Povo; Revista do Rádio.
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