domingo, fevereiro 11, 2018

Alvarenga e Ranchinho - Biografia


Alvarenga e Ranchinho - Dupla sertaneja formada em 1929 por Murilo Alvarenga (Itaúna/MG 22/05/1912 - 18/01/1978) e Diésis dos Anjos Gaia, o Ranchinho (Jacareí/SP 23/05/1913 - 05/07/1991).

Através do tio, que era empresário de circo, Alvarenga começou a trabalhar aos 11 anos como trapezista e malabarista, passando depois a se apresentar como cantor de tangos. Conheceu Ranchinho numa serenata em Santos/SP, em 1928. Resolveram, então, cantar juntos em circo, interpretando, desde o início, o gênero caipira, que os caracterizou e que era uma novidade na época.

Apresentaram-se em São Paulo/SP, em 1933, com a Companhia Bataclã e, no ano seguinte, foram convidados por Breno Rossi, maestro da orquestra da Rádio São Paulo, para cantar nessa emissora. Ainda em 1934, forma com Silvino Neto o trio Os Mosqueteiros da Garoa, que, apesar do sucesso obtido, durou pouco.

Formada novamente, a dupla começou a se destacar em 1935, com a marcha Sai, feia (Alvarenga), que venceu o concurso de músicas carnavalescas de São Paulo. Ainda em 1935, a convite do Capitão Furtado, compositor sertanejo, trabalhou no filme Fazendo fita, de Vittorio Capellaro, em São Paulo, e, em 1936, foi para o Rio de Janeiro/RJ, para uma temporada na Casa de Caboclo, de Duque. Embora já tivesse certo nome em São Paulo, a dupla teve que recomeçar praticamente a carreira no Rio de Janeiro, iniciando por se apresentar na Hora do Guri, programa vespertino da Rádio Tupi, passando para a programação noturna só depois de obter sucesso.

A boa aceitação conseguida através do rádio fez que conseguisse gravar o primeiro disco, pela Odeon, ainda em 1936, a moda-de-viola Itália e Abissínia (parceria com Capitão Furtado) e o cateretê Liga das Nações (de sua autoria). Em novembro de 1936, apresentou-se no teatro Smart, em Buenos Aires, Argentina, e, no ano seguinte, passou a fazer parte do elenco do Cassino da Urca, onde trabalhou até o seu fechamento, dez anos depois. Foi lá que a dupla começou a fazer sátiras políticas, que se tornaram um dos seus pontos fortes e, em 1938 lançou a marcha Seu condutor (em parceria com Herivelto Martins), que constituiu o maior sucesso carnavalesco da dupla.

Nesse mesmo ano, Ranchinho afastou-se pela primeira vez de seu companheiro, e Alvarenga, então, gravou, pela Odeon, em dupla com Bentinho (da dupla Xerém e Bentinho) e com o grupo chamado Alvarenga e Sua Gente. Essa separação temporária de Ranchinho voltaria a ocorrer outras vezes nos 27 anos seguintes e nessas ocasiões seria substituído por outros, como Bentinho ou Delmare de Abreu.

Em 1939, Ranchinho voltou à dupla e novas gravações foram feitas pela Odeon, inclusive algumas gravações com o Capitão Furtado. Até então, a dupla vinha tendo muitos problemas com a censura oficial, por suas sátiras políticas, mas em 1939 a questão foi resolvida da seguinte maneira: Alzira Vargas, filha do presidente Getúlio Vargas, convidou a dupla para tocar no Palácio das Laranjeiras para seu pai; Getúlio, depois de ouvir todas as músicas, inclusive algumas que se referiam a ele, deu ordens para que as composições da dupla fossem liberadas em todos o território nacional. Ainda em 1939, excursionou pelo Rio Grande do Sul e passou a se apresentar na Rádio Mayrink Veiga, ganhando o slogan de Os Milionários do Riso.

Lançou, em 1940, a valsa Romance de uma caveira (com Chiquinho Sales), em disco Odeon, que se tornou um dos maiores sucessos de seu repertório, e, três anos depois gravou Drama da Angélica (Alvarenga e M. G. Barreto), cujo gênero foi definido no selo do disco como "canto tétrico".

Com o fechamento dos cassinos, em 1946, Alvarenga abriu uma boate no Posto Seis, em Copacabana, mantendo-a durante dois anos. A dupla apresentou-se, em 1950, durante um mês, no Cassino Estoril, em Lisboa, Portugal, e, em 1952, lançou com destaque a marcha de sua autoria Cordão japonês.

Em toda sua carreira, o duo participou de mais de 30 filmes, incluindo Carnaval em lá maior, de 1955, dirigido por Ademar Gonzaga. Com seu repertório de sátiras política, participou também de campanhas eleitorais, como as de Ademar de Barros, Juscelino Kubitschek, e Lucas Nogueira Garcez. Ficaram célebres ainda suas paródias de músicas de sucesso, como as que foram feitas sobre o tango Adíos muchachos (Julio C. Sanders e César Vedani), Nervos de Aço (Lupicínio Rodrigues) e de Disparada (Geraldo Vandré e Teo de Barros).

Em 1959, a dupla deixou o rádio, para trabalhar apenas na televisão, e, em 1965, Diésis foi substituído por Homero de Sousa Campos, que passou a ser o Ranchinho efetivo. Nos anos 70 apresentaram-se principalmente em cidades do interior do país. Em 1997 a BMG lançou Os Milionários do Riso, reedição de um LP ao vivo gravado em 1973.

Algumas músicas

















Fonte: - Enciclopédia da música brasileira: erudita, folclórica e popular. São Paulo, Art Editora

Alda Verona - Biografia

Alda Verona (Celeste Coelho Brandão), cantora e radiatriz, nasceu no Rio de Janeiro/RJ em 10/10/1898, e faleceu na mesma cidade em ?/1989. Nasceu no bairro da Tijuca e foi educada nos melhores colégios. Destacava-se nas festas escolares e mostrava grande desejo de ser artista, tendo estudado canto com Eloísa Mastrangioli e outros professores.

Em 1925 sua família mudou-se para Recife, onde teve a oportunidade de cantar pela primeira vez uma opereta, Berenice, de Nelson Paixão e Valdemar de Oliveira. Na volta ao Rio de Janeiro, começou a se apresentar na Rádio Sociedade, cantando músicas de câmara, sua especialidade.

Em agosto de 1929, foi lançado seu primeiro disco pela Parlophon, com as valsas Melodia do amor (Nelson Ferreira) e Veneno louro (Nelson Ferreira e Osvaldo Santiago), junto de outro disco pela Odeon, com as canções Caboca cherosa (Valdemar de Oliveira e Raimundo Brito) e Maracatu (Valdemar de Oliveira e Ascenso Ferreira), estas da opereta citada. Até o ano seguinte gravou outros discos, adquirindo prestígio com sua belíssima voz de soprano e dicção perfeita.

Voltou a gravar na Victor em 1932, na qual permaneceu até 1934. No primeiro disco registrou a versão de um sucesso internacional, a valsa Canção de amor cubano (Fields, McHugh, Sothart, versão de Ari Kerner), que se tornou sua interpretação mais famosa.

Em 1933 gravou em dueto com César Pereira Braga Canção do abandono (Joubert de Carvalho e Olegário Mariano) e encerrou a carreira discográfica com as canções Diga-me uma vez (Gentner e Sivan) e Tão fácil a felicidade (Valdemar de Oliveira). Gravou um total de 21 discos com 40 músicas.

Tendo certo dia faltado no Programa Casé uma radioatriz, foi chamada para substituí-la, daí por diante acumulando as funções de cantora e radioatriz. Atuou como intérprete nos filmes Cisne branco, de Luís de Barros, em 1940, e O dia é nosso, de Milton Rodrigues, em 1941.

Em 1942, a Rádio Nacional contratou-a para seu radioteatro, aí permanecendo por exatos 30 anos, tanto representando papéis dramáticos como humorísticos.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.

Alcides Gerardi - Biografia


Alcides Gerardi (João Alcides Gerardi) nasceu no Rio Grande/RS em 15.05.1918. Cantor e compositor, ainda criança mudou de Porto Alegre/RS para o Rio de Janeiro/RJ, onde terminou o curso primário e começou a trabalhar com o pai. Continuou seus estudos, trabalhando ao mesmo tempo no comércio até 1935, quando começou a carreira de cantor, como crooner numa orquestra de dancing. 


Na mesma época tentou o rádio, candidatando-se como calouro num programa da Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, mas não conseguiu ser contratado.

Em 1939 atuou no conjunto Namorados ao Luar como vocalista, época em que sua voz começou a se destacar. Nesse ano gravou, em edição particular, o samba de Nelson Cavaquinho Não faça vontade a ela. Em 1941 foi convidado a formar o conjunto Os Três Marrecos, com Marília Batista e seu irmão Henrique, de curta carreira.

Três anos depois, como crooner da orquestra de danças de Simon Bountman, foi convidado para trabalhar na Rádio Transmissora, pelo seu diretor Arnaldo Sampaio. Com a música Lourdes (George Brass e Mário Rossi), gravou comercialmente pela primeira vez, em 1946, na Odeon. Três anos depois foi para a Rádio Tupi, onde ficou até 1953, quando se transferiu para a Rádio Nacional.

Em 1955 foi contratado pela Organização Victor Costa (depois extinta), tendo três anos mais tarde lançado sua primeira composição, Filha do coronel (com Irani de Oliveira), interpretada por ele mesmo, CBS. É letrista e em outras composições teve como parceiros principais Ernâni Campos, Othon Russo, Antônio Soares, Lázaro Martins e Nilo Barbosa.

Seus maiores sucessos como cantor foram as gravações de Antonico (Ismael Silva), Baião de Copacabana (Haroldo Barbosa e Lúcio Alves), Castelo de areia (Geraldo Jacques, Isaías Freitas e Moreirinha), Brotinho maluco (Aníbal Cruz) e E eu sem Maria (Alcir Pires Vermelho e Dorival Caymmi), pela Odeon, e Tudo foi ilusão (Laert Santos e Arcilino Tavares), pela CBS.

Alcides morreu em 01/03/1978 por complicações decorrentes de um acidente de carro, quando voltava de um show pela Via Dutra.


Fonte: Enciclopédia da música brasileira: erudita, folclórica e popular. São Paulo, Art Editora, 1977.

Albenzio Perrone - Biografia

Albenzio Perrone - 1939
Albenzio Perrone (Albenzio Gaspare Raffaele Perrone), cantor, nasceu em Marselha, França, em 1/9/1900, e faleceu no Rio de Janeiro, em 7/7/1974. Filho de italianos, veio para o Brasil com seis anos. Desde muito jovem dedicou-se ao bel-canto, interpretando canções napolitanas, árias e operetas, tendo viajado com companhias por vários Estados do país. Fez parte do Orfeão Português.

Em 1927 começou no rádio, como cantor e locutor da Rádio Clube do Brasil. No ano seguinte, foi para a Rádio Educadora do Brasil, em que desempenhou durante muitos anos as mesmas e também outras funções, motivo pelo qual deixou o curso de medicina.

Começou a gravar na Odeon em 1927. O primeiro disco trazia os tangos Paraguaita (Marcelo Tupinambá) e Pecado (Joubert de Carvalho).

Em 1929 foi para a Victor que se iniciava, gravando primeiramente o choro Meu bem (Rogério Guimarães). Em 1930 gravou a canção Rancho abandonado (Pixinguinha e Índio). Seu maior sucesso foi a valsa Se esses olhos falassem (Gastão Lamounier e Mário Rossi), em 1938. Deste mesmo ano também e a valsa Apoteose de estrelas (dos mesmos autores da anterior), muito apreciada. Em 1939 igualmente foi sucesso a valsa A vigília da lâmpada(Gastão Lamounier e Mário Castelar), após o que sua carreira retraiu-se.

Na década de 1940, lançou apenas dois discos; na de 1950 voltou para o rádio e gravou três discos na Odeon e um no selo Serenata. De 1929 a 1955 deixou 21 discos de 78 rpm com 40 músicas. Por fim, gravou pela Itamarati um LP chamado Revendo o passado, com sucessos antigos. Foi um cantor essencialmente de valsas, canções e tangos-canções, tendo recebido do locutor e amigo Saint-Clair Lopes o slogan de “A Voz Cariciosa e Bonita”.

Discografia

CDs : Músicas brasileíras vol. 4, 1995, Revivendo RVCD 088; No tempo da seresta vol. 2, 1995, Revivendo RVCD 095; Valsas brasi/eiras vo/. 2, 1995, Revivendo RVCD 094.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora

Isaura Garcia - Biografia


Isaura Garcia, cantora, nasceu em São Paulo-SP em 26/2/1919 e faleceu em 30/7/1993. Nasceu na rua da Alegria, no Brás. No final de 1936, com a mãe Amélia, inscreveu-se no programa de calouros A Hora da Peneira Rhodine, da Rádio Cultura, de São Paulo, mas nenhuma das duas chegou a se classificar.


Um ano depois, porém, obteve o primeiro lugar em concurso do programa de calouros Clube Quá-Quá Quarenta, apresentado por Otávio Gabus Mendes, na Rádio Record, de São Paulo, com o samba Camisa listrada (Assis Valente). O êxito deu-lhe oportunidade de participar de um programa especial que reunia calouros selecionados.

Em 1938 foi contratada pela Rádio Record, na qual permaneceu durante toda a carreira. No início, formou dupla com o cantor Vassourinha, tambem da Record, para shows e apresentações em circos. Em seu repertório, predominavam criações de Carmen Miranda e Araci de Almeida, duas cantoras que influenciaram seu estilo. Sua primeira gravação, um jingle para o saponáceo Radium, despertou atenção para seu estilo de Cantar.

Na Columbia, do Rio de Janeiro, gravou em 1941 o primeiro disco, com Chega de tanto amor (Mário Lago) e Pode ser (Geraldo Pereira e Marino Pinto). No mesmo ano, lançou outros discos com A baratinha (Antônio Almeida), Eu não sou pano de prato (Mano Lago e Roberto Martins), Aproveita beleléu (Marino Pinto e Murilo Caldas) e O telefone esta chamando (Benedito Lacerda e Popeye do Pandeiro).

Em 1942, na Victor, obteve os primeiros sucessos em disco, com Aperto de mão (Meira, Dino e Augusto Mesquita), Teleco-teco (Murilo Caldas e Marino Pinto) e Sorriso de Paulinho (Gastão Viana e Mário Rossi), lançados no ano seguinte. Ainda em 1943, gravou Duas mulheres e um homem (Ciro de Sousa e Jorge de Castro). Em 1945 lançou Barulho no morro (Roberto Martins) e, no ano seguinte, o samba de Aldo Cabral e Cícero Nunes Mensagem, que se tornaria um dos clássicos de seu repertório.

Em 1947 interpretou, com Os Namorados da Lua, o samba de Lúcio Alves e Haroldo Barbosa De conversa em conversa, outro grande êxito. Nessa época, tinha popularidade nacional e era uma das estrelas da Rádio Record. Costumava apresentar-se também no Copacabana Palace Hotel e no programa César de Alencar, da Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, além de realizar excursões por outros Estados. Tambem grande era o êxito que alcançava com as gravações na Victor: a toada Marrequinha (Denis Brean e Raul Duarte), o choro Velho enferrujado (Gadé e Valfrido Silva) e o baião Pé de manacá (Hervé Cordovil e Marisa Pinto Coelho), cantado em dupla com Hervé, foram os sucessos de 1950.

Em 1953 foi eleita a primeira Rainha do Rádio Paulista. Continuou na Victor até 1956 e, nesse ano, transferiu-se para a Odeon, estreando com o samba Mocinho bonito, de Billy Blanco. No ano seguinte, gravou seu primeiro LP (10 polegadas), A personalíssima, com arranjos de Luís Arruda Pais; o título do LP aludia ao cognome que recebera de Blota Júnior, animador da Record. Entre outras faixas, estavam no LP Mocinho bonito (Billy Blanco), Deixa pra lá (Vinícius de Moraes), Contra senso (Antônio Bruno), Se Deus me desse (Alfredo Borba) e Contando estrelas (Alfredo Borba e Edson Borges).

Numa excursão a Recife PE, em meados da década de 1950, conheceu o organista Walter Wanderley, com quem se casou e gravou alguns LPs, entre eles Sempre personalíssima, com Feiúra não é nada (Billy Blanco) e E daí? (Miguel Gustavo); Saudade querida, que incluia Ninho do Nonô (Denis Brean) e Corcovado (Tom Jobim); A pedida é samba, com destaque para Palhaçada (Haroldo Barbosa e Luiz Reis) e Que é que eu faço (Ribamar e Dolores Duran); Sambas da madrugada, incluindo Ah! Se eu pudesse (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli ); e Atualíssima, com Errinho à-toa (Ronaldo Bôscoli e Roberto Menescal), este de 1963.

Em 1969 gravou, na Continental, dois LPs: Martinho da Vila e Dolores Duran na voz de Isaura Garcia e Ary Barroso e Billy Blanco na voz de Isaura Garcia. Nesse ano participou do V FMPB, da TV Record, de São Paulo, defendendo a canção Primavera (Lupicínio Rodrigues e Hamilton Chaves). Em 1970 lançou Chico Buarque e Noel Rosa na voz de Isaura Garcia, e aposentou-se da Rádio Record.

Continuou a apresentar-se em shows na Igrejinha, na Casa de Badalação e no Tédio, em São Paulo. Em 1973 gravou para a Continental o LP Isaura Garcia, em que se destacavam as faixas Desmazelo (Antônio Carlos e Jocafi), De conversa em conversa e Mensagem, estas duas em sua terceira gravação. Sempre morou em São Paulo. CD: Mensagem — Isaura Garcia e Nelson Gonçalves, 1993, Revivendo CD-042.

Algumas músicas


















Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora Publifolha.

Aldacir Louro - Biografia


Aldacir Louro (Aldacir Evangelista de Mendonça), compositor, cantor e instrumentista nasceu no Rio de Janeiro-RJ em 22/4/1926 e faleceu em15/6/1996. Nascido no bairro de Botafogo, viveu em diversos outros subúrbios cariocas, frequentando desde criança as escolas de samba Unidos da Tijuca, Depois te Explico e Braço a Braço, onde tocava tamborim.


Bom intérprete de sambas, começou como apresentador de músicas, contratado por compositores para mostrar produções destes a cantores. Como essa atividade rendesse pouco, decidiu tentar a sorte como autor, lançando em 1946 o samba Onde vamos morar (com Antônio Valentim dos Santos), gravado por Zilá Fonseca. Na época, a música rendeu (cerca de 20 cruzeiros) bem mais do que conseguia como apresentador.

Embora não tivesse estudado música, iniciou assim uma carreira de compositor, cujo maior sucesso foi o samba Recordar (com Aluísio Marins e Adolfo Macedo), que, premiado em concurso carnavalesco de 1955, se tornou peça antológica e obrigatória em muitos Carnavais. Outros êxitos foram o samba Cabeça prateada (com Edgar Cavalcanti e Anício Bichara) e a marcha Trrim-Trrim (com Santos Garcia), ambos lançados no Carnaval de 1956.

Como cantor, atuou em rádio e televisão, apresentando-se na década de 1950 em vários programas das rádios Nacional e Mayrink Veiga, exibindo-se com ritmistas e passistas. Na TV Globo carioca apresentou-se com sua escola de samba. De 1960 a 1973 participou de programas da TV Tupi, do Rio de Janeiro: Bibi ao Vivo e Programa Flávio Cavalcanti, entre outros.

Obra

Cabeça prateada (c/Edgar Cavalcanti e Anício Bichara), samba, 1955, Garota sapeca (c/Fernando Martins), marcha, 1951; Onde vamos morar (c/Antônio Valentim dos Santos), samba, 1946; Recordar (Aluísio Marins e Adolfo Macedo), samba, 1954; Refúgio (c/Linda Rodrigues), bolero, 1959; Trrim-Trrim (c/Santos Garcia), marcha, 1955.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.

João Petra de Barros - Biografia

João Petra de Barros, cantor, nasceu no Rio de Janeiro RJ em 23/6/1914, e faleceu em 11/1/1947. Estreou como cantor no início da década de 1930, participando do Programa Casé, na Rádio Philips. Logo tornou-se conhecido no rádio como “a voz de 18 quilates”, de timbre muito parecido com o de Francisco Alves.

Frequentador das rodas de Noel Rosa, Luís Barbosa e Custódio Mesquita, alcançou grande sucesso no Carnaval de 1933 com a gravação, na Odeon, do samba Até amanhã (Noel Rosa), seu disco de estréia.

Ao lado de Custódio Mesquita e Carmen Miranda, participou de várias apresentações no rádio e em teatros.

Foi um dos principais artistas do elenco da Rádio Globo. Deixou gravados 48 discos com 94 músicas. Entre suas gravações de maior sucesso estão o samba-canção Palacete de malandro (Custódio Mesquita), Victor, 1933; o fox Cantor de rádio (Custódio Mesquita e Paulo Roberto), Odeon, 1933; Caixa Econômica (Nássara e Orestes Barbosa), Victor, 1933; a marcha Chegou Papai Noel (Roberto Martins e Kid Pepe), Odeon, 1934; o samba Feitiço da Vila (Noel Rosa e Vadico), Odeon, 1934; a marcha Professora da saudade (André Filho e Orestes Barbosa), Odeon, para o Carnaval de 1935; o samba Foi no teu olhar (André Filho), Odeon, para o Carnaval de 1935; a canção Beijo mascarado (Gadé e Almanir Greco), Odeon, 1935; o fox O que o teu piano me revelou (Custódio Mesquita e Orestes Barbosa), Odeon, 1935; Em cima da hora (Russo do Pandeiro e Valfrido Silva), Victor, 1939; Última inspiração (Peterpan), Victor, 1940; Flor do lodo (Guilherme Pereira), Victor, 1940; o samba Santo Antônio amigo (Zé da Zilda, Marino Pinto e J. Cascata), Victor, para as festas juninas de 1941; o fox Mais um minuto apenas (Newton Teixeira e Mário Lago), Victor, 1942; a marcha Quem é o tal? (Ubirajara Nesdan e Afonso Teixeira), Victor, para o Carnaval de 1943.

Foi também o responsável pelo lançamento, em 1934, de Linda pequena (João de Barro e Noel Rosa), primeira versão da marcha Pastorinhas. Teve sua carreira interrompida por um acidente, do qual resultou a amputação de uma perna e seu falecimento prematuro.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.

Januário de Oliveira - Biografia

Januário de Oliveira (Januário de Oliveira Chirico), cantor e humorista, nasceu no Rio de Janeiro RJ, em 24/3/1902, e faleceu em São Paulo SP, em 22/2/1963. Carioca do Catumbi, seu primeiro emprego foi como caixeiro. Depois alfaiate, fazia serestas e brilhava nas festas do Clube Ginástico Português antes de estrear na Rádio Sociedade.

Sinhô tirou-o da Rádio Clube do Brasil, em 1929, para um espetáculo no Teatro Municipal de São Paulo, promovido pelo Clube de Antropofagia em apoio a candidatura de Júlio Prestes à presidência.

Gravou então em São Paulo seus primeiros discos na Columbia, com Chequerê, Nossa Senhora do Brasil (homenagem a Tarsila do Amaral), Minha branca e Como se gosta, todas de Sinhô, de quem gravaria 13 composições. Resolveu ficar em São Paulo e Sinhô conseguiu que cantasse na Radio Educadora Paulista (hoje Gazeta). Tornou-se um dos principais artistas da Columbia e gravou 80 músicas numa primeira fase.

Em 1930 fez sucesso com Dança de caboclo e Engenho novo, de Hekel Tavares, Cauã, valsa de Sinhô, e Quebra, quebra gabiroba, marcha carnavalesca de Plínio Brito. No final de 1931, foi para a modesta gravadora Arte-Fone e atuou na Rádio Record. César Ladeira apelidou-o então de A Voz de Veludo.

Em 1933 passou para a RCA Victor e, no ano seguinte, fez sucesso com a valsa Meu destino (José Maria de Abreu e Carlos Rego Barros de Sousa). Nesse ano, começou a cantar na nova Rádio Difusora, de São Paulo, e a atuar no Programa da Saudade, criado em 1935, que se constituiu no mais ouvido do rádio paulista. Em 1935 cantou e fez o papel de galã no filme Fazendo fita, de Vitorio Capelaro, e participou da inauguração da Radio Farroupilha, de Porto Alegre RS, com grande sucesso.

No Carnaval de 1936, em dueto com Arnaldo Pescuma, destacou-se com Mulatinha da caserna (Martinez Grau e Ariovaldo Pires) e Paulistinha querida (Ary Barroso), primeiro e segundo prêmios na categoria de marcha do concurso da Prefeitura de São Paulo. Em 1936 voltou à Columbia e obteve dois sucessos num mesmo disco: Saudades da minha terra (Décio Pacheco da Silveira), valsa, e Alma de violeiro (Décio Pacheco da Silveira e J. Meio Macedo), toada.

Sua discografia, de 1929 a 1938, totaliza 64 discos com 113 músicas. Ao deixar a Rádio Difusora, excursionou pelo Sul com o cantor italiano Carlo Butti e acabou ficando por dois anos na Rádio Farroupilha. Voltou em 1938 para São Paulo e resolveu explorar seu talento humorístico. Passou a ser grande atração em cassinos, teatros e boates de todo o Brasil, ficando conhecido como o Humorista das Quatro Vozes. Fez imitações de Nelson Eddy, Marta Eggerth, Jean Sablon e principalmente Carmen Miranda. Interrompeu sua carreira em 1949, tornando-se empresário de artistas.

CDs: Carnaval vol. 4, 1991, Revivendo RVCD 022; Carnaval vol. 9, 1993, Revivendo RVCD 034; Valsas brasileiras vol. 1, 1993, Revivendo RVCD 048.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.

Dalva de Oliveira - Biografia


Dalva de Oliveira (Vicentina de Paula Oliveira), cantora, nasceu em Rio Claro-SP, em 5/5/1917, e faleceu no Rio de Janeiro-RJ, em 31/8/1972. Filha do carpinteiro, saxofonista e clarinetista Mário Oliveira, desde pequena acompanhava o conjunto amador do pai, os Oito Batutas, nas serenatas e festas de clubes em que se apresentava. Aos oito anos, quando ele morreu, foi mandada com as três irmãs para um orfanato, o Colégio Tamandaré, onde aprendeu piano, órgão e canto coral.


Três anos depois, largou os estudos, por causa de uma doença nos olhos. Foi para São Paulo, onde a mãe já trabalhava como governanta, e empregou-se como babá, arrumadeira, ajudante de cozinheira e, mais tarde, cozinheira do Hotel Metrópole. Em seguida, passou a fazer limpeza numa escola de dança, em que, após o serviço, costumava cantar e improvisar músicas ao piano. Ouvida por um dos professores, foi convidada para participar de uma tournee com o grupo de Antônio Zovetti.

Em 1933, acompanhada da mãe, viajou por várias cidades do interior e chegou a Belo Horizonte, mas Zovetti adoeceu e o grupo se desfez. Sem dinheiro, fez um teste na Rádio Mineira e, aprovada, passou a cantar com o nome de Dalva de Oliveira. No ano seguinte, foi para o Rio de Janeiro e empregou-se como costureira numa fábrica de chinelos, da qual Mílton Guita (Milonguita) — um dos diretores da Rádio Ipanema (hoje Mauá) — era um dos proprietários. Milonguita levou-a para fazer um teste em sua rádio, sendo aprovada.

Mudou-se depois para a Rádio Sociedade e Rádio Cruzeiro do Sul (nesta cantando ao lado de Noel Rosa e, finalmente, para a Rádio Philips. Entre o trabalho em uma e outra emissora, fez temporada popular na Casa de Caboclo, do Teatro Fenix, com Jararaca e Ratinho, Alvarenga e Ranchinho, Ema d’Avila e Antônio Marzullo, atuando como atriz. Ainda no Teatro Fênix, apresentou-se como cantora e atriz de pequenas cenas cômicas entre os números.

Em 1936 conheceu Herivelto Martins, da Companhia Pascoal Segreto, que então atuava no Cine Pátria. Juntou-se a Dupla Preto e Branco, formada por Herivelto Martins e Nilo Chagas, formando um trio que foi batizado por César Ladeira como Trio de Ouro. Foram contratados pela Radio Mayrink Veiga e gravaram em 1937, na Victor, as músicas Itaguari e Ceci e Peri (ambas de Príncipe Pretinho). Casou-se com Herivelto, com quem teve dois filhos: o cantor Peri Ribeiro e Ubiratã.

Em 1938 foram para a Rádio Tupi e, dois anos depois, para a Rádio Clube. Gravou com Francisco Alves, na Columbia, o samba Brasil (Benedito Lacerda e Aldo Cabral) e Valsa da despedida (Robert Burns). A partir dessa data, exibiram-se no Cassino da Urca, ao lado de Grande Otelo e outros artistas, até o encerramento das atividades dessa casa sob o governo Dutra, em 1946.

Com o Trio de Ouro, gravou dois grandes sucessos, os sambas: Praça Onze (Herivelto Martins e Grande Otelo), na Columbia, em 1942, e Ave Maria do morro (Herivelto Martins), na Odeon, em 1943. No ano seguinte participou do filme Berlim na batucada, dirigido por Luís de Barros, e, dois anos depois, em Caídos do céu, do mesmo diretor.

Gravou na Continental em 1945, com Carlos Galhardo e Os Trovadores, a adaptação de João de Barro para a história infantil Branca de Neve e os sete anões, em dois discos, com músicas de Radamés Gnattali. Em 1947 conseguiu Outro grande êxito com o samba-canção Segredo (Herivelto Martins e Marino Pinto), gravado na Odeon. Em 1949 deixou o trio, quando excursionavam pela Venezuela com a Companhia de Derci Gonçalves.

Em 1951 retomou a carreira solo, lançando os sambas Tudo acabado (J. Piedade e Osvaldo Martins) e Olhos verdes (Vicente Paiva) e o samba-canção Ave Maria (Vicente Paiva e Jaime Redondo), sendo os dois últimos grandes sucessos da cantora. No ano seguinte foi eleita Rainha do Rádio, e excursionou pela Argentina, apresentando-se na Rádio El Mundo, de Buenos Aires, na qual conheceu Tito Clemente, que se tornou seu empresário e depois marido. Ainda em 1951, filmou Maria da praia, dirigido por Paulo Wanderley, e Milagre de amor, dirigido por Moacir Fenelon.

Em 1952 realizou temporada com Walter Pinto, no Teatro Santana, em São Paulo, e participou do filme Tudo azul, dirigido por Moacir Fenelon. Viajou para a Europa, tendo-se apresentado em Portugal e Espanha e gravado vários discos com Roberto Inglês, em Londres (Inglaterra), destacando-se entre as faixas o baião Kalu (Humberto Teixeira).

Fixou residência na Argentina, vindo ao Rio de Janeiro e São Paulo para curtas temporadas, até 1963, quando então regressou ao Brasil. Separada de Tito Clemente, casou-se com Manuel Nuno Carpinteiro. Em 1965 sofreu acidente automobilístico, e foi obrigada a abandonar a carreira por algum tempo.

Em 1970 lançou a marcha-rancho Bandeira branca (Max Nunes e Laércio Alves), que fez sucesso no Carnaval. No ano seguinte, apresentou-se no Teatro Teresa Raquel, no Rio de Janeiro. No fim da carreira, novamente em evidência, apresentou-se em televisão, shows e casas noturnas.

Em 1997, Roberto Menescal produziu o álbum Tributo a Dalva de Oliveira, reunindo nomes como Elba Ramalho, Sidney Magal, Joanna, Caubi Peixoto, Lucho Gatica e Eduardo Dusek. No mesmo ano, foi lançado pela EMI o álbum A rainha da voz, com quatro CDs, contendo as suas gravações consideradas mais expressivas, num total de 80 músicas.

CDs Dalva de Oliveira: Saudade..., 1993, Revivendo RVCD 050; A rainha da voz (4 CDs), 1997, EMI 854933-2.

Algumas músicas


























Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

Odete Amaral - Biografia


Odete Amaral, cantora, nasceu em Niterói RJ, em 28/4/1917 e faleceu no Rio de Janeiro RJ, em 11/10/1984. Filha caçula de um lavrador, em 1918 a família transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde o pai se tornou chofer de caminhão. Ela começou a trabalhar como bordadeira, estudando a noite no Colégio Uruguai.


Aos 16 anos, fez um teste na Rádio Guanabara, interpretando Minha embaixada chegou (Assis Valente), e foi convidada pelo diretor da emissora, Alberto Manes, para apresentar-se no programa Suburbano, levado ao ar aos domingos.

Por intermédio de Almirante, que a conhecera na Rádio Guanabara, apresentou-se na Rádio Clube do Brasil, Radio Philips, Rádio Sociedade e numa revista musical no Teatro João Caetano.

Ainda em 1933, gravou de Ary Barroso, a seu pedido, Foi de madrugada e Colibri, começando a aparecer no coro de diversos discos, o que faria até a década de 1960, em gravações de Carlos Galhardo, Sílvio Caldas, Francisco Alves, Carmen Miranda, Almirante, Dircinha Batista, entre outros.

Em 1935 apresentou-se na inauguração do Cassino Atlantico e na Rádio Ipanema. Levada por Casar Ladeira, que a batizara de A Voz Tropical, em 1936 assinou seu primeiro contrato, na Rádio Mayrink Veiga. Transferiu-se para a Rádio Nacional em 1937 e, no ano seguinte, casou com o cantor Ciro Monteiro, de quem se separou em 1949.

Em 1939, no mesmo ano em que se mudou para São Paulo SP, contratada pela Rádio Cultura, participou do filme da Cinédia O samba da vida, de Luís de Barros. Retornou ao Rio de Janeiro em fins de 1941, quando assinou novo contrato com a Rádio Mayrink Veiga, onde permaneceu ate 1947. Seu maior sucesso, o choro Murmurando (Fon-Fon e Mário Rossi), foi lançado em 1945.

Atuou na Rádio Mundial de 1947 a 1951, ano em que, contratada pela Rádio Tupi, se apresentou no programa matutino O Rio se Diverte e, à noite, no Rádio Seqüência G-3. Contratada pela Odeon em 1954, gravou para o Carnaval os sambas Vem, amor (Chocolate e Jorge de Castro) e Nasci para sofrer (Chocolate e Oldemar Magalhães). Ainda nesse ano lançou o samba canção Quando eu falo com você (Mário Rossi e Gadé); o choro Girassol (Mário Rossi); o ritmo afro Pai Benedito e Iemanjá (Henrique Gonçalves); o samba-canção Divina visão (Vargas Júnior); e Cruz para dois (Chocolate e Jorge de Castro), além da regravação do samba- canção Carteiro (Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins).

Uma das cantoras populares brasileiras de voz mais pessoal e afinada, não sem motivo foi chamada a atuar em inúmeros coros de gravação para outros cantores.

CD: Jornal de ontem (c/Orlando Silva), 1994, Revivendo RVCD-072.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha.

Marlene - Biografia


Marlene (Vitória Bonaiutti De Martino), cantora, nasceu em São Paulo-SP, em 18/11/1924. Dos quatro aos 17 anos foi interna no Colégio Batista Brasileiro, em São Paulo. Começou a cantar, ainda como amadora, em 1941, no programa Hora do Estudante, na Rádio Bandeirantes.


Estreou como profissional no ano seguinte, na Rádio Tupi, adotando o nome artístico de Marlene, escolhido pelos estudantes e inspirado em Marlene Dietrich, que estava em evidência na época. Em 1943 mudou-se para o Rio de Janeiro, conseguindo logo um lugar no Cassino Icaraí, de Niterói RJ, por dois meses passando a seguir para o Cassino da Urca, onde trabalhou até o seu fechamento, em abril de 1946.

Nesse ano, foi contratada pelo Rádio Mayrink Veiga e gravou o primeiro disco, pela Odeon, com o acompanhamento da orquestra Brazilian Serenaders, cantando o samba-choro Swing no morro (Felisberto Martins e Amado Régis) e o samba Ginga, ginga, morena (João de Deus e Hélio Nascimento). Passou para a Rádio Globo, no ano seguinte, , atuando também na boate carioca Casablanca, como cantora de um conjunto formado por Benê Nunes (piano), Abel Ferreira (clarineta), Vidal (contrabaixo), Meneses (guitarra), Chevalier (pandeiro), Carequinha (bateria) e Chuca-chuca (vibrafone).

Gravou para o Carnaval de 1947, na etiqueta Odeon, a marcha Coitadinho do papai (Henrique de Almeida e M. Garcez), com os Vocalistas Tropicais, e o samba Um ano depois (Valdomiro Pereira e Valentina Biosca).

Em 1948 assinou contrato com a Rádio Nacional, passando a participar dos programas de auditório de César de Alencar, e foi também contratada pela boate do Copacabana Palace Hotel. Gravou, nesse mesmo ano, pela Continental, disco que fez muito sucesso, com os choros Toca, Pedroca (Pedroca e Mário Morais) e Casadinhos (Luís Bittencourt e Tuiú), este último cantado em dueto com César de Alencar.

Em 1949 veio a consagração: depois de gravar, pela Star (atual Copacabana), a guaracha Candonga (Felisberto Martins e Fernando Martins) e o jongo Conceição da praia (Aldemar Brandão e Dilu Melo), foi eleita Rainha do Rádio, título que manteve no concurso seguinte, em 1951 (o concurso não foi realizado em 1950), quebrando assim o ciclo de vitórias das irmãs Linda e Dircinha Batista. Por essa época, surgem os fã-clubes, suas disputas com Emilinha Borba, estimuladas e promovidas pela imprensa e a própria Rádio Nacional passa a explorar a rivalidade entre as duas, transformando Emilinha em cantora exclusiva do Programa César de Alencar e transferindo Marlene para o programa de Manuel Barcelos.

Em setembro do mesmo ano gravou, com Os Cariocas, pela Continental, os baiões Macapá e Qui nem jiló (Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga), dois de seus grandes êxitos. Junto com Emilinha, gravou no final do ano, para o carnaval de 1950, o samba Já vi tudo (Peterpan e Amadeu Veloso) e a marcha Casca de arroz (Arlindo Marques Jr. e Roberto Roberti). O disco foi um sucesso e as duas voltaram a se reunir no início de 1950, gravando para o carnaval a marcha A bandinha do Irajá (Murilo Caldas).

Outros sucessos seus em 1950 foram o choro Dona Vera tricotando (Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga); o maxixe Nego, meu amor (José Maria de Abreu e Luiz Peixoto), este em dueto com Ivon Curi; Casamento de Rosa (Luiz Gonzaga e Zé Dantas); o maracatu Cabrinda Briante (Fernando Lobo e Evaldo Rui); o choro Esposa modelo (José Maria de Abreu e Carlos Barros de Sousa) e a polca Tome polca (José Maria de Abreu e Luiz Peixoto).

No Carnaval de 1951, destacou-se com o samba Sapato de pobre (Luís Antônio e Jota Júnior), e, depois de gravar mais de 13 músicas em 1951, lançou no ano seguinte um dos seus grandes êxitos, o samba Lata d'água (Luís Antônio e Jota Júnior). Gravando também a marcha Eva (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira) transformou-se numa das cantoras mais populares em todo o Brasil. Nesse período fez sucesso também no cinema, onde havia estreado em 1944, em Corações sem piloto, de Luis de Barros, seguido de Pif-paf, de Ademar Gonzaga e Luís de Barros, em 1945; Caídos do céu, de Luís de Barros, em 1946; Esta é fina, de Luís de Barros e Moacir Fenelon, em 1947; e Tudo azul, de Moacir Fenelon, em 1952. Durante as filmagens do último, conheceu o ator Luís Delfino, com quem casou, passando a dedicar-se, em seguida, ao teatro: estreou na peça Depois do casamento, em 1952. No ano seguinte, recebeu do jornal carioca O Diário da Noite diploma de Maior Figura do Rádio Brasileiro, e gravou mais alguns sucessos: Tenho um negócio para te contar (Silvino Neto) e a versão de Jambalaya (Hank Williams).

Como pretendia seguir carreira teatral, começou a estudar balé, em 1954, e no mesmo ano se apresentou em Angelina e o dentista. Gravou ainda em 1954 mais dez musicas, pela Continental, entre elas Toma jeito, João (Luís Bandeira) É sempre o papai (Miguel Gustavo) e Mora na filosofia (Monsueto e Arnaldo Passos).

Atuou em outra peça em 1955 — Maya — e em seguida reduziu sua atividade artística até afastar-se totalmente, entre 1965 e 1968, reaparecendo nesse ano, a convite de Paulo Afonso Grisolli e Sidney Miller, como estrela de Carnavália, antologia de músicas de Carnaval, com texto de Eneida e participação de Blecaute e Nuno Roland, no Teatro Casa Grande, do Rio de Janeiro.

Em 1970, Hermínio Belo de Carvalho chamou-a para fazer o show É a maior, em que interpretava autores da época (Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento). Outras apresentações em teatro foram: Alice no pais do Divino maravilhoso, com Sidney MilIer, Sueli Costa, Marcos Flaksmann, Paulo Afonso Grisolli, Tite de Lemos e Luís Carlos Maciel, em 1969, no Teatro Casa Grande; Marlene ole, olá, dirigida por Haroldo Costa, em 1972, no Teatro Glória; O botequim, de Gianfrancesco Guarnieri, dirigido por Antônio Pedro, em 1973, no Teatro Princesa Isabel; e Te pego pela palavra, em 1974, show levado, a princípio, na boate Number One, e depois no Teatro João Caetano.

Em 1977 saiu, pela Polygram, o LP Antologia da marchinha. Atuando na carreira com menos freqüência, participou em 1996 do show em homenagem aos 90 anos de João de Barro, apresentado no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro.

Em 1997, depois de 20 anos, voltou aos estúdios para gravar um CD com músicas de Chico Buarque, João Bosco e outros, e uma inédita, Estrela da vida, que compôs em parceria com Paulo Baiano, o produtor do disco.

CD: Marlene, meu bem, 1996, Revivendo RVCD-107.

Algumas músicas















Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha.

Louro - Biografia

Lourival (no meio com a clarineta) e seu Grupo (Foto: Casa do Choro)

Louro (Lourival Inácio de Carvalho), instrumentista e compositor, nasceu em Niterói RJ, em 22/4/1894, e faleceu no Rio de Janeiro RJ, em 17/6/1956. Residindo no Barreto, em Niterói, revelou desde cedo interesse pela música. Pelos oito anos, com caixa-de-fósforos, improvisou um precário instrumento de sopro, executando os sucessos da época. Pouco depois, os pais arranjaram-lhe um emprego na fábrica de tecidos local, a Companhia Manufatora Fluminense.

Ali o garoto, conhecido por Louro, devido ao alourado dos cabelos, entrou para a banda da fábrica, chamada Centro Musical Fluminense, onde começou a estudar música. Em pouco tempo aprendeu a tocar clarineta, passando a apresentar-se com a banda em coretos ou festas públicas, sendo sua música de estréia o dobrado Coronel Barbedo. Progredindo rapidamente em seus conhecimentos musicais, logo que deixou a banda foi procurado por um senhor de Rio Bonito RJ, que lhe ofereceu o posto de regente da banda Euterpe Rio-Bonitense. Reorganizando-a, com pouco mais de 16 anos regia 70 músicos profissionais, tendo ocupado o posto até que uma desavença com o tocador de pratos o levou a abandoná-la.

Retornou a Niterói, onde logo recebeu convite para ser mestre da banda do Grupo Vinte e Um de Abril, de Capivari, perto de Campos RJ. Datam dessa época suas variações sobre o tema popular do Urubu malandro, que ficariam famosas. Deixando a banda mais tarde, passou a atuar em festas e bailes no Rio de Janeiro e Niteroi, além de cinemas e circos, acabando por se tornar popular.

Em 1913, resolveu gravar discos (conhecidos como “chapas”) para gramofone. Dirigiu-se a Casa Edison com sua clarineta e ofereceu-se para uma gravação, o que começou a fazer com a ajuda de Chiquinha Gonzaga. Formou o Grupo do Louro para acompanhá-lo, e suas gravações do Urubu malandro e de Moleque vagabundo, esta de sua autoria, fizeram grande sucesso no Rio de Janeiro.

Em 1919 apresentou-se com seu grupo musical no Teatro João Caetano, durante as representações de A juriti (Viriato e Chiquinha Gonzaga) e As pastorinhas (Abadie Faria Rosa e Paulino Sacramento). Dois anos depois, tocavam na sala de espera do Teatro Carlos Gomes executando os sucessos da época.

Frequentando todos os anos as festas da Penha realizadas sempre no mês de outubro, em 1925 ali encontrou outro clarinetista famoso, o Alfredinho. Estabeleceram uma disputa, e, para demonstrar o fôlego, tocou sua composição Choro do galo subindo e descendo os 365 degraus da escadaria, sem interromper a música.

Dois anos mais tarde resolveu ir à Europa, reunindo dois cavaquinhos, dois violões, um pandeiro e um ganzá. Depois de tocar na Bahia e em Pernambuco, apresentou-se em Portugal, atuando no Teatro Olímpia, de Lisboa. Retornando ao Brasil, em 1931, gravou na Victor seu choro Osvaldina, e, tocando sax-alto e clarineta, integrou várias orquestras.

A 9 de Janeiro de 1945 o cantor e radialista Almirante realizou na Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, um programa sobre o artista e seu grupo, contando sua vida e relembrando seus sucessos na série A Historia das Orquestras e Músicos do Rio, dirigida pelo próprio Almirante.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.

Ivon Curi - Biografia


Ivon Curi (Ivon José Curi), cantor e compositor, nasceu em Caxambu MG, em 5/6/1928 e faleceu no Rio de Janeiro RJ, em 24/6/1995. Irmão de locutores da Rádio Nacional Alberto e Jorge Curi —, começou a cantar, por volta de 1944, sambas-canções e cançonetas francesas em festas e shows, depois na rádio da sua cidade.


No Rio de Janeiro, teve sua primeira oportunidade através de Caribé da Rocha, que o contratou como crooner da Orquestra Zacarias, do Copacabana Palace Hotel, onde entrou em contato com os maiores astros da época. Era então muito influenciado pelo cantor francês Jean Sablon, criador do sucesso J’attendrais.

Em 1947 conseguiu seu primeiro contrato com a Rádio Nacional, para apresentar-se como convidado nos programas de Emilinha Borba, Marlene, Dalva de Oliveira e Ângela Maria. Transferiu-se em seguida para a Rádio Tupi.

Em 1949 gravou em dupla com Carmélia Alves, pela Continental, o baião Me leva (Hervé Cordovil e Rochinha). Em 1950 participou do filme Aviso aos navegantes, de Watson Macedo, e no ano seguinte apareceu em Ai vem o barão, do mesmo diretor, atuando ainda em 1952 em Barnabé, tu és meu, de José Carlos Burle.

Gravou seu primeiro disco na Continental, com as músicas La vie en rose e Nature boy (Eden Abhez), seguindo-se C’est si bon (Charles Trenet), Obrigado (sua autoria), Ta fartando coisa em mim (com Humberto Teixeira), 1950, Humanidade (sua autoria), Margarida (Humberto Teixeira e Copinha), 1952, e Orquídeas ao luar (Gus Khan, Vincent Youmans e Eliscu, versão de Cristóvão de Alencar), 1952. Nessa época modificou seu estilo, passando a fazer mímicas e piadas, tornando-se cançonetista, com repertório nordestino.

Em 1953 lançou, pela Victor, Amor de hoje (Ari Monteiro e Bruno Marnet), música que havia interpretado no filme É fogo na roupa (Watson Macedo, 1952). Gravou Baião das velhas cantigas (Jair Amorim), Caxambu (Zé Dantas e David Nasser), Farinhada (Zé Dantas) e o O xote das meninas (Zé Dantas e Luiz Gonzaga), além da valsa de sua autoria João Bobo e da canção israelita Beija- flor (versão de Caribé da Rocha).

Depois de excursionar pelo Brasil, fez tournée pela Europa em 1956-1957, apresentando-se em Portugal, onde adotou pela primeira vez o estilo one-man-show e foi considerado o melhor intérprete de música brasileira. Em 1961 casou com lvone.

Com o aparecimento da Jovem Guarda, afastou-se temporariamente da vida artística, reaparecendo em 1971 com o show Ivon Curi em todos os tempos, no Teatro Casa Grande, onde se apresentou como show-man e fez uma retrospectiva de sua carreira, lançando então o LP de mesmo nome. Seus maiores sucessos foram João Bobo, Tá fartando coisa em mim, Retrato de Maria (sua autoria), Farinhada, Escuta (sua autoria), Casar é bom (com Meira Guimarães), Amor naquela base (Moura Júnior e Zé Araújo) e Me leva.

Em 1977, a gravadora Continental lançou o LP Ivon Curi, volume 26 da serie Ídolos MPB. Em 1984 voltou a vida artística, festejando 40 anos de carreira, em 1987, com o disco Ivon Curi ontem e hoje. Em 1993, além de ter comandado o programa Show da Manchete, estreou o espetáculo A França e quinze saudades, em que interpretou canções francesas e que deu origem ao disco Douce France, seu último trabalho solo. Sua última gravação foi a faixa Forró do beliscão (Ari Monteiro, João do Vale e Leoncio), incluida, no início de 1995, no disco João Batista do Vale (BMG), tributo ao compositor João do Vale.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.

Luís Americano - Biografia


Luís Americano (Luís Americano Rego), instrumentista e compositor, nasceu em Aracaju SE, em 27/2/1900, e faleceu no Rio de Janeiro RJ, em 29/3/1960. Começou os estudos de clarineta aos 13 anos com o pai, Jorge Americano, mestre-de-banda em Aracaju.

Ingressando no Exército, tornou-se músico do 20º Batalhão de Caçadores, sediado em Maceió AL. Transferido em 1921 para o Rio de Janeiro para servir no 3º Regimento de Infantaria, deu baixa no ano seguinte.

Já dominando o sax-alto e a clarineta, passou a atuar como músico profissional. Integrou diversas orquestras, entre as quais as de Justo Nieto, Raul Lipoff, Simon Bountman e Romeu Silva. No início da década de 1920 participou com destaque de gravações realizadas na Odeon, ainda pelo processo mecânico: Coração que bate, bate..., maxixe (Freire Júnior), gravado em 1922, traz no selo seu nome e do Grupo de Donga.

Em 1928 viajou para a Argentina, levado pelo norte-americano Gordon Stretton, baterista e chefe de orquestra, com quem trabalhou três meses. Integrou em seguida a orquestra do argentino Adolfo Carabelli, regressando em 1930 ao Rio de Janeiro, onde formou o conjunto de danças American Jazz, que gravou na Victor.

Em 1932 passou a integrar o Grupo da Guarda Velha e a partir do mesmo ano foi relançado pela Odeon, revelando-se nessa nova fase como grande compositor e um dos maiores clarinetistas brasileiros. São dessa época os lançamentos de É do que há, choro, e Lágrimas de virgem, valsa, ambos de sua autoria.

Em agosto de 1940 fez parte do grupo de músicos e compositores brasileiros escolhidos por Pixinguinha, a pedido do maestro Villa-Lobos, para realizarem gravações para o maestro Leopold Stokowski (1882—1976), que visitava o Brasil.

Além de atuar por muitos anos no teatro musicado e em dancings, participou como músico de estúdio das orquestras da Rádio Mayrink Veiga — de fins da década de 1930 ate 1950 — e da Rádio Nacional, de 1950 até a morte.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.

Vai meu amor ao campo santo - Vicente Celestino

Catulo
Vai, ò Meu Amor, ao Campo Santo (canção, 1912) - Catulo da Paixão Cearense e Irineu de Almeida - Intérprete: Vicente Celestino

Disco 78 rpm / Título da música: Vai, Ò Meu Amor, ao Campo Santo / Cearense, Catullo da Paixão, 1863-1946 (Compositor) / Almeida, Irineu de (Compositor) / Celestino, Vicente (Intérprete) / Orquestra (Acompanhante) / Imprenta [S.l.]: RCA Victor, 08/08/1952 / Nº Álbum 801023 / Gênero musical: Canção.



Tu, tu não queres crer como eu te quero!
Venero o teu amor, que é minha vida
Tudo nesta dor do mundo espero
Sou poeta e sou cantador, ó alma infinda!
Sobre o coração que me consome
A rutilar luz diamante do teu nome
Sei que o meu penar será infindo
Irei cumprindo o que Deus determinar

Hás de chorar a minha desventura
Quando eu repousar na gelidez da sepultura
Hás de lamentar os sofrimentos
Tantos tormentos que sofri
Enquanto vivo aqui por ti

Vai, vai ó meu amor ao campo santo
Verás a minha cruz lá num recanto!
Vai, que lá verás cheias de odores
Numa genuflexão algumas flores
Vai e uma por uma sem ter medo
Colhe essas flores – a meiguice de um segredo
São os versos d’alma que eu não disse
E enfim dizer, dizê-los só, quando eu morrer

Poeta do sertão - Paulo Tapajós


Outra versão de Caboca di Caxangá - a toada “U poeta du Sertão” - foi gravada em 1927 por Patrício Teixeira e novamente em 1936 por Paraguassu. Ela foi dedicada à memória do companheiro nordestino (Catulo veio do Maranhão) e homem de teatro Arthur Azevedo, que morreu em 1907. A gravação de Paulo Tapajós de 1957 foi relançada no CD da Revivendo "Catulo da Paixão Cearense nas vozes de Paulo Tapajós e Vicente Celestino".

Poeta Do Sertão (toada) - Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco - Interpretação: Paulo Tapajós

LP Catullo O Poeta Do Sertão - Na Interpretação De Paulo Tapajós / Título da música: Poeta Do Sertão / João Pernambuco (Compositor) /Catulo da Paixão Cearense (Compositor) / Paulo Tapajós (Intérprete) / Gravadora: Sinter / Ano: 1957 / Nº Álbum: SLP 1709 / Lado A / Faixa 4 / Gênero musical: Toada.



Si chora o pinho
Im desafio gemedô
Não hai poeta cumo os fio
Du sertão sem sê doutô
Us óio quente
Da caboca faz a gente
Sê poeta di repente
Que a puisia vem do amor

Não há poeta, não há
Cumo os fio do Ceará!

Dotô fromado, home aletrado
Lá da Côrte
Se quisé mexê comigo
Muito intoncê tem qui vê
Us livro da intiligença
I dá sabença
Mas porém u mato virge
Tem puisia como quê!

Poeta eu sô sem sê dotô
Sou sertanejo
Eu sô fio lá dus brejo
Du sertão do Aracati
As minha trova
Nasce d’arma sem trabaio
Cumo nasce na coresma
Nu seu gaio a frô de Abri



Fonte: As Crônicas Bovinas, parte 17

Tu passaste por este jardim - Gilberto Alves


Alfredo Dutra (circa 1860 - 1920 Rio de Janeiro, RJ) é o autor da canção Tu passaste por esse jardim (composta como polca), que Catulo da Paixão Cearense pôs letra. Sabe-se que a canção foi apresentada pela primeira vez pelo próprio Catulo, em festa de casamento do sobrinho do compositor, de nome Oscar de Meneses Pamplona, realizada em 28 de setembro de 1905.

Em 1962, a canção "Tu passaste por este jardim", foi relançada em ritmo de maxixe, por Gilberto Alves no LP Gilberto Alves de sempre lançado pela gravadora Copacabana.

Tu Passaste Por Este Jardim (polca / maxixe, 1905) - Catulo da Paixão Cearense e Alfredo Dutra - Interpretação: Gilberto Alves

LP Gilberto Alves De Sempre / Título da música: Tu Passaste Por Este Jardim / Alfredo Dutra (Compositor) / Catulo da Paixão Cearense (Compositor) / Gravadora: Copacabana / Ano: 1962 / Nº Álbum: CLP 11268 / Lado B / Faixa 4 / Gênero musical: Maxixe.



Tu passaste por este jardim!
Sinto aqui certo odor merencório
Desse branco e donoso jasmim
Num dilúvio de aromas pendeu
Os arcanjos choraram por mim
Sobre as folhas pendidas do galho
Que a luz de seus olhos brilhantes verteu

Tu passaste, que de quando em quando
Vejo as rosas no hastil lacrimado
Das corolas de todas as flores
As minhas angústias, abertas em flores
Neste ramo que ainda se agita
Uma roxa saudade palpita
E esse cravo, no ardor dos ciúmes
Derrama os perfumes num poema de amor

De um suspiro deixaste o calor
Neste cálix de neve, estrelado
Neste branco e gentil monsenhor
Vê-se o íris de um beijo esmaltado
Tu deixaste num halo de dor
Nas violetas magoadas, sombrias
A tristeza das ave-marias
Que rezam teus lábios à luz do Senhor

Vejo a imagem da minha ilusão
Nessa rosa prostrada no chão
Meus afetos descansam nos leitos
Destes lindos amores-perfeitos
Como chora o vernal jasmineiro
Que me lembra o candor de teu cheiro!
Este cravo sangüíneo é uma chaga
Que se alaga no rubor da cor

As gentis magnólias em vão
Muito invejam teu rosto odoroso
Rosto que tem a conformação
De um suspiro adejando saudoso
E esses lírios têm a presunção
De imitar em seus níveos brancores
Esses dois ramalhetes de amores
Andores de flores num seio em botão

Recorda-te de mim - Catulo da Peixão Cearense

Catulo da Paixão
Recorda-te de mim (modinha, 1912) - Catulo da Paixão Cearense - Interpretação: Orestes de Matos

Disco 78 rpm / Título da música: Recorda-te de Mim / Cearense, Catullo da Paixão, 1863-1946 (Compositor) / Matos, Orestes de (Intérprete) / Imprenta [S.l.]: Odeon, 1912 / Nº Álbum: 137006 / Lado único / Gênero musical: Modinha.



LP Catullo O Poeta Do Sertão - Na Interpretação De Paulo Tapajós / Título da música: Recorda-te de Mim / Anacleto de Medeiros (Compositor) /Catulo da Paixão Cearense (Compositor) / Paulo Tapajós (Intérprete) / Gravadora: Sinter / Ano: 1957 / Nº Álbum: SLP 1709 / Lado B / Faixa 4 / Gênero musical: Modinha.



Recorda-te de mim quando de tarde
Gloriosa a morrer na luz do dia
E nos seios da noite a serrania
Em candores de neve se ocultar
Recorda-te de mim nesse momento
As estrelas saudosas do penar

Recorda-te de mim quando alta noite
Escutares um canto de tristeza
Descantado por toda a natureza
Nos formosos harpejos do luar
Recorda-te de mim quando acordares
E sentires no peito do adolescente
Um espírito em mágoa florescente
Uma hora em teu peito a suspirar

Recorda-te de mim quando no templo
Numa prece serena, doce e fina
Sob o altar florescido de Maria
Teus segredos à Virgem confiar
Recorda-te de mim nesse momento
Para que minha dor tenha um alento
E me deixe morrer com o pensamento
De que morro feliz só por te amar

Na aldeia - Patrício Teixeira

Catulo

Na Aldeia  (Quando Ela Passa) - Letra: Catulo da Paixão Cearense - Música: Mário Alvares - Interpretação: Patrício Teixeira

Disco 78 rpm / Título da música: Na Aldeia / Cearense, Catullo da Paixão, 1863-1946 (Compositor) / Alvares, Mário / Teixeira, Patrício (Intérprete) / Imprenta [S.l.]: Odeon, 1927 / Nº Álbum: 10084 / Gênero musical: Maxixe.



Quando ela passa
A caminho da choça do monte
Lá no horizonte
A ascensão do luar
Pela aldeia vem se derramar
Geme a fonte
E as minhas mágoas vêm vê-la passar
Passar cantando
Com a flor brincando
De quando em quando a suspirar

Vai bandoleira
A faceira que de mim se esquece
Até parece uma flor
Que ao luar, ao luar
Irrorada de orvalho
Do galho se desprendesse
E lá fosse a ondular
E ondulando fosse voando
De quando em quando a suspirar

Deixa em seu rastro o odor
Do rescendente sassafrás em flor
Deixa onde passa o olvido
O aroma de um coração ferido
Geme a viola então
Em meio da solidão do sertão calado
Um canto apaixonado, aveludado
De suspiros do coração

Se ao longe um lacrimal
Desliza sobre a areia de cristal
Descalça o pé dengoso
E o riozinho estremece airoso
E todo dia a se arrufar
Não quer mais deslizar
No planger fluente
Quer essa flor virente
Nas madeixas da corrente
Leva, levar

Quando amanhece
E à porta da choça aparece
Acorda a flor que umedece
O frescor que é tão grato
Acorda o regato e no mato
Acorda a rola em seu ninho de amor
Acorda a fonte, o horizonte
E lá no monte o trovador