segunda-feira, novembro 08, 2010

Canuto

Canuto (Deocleciano da Silva Paranhos), cantor e instrumentista falecido em 27/11/1932, morou no morro do Salgueiro, Rio de Janeiro, RJ, e foi lutador de boxe. Trabalhou como lustrador de móveis.

Frequentou importantes meios musicais como o Ponto Cém Réis em Vila Isabel onde conviveu com Noel Rosa, Braguinha e outros. Embora de discreta popularidade, atuou ativamente nos anos 1910 e 1920.

Em 1930, seu samba Não quero amor nem carinho foi gravado na Parlophon por João Gabriel de Faria.

Em 1927, teve a canção Canção antiga gravada por Francisco Alves na Odeon. Em 1929, tocou tamborim na gravação do samba Na Pavuna, de Almirante e Homero Dornelas feita por Almirante e o Bando de Tangarás, a primeira em que se utilizou instrumentos de percussão em gravações.

Em 1930, seu samba Não quero amor nem carinho foi gravado na Parlophon por João Gabriel de Faria. Em 1931, os sambas Tu juraste...eu jurei e Vou à Penha rasgado, parcerias com Braguinha foram gravados na Parlophon pelo Bando de Tangarás com vocais de João de Barro. Nesse ano, gravou os sambas Não quero e O amor é um buraco, de sua autoria. No mesmo ano, gravou os sambas Eu agora fiquei mal, de Noel Rosa e Antenor Gargalhada e Esquecer e perdoar, de sua autoria e Noel Rosa.

Teve ainda o samba Já não posso mais, com Almirante, Puruca e Noel Rosa gravado pelo Bando de Tangarás com vocal de Almirante. Em 1932, gravou na Columbia o samba Não julgues que é dor, de sua autoria e Elói do Amparo.

Obra

Esquecer e perdoar (c/ Noel Rosa). Já não posso mais (c/ Almirante, Puruca e Noel Rosa). Não julgues que é dor (c/ Elói do Amparo), Não quero, Não quero amor nem carinho, O amor é um buraco, Tu juraste...eu jurei (c/ Braguinha), Vou à Penha rasgado (c/ Braguinha).

Discografia

(1932) Não julgues que é dor - Columbia - 78; (1931) Não quero / O amor é um buraco - Parlophon - 78; (1931) Eu agora fiquei mal / Esquecer e perdoar - Parlophon - 78

Fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira - In: AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982; MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora / Publifolha, 1999; VASCONCELOS, Ary. Panorama da música popular brasileira. São Paulo: Martins, 1965.

A situação do Escurinho

Germano Mathias
A situação do Escurinho (samba, 1956) - Aldacir Louro e Padeirinho

Título da música: A situação do escurinho / Gênero musical: Samba / Intérprete: Germano Mathias / Compositores: Louro, Aldacir - Padeirinho / Acompanhamento: Conjunto / Gravadora Polydor / Número do Álbum: 203 / Data de Gravação: 31/10/1956 / Lado: lado B / Rotações: Disco 78 rpm:



A situação do Escurinho
Está ruim como quê
O Zé Pretinho diz que quer saber
Da mulher que ele carregou
Ai, meu Deus! Que horror!

E aquela baiana
Que ele virou o tabuleiro dela
Foi no cemitério acender uma vela
O Escurinho não sabe
O que ele arrumou
Morou, morou...

Padeirinho

Osvaldo Vitalino de Oliveira
Padeirinho (Osvaldo Vitalino de Oliveira), compositor, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 05/03/1927, e faleceu na mesma cidade em 27/1/1997. Filho de padeiro, o que deu origem a seu apelido, começou a compor desde os 12 anos, cantando pelas tendinhas ou biroscas da Mangueira, época em que já saia na bateria da escola.

Em 1947, levado por seu cunhado Geraldo da Pedra, apresentou na ala dos compositores seu samba Mangueira desceu para cantar, tornando-se seu integrante, apesar de a composição ter sido censurada por utilizar a música do Hino da Marinha.

Um de seus primeiros sambas foi Vão acabar com a Praça Onze, a que se seguiu a música feita em homenagem aos brasileiros que participaram da Segunda Guerra Mundial, Brasileiro na guerra.

Sua primeira composição lançada em disco foi Mora no assunto (com Joaquim dos Santos), gravada com sucesso por Jamelão, na Sinter, no início da década de 1950.

Em 1956, fez O grande presidente, samba-enredo vencedor na escola. No mesmo ano Germano Mathias grava seu samba A situação do Escurinho (com  Aldacir Louro).

Em 1961 compôs Linguagem de morro (com Ferreira dos Santos); dois anos depois, Fofoca no morro, e em 1965, Vida de operário (ambas com Ferreira dos Santos); no ano seguinte, Favela (com Jorge Pessanha) e Cuidado, menina (com Ismael Batista).

Em 1971 compôs o samba-enredo Rio, Carnaval dos Carnavais (com Moacir da Silva e Nílton Russo).

Foi funcionário do Cais do Porto e da Limpeza Pública do Rio de Janeiro. Participou de vários programas de rádio e televisão, tendo atuado também no show O samba pede passagem, levado no Teatro Opinião, do Rio de Janeiro, como partideiro, e ao lado de Lelei e Bídi (do conjunto Os Originais do Samba), além de Jorge Zagaia.

Em 1974 gravou como intérprete o samba A mais querida, e o samba-enredo O grande presidente (ambos de sua autoria), para a etiqueta Marcus Pereira, no LP História das escolas de samba: Mangueira. No mesmo ano compôs Cavaco emprestado, gravado gravado no ano seguinte por Paulinho da Viola.

Autor de mais de oitenta músicas, entre seus principais intérpretes estão Jamelão, Germano Mathias, Nara Leão, Isaura Garcia, Eliana Pittman, Quarteto em Cy e Noite Ilustrada. Também tocava pandeiro e outros instrumentos de percussão, além de tarol.

Em 1981 participou de um show da Funarte com Xangô da Mangueira, Preto Rico, Nelson Sargento e Babaú, em diversas cidades, entre elas Rio de Janeiro, São Paulo e São Bernardo do Campo SP. Estava programado que gravaria seu primeiro disco em 1997, mas perdeu Mida, sua companheira de mais de 40 anos, vindo a falecer dois meses depois.

Obra

Cavaco emprestado, samba, 1975; Favela (c/Jorge Pessanha), samba, 1966; O grande presidente, samba-enredo, 1956; A mais querida, samba, 1974; Mora no assunto (c/Joaquim dos Santos), samba, s.d.; Rio, Carnaval dos Carnavais (c/Moacir da Silva e Nilton Russo), samba-enredo, 1971.

Os versos e gírias de um compositor com gênio difícil

Nascido no Rio, Osvaldo Vitalino de Oliveira (1927-1997), o Padeirinho da Mangueira, era homem de gênio bem difícil, mas dono de grande talento musical. Devani Ferreira, o Tantinho da Mangueira, quando adolescente nos anos 1960, conviveu com Padeirinho no Morro da Mangueira. "Ele não tinha parceiros porque era muito chato", diz Tantinho, hoje com 63 anos. "O Cartola corria dele."

Ao fazer improvisos nas rodas de partido-alto, Tantinho lidava com a implicância do outro, que adorava meter-se em brigas. Mas isso não impediu que ele cantasse uma música do sambista mais velho num programa do Chacrinha veiculado pela rádio Mayrink Veiga. Tirou o primeiro lugar no concurso - ganhando um dinheiro que fez diferença - com Mora no Assunto, composição que, infelizmente, não aparece entre os 14 sambas do CD Tantinho Canta Padeirinho da Mangueira.

Este é o segundo trabalho de Tantinho, depois de Memória em Verde e Rosa, ganhador do prêmio TIM de melhor disco de samba em 2007. Com arranjos de Paulão 7 Cordas e participação de Cláudio Jorge (violão), Carlinhos 7 Cordas (violão), Esgubela (percussão) e outros, ele apresenta inéditas - Logo a Mim e Distância -, que o intérprete conseguiu com a família do sambista mangueirense. Registra as clássicas, como Favela, Modificado, Linguagem do Morro, A Situação do Escurinho, Terreiro em Itacuruçá e O Grande Presidente, do compositor que aprendeu a ler e escrever somente aos 15 anos, e sozinho.

Exímio percussionista, Padeirinho, segundo Tantinho, pode ser igualado em talento a outros mangueirenses como Cartola, Nelson Cavaquinho, Carlos Cachaça e Geraldo Pereira. "Mas quase ninguém o conhece", apesar de gravado por Chico Buarque, Nara Leão, Germano Mathias, João Nogueira, Jamelão, Beth Carvalho e outros. (Padeirinho nunca gravou um disco-solo). 

A suas letras são marcadas pelas gírias. Os seus versos são estruturados em sextilhas - evitando as quadrinhas, mais fáceis, segundo o compositor Nei Lopes. E a sua melodia tem o ritmo marcadamente sincopado. "Quando junta os instrumentos nos sambas do Padeirinho, você percebe que eles têm uma grande beleza", diz Tantinho, que ficou fascinado com Modificado, quando o Paulo 7 Cordas colocou a harmonia.

Padeirinho foi chamado de "filólogo da Mangueira" por Franco Paulino, o seu biógrafo, que assina a introdução do encarte. A única imagem de Padeirinho no CD é do fotógrafo Walter Firmo: ela mostra um homem sentado sobre uma pedra, com um tamborim na mão, chapéu de fita verde e rosa, ao lado de um cachorro vira-lata.

Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha; Os versos e gírias de um compositor com gênio difícil - cultura - Estadão (23 de setembro de 2009); Instituto Moreira Sales.