terça-feira, janeiro 29, 2013

Sidney Bechet


Sidney Bechet (Sidney Joseph Bechet), clarinetista, saxofonista e compositor de jazz (jazz clássico e dixieland), nasceu em New Orleans, Louisiana, EUA, em 14/05/1897, e faleceu em Garches, Paris, França, em 14/05/1959.

Em 1919 ele foi o clarinetista solista da Southern Syncopated Orchestra, conduzida pelo compositor Will Marion Cook, que se recusou a usar a palavra "jazz", mas estava ansioso para ver Bechet no centro das atenções. O maestro suíço Ernest Ansermet, que em diversas ocasiões ouviu esta formação em Londres, escreveu sobre Bechet. "Ele não pode dizer nada sobre a sua arte, exceto que ele segue o seu próprio caminho... e talvez o caminho em que o mundo 'swingará' amanhã."

Músico prodígio, nascido em uma família crioula, tocou com vários conjuntos ("brass bands") de New Orleans. Foi morar Chicago no ano de 1917 para tocar com dois exilados famosos, o trompetista Freddie Keppard e pianista Tony Jackson. Acompanhou Cook, em Londres, onde ele descobre o saxofone soprano, um instrumento mais dominante do que o clarinete e com o qual ele pode facilmente produzir vibrato, que é sua marca.

Em 1919, viajou para a Europa com a Southern Syncopated Orchestra do diretor Will Marion Cook, onde além de tocar clarinete, executava em uma peça um pequeno acordeom. Suas apresentações em Londres interpretando o Characteristic Blues chamaram a atenção do diretor de orquestra Ernest Ansermet, que lhe dedicou elogios em um artigo publicado na revista "Revue Romande" na qual, segundo se afirma, foi a primeira crítica sobre um músico de jazz, onde afirmava que "Sidney Bechet é um gênio".

Regressando aos Estados Unidos em 1922, foi para Nova York, onde grava pela primeira vez em julho de 1923, com a Clarence Williams Blue Five as músicas "Wild Cat Blues" e "Kansas City Man Blues". Entre 1924 e 1925 realizou uma série de memoráveis gravações com Louis Armstrong, que também havia se juntado ao conjunto de Clarence Williams.

Integrou a orquestra Revue Négre, que acompanhou Josephine Baker a Paris em 1925, permanecendo na Europa até 1931, visitando diversos países e passando quase um ano em um cárcere francês em 1928, por ter se envolvido numa briga entre músicos. Depois desse "recesso" de 11 meses, seguiu percorrendo a Europa e retornou novamente para os EUA, para participar brevemente na orquestra de Noble Sissle, e logo em 1932 formar junto ao trompetista Tommy Ladnier um grupo chamado The New Orleans Feetwarmers.

Entre 1934 e 1938 se une novamente a Noble Sissle, em cuja orquestra vai adquirindo paulatinamente uma participação crescente como solista (por ex. "Polka Dog Rag", 1934).

De 1938 em diante, empreende uma carreira como líder de bandas diversas, na corrente revival do jazz de Nova Orleans, tocando e gravando em diferentes cidades, produzindo abundante material onde seu saxofone-soprano fazia às vezes de voz.

Em 1939 realiza uma série de gravações para a recém criada gravadora Blue Note, de Alfred Lion, entre as quais se sobressai uma excelente e inovadora versão instrumental do clássico de George Gershwin "Summertime".

Em 1941 realiza uma experiência inédita para a época: uma sessão em que ele interpreta seis instrumentos (clarinete, saxofone-soprano, saxofone-tenor, piano, contrabaixo e bateria), que são gravados um sobre a pista do outro, para constituir a "Sidney Bechet's one man band", a primeira tentativa de gravação de um só músico que se tenha notícia.

Em 1949 viaja a França para participar do Festival de Jazz de Paris, em Salle Pleyel. Suas interpretações cativam o grande público e no ano seguinte volta para Paris e se estabelece nessa cidade definitivamente, transformando-se em uma celebridade do movimento de jazz tradicional francês, integrando-se aos clarinetistas Claude Luter e André Reweliotty.

Em 1951 se casa com Elisabeth Ziegler (com quem teve uma relação em Berlim na década de 1920), em uma cerimônia apoteótica que teve lugar na vila de Juan-Les-Pins. Nesse ano compôs um de seus maiores sucessos, "Petite Fleur" (Pequena Flor).

Em 1954 nasce seu único filho, Daniel, e depois de quase 10 anos de residência permanente na França, com turnês e apresentações por toda Europa, vários discos de ouro e outros sucessos, adoece de câncer do pulmão no final de 1958, falecendo em Paris, em 14 de maio de 1959, no mesmo dia em que completava 62 anos.

Discografia

The Legendary Sidney Bechet, RCA Bluebird
Sidney Bechet in New York, JSP (com Louis Armstrong).
The King Jazz Story Vol.4, Storyville (com Cousin Joe)
Jazz Classics Vol.1, Blue Note (com Bunk Johnson, Albert Nicholas).
El Doudou, Vogue, 1956 (com Albert Langue).

Fonte: Wikipédia.

Petite fleur

Sidney Bechet - 1922
“Petite Fleur” é um tema clássico de Sidney Joseph Bechet  (New Orleans, Louisiana, Estados Unidos, 14/05/1897 - Paris, França, 14/05/1959) que em 1951 foi gravado em várias versões, tanto instrumentais como vocais, e portanto, de variada qualidade e resultado. Bechet, em companhia de sua esposa Elisabeth Ziegler, compôs esta melodia que se constituiu em um dos seus maiores sucessos na década dos anos 50s.

Petite fleur (autor: Sidney Bechet / letra: Fernand Bonifay e Mario Bua / Interpretação: Petula Clark)


C     B      C      B 
J'ai caché 
                 Em 
Mieux que partout ailleurs 
                          F# 
Au grand jardin de mon coeur 
               B 
Une petite fleur 
C     B 
Cette fleur 
                       Gm 
Plus jolie qu'un bouquet 
                    Am9   D 
Elle garde en secret 
                       G   A9   Em9 
Tous mes rêves d'enfant 
                 Am Am7  G 
L'amour de mes parents 
               Em 
Et tous ces clairs matins 
                      F# 
Fait d'heureux souvenirs lointains 
 
B   C  B 
Quand la vie 
          Em 
Par moments me trahi 
        L 
Tu restes mon bonheur 
Am7   Bm7    Em 
Petite fleur 
 
Em      Dm9 
Sur mes vingt ans 
                   Am 
Je m'arrête un moment 
                      D 
Pour respirer 
                    G   Em Am     Bb9  A9 
Le parfum que j'ai tant aimé 
         
Dans mon coeur 
            Em 
Tu fleuriras toujours 
            L 
Au grand jardin d'amour 
  Am7   Bm7    Em 
Petite fleur  

_________________________________________

Pequeña flor - (Petit fleur - Sidney Bechet / Interpretação de Petula Clark)



Yo arranque
del jardín del amor
una pequeña flor
que en mi pecho guardé
Talismán
que me hablaba de ti, que cuidaba de mi
en el bien y en el mal, pero se marchito
y perdió su poder
porque ya tu querer murió
De ese amor, que era mi sueño azul
sólo me quedas tú, pequeña flor
Te guardaré toda una eternidad
te besaré cuando quiera otra vez soñar
pues de aquel sueño de juventud,
sólo me quedas tú pequeña flor.

quinta-feira, janeiro 24, 2013

Ronaldo Lupo

Ronaldo Lupo (Ronaldo Lupovici), cantor, compositor e ator, nasceu em São Paulo SP em 18/12/1913, e faleceu na mesma cidade em 18/8/2005. De origem judaica, chegou a ser considerado galã do cinema nacional em algumas chanchadas por ele interpretadas e produzidas, especialmente durante a década de 1950, começo dos anos 1960.

Iniciou a carreira como compositor em 1934 quando teve gravado por Gastão Formenti na Victor o samba-canção Samba da saudade e por Moacyr Bueno Rocha na Columbia a valsa-canção Feliz de quem vive na ilusão e a canção-blue Eu sonhei, parcerias com Saint-Clair Sena.

Em 1935, teve gravadas na Columbia a marcha Deixa essa gente falá e o samba Meu amor nunca foi da cidade, por Jaime Vogeler e a marcha Cuidado! e o samba Por causa da tua fantasia por Castro Barbosa, parcerias com Saint Clair Sena.

Em 1936, teve mais duas parcerias com Saint-Clair Sena gravadas por Gastão Formenti, a valsa Na minha terra e o samba-canção Traição. Nesse ano, Aurora Miranda gravou na Odeon a marcha Prometo lhe dar tudo e o samba Meu pecado é te querer, também parcerias com Sain Clair Sena. Em 1941, atuou no filme Entra na farra, de Luiz de Barros que contou ainda com as participações de Arnaldo Amaral, Batista Júnior, Abel Pera e Zezé Macedo, entre outros. Nesse período, atuou na Rádio Mayrink Veiga.

Em 1944, gravou seu primeiro disco, pela Continental, com os fox Suave melodia, de Nelson S. Ferreira e Por que mentir?, de sua autoria e Zélia Moreira. Em 1945, foi para a Odeon e gravou o samba O que é que ela tem?, parceria com Ari Brandão e o choro Zum-zum, de sua autoria. No ano seguinte, gravou a valsa Tic-tic-tac, de Sivan Castelo Neto e a cançoneta Tua carta, de sua parceria com Nestor Tangerini. Em 1947, retornou para a Continental e gravou a valsa O mundo dá tanta volta, de Raimundo Lopes e o fox-blue Capricho de mulher, de sua autoria e Alberto Ribeiro.

Em 1949, gravou a toada Morena, morena, parceria com Jair Amorim e o samba Moreninha carioca, parceria com Alberto Ribeiro. Durante toda a década de 1950, dedicou-se a fazer filmes, nos quais sempre cantava e interpretava.

Em 1950, lançou a cançoneta Vou desistir de namorar, parceria com Nestor Tangerini e o samba Linda cidade, de sua autoria. Nesse ano, transferiu-se para a Todamérica e lançou o Baião em Paris, parceria com o bailarino Duque e o fox Depois eu conto, parceria com Nestor Tangerini. Em 1952, gravou o bolero Foi você, de Oscar Bellandi e Paulo Gesta e o samba Manon, de Alice Alves e Nestor Tangerini. Nesse mesmo ano, gravou o samba Sem ti, de sua parceria com Jair Amorim e a Canção da viagem, de sua autoria.

Em 1953, gravou o beguine Beija-me, jura-me, de sua autoria e o samba Você nasceu pra mim, parceria com Oldemar Magalhães. Nesse ano, atuou no filme Era uma vez um vagabundo, com direção de Luiz de Barros, filme que produziu com recursos próprios, obtendo sucesso de crítica e de público. Em 1955, foi para a gravadora Columbia e lançou o samba-chamego Me dá, me dá, me dá!..., de sua autoria e o samba Não me convém..., parceria com Nestor Tangerini.

Em 1956, gravou o samba Olha um pouco para mim..., de sua autoria e Jair Amorim e que fez parte da trilha sonora do filme Genival é de morte. Nesse ano, gravou na Mocambo o fox-canção Cinco sentidos, com Nestor Tangerini e relançou o samba Você nasceu pra mim, com Oldemar Magalhães. Foi o responsável pelo lançamento do ator Zé Trindade na série de filmes com o personagem Genival: Trabalhou bem Genival e Genival é de morte. Ainda com Zé Trindade, atuou no filme Tem boi na linha, grande sucesso de público. Em 1958, gravou a canção Confissão, parceria com Lourival Faissal e o fox-humorístico Depois eu conto, parceria com Nestor Tangerine.

Nessa época, sua carreira entrou em declínio e ele parou de gravar discos. Trabalhou também com Dercy Gonçalves no filme Só naquela base. Foi distribuidor da Embrafilmes. Produziu ainda os filmes Briga, mulher e samba, Quero essa mulher assim mesmo, Hoje o galo sou eu, As aventuras de Chico Valente e Só naquela base. Atuou ainda com Procópio Ferreira no filme Titio não é sopa não.

Em 2003, como comemoração a seus 90 anos de idade, gravou o CD Ronaldo Lupo aos 90 - Para os amigos, CD no qual relembrou sucessos seus como Eu sonhei, Como um velho trovador, Morena. Morena, Confissão e Samba da saudade.

Obras
Baião em Paris (c/ Duque), Beija-me, jura-me, Canção da viagem, Capricho de mulher (c/ Alberto Ribeiro), Cinco sentidos (c/ Nestor Tangerini), Confissão (c/ Lourival Faissal), Depois eu conto (c/ Nestor Tangerini), Eu sonhei (c/ Saint-Clair Sena), Feliz de quem vive na ilusão (c/ Saint-Clair Sena), Linda cidade, Me dá, me dá, me dá!..., Meu pecado é te querer (c/ Saint-Clair Sena), Morena, morena (c/ Jair Amorim), Moreninha carioca (c/ Alberto Ribeiro), Na minha terra (c/ Saint-Clair Sena), Não me convém... (c/ Nestor Tangerini), O que é que ela tem? (c/ Ari Brandão), Olha um pouco para mim... (c/ Jair Amorim), Por que mentir? (c/ Zélia Moreira), Prometo lhe dar tudo (c/ Saint-Clair Sena), Samba da saudade (c/ Saint-Clair Sena), Sem ti (c/ Jair Amorim), Traição (c/ Saint-Clair Sena), Tua carta (c/ Nestor Tangerini), Você nasceu pra mim (c/ Oldemar Magalhães), Vou desistir de namorar (c/ Nestor Tangerini), Zum-zum.

Discografia
(1944) Suave melodia / Por que mentir? • Continental • 78
(1945) O que é que ela tem? / Zum-zum • Odeon • 78
(1946) Tic-tic-tac / Tua carta • Odeon • 78
(1947) O mundo dá tanta volta / Capricho de mulher • Continental • 78
(1949) Morena, morena / Moreninha carioca • Continental • 78
(1950) Vou desistir de namorar / Linda cidade • Continental • 78
(1950) Baião em Paris / Depois eu conto • Todamérica • 78
(1952) Foi você / Manon • Todamérica • 78
(1952) Sem ti / Canção da viagem • Todamérica • 78
(1953) Beija-me, jura-me / Você nasceu pra mim • Todamérica • 78
(1955) Me dá, me dá, me dá!... / Não me convém... • Columbia • 78
(1955) Cinco sentidos / Você nasceu pra mim • Mocambo • 78
(1956) Olha um pouco para mim... • Todamérica • 78
(1958) Confissão/Depois eu conto • Columbia • 78
(2003) Ronaldo Lupo aos 90 - Para os amigos • CD

Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB.

quarta-feira, janeiro 23, 2013

Vicente Cunha

Vicente Cunha (circa 1900 - 1990 Recife, Pernambuco), cantor (tenor) iniciou a carreira artística na década de 1920. Fez apresentações na Rádio Clube de Pernambuco.

Em 1930, estreou pela Victor, gravando três discos, que traziam o samba Tua boca, de Raul Valença; as toadas Mixiriqueira, de João Valença e Humberto Santiago, e Boiadeiro do norte, de João Valença e Raul Valença; as canções Viola de pinho, de João Valença e Humberto Santiago, e Mandinga, de João Valença e Raul Valença, e o batuque Ai! Que viola, de João Valença e Raul Valença.

No mesmo ano, também gravou as modinhas Noites de verão, de Sérgio Sobrera e Humberto Santiago, e Iracema, de João Valença e Raul Valença. Ainda em 1930, gravou, pela Columbia, mais três discos com obras da compositora pernambucana Amélia Brandão Nery, a Tia Amélia: o tango Pecador; a valsa Contigo no céu, parceria com Raul Valença, e os sambas Malvada, O que mais eu aprecio em ti, Beija flor e Santinha.

Em 1940, ao lado da cantora e vedete Salomé Parísio, apresentou-se na opereta Bob Bobete, de Waldemar de Oliveira, no Teatro Santa Izabel, na cidade de Recife, Pernambuco. Foi um dos primeiro a gravar obras da compositora pernambucana Amélia Brandão Nery. Além de sua atuação em Rádios e teatros pernambucanos, deixou sete discos gravados, sendo quatro pela Victor e três pela Columbia.

Discografia

(1930) Tua boca / Mixiriqueira • Victor • 78
(1930) Viola de pinho / Mandinga • Victor • 78
(1930) Ai! Que viola / Boiadeiro do norte • Victor • 78
(1930) Noites de verão / Iracema • Victor • 78
(1930) Pecador / Contigo no céu • Columbia • 78
(1930) Malvada / O que mais eu aprecio em ti • Columbia • 78
(1930) Beija flor / Santinha • Columbia • 78

Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB.

Eurístenes Pires

Eurístenes Pires, cantor, nasceu em Barbacena, Minas Gerais, em 10/5/1905 e era filho de um famoso médico mineiro, o Dr. João Alves de Almeida Pires. Começou a carreira artística por volta de 1919.

Estreou em discos pela Parlophon em 1928 com as canções Lábios formosos e O olhar da brasileira, de Pedro de Sá Pereira, gravadas com acompanhamento da Orquestra Parlophon.

No mesmo ano, gravou também com acompanhamento da Orquestra Parlophon a canção Oração da viola, de Pedro de Sá Pereira e a valsa Castelo de luar, de Joubert de Carvalho e J. Resende. Ainda nesse ano, gravou com a Hotel Itajubá Orquestra o tango Sonhando amor, de Zequinha de Abreu; a valsa Patrícia, de Roque Vieira e a habanera Teu olhar, de Luiz Cantagalli.

Em 1929, foi para a gravadora Columbia e lançou três discos com a modinha Íntima lágrima, de Cândido das Neves; as canções Canção de amor, de William Gordon, do filme Mulher enigma e Meu ranchinho; Lamentos de minh'alma e a valsa Triste juriti, de Carlinhos de Almeida e a valsa Não sei se te amo ainda, de Pedro Cabral todas com acompanhamento do Trio Ghiraldini.

No mesmo ano, gravou as canções Afrodita, de J. Moreira de Aguiar e Teu olhar, de Rosina Mendonça; a valsa Porque fingiste não me ver, de José Francisco de Freitas e o samba-canção Só farta é você querê, de Xerém e Gilberto Andrade.

Em 1930, gravou o tango No arraiá, de Milton Amaral e a canção A casa da serra, de Rosina Mendonça, com acompanhamento do Trio Ghiraldini.

Gravou quatro discos pela Parlophon com sete músicas e oito discos pela Columbia com dezesseis músicas.

Discografia

(1928) Lábios formosos / O olhar da brasileira • Parlophon • 78
(1928) Oração da viola / Castelo de luar • Parlophon • 78
(1928) Sonhando amor / Patrícia • Parlophon • 78
(1928) Teu olhar • Parlophon • 78
(1929) Lamentos de minh'alma / Não sei se te amo ainda • Columbia • 78
(1929) Íntima lágrima / Canção de amor • Columbia • 78
(1929) Meu ranchinho / Triste juriti • Columbia • 78
(1929) Afrodita / Teu olhar • Columbia • 78
(1929) A luz do teu olhar / O querido das mulheres • Columbia • 78
(1929) Xodó da morena / Porque fingiste não me ver • Columbia • 78
(1929) Caboquinha do norte / Só farta é você querê • Columbia • 78
(1930) No arraiá / A casa da serra • Columbia • 78

Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB.

terça-feira, janeiro 22, 2013

Madelou Assis

Madelou Assis (Maria de Lourdes de Assis), cantora, nasceu no Rio de Janeiro RJ em 1915, e faleceu na mesma cidade em 1956. Integrante da sociedade carioca, esteve em atividade com relativo sucesso no início da década de 30. Em 1932, com apenas 16 anos, iniciou a carreira, atuando em um cinema como apresentadora de um espetáculo no qual se apresentaram alguns artistas de rádio da época.

Pouco depois atuou em um espetáculo semelhante em um cinema rival, o que resultou em um problema com os empresários que a levaram para a primeira apresentação.

Esta confusão foi parar nos jornais, o que fez com que um juiz proibisse a cantora de realizar apresentações em público, uma vez que era menor de idade. De fato Madelou não tinha pedido a permissão dos pais para se apresentar nos tais espetáculos, tendo um procurador assinado os contratos. No entanto a cantora conseguiu continuar se apresentando e o burburinho causado pelos jornais atraiu a atenção do público e foi suficiente para que os espetáculos seguintes fossem enormes sucessos de público. No mesmo ano começou a se apresentar na Rádio Mayrink Veiga, contando com o apoio de Carmen Miranda, que embora ainda iniciante, já era uma artista famosa, e permaneceu na Mayrink por cerca de dois anos.

Ainda em 1932 gravou pela gravadora Colúmbia o primeiro disco, com a marcha Não lhe faço mais carinhos e o samba Não foi despreso (ambos de de J. Cabral e Dann Mallio Carneiro). No mesmo ano foi destacada pela revista Fon-Fon, que se refere a ela como "figurinha galante da nossa alta sociedade, tem voz suavissima que aumenta o encanto de sua graça pessoal" e, em outro trecho como "Artista de fina sensibilidade, a linda patrícia vem, de há muito, enchendo de harmonia nossos salões e as nossas estações de Rádio, cantando e encantando com aquela fascinação que palpita e vibra nos seus olhos de boneca".

No ano seguinte se apresentou em São Paulo na Rádio Record, ao lado do compositor e radialista Valdo Abreu (seu futuro marido) e de uma cantora de tangos de nome Lely Morel. Passou a se apresentar frequentemente no "Explêndido Programa", apresentado por Valdo Abreu na Rádio Mayrink Veiga. Apresentou-se em diversos espetáculos de variedades, atuando ao lado de nomes como Carmen Miranda, Sílvio Caldas, Almirante, Francisco Alves, Patrício teixeira, Mário Reis, Laura Suarez, Aurora Miranda, Arnaldo Pescuma, Luiz Barbosa, Custódio Mesquita, João Petra de Barros, Noel Rosa, Irmãos Tapajós, Pixinguinha, Bando da Lua, Moreira da Silva, Aracy de Almeida, entre outros.

Em 1934 ficou em segundo lugar num concurso realizado pelo jornal A Hora para eleger o "príncipe" e a "princesa" do elenco de artistas do Rio de Janeiro. Casou-se com Valdo de Abreu neste ano, indo pouco depois acompanhando Aurora e Carmen Miranda em uma temporada na Rádio Belgrano de Buenos Aires.

Nos dois anos seguintes atuou nas Rádios Cruzeiro do Sul e Cosmos, em São Paulo. Em 1936 retornou ao Rio de Janeiro, se apresentando pela Rádio Cruzeiro do Sul carioca. Nesse ano se afastou da vida artística.

Durante a carreira, Madelou Assis, cujo nome artístico era grafado às vezes como "Madelú" e às vezes "de Assis", gravou apenas 5 discos, dos quais se destacam suas gravações em dueto com Francisco Alves.

Discografia

1932 - Columbia 22.154 (78 RPM)
1. Não Lhe Faço Mais Carinhos (J. Cabral / Dan Malio Carneiro)
2. Não Foi Desprezo (J. Cabral / Dan Malio Carneiro)

1932 - Columbia (78 RPM)
1. Era uma vez (Custódio Mesquita)
2. Papai Noel, felicidade (Custódio Mesquita)

1933 - Odeon 11.079 (78 RPM)
1. Brinca Coração (Benedito Lacerda) - com Francisco Alves
2. Estrela Da Manhã (Ary Barroso / Noel Rosa) - com Francisco Alves

1933 - Victor 33.689 (78 RPM)
1. Ciúme (Valdo Abreu)
2. Praia dos Beijos (Valdo Abreu)

1934 - Odeon 11.090 (78 RPM)
1. Tipo 7 (Antônio Nássara / Alberto Ribeiro) Intérprete: Francisco Alves
2. A Lua Veio Ver (Irmãos Valença / Adpt. Ary Barroso) Intérpretes: Francisco Alves e Madelou Assis.

Fonte: http://www.cantorasdobrasil.com.br/cantoras/madelou_assis.htm

Dann Mallio Carneiro

Dann Mallio Carneiro, compositor e funcionário da Estrada de Ferro Central do Brasil, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 1907, e faleceu na mesma cidade em 27/9/1937. Teve sua primeira composição gravada em 1930, o samba No Grajaú, Iaiá, com José Francisco de Freitas, lançado por Mário Reis na Odeon.

Em 1931, a marcha Boa roupa, com Pedro Cabral, foi registrada por Iolanda Osório na Brunswick. Em 1932, fez com Pedro Cabral o samba Eu já chorei e a valsa Falso juramento, gravadas por Jaime Vogeler na Odeon. No mesmo ano, teve três parcerias com J. Cabral gravadas na Columbia: o samba Você é o homem do meu peito na voz de Araci Cortes, e o samba Não foi desprezo e a marcha Não lhe faço mais carinhos na de Madelou de Assis.

Em 1935, a marcha Dois luares pequeninos, com Alcebiades Barcelos, foi gravado por Aurora Miranda na Odeon. No mesmo ano, Carmen Miranda gravou pela Victor a marcha Moreno, parceria com Alcebíades Barcelos. Fez com Custódio Mesquita em 1936 o samba Exaltação da favela gravado pelas Irmãs Pagãs na Odeon. No mesmo ano, a valsa Dor oculta, com Francisco Alves, foi gravada na Victor por Francisco Alves.

Embora não tenha tido uma carreira muito longa até porque, na época em que atuou poucas carreiras conseguiam esse feito, teve músicas gravadas por nomes como Francisco Alves, Mário Reis, Iolanda Osório, Jaime Vogeler, Aracy Cortes, Madelou de Assis, Aurora Miranda, Carmen Miranda e Irmãs Pagãs, com músicas lançadas nas gravadoras Brunswick, Odeon, Columbia e Victor.

Compôs marchas, sambas e valsas e foi parceiro de nomes como Alcebíades Barcelos e Custódio Mesquita.

Faleceu em 27/09/1937 no Hospital Nacional de Alienados aos 30 anos de idade e solteiro, filho de Américo Vespucio Mallio Carneiro e Alvarina Mallio Carneiro. Causa mortis: "neso seffiles malaria caqueixa".

Obras

Boa roupa (c/ Pedro Cabral), Dois luares pequeninos (c/ Alcebíades Barcelos), Dor oculta (c/ Francisco Alves), Eu já chorei (com Pedro Cabral), Exaltação da favela (com Custódio Mesquita), Falso juramento (com Pedro Cabral), Não foi desprezo (c/ J. Cabral), Não lhe faço mais carinhos (c/ J. Cabral), No Grajaú, Iaiá (c/ J. Francisco de Freitas), Você é o homem do meu peito (c/ J. Cabral).

Fontes: Dicionário Cravo Albin da MPB; Orkut.

Rio de Janeiro em versos de samba

Eu nasci em Catumbi / Em Catumbi, em Catumbi / Mas sou filho de Oxalá / Oxalá, Oxalá

Esta quadrinha gostosa é de um samba que J. B. Silva apresentou em 1924, chamado Cabeça de promessa. Dá a mesma medida exata do que tem feito os sambistas cariocas mais autênticos no canto de louvor a sua cidade, no geral, e no seu bairro, de modo especial. Loas e exaltações que tem o seu tanto – e natural – de vaidade, mas de modo aberto, sem o caráter agressivo de outros povos do Brasil e/ou do estrangeiro.

Certo, o Rio tem sido cantado em bloco, como cidade do amor e ventura / que tem mais doçura. Cânticos que têm chegado até a declaração de amor: Rio de Janeiro / gosto de você… Mas é na poesia do bairro que o letrista tem-se excedido, mais como um camelô das virtudes dos seus vizinhos do que, propriamente raciocinando. Grita as vantagens dos seus bairros por gritar, porque lhe faz bem assim proceder. Ou em resposta, responso coral quase, às proclamações de rivais – responso que toma o caráter de peça em detrimento dos rivais.

Assim, José Francisco de Freitas e D. M. Carneiro não faziam, em 1930, mais do que responder a Almirante e Candoca da Anunciação, quando escreveram: No Grajaú, Iaiá / No Grajaú. O seu bairro mais venturoso e mais aventuroso, mesmo, do que a mais longínqua e desértica Pavuna da gente reúna. Afinal, para a Pavuna o convite era:

Vem pra batucada
Que de samba na Pavuna
tem doutor


Ao otimismo malandro dos pavunenses (e isto não quer dizer que os autores do samba, bairrista fossem, necessariamente, seus habitantes), opunham o burguesismo do Grajaú, já então, talvez mais do que hoje, bairro metido a besta. O convite para ida à Pavuna não parecia sensibilizar ao autor da Dondoca e da Zizinha.

As origens das canções de exaltação aos bairros se perdem nos anos imperiais, talvez na própria e minguada cidade colonial. Neste século, entretanto, tais canções se tornaram mais constantes, acompanhando o progresso e o crescimento horizontal e vertical da metrópole. Às vezes, é uma fuga ao bulício do centro comercial o que leva um Hermes Fontes e um Freire Júnior a juntos compor uma coisa tão linda como aquela que declara: Paquetá é céu profundo / Que começa neste mundo / E não sabe onde acabar. É preciso cantar, cantar sempre – como diz a inimitável Nara Leão – e Paquetá era o recanto para a fuga às canseiras do crescente e barulhento Rio de Janeiro. Como um quarto de século depois seria (apenas idealmente) aquele samba bossa-novista primitivo que idolatrava Copacaba / Princesinha do mar…

E a oposição Zona Norte-Zona Sul? Já era tão forte no tempo de Noel Rosa que este antepunha à areia dos piratas de Ary Barroso, das moreninhas sapecas de João de Barro e de  Lamartine Babo, uma palmeira de mangue: e o Mangue – que o montanhista Idalicio Manuel de Oliveira Filho sempre soube escalar como ninguém, sendo o dono do assunto nos últimos trinta anos – convenhamos, o Mangue era, por aquela época, puro fogaréu.

O Mangue e toda a Zona Norte. Em 1930, por exemplo, Teobaldo M. Gama lançava na voz de Sílvio Caldas Um Samba no Rocha, descrevendo as vantagens dessa estação da central. Não esqueçamos que

A primeira escola de samba
Nasceu no Estácio de Sá

Aliás, mestre Idalício – bem o sabe o Cony, o Jotaefegê e outros bambas – é cidadão nativo e com muita honra do Estácio. Perto do Estácio, a grande zona do samba, o berço e talvez o túmulo – se o simonal e outros comprimidos favoráveis à dor de cabeça resolverem se abancar por ali. Pois o Rio inteiro cantou quase chorando, já em 1942:

Vão acabar com a praça Onze
Não vai haver mais
Escola de samba, não vai!

Não resta dúvida que o grande samba do Grande Otelo fez história: evitou que a praça Onze se transformasse em simples trecho da avenida Presidente Vargas, conservando um pouco que fosse, das suas tradições. Contudo, amigos da Zona Norte existe a Vila, imortalizada por Noel e Vadico, a Vila Isabel heróica:

Quem nasce lá na Vila
Nem sequer vacila
Ao abraçar o samba


Idalício não nasceu na Vila, mas sambista mais autêntico não existe – e por isso tem sido visto muitas vezes passeando pela praça Barão de Drummond. Não admira, a Vila, do ponto de vista do samba, atrai, prende, escraviza, mesmo considerando os outros bairros: Salve Estácio, Salgueiro, Mangueira / Osvaldo Cruz e Matriz…

Mas a Zona Sul – ao contrário do que podem pensar os adventícios, os neófitos e os beócios reunidos – não foi descoberta pela brotoeja bossa-novista. Muito antes, já em 1936, Carmem Miranda e Sílvio Caldas entoavam um sambinha gostoso que dizia:

Quando passarmos
Lá no Leblon
Pra turma ver
Vou fazer assim

O tema do samba? Na batida tradicional, no telecoteco, um passeio de automóvel com buzina Fon-Fon – antecipando de muitos anos Il Sorpasso

No mesmo ano, Ari, mineiro de Ubá, apaixonado pela orla marítima, fazia um samba-comentário indagando:

Será você a tal Suzana
A casta Suzana
Do Posto Seis?

Porém, é evidente – e está o José Lino Grünewald, testemunha auricular dos 78 rpm, para confirmar – que a Zona Norte sempre surrou a Zona Sul em matéria de samba bairrista. Exemplo frisante é aquela marchinha de carnaval: Por um carinho teu / Minha cabrocha / Eu vou até o Irajá / Que me importa que a mula manque. Ou aquele sambinha cantando, simultaneamente, um bairro e sua estréia, minha falecida amiga Zaquia Jorge: Madureira chorou / Madureira chorou de dor. Ou aquele clássico: Vou à Penha / Vou pedir à padroeira.

Naturalmente, de vez em quando os que preferiam aparecer como geógrafos, distribuindo simpatia a vários bairros, se espalhavam. Um deles, em 1937, cantou simultaneamente o bonde e o seu itinerário (Din-Din ou Seu condutor):

O bonde Uruguai
É duzentos que vai
O bonde Tijuca
Me deixa em sinuca
E o Praça Tiradentes
Não serve pra gente

Lamartine, nos idos de 1931, na base da gozação carioca, acabou citando a comunidade que hoje se distribui na rua André Cavalcanti, e então tomava o bonde Silva Manoel, e foi além, brincando com o inglês (idioma) que se chegava (motivo de troça, como todos se lembram, de músicas de Noel e Assis Valente):

I love you
Forget sciaine
Mine Itapiru

Acima, uma prova concreta de que a Zona Norte e até a meia Zona Norte ganharam sempre da Zona Sul. Mas há um reduto invencível – e o Estácio, garante o Idalício, é centro, centríssimo! – e este reduto, já o falecido Benedito Lacerda, com sua flauta e sua inspiração, encarregou-se de proclamar o maior ao gritar que A Lapa / está voltando a ser / a Lapa!.

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Paiva. Salviano Cavalcanti de. “Rio de Janeiro em versos de samba”. Correio da Manhã. Rio de Janeiro, 16 de maio de 1965

sexta-feira, janeiro 18, 2013

Luiz Carlos da Vila


Luiz Carlos da Vila (Luiz Carlos Baptista), compositor e sambista, nasceu no bairro de Ramos, Rio de Janeiro, RJ, em 21/7/1949, e faleceu na mesma cidade em 20/10/2008. Conhecido por sua passagem pela ala de compositores da Vila Isabel, foi um dos compositores do samba-enredo Kizomba, a festa da raça, que consagrou a escola em 1988.

O nome artístico "da Vila" foi incorporado em 1977, após sua entrada na ala de compositores da escola de samba Vila Isabel. Segundo outras informações, o nome também era creditado a ele por ser morador do bairro Vila da Penha, mais específicamente da "Travessa da Amizade". Seu primeiro instrumento foi o acordeão, seguido de um violão que ganhou ainda na adolescência. Mas, com o desemprego de seu pai, foi obrigado a interromper as aulas.

Frequentou o tradicional bloco carnavalesco Cacique de Ramos no final da década de 1970, sendo considerado um dos formatadores do samba carioca contemporâneo, de uma geração de compositores integrada também por Jorge Aragão, Arlindo Cruz , Sereno do Cacique, Sombrinha, Sombra, Cláudio Camunguelo, entre outros.

Em 2003 criou junto com Dorina e Mauro Diniz o grupo Suburbanistas que cantavam os compositores do subúrbio carioca - fizeram muitos shows e foram matéria de mestrado de alunos de Jornalismo. Criou também com Dorina e Mauro o Bloco Suburbanistas que saia em Irajá, Oswaldo Cruz, Vila da Penha, Vista Alegre, Braz de Pina e Santa Tereza. Cantou na Europa um ano antes de falecer.

Faleceu vitimado por um câncer. O corpo foi velado na quadra da Vila Isabel e sepultado no dia seguinte no Cemitério de Inhaúma. Durante todo o mês de Outubro o compositor recebeu diversas homenagens em vários programas de rádio, TV e rodas de samba por todo o país, principalmente no Rio de Janeiro e São Paulo. Uma das primeiras homenagens oficiais aconteceu, no domingo posterior ao seu falecimento, na roda de samba "Samba Novo", de Cláudio Jorge e Hugo Suckamn no Renascença Clube, no bairro do Andaraí. Cerimônia que contou também com a presença de Mario Lago Filho.

Fonte: Wikipédia.

Cláudio Camunguelo


Cláudio Camunguelo (Cláudio Lopes dos Santos), compositor, flautista e cantor, nasceu no subúrbio de Vaz Lobo, Rio de Janeiro, RJ, em 5/6/1947, e faleceu na mesma cidade em 24/12/2007. Era neto de baianos que freqüentaram a Praça Onze, centro do Rio, e seu pai, que trabalhava na Guarda Municipal, após ver o interesse do filho por música o presenteou com uma flauta de bambu. Após dar baixa da Aeronáutica, trabalhou como estivador do cais do porto, instalador de letreiros luminosos, ajudante de pedreiro, motorista de táxi e ônibus, entre outras profissões.

Em 1986, participou, ao lado de Carlos Sapato, Baita e Adalto Magalha, do LP Explosão do pagode, da gravadora Fama. Neste disco, cantou duas composições de sua autoria; Joanita e Lá na favela, em parceria com Valdir Caramba.

Em outubro de 2001, classificou em 2º lugar sua composição Zé Galinha, parceria com Sílvio da Silva, no "Festival Chorando no Rio", do Estado do Rio de Janeiro, organizado pelo MIS (Museu da Imagem e do Som) e transmitido para todo o Brasil pela TVE.

Em 2003, ao lado de Casquinha, Jorge Presença, Xangô da Mangueira, Leci Brandão, Dona Ivone Lara, Arlindo Cruz, Ivan Milanez e Marquinho China, foi um dos convidados de Nei Lopes em projeto sobre o partido-alto apresentado no Centro Cultural Banco do Brasil. Neste mesmo ano, interpretou O bicho de autoria de Zé Antônio e João Sérgio (da Escola de Samba Viradouro) no festival "Fábrica do Samba", classificando a composição em 2º lugar na finalíssima no Maracanazinho, no Rio de Janeiro.

Foi um dos responsáveis pelo lançamento do cantor e compositor Zeca Pagodinho. Freqüentador e fomentador de várias rodas de samba no subúrbio carioca (Cacique de Ramos, Candongueiro, entre outras). Morador do bairro de Vista Alegre, sua casa foi um dos pontos de encontro de sambistas importantes no cenário musical do Rio de Janeiro. Em seu livro "171 Lapa-Irajá", o poeta, letrista e contista Nei Lopes dedicou-lhe um conto: Armações de Camunguelo, referindo-se ao amor do flautista pela construção de um barco de pesca de nome "Camunguelo I".

Faleceu em decorrência de complicações causadas por diabetes, sendo sepultado no Cemitério de Irajá, subúrbio do Rio de Janeiro.

Obras

Joanita, Lá na favela (c/ Valdir Caramba), Zé Galinha (c/ Silvio da Silva)

Discografia

(1986) Explosão do pagode • Fama • LP
(2002) Festival de choro do MIS - chorando no Rio • CPC-UMES-Rob Digital • CD

Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB.

quinta-feira, janeiro 17, 2013

Caixote

Caixote (Marco Antonio do Carmo Ponte), instrumentista, maestro, produtor e arranjador, nasceu em 1962 em Presidente Prudente, SP. De família musical, filho do maestro Aluísio Pontes, desde criança demonstrou inclinação para tocar piano. Começou a tocar piano e teclado com apenas oito anos de idade. Com apenas 12 anos de idade começou a trabalhar com o pai. Formou-se maestro com apenas 16 anos de idade.

Iniciou a carreira artística na década de 1970, apresentando-se em bailes com o grupo Dimensão 5. Por essa época, conheceu o produtor e compositor Nil Bernardes e, através dele, fez arranjos para uma música que entrou em disco da apresentadora e cantora Xuxa, obtendo grande sucesso de vendagem no início dos anos 1980.

Através do cantor Moacyr Franco, aproximou-se do universo sertanejo, logo destacando-se como músico, arranjador e/ou produtor, trabalhando com diversos artistas desse gênero como, Zezé Di Camargo e Luciano, Daniel, Bruno e Marrone, Edson e Hudson, Leonardo, Rio Negro e Solimões, Gian e Giovani, Rick e Renner, e Roberta Miranda, entre outros.

Na televisão fez trilhas sonoras para os seriados Jaspion,Turma da Mônica, e Mad Maria, da Rede Globo, e para o programa do Bozo, no SBT. Apresentou-se em diversas casas de espetáculos, entre as quais, o Madison Square Garden, em Nova York, EUA, Olympia, Tom Brasil, Teatro Municipal de São Paulo, All of Jazz, e O Beco.

Tem apresentações em diferentes países, tais como Angola, China, Portugal, EUA , Argentina, África do Sul, Espanha, Franca, Itália, Holanda, Cabo Verde, Moçambique, Senegal, Porto Rico, Uruguai, Peru, Colômbia, Equador, Bolívia , St Martin, República Dominicana, Macau, e Holanda.

Em 1998, fez os arranjos para as faixas Fim de festa e Seca malvada para o CD da dupla Zezé di Camargo e Luciano, lançado naquela ano, pela gravadora Columbia. Nesse disco, foi também responsável pelos teclados em diversas faixas. No ano seguinte, participou do disco Tempo, o primeiro lançado pelo cantor Leonardo, após a morte do irmão Leandro. Ainda em 1999, teve a música Irresistível, com Cecílio Nena e Antônio Luiz, gravada pela dupla Zezé Di Camargo e Luciano, sendo regravada em disco ao vivo, lançado pela dupla no ano seguinte.

Em 2001, fez arranjos para as faixas Pra sempre em mim, Solidão a três e Passou da conta, da dupla Zezé Di Camargo e Luciano, além de participar como instrumentista em algumas faixas. Fez também os arranjos de cordas para a faixa Só com o olhar. Nesse ano, a música Até você voltar, com Cecílio Nena e Antonio Luiz, foi gravada por Reginaldo Rossi no CD Reginaldo Rossi ao vivo.

Em 2002, participou do CD comemorativo dos dez anos de carreira da dupla Zezé Di Camargo e Luciano, fazendo os arranjos para as faixas Balançou e Imprevisível.

Em 2004, fez a direção musical do CD O chão vai tremer, da dupla Edson e Hudson. No ano seguinte, fez a produção musical do CD Galera coração, da mesma dupla. No mesmo ano, fez os arranjos para o CD Apaixonado, disco de estréia da dupla Hugo e Tiago. Nesse época, passou a atuar como diretor e arranjador da banda do Programa do Faustão, na TV Globo.

Fez também, juntamente com Bozzo Barretti, os arranjos para o último DVD da dupla Bruno e Marrone. Além de seus trabalhos na música sertaneja, trabalhou também com artistas de outros estilos musicais, como os do samba, tendo trabalhado com os grupos Raça Negra, Negritude Júnior, Originais do Samba e Demônios da Garoa, entre outros. Segundo seus cálculos já foram vendidos mais de 50 milhões de CDs dos quais teve algum tipo de participação, o que o torna um dos mais atuantes músicos brasileiros.

Obras

Até você voltar (c/ Cecílio Nena e Antonio Luiz); Irresistível (c/ Cecílio Nena e Antônio Luiz).

Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB.

Nosso Sinhô do Samba - Parte 6

Sinhô era vaidoso como uma mulher bonita. Embora feio, bexiguento, de físico maltratado, trajava bem, às vezes até com certo capricho. Por muito tempo usou chapéu de copa alta, marca registrada dos elegantes da época. Se o tempo esfriava, aparecia com vistoso sobretudo de gola virada. Quando morreu, trazia punhos (ainda em uso). Um deles, lustroso, como era moda, ficou sujo de sangue da hemoptise. Também gostava de usar colarinho em pé, o que já motivara as alfinetadas de Pixinguinha no samba Já te digo.

Sua vaidade era natural diante dos seus triunfos. De poucas letras, sem quase nada haver estudado, inclusive música, Sinhô com pouco mais de trinta anos era popular, querido, discutido.

Foi no seu tempo o compositor popular de maior evidência em todo o Brasil. Vencedor na legítima significação do vocábulo, sem a ajuda de microfones, de telas de aparelho de tevê, de publicações especializadas, o que é importante.

Possuía lábia especial para as mulheres, que seduzia a seu modo. Teve o amor de brancas, morenas, louras e francesas falsas ou autênticas. Algumas mercenárias do amor se lhe dedicaram de corpo e alma. Seus versos, trôpegos ou no, maliciosos ou ingênuos, eram cantados em todo o Brasil. Privava da intimidade de gente de alto nível social; freqüentava boas rodas. Intelectuais o admiravam e o exaltavam. José do Patrocínio Filho, com quem tinha pontos estreitos de afinidade, como perspicazmente observa Manuel Bandeira (até no físico e nas petas, acrescentamos), era um dos seus amigos e incensadores. Mas enquanto Zeca do Pato era culto e viajado, o sambista seria um Zé do Pato sem verniz e sem leitura. Isso, ao contrário do que podia parecer, aumentava-lhe o prestígio.

Luís Peixoto, que foi amigo dos dois, conta que Sinhô freqüentava a roda do jardim Teatro Recreio, ainda nos seus tempos reduto de boêmios e artistas. E por mais de uma vez assistiu aos exageros de Zeca com referência ao sambista. Numa noite, depois de Sinhô cantarolar um dos seus novos sambas sob o enlevo dos presentes, Zeca, teatral como sempre, ajoelhou-se-lhe aos pés, exclamando:

— Homero! Homero!

Tudo isso deveria espicaçar os brios do cafuzo e torná-lo por vezes insolentemente vaidoso, como Bandeira observou na noite do velório daquele seu extremado admirador, o fabuloso José do Patrocínio Filho.

Mas se alguns que o conheceram figuram-no como vaidoso em excesso a ponto de se tornar intratável, não são poucos os que lhe elogiam o gênio e a sinceridade. Augusto Vasseur, que foi talvez o seu maior amigo, só tem elogios para o compositor que lhe dedicou algumas das suas produções. Foi Sinhô, aliás, quem iniciou Vasseur no Rio, apresentando-o, quando retornou ao Rio, a Cícero de Almeida, da orquestra da sala de espera do Cinema Avenida, onde se engajou a princípio ‘dando uma canja’, isto é, substituindo os músicos faltosos e depois integrando definitivamente a equipe.

O temperamento apaixonado do sambista muito deve tê-lo feito sofrer e por isso mesmo inspirá-lo e torná-lo quase voltado para os motivos de amor e paixão. Escravizava-se fácil e não tinha dúvidas a respeito do domínio feminino a que se jungia ainda que esperneando. Sabia que não adiantava. No samba Burro de carga (ou Carga de burro — 1927) já dizia com acentuada dose de sensatez:

Podes saltar!
Podes falar como quiser
Pois muita força
Tem o amor de uma mulher!

Deus fez o homem
E disse num sussurro!
Tu serás burro de carga
E a mulher carga de burro.

Não adianta
O homem se esconder
Quando a hora é chegada
O burro camba sem querer.

Mas tal como na música, Sinhô era brigão nos seus amores. E misturava quase sempre lirismo com agressividade. Na marchinha — gênero brejeiro por excelência — tinha delicadezas de tons suaves, como em A Juriti (1925):

Por que será
Meu beija-flor
Que a Juriti
Não esquece a dor?

Entretanto saía de repente do diapasão sentimental e engrossava. Na marcha Fala baixo:

Não é assim
Assim não é
Não é assim
Que se maltrata uma mulher.

E em 1924, com o samba Já-já:

Se essa mulher fosse minha
Apanhava uma surra já-já
Eu lhe pisava todinha
Até mesmo eu lhe dizer chegá

Mudava de tom com a mesma versatilidade com que mudava de amores no começo da sua carreira de compositor:

Não quero teima nem discussão
Meu doce bem minha paixão
Hei de vencer os carinhos teus
Com a luz dos meigos olhos meus. (1)

 Observem que os olhos meigos não são ‘dela’, mas ‘dele’. E logo o estribilho contundente:

Olá olé
Tu bem mereces
Um pontapé.

Essa brusca variação de tom, que era característica dos poemas de Carnaval, é comum na produção do sambista. Variação não apenas melódica mas de linguagem e às vezes até de motivo. Em Cabeça de promessa (1924) de título já estranho pelo menos para os de hoje, o marchista entra de sola:

Não tens razão
Oh! meu amor!
Deixa de história
Ó cabeça de promessa
Sem valor.

Essa ‘cabeça de promessa’ deve ser ‘ex-voto’ e possuir significado especial. Gíria da época ou apenas um dos encaixes íntimos, particularíssimos do compositor.

Em Achou ruim faz meio-dia, título que já é uma agressão, o sambista em 1923 sentencia pitorescamente, ao que parece com endereço certo:

Sabes bem
Que é preciso simpatia
Para galgar a fidalguia
Desta terra
Onde a trova é debatida
E esquecida
Como a canção perdida.

De quando em vez Sinhô invertia os papéis e de suplicante amoroso passava a carrasco, a durão, desdenhando e desalentando apaixonadas teóricas ou não. Como em Cabeça inchada (1923), marcha de título esquisito, em cujos versos o compositor parece fazer advertência cruel mas de certo modo racional:

Muito te enganas
Dê no que der
Eu sou de quem eu quero
E não de quem me quer.

E esta a dor
Que se parece
Com a dor que a própria dor
Desconhece.

A flor mais bela
o malmequer
Eu sou de quem eu quero
E não de quem me quer.

Essa a filosofia amorosa do sambista. Preferia amar a ser amado. Os versos em que pese ao título amalucado e extravagante como quase sempre ocorria são caprichosos. Além do apelo ao malmequer para a rima perfeita, observa-se o jogo de palavras da estrofe-estribilho com parecenças até de Fernando Pessoa, de quem nunca terá ouvido falar o sambista do Rio.

São uma constante na produção sentimental de Sinhô essas alternativas. Já em Deixa deste costume, samba de 1919, o compositor versejava:

Hei de acabar
Com este costume
Que você tem
Falando de mim
Dizendo horrores
Me querendo bem.

Ai... o amor
um capitoso vinho
Que nos embriaga
Com um só pinguinho.

E quase repetindo as rimas pobríssimas:

Você há de saber
Que esse costume
Não fica bem
Porque toda gente
Sabe a paixão
Que você me tem.

Ai! como é bom
Viver aconchegadinho
Gozando a vida
Com mais carinho.

Como um resmungão amoroso, Sinhô está sempre reclamando ou advertindo de que nada lhe acontecerá de mal porque tem boa ajuda. Santo forte. No samba democrático do Carnaval de 1924, O Garoto, repete-se o aviso:

Há muito vens batalhando
Pra me ver aborrecido;
Desistas dessa idéia
Pois que é tempo perdido.

Ë loucura procurar
Minha estrela derrubar
O guia que Deus me deu
Só ele o pode tirar (2)

Não faças como o garoto
Que, a mando do vizinho,
Pedrejou minha gaiola
E matou o passarinho.

O cronista Vagalume (Francisco Guimarães) no seu livro Na roda do samba relata que, certa noite, foi em busca de Sinhô no teatro para levá-lo a uma festa que precisava de pianista. Sinhô logo se prontificou. Mas só iria depois do espetáculo.

— Por quê? — indagou o cronista.

— Porque sou o autor da música. Se ao terminar os espectadores me chamarem à cena, como vai ser?

Vagalume fez-lhe ver que sendo aquela a 174a representação ninguém iria chamá-lo mais à cena.

— Como não? o que você pensa. O público é exigente. De repente cisma e começa a chamar: Sinhô! Sinhô! Seu eu não estiver no teatro olhe o fuzuê formado!

E não foi.

O episódio reflete na sua ingenuidade a vaidade do compositor que se sentia inflado aos ventos dos aplausos populares. E como esses foram sempre generosos a seu favor, na praça pública, na rua, nos salões ou nos teatros, Sinhô viveu muito tempo embriagado do sucesso, do prestígio emanado do povo que nunca lhe faltaria com seu entusiasmo e vibração.

Sua vaidade se estimulava inclusive pela propaganda das suas composições que, inspirada ou não por ele, era rasgada, exagerada mesmo. Algumas das edições tinham capa com modelo próprio, como as da Casa Viúva Guerreiro & Cia., figurando um bloco carnavalesco de que apareciam as figuras principais, com um fantasiado à frente empunhando estandarte com os dizeres: ‘Evohé — Carnaval de 192... ‘Novidades do Rei do Samba — Sinhô’.

Também algumas edições da Casa Carlos Wehrs ostentam na capa a famosa caricatura do sambista ao piano, com a coroa na cabeça. O samba A Medida do Senhor do Bonfim (1928-1929) de relativo êxito, era anunciada como ‘sucesso mundial’. Quem fala de mim tem paixão carrega a designação ‘samba maioral’. Na edição de Jura (A Guitarra de prata), de 1929, Sinhô é chamado ‘O Rhapsodo Nacional’ e lá está o slogan: — o maior sucesso do mundo.

Sob a influência de tanto sucesso e de tanta promoção, por vezes excessiva, com o seu nome no cartaz e no programa dos teatros, conhecido de todos, cantado nos salões e assobiado nas ruas, Sinhô tinha que ser apaixonadamente vaidoso.

É ainda Francisco Guimarães quem informa dele ter recebido a resposta a seguir quando lhe deu parabéns pelo êxito do samba A Favela vai abaixo:

— Meu Tio Guima, eu escrevi esse samba em represália aos muitos que há por aí dizendo mal da Favela, que eu tanto adoro. Ela vai abaixo e eu lhe dou o meu adeus, deixo gravada a minha saudade e a minha gratidão àquela escola onde eu tirei o curso de malandragem.


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(1) "Minha Paixão" (1923). (2) Estrofe repetida mais tarde (1928) no samba "Tesourinha".

Fonte: "Nosso Sinhô do Samba" / Edigar de Alencar - Edição FUNARTE - Rio de Janeiro 1981.

terça-feira, janeiro 15, 2013

Chianca de Garcia

Chianca de Garcia (Eduardo Chianca de Garcia), compositor, teatrólogo e cineasta, nasceu em Lisboa, Portugal, em  14/05/1898, e faleceu no Rio de Janeiro em 28/01/1983. Ainda criança veio para o Brasil com a família, mas voltou periodicamente para Portugal.

Sua estréia em teatro foi em 1923, em Portugal, no Teatro Politeama, na peça A Filha do Lázaro, escrita por ele e por Norberto Lopes. Em 1937, escreveu com Tomás Ribeiro Colaço,  a revista Água vai!, grande sucesso no Teatro  da Trindade. Já era conhecido no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro, quando resolveu entrar também para o cinema.

Seu começo cinematográfico, porém, não foi prazeroso, pois foi com o filme Ver e amar, que não foi bem recebido. Mas Chianca não desanimou. E continuou fazendo filmes e apareceu em inúmeros. Ficou conhecido por seu grande sucesso A Aldeia da Roupa Branca, que foi realizado em 1938, com argumento seu, planificação de José Gomes Ferreira e diálogos de Ramada Curto. Em 1936, já havia feito o filme O Trevo de Quatro Folhas. E em 38 fez também A Rosa do Adro.

Em 1940, já então radicado definitivamente no Brasil, fez o filme Purezas e em 41 24 Horas de Sonho. No Brasil era a época dos grandes cassinos e nos teatros de revista. E foi nesse ramo que Chianca mais se salientou. Foi responsável por montagem e direção de inúmeros shows do famoso Cassino da Urca, que era o mais importante na cidade do Rio de Janeiro e onde se apresentavam os grandes cantores e humoristas da época.

Em 1945, como compositor, teve duas parcerias em composições musicais com Vicente Paiva gravadas com sucesso pela cantora Dircinha Costa: os sambas Calendário e Não tens a lua. Ainda no mesmo ano, Heleninha Costa gravou com sucesso o hoje clássico samba Exaltação à Bahia, parceria com Vicente Paiva.

Em 1947, sua companhia estreou o espetáculo Um milhão de mulheres, escrito por J. Maia e Humberto Cunha, estrelado entre outros, por Grande Otelo e Salomé Parísio. Em 1948, o grupo Quatro Ases e um Coringa lançou o samba Bahia de todos os Santos, parceria com Vicente Paiva, pela Odeon.

Em 1950, escreveu com Hélio Ribeiro e produziu a superprodução Escândalos que marcou a estréia de Bibi Ferreira no teatro de revistas. No mesmo ano, fez grande sucesso o samba A Bahia te espera, parceria com Herivelto Martins, e lançado pelo Trio de Ouro.

Em 1951, quando da inauguração da TV Tupi, lá trabalhou como diretor em diversos programas. Em 1952, foi o roteirista do filme Appassionata de Fernando Barros. Em 1955, o fox-trot Aquilo que eu vejo, com Vicente Paiva, foi gravado na Continental por Linda Rodrigues.

Em 1962, teve as composições Exaltação à Bahia e Bahia de todos os santos, com Vicente Paiva, e A Bahia te espera, com Herivelto Martins, regravadas por Lana Bittencourt no LP Exaltação à Bahia, da Columbia. O samba A Bahia te espera, com Herivelto Martins, receberia ainda diversas gravações: em 1956, no LP Calendário páginas brasileiras - Henrique Simonetti com Orquestra e Conjunto da gravadora Polydor; em 1965, por Dalva de Oliveira no LP Rancho da Praça Onze da Odeon; no mesmo ano no LP Rio de 400 janeiros a trilha sonora do musical de Carlos Machado, apresentado no Golden Room do Copacabana Palace - Rio de Janeiro, e gravado em LP do selo Elenco com direção do maestro Lindolfo Gaya; por Maria Bethânea no LP Pássaro proibido de 1976, da Philips; pelo Trio de Ouro em sua terceira formação com Herivelto Martins, Raul Sampaio e Shirley Dom, para o LP Herivelto Martins - Que Rei sou eu?, de 1993, um tributo da Funarte a Herivelto Martins, e pelo grupo Fundo de Quintal no LP Carta musicada lançado em  1994 pela RGE. 

A importância de Chianca de Garcia  foi principalmente fazer a transição do teatro português para o brasileiro. Foi um batalhador dessa união e um grande representante dessa fusão, da qual nasceram os grandes ídolos artísticos da primeira metade do século vinte, no Brasil. Batalhador incansável e ardente admirador da arte dos dois mundos.

Fontes: Museu da TV Brasileira; Dicionário Cravo Albin da MPB.

segunda-feira, janeiro 14, 2013

Daisy Paiva

Daisy Paiva (Daisy Paiva Ribeiro), vedete, cantora e atriz, filha do maestro e compositor Vicente Paiva, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 4/1/1938, e faleceu na mesma cidade em 21/4/2001. Iniciou a carreira artística em 1955, quando fazia vestibular para o curso de Arquitetura e viajou de férias para São Paulo.

Nessa época seu pai apresentava com Humberto Cunha no Teatro de Alumínio a revista Alô, alô São Paulo, cujo destaque era a atriz Nélia Paula. Também faziam parte da revista, entre outros, os atores Paulo Celestino, Pedro Dias, Manuel Vieira, Odilon Del Grande e Mauricio de Loyola.

Uma vez em São Paulo foi direto ao Teatro de Alumínio, lá chegando durante a matinê. O teatro estava cheio, já às escuras e para entreter o público que aguardava o começo da revista, seu pai a mandou cantar sem microfone. E ela assim o fez, cantando por cerca de 50 minutos e sendo bastante aplaudida sem que ninguém soubesse quem era que estava cantando. A atriz Nelia Paula então a apresentou e explicou que ela não estava no elenco da revista.

No dia seguinte, vários jornais paulistas comentaram seu sucesso e ela passou então a fazer parte do elenco. Foi em seguida convidada para um entrevista na Rádio Record, e a partir daí abandonou a idéia de seguir carreira de arquiteta. Pouco depois, retornou ao Rio de Janeiro, convidada pelo teatrólogo e compositor Chianca de Garcia para estrelar a comédia musical Gente bem no morro, no Teatro da Tijuca, com músicas de seu pai Vicente Paiva e atuando ao lado de Grande Otelo.

Nessa época, o poeta e compositor Vinícius de Moraes estava preparando a peça musical Orfeu da Conceição. Comparecendo ao Teatro da Tijuca a viu cantar. Após o espetáculo foi ao camarim e a convidou para fazer o papel de Eurídice na peça que estava escrevendo.

Em 1956, participou da montagem de Orfeu da Conceição no papel de Eurídice no Teatro Municipal com cenários de Oscar Niemeyer, pinturas de Carlos Scliar, caricaturas de Lan, e regência da orquestra sinfonica dirigida pelo Maestro Leo Peracchi. O espetáculo foi depois apresentado no Teatro República, na Avenida Gomes Freire.

Em 1959, estrelou no Teatro João Caetano, com Conchita Mascarenhas, Luz del Fuego e Ivaná, primeiro transformista francês trazido para o Brasil por Walter Pinto, a revista Boa é apelido, de Vicente Paiva, que contou ainda com as participações de Magico Dimitrius, Nilo Amaro, Jairo Aguiar, The Golden Boys, Darlene Glória e mais um elenco de 80 artistas. Essa revista ficou em cartaz no Rio de Janeiro durante dois meses, e se apresentou em seguida em São Paulo no Teatro Paramount, na Brigadeiro Luiz Antonio durante mais três meses.

Foi em seguida contratada pela TV Record e atuou na novela Banzo ao lado de Francisco Cuoco. Atuou ainda nos programas Show 713, Grande show, União dos bairros, Show do dia 7, Chocolate e seus bombons, Prêmio Roquete Pinto, e Golden show. Ainda na Tv Record apresentou diversos artistas estrangeiros que se apresentaram no Brasil, entre os quais, Sammy Davis Jr e Ella Fitzgerald.

Em 1960, integrou a Companhia de Teatro criada por seu pai para excursionar pelo sul do país indo de Porto Alegre a Curitiba, e da qual fizeram parte também o cômico Manula Dimitrius, o transformista Ivaná, Riva Ketter, Amalia Ribeiro, que era a sua mãe, Manuel Restife, o ator Pedro Ivan e a grande orquestra de seu irmão Décio Paiva. As apresentações eram realizados em teatros e clubes e incluiam um show e um baile. Com seu pai e seu irmão criou um conjunto de danças.

De volta a São Paulo continuou atuando na TV Record e também fazendo shows pelo Brasil. Foi convidada a participar do Festival de Berlim, mas não chegou a viajar. Ainda em 1960, gravou pela Copacabana com acompanhamento de orquestra o samba Malandro, de Vicente Paiva e Luiz Iglesias, e o samba-canção Se eu quizesse, de José Saccomani e José Gonçalves.

Em 1963, gravou, também pela Copacabana, com acompanhamento de orquestra e coro, o samba Naié, Naié, de Vicente Paiva e Chianca de Garcia. Apresentou-se durante muito tempo como cantora no programa de Cleo Meireles na TV de Salvador. Apresentou-se também semanalmente na TV de Recife e em quase todo o Nordeste do país.

Em 1975, retornou ao Rio de Janeiro. Em 1982, criou com a família o restaurante O Italianinho no bairro carioca de Copacabana. Dois anos depois, adquiriu uma fazenda que foi vendida em 1986, ano em que abandonou a carreira artística depois de mais de 30 anos de atuação.

Discografia

(1960) Malandro / Se eu quizesse • Copacabana • 78
(1963) Naié, Naié • Copacabana • 78

Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB

Orquestra Pan American


A Orquestra Pan American foi criada por volta de 1927 pelo maestro, arranjador e violinista Simon Bountman, era integrada por I. Kolman, no saxofone e clarinete; Júlio Sammamede, no saxofone; D. Guimarães, no trompete; Caldeira Ramos, no trombone; J. Rondon, no piano; Amaro dos Santos, na tuba; Dermeval Neto, no banjo, e Aristides Prazeres, na bateria. Além de acompanhar dezenas de gravações na Odeon entre 1927 e 1930, a orquestra também gravou 47 músicas em 36 discos.

A orquestra estreou em disco em 1927 gravando o fox-trot Pergunte a ela, de autor desconhecido. No mesmo ano, gravou os fox-trot Pérola do Japão, de J. Fonseca Costa, o Costina, e Uma noite de farra, de Lúcio Chameck; as toadas-brasileiras Paulicéia como és formosa; Quebra-cabeças e Magnífico e o maxixe Proeminente, de Ernesto Nazareth, além do maxixe Mexe baiana, de José Francisco de Freitas.

Em 1928, a orquestra gravou o maxixe Só de cavaquinho, de Luís Nunes Sampaio, o Careca, e as toadas brasileiras Desengonçado; Jacaré; Tenebroso e Jangadeiro e a marcha Ipanema, de Ernesto Nazareth; o maxixe Cor de canela, Lúcio Chameck e a valsa Minha vida pela tua, de Marcelo Tupinambá.

Nesse ano, a orquestra fez acompanhamento para as primeiras gravações, acompanhando o cantor Vicente Celestino no registro do samba Que vale a nota sem o carinho da mulher?, de Sinhô. Em seguida, acompanhou Mário Reis nos sambas Jura, de Sinhô; Vou à Penha, de Ary Barroso e Dorinha, meu amor, de Freitinhas (José Francsico de Freitas), três gravações clássicas da música popular brasileira e Francisco Alves na canção Cabocla do sertão e no samba-sertanejo Rancho vazio, de Eduardo Souto; na marcha Seu Voronoff, de Lamartine Babo.

No ano seguinte, gravou os maxixes Uma noite em claro e Odeon e o samba Amanhã tem mais, de Mário Duprat Fiúza; o samba-canção Linda flor, de Henrique Vogeler; o samba Jura, de Sinhô; o maxixe Gosto assim, de I. Kolman e o choro Despresado, de Pixinguinha.

Ainda em 1929, a orquestra acompanhou o cantor Francisco Alves em mais de dez discos incluindo os sucessos Seu Julinho vem, marcha de Freire Júnior e Eu ouço falar (Seu Julinho), samba de Sinhô. Acompanhou ainda os cantores Alfredo Albuquerque; Raul Roulien; Oscar Gonçalves e Mário Reis, este, entre outras, no sucesso Vamos deixar de intimidades, de Ary Barroso, além da cantora Aracy Cortes no samba-canção A polícia já foi lá em casa, de Olegário Mariano e Júlio Cristóbal, e nos sambas Quem quiser ver?, de Eduardo Souto; Tu qué tomá meu nome, de Ary Barroso e Zomba, de Francisco Alves. Ainda em 1929, a orquestra acompanhou a atriz Margarida Max na gravação do samba-canção Por que foi?, de Pedro de Sá Pereira e Luiz Iglesias, e da marcha Olha a pomba, de Vantuil de Carvalho.

Em 1930, acompanhou Almirante na gravação dos sambas Tô t' estranhando, de Henrique Brito e Mário Faccini e Mulher exigente, de Almirante, além de acompanhar várias gravações de Mário Reis e Francisco Alves, destacando-se com esse último no acompanhamento da marcha Dá nela!, de Ary Barroso, grande sucesso no carnaval daquele ano. Ainda nesse ano, a orquestra acompanhou gravações de Augusto Calheiros, Gastão Formenti; Zaíra Cavalcânti; Aracy Côrtes; Luci Campos; Gilda de Abreu e Patrício Teixeira.

Em três anos de atuação a orquestra acompanhou mais de cem gravações de cantores como Francisco Alves, Mário Reis, Aracy Côrtes. Raul Roulien, Gilda de Abreu e outros.

Discografia

(1928) Só de cavaquinho • Odeon • 78
(1928) Desengonçado / Jacaré • Odeon • 78
(1928) Tenebroso / Jangadeiro • Odeon • 78
(1928) Ipanema • Odeon • 78
(1928) Saudades de Arlete • Odeon • 78
(1928) Cor de canela / Minha vida pela tua • Odeon • 78
(1928) Galo velho / Boêmia • Odeon • 78
(1928) Rayon D'Or • Odeon • 78
(1928) Canção do Volga / Negro pachola • Odeon • 78
(1929) Uma noite em claro • Odeon • 78
(1929) Alegria • Odeon • 78
(1929) Odeon • Odeon • 78
(1929) Jura • Odeon • 78
(1929) Rapsódia brasileira (I) / Rapsódia brasileira (II) • Odeon • 78
(1929) Iaiá (Linda flor) / Pìerrot 1950 • Odeon • 78
(1929) Amanhã tem mais • Odeon • 78
(1929) Fumaça branca • Odeon • 78
(1929) Gosto assim • Odeon • 78
(1929) Craddle of love • Odeon • 78
(1929) Cristina • Odeon • 78
(1929) Os boêmios • Odeon • 78
(1929) Camafeu / Despresado • Odeon • 78
(1930) A warbling booklet • Odeon • 78
(1930) If you believed in me / Noêmia • Odeon • 78
(1930) Conde Zeppelin • Odeon • 78
(1930) I'm on a diet of love / Mona • Odeon • 78
(1930) Charming / Red hot and blue rhythm • Odeon • 78
(1930) Hino Republicano Riograndense • Odeon • 78

Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB

quarta-feira, janeiro 09, 2013

Cândido Inácio da Silva

Cândido Inácio da Silva (circa 1800 Rio de Janeiro - circa 1838 Rio de Janeiro), violista, cantor, poeta e compositor, foi considerado o mais talentoso autor de modinhas do Primeiro Reinado e nos legou boas amostras desse gênero musical, na forma como era praticado no século XIX. Embora tivesse conquistados os salões sofisticados do Brasil colonial no fim do século XVIII, a modinha era um tipo de música de alma popular, nascida nas ruas.

Falava de paixões, de perdas e de costumes de gente comum. Muitos modinheiros não tiveram educação musical formal, criavam suas canções à base de improviso e não tinham condições de colocá-las em partitura. Cândido Inácio, porém, não era um desses. Havia recebido treinamento musical na escola do Padre José Maurício Nunes Garcia, que pode ser considerado o primeiro grande professor de música do país.

Saudade, ingratidão e sedutores olhos femininos são temas comuns a muitas canções da MPB. Na música popular brasileira do início do século XIX não era diferente, como provam as composições de Cândido Inácio da Silva, a exemplo das intituladas "Cruel saudade", "Ingratidão" e "Duma pastora os olhos belos". Atuante como cantor (classificado como tenor), poeta e violista, ele foi considerado um gênio da modinha, estilo de música praticado por gente comum nas ruas já durante o século XVIII e originado da "moda" portuguesa, que era uma canção feita para o ambiente aristocrático dos salões, com uma ou duas vozes e acompanhamento de cravo. No Brasil, a viola era o instrumento mais usado para esse fim.

A modinha tinha uma sonoridade suave e romântica, frequentemente um caráter melancólico, compasso binário simples e fazia uso de cadências femininas. Ela apresentava, ainda, um ritmo sincopado, que veio da influência do lundu, outro gênero que remonta aos primórdios da nossa música popular. Originado do batuque dos escravos africanos misturado a elementos de danças ibéricas, como o fandango, o lundu também era praticado por Cândido Inácio da Silva. Uma curiosidade é que esse compositor nasceu em 1800, o ano da morte de outro grande nome da modinha e do lundu, Domingos Caldas Barbosa, responsável por ter levado esses estilos aos salões de Lisboa. Assim, por meio de Barbosa, a modinha brasileira acabou conquistando o ambiente de onde saíra a moda portuguesa, que a inspirara. Depois disso, em outra reviravolta, a modinha foi re-exportada ao Brasil em roupagem chique (com ares de ópera italiana), virando bem de consumo de nobres, burgueses e pobres.

Foi esse o contexto histórico que Cândido Inácio encontrou quando nasceu no Rio de Janeiro de 1800, embora haja alguma incerteza sobre sua naturalidade, já que um de seus contemporâneos, Manuel de Araújo Porto Alegre, o identificara como mineiro. De qualquer modo, Cândido teve sua formação musical no Rio, tendo aprendido teoria e canto num curso ministrado pelo padre José Maurício Nunes Garcia na Rua das Marrecas. Como instrumentista, tocava viola e integrou esse naipe na Capela Imperial a partir de 1827. Além disso, cantava em coros e participou, como cantor solista, das apresentações de várias obras importantes de seu mestre, como a "Missa de Santa Cecília", nas quais lhe eram confiados até difíceis trechos de coloratura. Também era visto soltando a voz em concertos de academias, interpretando árias de óperas.

Foi um dos fundadores, em 1833, da Sociedade Beneficência Musical, entidade que promoveu audições de obras de sua autoria, como as "Novas variações para corneta de chaves" e as "Variações para corne inglês, clarineta e flauta". Uma de suas últimas obras se chama "Hino das artes" e foi executada em 1837, numa récita de gala no Teatro Constitucional Fluminense, pelo aniversário de D.Pedro II. Cândido Inácio morreu no ano seguinte, aos 38 anos. O musicólogo Mário de Andrade o considerava o "Schubert brasileiro", em referência ao genial criador de canções da Áustria, também morto precocemente.

As modinhas mais populares de Cândido Inácio foram "Busco a campina serena" e "Quando as glórias eu gozei", esta citada no famoso romance "Memórias de um sargento de milícias" (1854). Também é digno de menção o seu lundu-canção "Lá no Largo da Sé" (com letra de Manuel de Araújo Porto Alegre), que foi considerado por Mário de Andrade um dos "marcos históricos mais notáveis" desse gênero e uma peça importante "na evolução da música brasileira", por não exibir o "eruditismo imposto e importado" presente em outras obras da época, fato explicado pela influência lusitana na modinha de então.

Obras

A hora que não te vejo, A saudade, Batendo a linda plumagem, Bem te quero, Busco a campina serena, Cruel saudade, Doze valsas para piano, Duma pastora os olhos belos, Francesa, Gentil baiana, Hino das artes, Impere dentro em meu peito, Ingratidão, Josefina, Lá no Largo da Sé, Mariquinha, Minha Marília não vive, Noiva, Nova variação para corneta de chaves, Quando as glórias que gozei, Um só tormento de amor, Variações para corne inglês, clarineta e flauta, Variações para trompete e orquestra, Viúva.



Fonte: Eduardo Fradkin (http://www.musicabrasilis.org.br); Dicionário Cravo Albin.

terça-feira, janeiro 08, 2013

Téo Azevedo


Téo Azevedo (Teófilo Azevedo Filho), cantor, compositor, escritor, folclorista, radialista e produtor fonográfico, nasceu na localidade de Alto Belo, município de Bocaiúva, norte de Minas Gerais, em 02/07/1943. Em 1965, gravou no estúdio Discobel seu primeiro disco, interpretando a música de domínio público Deus te Salve, Casa Santa para a qual compôs mais três estrofes e mudou a melodia tradicional cantada no norte de Minas. No mesmo período apresentou-se fazendo a abertura de shows de variados artistas, tais como Caxangá e Vicente Lima, e Zé Brasil, que se apresentavam em circos e praças públicas.

Em 1968, foi escolhido O Melhor Compositor Mineiro do Ano pelo cronista Gérson Evangelista, do jornal mineiro O Debate. No ano seguinte, mudou-se para São Paulo. Na capital paulista aprendeu todas as modalidades de cantoria do Nordeste com o cantador alagoano Guriatã de Coqueiro. Apresentou-se como cantador nas ruas de São Paulo, correndo o chapéu entre os ouvintes. Cantou sextilhas com o iniciante  Alceu Valença na Feira de Arte da Praça da República, criada por Antônio Deodato, alagoano conhecido como Deodato Santeiro. Daquela Feira de Arte participavam diversos cantadores e cordelistas, entre os quais Maxado Nordestino, Sebastião Marinho e Coriolano Sérgio. Em São Paulo tornou-se também parceiro de Venâncio, da dupla Venâncio e Curumba, de quem tornou-se amigo.

Em 1978, lançou o disco Brasil, Terra da Gente, no qual gravou, entre outras composições, Viola de bolso, uma transposição para folia de reis de versos de Carlos Drummond de Andrade. No mesmo ano, foi vencedor do Primeiro Festival de Música Sertaneja promovido pela Rádio Record de São Paulo com a toada Ternos pingos da saudade, feita em parceria com o poeta Cândido Canela. Além do prêmio de melhor melodia e de melhor letra, recebeu também o prêmio de melhor interpretação. No ano seguinte, participou da abertura da Feira do Livro na Praça Sete de Setembro, sendo convidado em seguida para gravar os jingles e spots de lançamento do primeiro Torneio de Repentes de Minas Gerais.

Em 7 de janeiro de 1980 fundou, com outros companheiros como Amelina Chaves, Jason de Morais, Josece Alves, Silva Neto, Pau Terra, João Martins e o grupo Agreste, a ARPPNM, Associação dos Repentistas e Poetas Populares do Norte de Minas. Ainda em 1980, descobriu o violeiro, tocador de rabeca e construtor de instrumentos Zé Coco do Riachão, do qual produziu os primeiros discos.

Seu primeiro livro lançado foi Literatura popular do norte de Minas. Em 1982, lançou a segunda edição de seu segundo livro, Plantas medicinais e benzeduras, cuja primeira edição de 10 mil exemplares se esgotou.

Em 1994, teve as músicas Cachorro sem dono e Dona Criola gravadas pelo cantor Luano do Recife. Já escreveu mais de mil histórias de cordel. Individualmente lançou mais de 10 discos. Participou ainda de discos de outros artistas, como Som Brasil com Rolando Boldrin, 10 anos do Paço das Artes (MIS- SP), Chapéu de couro com Jorge Paulo, Repentistas do norte de Minas, Luiz Gonzaga: 70 anos de sanfona e simpatia e outros.

Em 1997, interpretou a música For Bobby Keys (Music and Life), versão de Michael Grossmann, no disco do saxofonista Bobby Keys da banda inglesa Rolling Stones. No mesmo ano, gravou com Charlie Musselwhite, tido como o maior gaitista de blues do mundo, com o qual interpretou a composição Puxe o fole, sanfoneiro Dominguinhos tocador, de sua autoria, que foi indicada como a melhor do CD.

Já teve cerca de mil e quinhentas músicas gravadas pelos mais diversos intérpretes, entre os quais Luiz Gonzaga, Sérgio Reis, Clemilda, Tião Carreiro, Zé Ramalho, Banda Cacau com Leite, Tonico e Tinoco, Jair Rodrigues, Cascatinha e Inhana, Zé Coco do Riachão, Caju e Castanha, Milionário e José Rico, Chrystian e Ralf, Pena Branca e Xavantinho, Jackson Antunes, Gedeão da Viola, Genival Lacerda, Zé Ramalho.

Até 2000 constava como o terceiro compositor com mais músicas gravadas no Brasil. Tem tido como parceiros, entre outros, Cândido Canela, Jansen Filho, Taís de Almeida e Lourival dos Santos. Musicou o poema Viola de bolso de Carlos Drummond de Andrade. É considerado, usualmente no meio, o maior produtor de discos do Brasil, com mais de 3.000 produções até 1999, tendo lançado diversos artistas da música regional e estimulado outros tantos iniciantes, como foi o caso de Zeca Collares.

Foi, durante 30 anos, Mestre de Folia de Reis, tendo sido um dos criadores do Terno de Folia de Alto Belo. Na mesma localidade, coordena e apresenta anualmente a Festa dos Santos Reis de Alto Belo, considerada por muitos a maior festa de folia de reis do Brasil.

Em 2001, o jornalista Assis Ângelo publicou Cantador de Alto Belo, sobre a vida de Téo Azevedo. Também no mesmo ano, Téo participou do CD Veredas do Grande Sertão, de Jackson Antunes, cantando a música homônima ao título do disco, de sua autoria. Lançou pela Kuarup Discos o CD Téo Azevedo - 50 anos de cultura popular - Cantos do Brasil puro, que teve as participações dos violeiros Gedeão da Viola e Tião do Carro, e apresentação do jornalista Assis Ângelo.

Comemorando 60 anos, em 2003, Téo Azevedo lançou o CD Brasil com "S" - vol. 1, em que reúne vários convidados, mostrando, em música e poesia, pérolas do sertão mineiro. Entre os convidados, estão Rodrigo Mattos, Dedé Paraízo, Fernanda Azevedo, João Mulato & Paraíso, Cowboy & Estradeiro, José Fábio, José Osmar & Afonso Pimenta, Cantadeiras de Alto Belo, e Jackson Antunes. Na mesma ocasião lançou outro CD comemorativo de seus 60 anos. Brasil com "s" Vol.2 reúne outros convidados do artista, cantando um repertório característico da cultura sertaneja.

Discografia

(1974) Grito Selvagem • Independente • LP
(1978) Brasil, Terra da Gente • Copacabana • LP
(1979) Morte de vaqueiro • Copacabana • LP
(1980) O canto do cerrado • WEA • LP
(1987) Cantador Violeiro • Copacabana • LP
(1993) Teo Azevedo • Copacabana • LP
(1993) Cultura popular • Independente • LP
(1994) Guerrilheiro da natura • Brasidisc • LP
(1999) Cantador de Alto Belo • Eldorado • CD
(1999) Solos de Viola em dose dupla • Eldorado • CD
(1999) Folia de Reis de Alto Belo • Eldorado • CD
(2000) Forró, Calango e Blues • Eldorado • CD
(2001) Téo Azevedo -50 anos de cultura popular • Kuarup • CD
(2002) Téo Azevedo/Fernanda Azevedo e convidados • EMI • CD
(2003) Brasil com "s" Téo Azevedo e convidados Vol.1 • Kuarup • CD
(2003) Brasil com "s" Vol.2 Téo Azevedo e convidados • Kuarup • CD

Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB

Cândida Rosa

Cândida Rosa - 1956
Cândida Rosa, cantora e atriz (circa 1935 - Rio Grande do Sul). Em 1956, foi escolhida a "Rainha do Rádio gaúcho". Nessa época desfrutava grande popularidade em todo o Rio Grande do Sul.

Em 1958, foi escolhida a "Melhor cantora do Rádio gaúcho". No ano seguinte, contratada pela RGE gravou o fox-canção Foi Deus, de Alberto Janes, e o fox-slow De degrau em degrau, de Nóbrega Souza e Jerônimo Bragança.

Em 1961, gravou pela RGE as músicas Vocês sabem lá, de Jerônimo Bragança e Nobrega Souza, e Deixá-la falar, de João Nobre e José Galhardo.

Sua carreira ficou mais restrita ao Rio Grande do Sul numa época em que muitos talentos regionais não alcançavam devidamente a projeção nacional.

Discografia

(1959) Foi Deus / De degrau em degrau • RGE • 78
(1961) Vocês sabem lá / Deixá-la falar • RGE • 78

Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB.