quarta-feira, março 15, 2006

Antenógenes Silva


Antenógenes Silva (Antenógenes Honório da Silva), instrumentista e compositor nasceu em Uberaba MG, em 30/10/1906. Filho de serralheiro e respeitado sanfoneiro de oito baixos, fez os primeiros estudos em sua cidade natal, chegando apenas ao segundo ano do grupo escolar. Aprendeu a tocar os oito baixos e aos 14 anos compôs a primeira música, com o nome da namorada.


Em 1927 mudou-se para Ribeirão Preto SP, e iniciou carreira artística; em 1928 estava em São Paulo SP, onde começou a tocar no Bar Excelsior e na Rádio Educadora Paulista. Em 1929 gravou dois discos na Victor paulistana, com o choro Gostei de tua caída e a valsa Norma, ambas de sua autoria.

Em 1933 mudou-se para o Rio de Janeiro RJ, assinando contrato com a Victor. Tornou-se nacionalmente conhecido e fez tournée em Buenos Aires, Argentina.

Em 1934 passou a gravar na Odeon. Como acordeonista, acompanhou vários artistas, nacionais e internacionais, e foi o primeiro a tocar música lírica no Teatro Municipal. Aprendeu harmonia, solfejo e orquestração, e teve aulas com Guerra Peixe. Prosseguiu os estudos interrompidos na infância e, em 1949, formou-se em química industrial.

Em 1957, na Alemanha, no festival de gaitas Honner, ganhou o primeiro prêmio tocando sanfona de oito baixos, sendo reconhecido como um dos melhores do mundo.

Entre seus maiores sucessos estão as valsas Saudades de Matão (Jorge Galati e Raul Torres, com seu arranjo), em 1938, e Ave Maria (Erothides de Campos), com voz de Augusto Calheiros, em 1939. E, entre suas composições, destacam-se Pisando corações (com Ernani Campos), gravada com Augusto Calheiros, em 1936; as valsas Uma grande dor não se esquece (com Ernani Campos) e Santa Teresinha, gravada com Gilberto Alves, em 1943; Mês de Maria, em 1947, gravada com Alcides Gerardi; e muitas outras.

Conhecido como O Mago do Acordeom, gravou, de 1929 a 1963, cerca de 162 discos em 78 rpm, com 324 músicas, e vários LPs. Manteve por muitos anos, no Rio de Janeiro, uma escola de acordeom para profissionais, com cursos de teoria, solfejo e harmonia.

Obras

Adeus mãezinha (com José Duduca de Morais), valsa, 1944; Bebê chorão (com Irani de Oliveira), marcha, 1941; O Carnaval é rei, s.d.; Uma grande dor não se esquece (com Ernâni Campos), valsa, 1940; Mês de Maria, valsa, 1947; Pisando corações (com Ernâni Campos), valsa, 1936; Santa Teresinha, valsa, 1944; Saudades de Matão (com Jorge Gallati e Raul Torres), valsa, 1937.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha - 1998, SP.

Jorge Galati

Jorge Galati, compositor, nasceu em 28/07/1885 na cidade de Catanzaro, Itália, e faleceu em 09/07/1968, em São Paulo. Veio para o Brasil em 1900 fixando residência em Araraquara, SP.


Fez seus estudos de música em São José do Rio Pardo (SP). Com 19 anos de idade era mestre da Banda Ítalo-Brasileira de Araraquara (SP).

Em 1904, foi regente da banda de música ítalo-brasileira de Araraquara. Compôs nesse ano aquela que se tornaria uma das mais célebres valsas interioranas brasileiras, Saudades de Matão, batizando-a como Francana. Os habitantes de Matão, cidade vizinha de Araraquara, é que iriam dar o nome pelo qual a composição se tornaria conhecida.

Por volta de 1905, a música passou a ser tocada no Rio de Janeiro, sem indicação de autoria. Segundo Ary Vasconcelos, o acordeonista e compositor uberabense Antenógenes Silva diz ser o autor da melodia, o que parece não ter sido confirmado.

Em 1938, Saudades de Matão recebeu letra de Raul Torres. Em 1940, a Odeon lançou disco do acordeonista Atílio Cizotto, em que executa duas valsas de sua autoria: A voz do coração e Laura.


Fonte: A Canção no Tempo - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34

João Pernambuco

João Pernambuco - 1926


João Pernambuco (João Teixeira Guimarães), instrumentista e compositor, nasceu em Jatobá PE em 2/11/1883 e faleceu no Rio de Janeiro RJ, em 16/10/1947. Filho de índia caeté e de português, aos 12 anos já tocava viola, que aprendera com violeiros e cantadores sertanejos.


Com a morte dos pais, transferiu-se para Recife PE, onde começou a trabalhar como aprendiz de ferreiro e depois como operário.

Em 1902, viajou para o Rio de Janeiro, passando a residir com uma irmã e empregando-se numa fundição. Seis anos depois, ingressou como servente na prefeitura do então Distrito Federal e mudou-se para uma pensão, na esquina das ruas Riachuelo com Inválidos.

De cultura modesta, mas de excepcional talento musical, por essa época passou a conviver com os grandes violonistas populares, aprimorando-se então no violão, como autodidata. Já autor de algumas canções e toadas sertanejas, e conhecedor de inúmeras outras do folclore nordestino, conheceu Catulo da Paixão Cearense, com quem começou a compor cantigas baseadas nesse folclore, como o coco Engenho de Humaitá, de 1911, que se transformaria na famosa toada Luar do sertão, dois anos depois, e a toada Caboca de Caxangá, de 1913, sucesso no Carnaval do ano seguinte.

Com Catulo da Paixão Cearense, passou a ser conhecido nos meios musicais, chegando a exibir-se em residências ilustres, como a de Rui Barbosa e a de Afonso Arinos. Foi sua a idéia de formar o Grupo Caxangá, que lançou nova moda musica! no pais: os integrantes vestiam-se como sertanejos nordestinos e utilizavam instrumentos típicos.

O grupo, composto por ele, Pixinguinha, Nelson Alves e Donga, entre outros, teve seu auge em 1914 e dissolveu-se em 1919. Participou então de vários outros conjuntos, entre os quais Turunas Pernambucanos e Oito Batutas. Por incumbência de Arnaldo Guinle, viajou por vários Estados, para recolher temas folclóricos brasileiros, trabalho do qual participaram também Donga e Pixinguinha. Compôs várias toadas, muitas delas gravadas pela cantora Stefana de Macedo. Como violonista, gravou para a Casa Edison (Odeon), Columbia e Phoenix.

Em 1997, o violonista Leandro Carvalho gravou o CD João Pernambuco: o poeta do violão (brinde da Sadia), extensão de sua monografia A música para violão de João Pernambuco e Heitor Villa-Lobos, com 14 músicas, entre elas Azulão e Ronca o bizouro na fulô, que atribui ao compositor, baseado em levantamento de Jacó do Bandolim.

Obras

Ajueia, Chiquinha, toada, s.d.; Biro-biro, iaiá, toada, s.d.; Brasileirinho, choro, s.d.; Choro em ré menor, s.d.; Coco dendê rapiá, toada, s.d.; A coivara do meu peito, toada, s.d.; Dengoso, choro, s.d.; Engenho de Humaitá (ou Luar do sertão, c/versos de Catulo da Paixão Cearense, 1913), coco, 1911; Estrada do sertão (c/Hermínio Belo de Carvalho), s.d.; Graúna, choro, s.d.; Gritos d'alma, valsa, s.d.; Interrogando, choro, s.d.; Lágrimas, valsa, s.d.; Lamento, choro, s.d.; O marrueiro, toada, s.d.; Mimoso, choro, s.d.; Pó de mico, choro, s.d.; Reboliço, choro, s.d.; Recordando minha terra, valsa, s.d.; Sempre-viva, valsa, s.d.; Sentindo, choro, s.d.; Siricóia, toada, s.d.; Sonho de magia, valsa, s.d.; Sons de carrilhões, choro, s.d.; Tiá de Junqueira, toada, s.d.; Valsa em lá, s.d.; Vancê, toada, s.d.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha - SP - 1998.

Irineu de Almeida

Irineu de Almeida, compositor e instrumentista, nasceu no Rio de Janeiro RJ em 1890 e faleceu em 1916, na mesma cidade. Foi também conhecido como Irineu Batina, pela longa sobrecasaca que costumava usar. Além de compositor, tocava oficlide, bombardino e trombone, integrando a banda do Corpo de Bombeiros.


Companheiro dos grandes chorões da época, como Luís de Sousa, Carramona, Licas, Catulo da Paixão Cearense, Anacleto de Medeiros, Juca Kalut e Quincas Laranjeiras, foi também amigo e hóspede do pai de Pixinguinha, Alfredo da Rocha Viana.

Foi diretor de harmonia do rancho Filhas das Jardineiras da Cidade Nova e professor de música de Pixinguinha, cujo talento profetizou. Autor de várias composições de sucesso, muitas das quais receberam versos de Catulo da Paixão Cearense, morreu no bairro de Catumbi, na cidade do Rio de Janeiro.

Meu Ideal
Música de Irineu de Almeida / Versos de Catulo da Paixão Cearense / Intérprete: Mário Pinheiro / Gênero: Canção / Imprenta [S.l.]: Odeon, 1904-1907 / Álbum 40533 / Data da gravação 1904-1907 / Lançamento 1904-1907 / Lado A / Disco 78 rpm:



Pudesse esta paixão na dor cristalizar / E os ais do coração em pérolas congelar / De tudo o que sofreu na tela deste amor / Faria ao nome teu divino resplendor / Pudesse est’alma assim com a tua entrelaçar / E aos pés de Deus num surto ao fim voar / E as nossas almas transmutar / Numa só alma de um insonte querubim

Lá, lá nos céus então / Contigo ali / Do amor na pura e etérea floração / Lá, junto a Deus então / Cantar uma canção / De adoração a ti / Lá eu diria aos pés do Redentor / Perante os imortais: / Senhor, eu venero muito a ti / Mas confessor sem temor/ Que a ela eu amo mais

Minh’alma ascende além, que Deus já te esqueceu / E a terra não contém afeto igual ao teu / Procuras, mas em vão, na térrea solidão / Ouvir a pulsação do coração do amor / Num raio inspirador, no plaustro do luar / Percorre o céu, o inferno, a terra e o mar / Não acharás, não acharás amor igual / Que o teu amor é imortal

Obra completa

Afeto sincero, xótis, s.d.; Albina, polca, s.d.; Bem te quero (ou No céu, na terra, c/versos de Catulo da Paixão Cearense), valsa, s.d.; Carlotinha (ou A Rosa apaixonada, c/versos de Catulo da Paixão Cearense), valsa, s.d.; Dainéia (c/versos de Catulo da Paixão Cearense), polca, s.d.; Digitalis (ou Lamento, c/versos de Catulo da Paixão Cearense), valsa, s.d.; Eva, chótis, s.d.; Inocente desejo (id., c/versos de Catulo da Paixão Cearense), valsa, s.d.; Irene (ou As Tuas mãos, c/versos de Catulo da Paixão Cearense), valsa, s.d.; Jaci, chótis, s.d.; Maria Eugênia, valsa, s.d.; Meu ideal (id., c/versos de Catulo da Paixão Cearense), chótis, s.d.; O Meu jasmineiro (id., c/versos de Catulo da Paixão Cearense), romance, s.d.; Morcego, tango, s.d.; Nininha, polca, s.d.; Os Olhos dela (id., c/versos de Catulo da Paixão Cearense), chótis, s.d.; Princesa de cristal (ou Salve, c/versos de Catulo da Paixão Cearense), chótis, s.d.; Ruth (ou Licor de ilusão, c/versos de Catulo da Paixão Cearense), valsa, s.d.; São João debaixo d’água, polca, s.d.; Susana (ou Se cantas ao violão, c/versos de Catulo da Paixão Cearense), polca, s.d.; Tude, polca, s.d.


Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PubliFolha, 1998.