sábado, janeiro 06, 2018

Benito Di Paula - Biografia

Benito di Paula nasceu em 28/11/1941, no município de Nova Friburgo, Estado do Rio de Janeiro, filho de uma família de treze irmãos. Herdou de seu pai a influência musical que o levaria a ser um dos nomes fortes do samba feito nos anos 70 e 80. É um dos pais do estilo conhecido como "sambão joia".


Cantor e compositor, sua carreira começou no Rio de Janeiro, onde foi crooner de boates nos anos 60. Mais tarde mudou-se para Santos (SP), onde cantava e tocava piano em casas noturnas.

Radicado em São Paulo, lançou seu primeiro compacto e passou a promover em suas apresentações uma mistura de samba latinizado, estilo que acabou tornando-o conhecido.

Apesar desse modo diferente de fazer samba lançou o estilo "brega-chique". Ainda não era conhecido pelo público - razão pela qual seu primeiro trabalho em gravadora foi produzido com composições de autores consagrados, contando também com quatro músicas de autoria de Benito ("Eu Gosto Dela", "Preciso Encontrar Você", "Você Vai Ser Alguém" e "Longe De você", esta última em parceria com Carlos de Carvalho). Neste LP, gravado em 15 de fevereiro de 1971, havia sucessos como "Apesar de você", de Chico Buarque de Hollanda, e composições de Taiguara, Vinícius de Moraes, Tim Maia, Ivan Lins, Paulinho Nogueira, Roberto e Erasmo Carlos.

O segundo LP de Benito foi "Ela", também gravado pela Copacabana, mas foi só a partir de seu terceiro trabalho, "Um Novo Samba", gravado em 1973, é que Benito passou a realmente integrar a restrita galeria de grandes sucessos comerciais, com constantes aparições em programas de tevê e 150 mil cópias vendidas, tendo duas músicas deste disco sido gravado por intérpretes de outros países: sua obra maior "Retalhos de cetim", por Paul Mauriat, e "Violão não se empresta a ninguém", lançado pela global no Japão, com imenso sucesso.

Em 1975, no LP seguinte , Benito aparece nas paradas de sucesso com "Meu amigo Charlie Brown", feita em homenagem ao personagem de Schultz, que era uma de suas leituras prediletas.

Já em 1976, Benito di Paula é sucesso consagrado, apresentando-se na Boate Vivará, no Rio, onde faz um show produzido por Augusto Cesar Vanucci e com orquestrações por Radamés Gnatelli.

Em 1977, Benito lança um novo LP, novo sucesso de vendagem. O pedido inicial soma mais de 400.000 cópias e benito prepara uma excursão pela Europa, iniciando-se pela Itália.

Compôs diversas trilhas para novelas (Nino, o italianinho, Simplesmente Maria, etc.) e ganhou o prêmio "Chico Viola", promoção da TV Record com sua música "Faça de mim uma Ilha". Foi rotulado de comercial, cafona, brega etc., mas mesmo assim continua se apresentando com freqüência em shows por todo o país.

Algumas músicas



Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.

Orlando Silva - Biografia


Orlando Garcia da Silva, o grande Orlando Silva, uma das mais admiradas vozes da música brasileira em todos os tempos, nasceu no no dia 03 de outubro de 1915, na rua Augusta, 35, situada no Engenho de Dentro, Zona Norte do Rio de Janeiro. O nome dessa rua, mais tarde, passaria a ser General Clarindo. O pai se chamava José e a mãe, Balbina. Era uma família feliz, embora modesta. 


Mas o pai morreu por ocasião do surto de gripe espanhola, por volta de 1918, e a situação se complicou para a jovem Balbina, então com apenas 21 anos e dois filhos pequenos para cuidar, sem ter pensão do marido - Orlando e Edmundo. Balbina casaria outra vez, agora com um funcionário da prefeitura do Rio.

Mas, de novo, a viuvez iria criar-lhe dificuldades por mais uma vez falta de pensão. Deste modo, Orlando e Edmundo, que por parte da mãe ganharam outros quatro irmãos, tiveram que assumir responsabilidades da manutenção do lar, enquanto Balbina lavava e passava roupa para fora.

Em 1932, com 17 anos de idade e trabalhando como entregador de encomendas na Casa Raunier, Orlando sofreu sério acidente ao tentar subir num bonde em movimento, por pouco não tendo perdido o pé esquerdo. Ficou com defeito, porém, e depois da alta, calçava sapato normal no pé direito e alpercata no esquerdo. O manquejar acabaria se transformando numa das desconfortáveis características de sua personalidade até ele morrer. Mas, se ao andar Orlando claudicava, cantando ele deixava a todos admirados por sua segurança e firmeza.

Em 1934, graças a uma série de encontros e felizes coincidências, de tudo isso participando o compositor Bororó e o "Rei da Voz", Chico Alves, Orlando Silva estreou em rádio. Na Cajuti, é verdade, uma emissora modesta, mas, para ajudar, ao lado do "Rei da Voz". Curioso é que, ao ser anunciado pelo locutor e criativo compositor Cristóvão de Alencar, este o apresentou como "Orlando Navarro", pretendendo prestar homenagem ao ator Ramón Navarro, na época de visita ao Rio de Janeiro. O futuro astro da música brasileira protestou na hora, indignado com a falta de cortesia do apresentador. E o embaraçoso incidente foi contornado pelo jornalista e compositor Orestes Barbosa, que, por acaso, estava ali no estúdio na hora.

Orlando ganhou cinquenta mil réis pela apresentação, na qual o acompanhante, consta, foi Hervé Cordovil, ao piano, e o programa onde Francisco Alves representava a principal atração, iria durar sete meses. O repertório do rapaz de 19 anos era constituído, evidentemente, de músicas dos outros, destacadamente de Sílvio Caldas, que, na oportunidade, já era famosíssimo com somente 26 anos de idade. Ainda no fim deste ano, Orlando Silva ganhou oportunidade para gravar seu primeiro disco comercial: "Ondas Curtas" de um lado e "Olha a baiana" do outro. O 78 rpm não fez sucesso, mas, em compensação, serviu para exibi-lo por execuções em rádio ao grande público.

A grande oportunidade surgiria, fonograficamente, em meados de 1935, quando o diretor americano da RCA Victor, Mr. Evans, após observá-lo durante alguns meses como corista de discos carnavalescos dos outros, decidiu confiar-lhe um registro público, com dois lados à escolha de Orlando. Surgiram, então, Lágrimas e A última estrofe, ambas de Cândido das Neves. Sua carreira, desde então, em gravações, foi uma das mais impressionantes da música brasileira. De início vertiginoso, com média ao menos de cinco grandes sucessos por ano, ele se manteve até 1942, como líder absoluto dos discos mais procurados do país, além dos mais executados dia-e-noite de rádio.

No fim da década de 40, com o mundo em reconstrução após a terrível guerra, Orlando Silva parecia superado, seja pelo estilo, seja pelo modo novo que aparecia, de cantar música popular. Esse modernismo chegava dos Estados Unidos, propagado pelo cinema, e o microfone ajudava consideravelmente as vozes pequenas e aveludadas. Seus seis ou sete anos iniciais de impressionante forma vocal, porém, faziam-no inesquecível.

Orlando Silva morreu em 7 de agosto de 1978, internado que havia sido, quatro dias antes, no Hospital "Grafeé Guinle", na Tijuca, Rio de Janeiro, Causa mortis: acidente cárdio-vascular esquêmico. Idade: 63 anos, incompletos. O enterro foi no cemitério São João Batista. Antes que o cortejo saísse, contudo, o cantor Roberto Silva entoou Lábios que beijei e Carinhoso diante do caixão, logo acompanhado com muita emoção por todos os presentes ao velório. Havia sido um dos últimos desejos revelados pelo cantor, e não foi esquecido.

Veja também:


Playlist - A Voz de Orlando Silva:







Fonte: Encarte do CD duplo "A Voz de Orlando Silva" - Marcus Pereira Discos.

Lamartine Babo - Biografia


Era uma das pessoas mais bem humoradas e divertidas de sua época, não perdendo nunca a chance de um trocadilho ou de uma piada. Em uma entrevista afirmou "Eu me achava um colosso. Mas um dia, olhando-me no espelho, vi que não tenho colo, só tenho osso". Numa outra, lhe perguntam qual era a maior aspiração dos artistas, Lalá não vacila: "A aspiração varia de acordo com o temperamento de cada um... Uns desejam ir ao céu... já que atuam no éter... Outros evaporam-se nesse mesmo éter... Os pensamentos da classe são éter... ó... gênios..." - valeu-lhe o título de "O Pior Trocadilho de 1941".


Lamartine Babo nasceu na Rua Teófilo Otoni, centro da cidade do Rio de Janeiro, no dia 10 de janeiro de 1904. Décimo segundo filho do casal Leopoldo de Azeredo Babo e Dona Bernardina Gonçalves Babo, logo teve que se mudar com a família para a Tijuca, em função da construção de novas avenidas no local onde moravam. Lamartine fez o curso primário numa escola pública, perto de sua casa, na Tijuca. Aos onze anos foi para o Colégio São Bento para cursar o ginásio. Teve contato com a música desde criança, pois sua mãe e uma irmã tocavam piano e o pai era amigo, entre outros, de Ernesto Nazareth e Catulo da Paixão Cearense, que sempre frequentavam sua casa.

Sua primeira marchinha gravada foi Os calças largas, em que Lamartine debochava dos rapazes que usavam calças boca-de-sino. Em 1937, com a censura imposta pelo Estado Novo de Getúlio Vargas, carnavalescos irreverentes como ele ficaram proibidos de utilizar a sátira em suas composições. Sem a irreverência costumeira, as marchinhas não foram mais as mesmas. Em 1951, aos 47 anos, Lamartine, que nunca tivera sorte no amor, casou-se, enfim. Morreu vitimado por um enfarte, no dia 16 de Junho de 1963, deixando seu nome no rol dos grandes compositores deste país.

Biografia completa

Lamartine de Azeredo Babo nasceu na Rua Teófílo Otoni, centro da cidade do Rio de Janeiro, no dia 10 de janeiro de 1904. Décimo segundo filho do casal Leopoldo de Azeredo Babo e D.Bernardina Gonçalves Babo, logo teve que se mudar com a família para a Tijuca, em função da construção de novas avenidas no local onde moravam. Lamartine fez o curso primário numa escola pública, perto de sua casa, na Tijuca. Aos onze anos foi para o Colégio São Bento para cursar o ginásio. Teve contato com a música desde criança, pois sua mãe e uma irmã tocavam piano e o pai era amigo, entre outros, de Ernesto Nazareth e Catulo da Paixão Cearense, que sempre frequentavam sua casa.

Por isso, o pequeno e magro Lamartine muito cedo posou de compositor para seus colegas de escola. Para provar que conseguia compor uma música usando apenas as notas sol, dó e mi, acabou fazendo o fox-trot "Pandorama", um ritmo norte-americano muito em alta na época. Lamartine era um menino muito criativo e acabou vencendo um concurso literário com a poesia "O Frade que pedia esmola". Sua primeira valsa, "Torturas de amor", foi composta quando tinha apenas treze anos de idade.

Em 1917 morreu o pai de Lamartine Babo. Em 1919 Lamartine compôs, sob influência da educação beneditina, "Ave Maria", que foi tocada em seu casamento e que até hoje é cantada nas igrejas católicas.Concluído o ginásio, Lamartine foi para o Colégio Pedro II, onde se bacharelou em letras, equivalente ao colegial de hoje.

Lamartine queria, em 1920, cursar a Escola Politécnica, mas a situação financeira da família, que vinha se tornando precária desde a morte do pai, o obrigou a trabalhar como office-boy na Light, ganhando 50 mil réis por mês. Do seu magro salário, Lamartine conseguia economizar uns trocados para, de vez em quando, frequentar o Teatro Municipal, o Lírico ou o São Pedro de Alcântara, hoje João Caetano, onde deliciava-se com alegres operetas vienenses. Nesse mesmo ano Lamartine compôs sua primeira opereta: "Cibele".

O bom-humor e a facilidade de fazer piadas e trocadilhos levaram Lamartine, em 1923, a colaborar na revista 'Dom Quixote', dirigida por Bastos Tigre e especializada em humor, sátiras e críticas à época. Demitido da Light em 1924, Lamartine conseguiu um emprego na Companhia Internacional de Seguros, onde ficou por pouco tempo, passando, em seguida, a escrever e compor para o teatro de revista. Ainda nesse ano, sob os pseudônimos de Frei Caneca, Poeta Cinzento, T. Misto, Janeiro Ramos, Luxurious e N. N., Lamartine escreveu artigos e poesias simples para as revistas "Paratodos" e "Shimmy".

Orientado por seu amigo Eduardo Souto, Lamartine descobriu o fértil campo das marchinhas carnavalescas e, em 1925, começou a compor para os ranchos "Recreio das Flores" "Africanos", "Jardim dos Amores" e "Ameno Resedá", fazendo sucesso com a marchinha "Foi você". Em 1926 Lamartine compôs, anonimamente, para as revistas "Prestes a chegar" e "A mascote" e, em 1927, para "Paulista de Macaé" e "É da pontinha".

Como revistógrafo e compositor, o nome de Lamartine apareceu com sucesso em novembro de 1927, na revista "Os calças-largas", cuja música título, composta em parceria com Gonçalves de Oliveira e que satirizava a moda das calças boca-de-sino, foi gravada por Frederico Rocha, na Odeon, para o Carnaval de 1928; esta foi a primeira composição gravada de Lamartine Babo. A revista "Ouro à beça", de Lamartine com colaboração de Djalma Nunes, J. Castilho e Henrique Vogeler, foi uma das maiores atrações de 1928. Autor da comédia musicada "Este mundo vai mal", que estreou com sucesso em outubro de 1928, Lamartine colaborou também, no mesmo ano, na revista "Vai haver o diabo", que estreou em novembro.

Ainda nesse ano, para ajudar no orçamento, Lamartine deu aulas de dança no Clube Tuna Comercial e no Ginásio Português. Também de 1928 são suas composições "Nunca, jamais" e "Raios de um olhar" e, ainda, "Amor de mulato", "Cachorro quente" e "Oh! Nina", em parceria com Ary Barroso; "Cai n'água", com Lírio Panicali; "Cariocadas", com Hekel Tavares; "O ciúme é que te mata", com Osvaldo Cardoso de Menezes; "Cresça e apareça", com L. N. Menezes; "Cuidado com ela", "Essa velha tem malícia" e "Foi você", com Pedro Cabral; "Elza", com A F. Conceição e Xavier Pinheiro; "Eu não sei por que é", com F. Fonseca Costa; "Noite de amor", com J. Ramen; e "Seu Voronoff", em parceria com João Rossi.

Lamartine iniciou sua carreira no rádio em 1929, na Rádio Educadora, onde cantava com sua voz de falsete, contava piadas e fazia esquetes. De 1929 são suas composições "Dona boa", "Gemer no violão", "Uma tarde em New York" e "Zeca Ivo" e, também, "Amor na Penha", em parceria com João Rossi; "O campeão de xadrez", em parceria com J. Machado; "A capixaba", "Didi", "Em Santa Catarina tudo é flor", "Fruta do Pará", "Guanabara", "Maranhão, terra poética", "Meu Ceará", "Mineirinha", "Na terra do bom tempero", "Oh! Linda praia de amor", "Paraíba", "Perfil de gaúcha", "Sergipe, apelido do amor", "Seu Goiás", "Sonhos de Natal" e "Vou pro Piauí", em parceria com Henrique Vogeler e J. M. Pereira; "Helena de Azambuja", em parceria com A. R. de Jesus; "Lágrimas ocultas", em parceria com A. Miniutti; "O meu penar", em parceria com Pedro Cabral; "Tem gente olhando", em parceria com Tuiú; e "A vida é um inferno onde as mulheres são os demônios", em parceria com Zeca Ivo.

Em 1930, na Rádio Educadora, Lamartine começou a fazer o programa "Horas Lamartinescas", onde divulgava suas músicas, contava piadas e improvisava trocadilhos e onde também se apresentaram Noel Rosa e Marília Batista, entre outros. Nesse mesmo ano Lamartine venceu um concurso promovido pela revista "O Cruzeiro", com a marchinha "Bota o feijão no fogo". Desse ano também são as composições "Altofalante", "Chora", "A descoberta da América", "Eu quero casar" e "Rosinha" e, ainda, "Cutuca, Maroca", em parceria com D. Guimarães; "Diga", com Gonçalves de Oliveira; "Amazonas", "A Bandeirante", "Terra fluminense" e "Toada alagoana", com Henrique Vogeler e J. M. Pereira; "Como é gostoso amar", com Glauco Viana; "Devaneios", com Carlos Rodrigues; "Mulher sublime", com Donga; "Sonhos de Rinetti", com Jonas Aragão; "Teus olhos castanhos", com Bonfiglio de Oliveira; e "Tristeza havaiana", com Furinha.

Em 1931 Lamartine compôs e gravou o fox-charge "Canção para inglês ver", cuja letra revela a grande originalidade de Lamartine, uma das principais características de sua obra. Ainda nesse ano Lamartine passou a colaborar nos jornais "Correio da Manhã", "Gazeta de Notícias" e "Diário de Notícias" e venceu um concurso da Casa Edison com "Bonde errado", além de ter alcançado grande sucesso com "Lua Cor de Prata" e "Minha cabrocha". Nesse ano Lamartine também compôs "Gegê - Seu Getúlio"; com Noel Rosa, compôs "A.b.surdo"e "Nega"; com Sátiro de Almeida , "Gandaia"; com Vantuil de Carvalho e Domingos Carvalho,"Juraci"; com Josué de Barros, "Olha a cara dela"; com A. Demerval, "Onde você está morando?"; com Bonfiglio de Oliveira, "Sonho Brasileiro"; e, entusiasmado com a melodia que Ary Barroso havia composto para o poema "Na grota funda", de J. Carlos, Lamartine resolveu fazer outra letra, mudando o título da composição para "No rancho fundo". Ary gostou tanto do trabalho de Lalá que a partir daí compuseram juntos uma série de sucessos.

Com os Irmãos Valença, Lamartine compôs a marcha que foi um dos maiores sucessos carnavalescos de 1932 e de todos os tempos: "O teu cabelo não nega". Inicialmente, essa marcha era uma música dos Irmãos Valença, de Pernambuco, que a enviaram à Victor com o título de "Mulata". Como a linguagem dos versos era muito regional, a gravadora pediu a Lamartine que adaptasse a composição ao gosto carioca. Ele mudou radicalmente o original: alterou o ritmo, modificou a letra e acrescentou a famosa introdução. A marchinha acabou sendo gravada como "motivo do Norte com arranjos de Lamartine Babo" e editada como de exclusiva autoria de Lamartine. Os Irmãos Valença levaram o caso à justiça, que lhes deu ganho de causa, passando à legítima condição de parceiros de Lamartine.

Em 1932 Lamartine compôs, com Noel Rosa, "AEIOU"; com Francisco Alves e Ismael Silva, "Ao romper da aurora"; com Antonio Viana, "Eterna prontidão"; com Bonfiglio de Oliveira, Lamartine compôs "Meu sabiá"; e com Ary Barroso, "Palmeira Triste". Também de 1932 são as composições de Lamartine: "Babo...zeira...", "Uma família radiante", "Marchinha do amor", "Papai não deixa", "Passarinho... passarinho", "Rapsódia em réus maiores", "Só dando com uma pedra nela" e "A tua vida é um segredo", que foi um dos campeões do carnaval de 1933.

Em 1933 Lamartine fez sucesso com "Linda morena" e "Moleque indigesto" e, também, com "Aí, hein! " e "Boa bola", estas compostas em parceria com Paulo Valença. "Linda Morena", muito cantada pelos foliões, foi originalmente gravada por Lamartine, Mário Reis e o Grupo da Guarda Velha, para o carnaval de 1933. Ainda em 1933, em parceria com Alcir Pires Vermelho, Lamartine compôs "Dá cá o pé...loura"; com João de Barro, compôs "Eu queria ser ioiô"; com Noel Rosa, "Eu queria um retratinho de você"; e com Ari Pavão, compôs "Infelizmente". Nesse mesmo ano Lamartine compôs, sem parceria, "Bem-te-vi", "As cinco estações do ano", "Lola", "Paisagens de São Lourenço", "Tarde na serra" e "Chegou a hora da fogueira", que revela Lamartine num gênero, hoje, quase esquecido: as marchinhas juninas.

Em 1934, em parceria com João de Barro, Lamartine compôs "Uma andorinha não faz verão"; com Moacir Araújo, compôs "Baiana do meu coração"; com Assis Valente, "Bis " com Alcir Pires Vermelho, "E... foi assim..."; e com Hervé Cordovil, "Menina Oxygené". Também de 1934 são as composições "Deixa a velhinha", "Dois a dois", "Eu também", "História do Brasil", " "Isto é lá com Santo Antônio", "Marchinha nupcial", "Paisagem de minha terra", "Parei contigo", "Ride palhaço", "O sol nasceu pra todos" e "Rasguei a minha fantasia", que foi composta para o carnaval de 1935 e gravada por Mário Reis, transformando-se num dos grandes êxitos daquele ano.

Em 1935 Lamartine venceu novamente o carnaval com "Grau dez", composta em parceria com Ary Barroso. Desse ano são também as composições "Chora... chora..." "Pistolões", "Rapsódia Lamartinesca nº 2", "Senhorita Carnaval", feita para promover o sabonete marca Carnaval, e "Verbo amar". E, ainda, "Antônio, por favor", feita em parceria com José Maria de Abreu; "Canção apaixonada", "A melhor das três" e "Roda de fogo", em parceria com Alcir Pires Vermelho; "E o samba continua" e "Na virada da montanha", com Ary Barroso; "Mariana", com Bonfiglio de Oliveira; e "Moreninha sweepstake" e "Seu Abóbora", com Hervé Cordovil.

O ano de 1936 trouxe "Marchinha do grande galo", composta por Lamartine em parceria com Paulo Barbosa e lembrada até hoje: "O galo tem saudades da galinha carijó". Nesse mesmo ano Lamartine compôs "Cinqüenta por cento" e "A tal". Em parceria com Hervé Cordovil, compôs "Alô, alô Carnaval" e "Rio"; com Nássara, "Cadência"; com Alberto Ribeiro, "Comprei uma fantasia de pierrô"; com Assis Valente, "Jeanette"; com Noel Rosa, "Menina dos meus olhos"; e com Alberto Ribeiro e João de Barro, "Cantores de Rádio", que, originalmente gravada pelas irmãs Carmen e Aurora Miranda, pertencia ao filme "Alô, Alô, Carnaval". Depois foi gravada por Chico Buarque, junto com Nara Leão e Maria Bethânia, como parte da trilha sonora do filme "Quando o carnaval chegar", de Carlos Diegues.

Em 1935 Lamartine havia recebido, da cidade de Boa Esperança, Minas Gerais, uma carta poética e apaixonada, assinada por Nair Pimenta de Oliveira. Lamartine e Nair se corresponderam por cerca de um ano, até que veio o adeus, numa última carta de Nair. Meses mais tarde Lamartine recebeu uma correspondência do dentista Carlos Alves Neto, da mesma cidade de Nair, convidando-o para a festa de estréia de um conjunto musical. Sonhando encontrar-se com Nair, Lamartine foi para Minas e teve uma incrível surpresa: Nair era uma garotinha, sobrinha do dentista, o qual era o autor das cartas. Carlos colecionava fotos de artistas e se valeu das correspondências com Lamartine para aumentar sua coleção. Essa história foi a responsável pelo surgimento de uma famosa canção de Lamartine, "Serra da Boa Esperança", gravada por Francisco Alves em 1937 e depois, em 1952, três dias antes de morrer em acidente automobilístico.

De 1937 também são as composições de Lamartine "Ganga", "Gauchinha", "Já tirei meu chapéu", "Menina das lojas", "Só nós dois no salão e esta valsa" e, ainda, "Mais uma valsa, mais uma saudade ", composta em parceria com José Maria de Abreu e "Pensão do Catete", em parceria com Milton Amaral. A partir de 1937, com a censura imposta pelo Estado Novo, as composições carnavalescas de Lamartine Babo tornaram-se esporádicas, mas ele continuou seu trabalho de radialista. As "Horas Lamartinescas" da Rádio Educadora foram substituídas pelo programa "Canção do Dia", na Rádio Mayrink Veiga, onde Lamartine apresentava uma música inédita por programa; na Mayrink Veiga, Lamartine produziu também o "Clube da Meia-Noite". Em 1937 Lamartine foi para a Rádio Nacional, levando o "Clube da Meia-Noite", que passou a se chamar "Clube dos Fantasmas" e onde produziu também a série "Vida Pitoresca dos Compositores da nossa Música Popular".

Em 1938, com Hervé Cordovil, Lamartine compôs "Esquina da sorte"; com Carlos Neto, compôs "Vaca amarela", e, sem parceria, compôs "Hino do Carnaval Brasileiro", uma de suas últimas criações carnavalescas. Em 1939, para o show "Joujoux e balangandans", que foi apresentado no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e do qual era diretor musical, Lamartine compôs a marcha "Jou jou balagandans". Ainda em 1939 Lamartine compôs "Voltei a cantar"; em parceria com Celso Macedo, compôs "Cessa tudo"; e com Enéias, compôs "Tamanho não é documento".

De 1940 é a composição de Lamartine "De... cadência de pierrô", feita em parceria com Alcir Pires Vermelho. Em 1941 Lamartine compôs o fox-blue "Perdão amor"; com Moacir Araújo, compôs a marcha "Minha companhia é a Colombina"; e com Francisco Matoso, a valsa "Eu sonhei que tu estavas tão linda ", imortalizada na voz de Carlos Galhardo.

Em 1942 Lamartine criou, na Rádio Nacional, o programa "Trem da Alegria", onde apresentou o Trio de Osso, integrado por Heber de Bôscoli, Iara Sales e por ele mesmo. O programa tornou-se um dos mais famosos do Brasil e passou por diversas emissoras de Rádio, mantendo-se no ar até 1955, ano em que, com a morte de Heber de Bôscoli, Lamartine deixou o rádio e passou a dedicar-se à União Brasileira de Compositores - UBC, como diretor. De 1942 também são suas composições "O V da vitória", "Alma dos violinos", esta em parceria com Alcir Pires Vermelho, e "La Canga", em parceria do Heber de Boscoli.

Apaixonado por futebol e torcedor do América Futebol Clube, Lamartine Babo escreveu hinos para todos os clubes cariocas, lançando-os, em 1943, no "Trem da Alegria".

Em 1944 Lamartine compôs, em parceria com José Maria de Abreu, "Uma valsa azul". Em 1945, em parceria com Moacir Araújo, compôs "En avant". Em 1949 compôs "Noites de junho". O eclético compositor Lamartine Babo também produziu programas para a televisão, foi produtor da Copacabana Discos e publicou dois livros humorísticos: "Lamartiníadas" e "Pindaíbas".

Somente em 1951, aos 47 anos, Lamartine optou pelo casamento e já não era mais o Lalá magrinho, tão caricaturado, quando se casou com Maria José Barroso. Havia parado de fumar, engordara, perdera os dentes e gostava de receber os amigos com uísque escocês, em sua ampla residência na Tijuca. Também de 1951 são as composições "Adeus, ano velho", "É... elas voltaram", esta em parceria com Roberto Roberti e "Volta", feita em parceria com Roberto Martins.

Em 1952 Lalá compôs, em parceria com José Maria de Abreu, "Valsa da formatura". Em 1954, em parceria com Roberto Martins, compôs "Valsa do calendário". Em 1955 compôs os sambas "Estranha coincidência" e "Três de abril". O ano de 1957 trouxe as composições "Marcha pro Oriente", em parceria com Ataulfo Alves; "O rapaz de minha rua", em parceria com Roberto Martins; e "Sonhei com Noel", em parceria com Marques Junior e Roberto Roberti. Vez ou outra Lamartine voltava a animar o carnaval com alguma composição. Em fins de 1958, a pedido do rancho Rouxinóis, da Ilha de Paquetá, compôs a marcha-rancho "Os Rouxinóis", lançada na revista "Bom mesmo é mulher", que estreou em janeiro de 1959.

Em 1959 Lalá compôs o samba "Maria dos Anjos". Em 1960, compôs "Meu carnaval do passado" e "Ontem à tarde". Em 1961, a marcha-rancho "Ressurreição dos velhos carnavais". De 1963 são as composições "Noites de gala", em parceria com Alcir Pires Vermelho; "Qual delas?", em parceria com Carlos de La Riestra; e "Seja lá o que Deus quiser", só de Lamartine.

Nesse mesmo ano Carlos Machado produziu, na boate do Copacabana Palace Hotel, o show "O teu cabelo não nega", baseado na vida de Lamartine Babo. Lalá frequentou os ensaios, mas não chegou a assistir ao show: morreu de enfarte, provocado pela emoção da homenagem, no dia 16 de junho de 1963, poucos dias antes da estréia do show, mas consagrado pelos foliões de ontem e de hoje, que nunca deixaram de cantar "O teu cabelo não nega".

Veja também:

Lamartine Babo - Letras, cifras e gravações


Fontes: Samba-Choro - Artistas; Memórias da MPB - Biografia completa de Lamartine Babo - Samira Prioli Jaime.