Mostrando postagens com marcador instrumentista. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador instrumentista. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, dezembro 13, 2010

Carioca

Ivan Paulo da Silva
Carioca (Ivan Paulo da Silva), regente, arranjador, instrumentista e compositor, nasceu em Taubaté, SP, em 10/12/1910, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 11/4/1991. Estudou em São Paulo com os maestros Antão Fernandes e Antônio Barbarisco, e no Rio de Janeiro, com o maestro Paulo Silva. 

Começou sua carreira musical em 1933, tocando trombone na Banda de Música da Força Pública de São Paulo. Em 1935 passou a atuar também em orquestras, como a Columbia, a de Otto Wey, a de José Nicolini, a dos Irmãos Cópia, a de Luís Argentos e a de Orlando Ferri. 

Em 1937 participou pela primeira vez de uma gravação, como trombonista da Orquestra de Leo Peracchi, acompanhando Silvino Neto na música Gorro de meia. Em 1938 deixou a Banda da Força Pública e excursionou pelo Uruguai e Argentina, com Jardel iércolis, fazendo teatro de revistas. 

Transferindo-se para o Rio de Janeiro em 1939, passou a atuar na Orquestra de Fon-Fon, com a qual gravou nesse ano nos estúdios da Rádio Tupi, acompanhando Francisco Alves na música A voz do violão (Francisco Alves e Horácio Campos). Com essa orquestra, que integrou até 1941, fez excursão pela Argentina. 

De 1942 a 1946 trabalhou na orquestra Ali Stars e de 1946 a 1952 apresentou-se com orquestra própria na Rádio Tupi. Depois de ter gravado vários discos na Odeon (de 1950 a 1953), atuou com sua orquestra na Rádio Mayrink Veiga de 1954 a 1956 e de 1958 a 1963. Nessa segunda fase, recebeu o prêmio Melhor Long Playing de 1961, do jornal O Globo, e, no ano seguinte, foi premiado com o troféu de Melhor do Rádio, da Revista do Rádio. Ainda em 1962 excursionou com sua orquestra pelo Uruguai. 

Em 1964 participou do show Sambamba, no Copacabana Palace Hotel, tendo recebido o prêmio Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, como melhor arranjador. A orquestra de Carioca gravou muitos LPs, entre os quais Sambas em brasa (Musidisc), Clássicos no samba (RCA), Carioca e sua orquestra de baile (Rádio), Samba... Oba! (Imperial) etc. 

Em 1974 recebeu o prêmio de Melhor Arranjador do Festival Musicopa, realizado na Penitenciária Lemos de Brito, do Rio de laneiro. 

Como compositor, é autor de Graças a Deus, gravado por Elizeth Cardoso, Voltei ao meu lugar, gravado por Jamelão, Derrubando violões, gravado por Ademilde Fonseca, as Gingas (nos 1, 2, 3 e 4), gravadas por Carioca e sua Orquestra, e do famoso prefixo do programa noticioso Repórter Esso.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira  - Art Editora - Publifolha.

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Hermeto Pascoal


No dia 22 de junho de 1936 nasceu Hermeto Pascoal, compositor, multi-instrumentista e grande contador de histórias, no pequeno município de Lagoa da Canoa em Alagoas. Filho de roceiros, escapou do trabalho na enxada por ser albino e não poder ficar exposto ao sol.

O próprio Hermeto conta que quando criança, na escola, os professores davam trabalhos para construir instrumentos com latas de goiabada. E de uma lata de goiabada ele fez um "violãozinho". Essa foi sua primeira criação.

Seu primeiro parceiro musical foi o irmão mais velho José Neto, tocando nos bailes de "pé-de-pau", realizados ao ar livre, sob as árvores, comuns naquela época. Além disso, os dois irmãos mostravam seu talento em batizados e casamentos, suando um bocado enquanto andavam, às vezes um dia inteiro para chegar até o local da festa. Em 1950 a família mudou-se para Recife, onde Hermeto e José Neto começaram a tocar acordeão nas rádios Tamandaré e Jornal do Commércio. Seu primeiro instrumento foi uma sanfona de 8 baixos.

Um ano mais tarde, Hermeto já se destacava como acordeonista e começava suas experimentações musicais, sempre estudando e pesquisando novos sons. Autodidata, uma caraterística que marca esse gênio da musica, valia-se dos mais diversos artefatos, como foices, enxadas, machados e garrafas, batendo em ferros e tentando repetir os sons no acordeão.

Em 58 foi para a Paraíba, tocar na Rádio Tabajara, em João Pessoa, como integrante da Orquestra do Maestro Gomes. Passou pouco tempo na Paraíba e nesse mesmo ano mudou-se para o Rio de Janeiro, levado pelo seu irmão, José Neto, para tocar na Rádio Mauá.

No Rio começou a se interessar pelo piano, na própria Rádio Mauá. Hermeto chegava com horas de antecedência para estudar e sentir as teclas. Mas foi tocando nas boates do Rio que se tornou realmente um pianista. Com isso mudou-se para São Paulo e tornou-se o pianista da Boate Chicote, em 61.

Em 1962, após deixar seu lugar no piano da Boate La Vie en Rose, Hermeto entrou para o Som Quatro. Dois anos depois formou o Sambrasa Trio (com Claiber, no baixo, e Airto Moreira, na bateria). Ainda em 64 foi tocar piano na Boate Stardust e começou seu interesse pela flauta. Para praticar o instrumento, Hermeto se trancava no banheiro da boate ou ia para a Igreja da Consolação durante o intervalo das apresentações, chegando a dominar o instrumento em apenas um mês. Logo recebeu um convite do cantor Walter Santos para participar da gravação do seu LP Caminho, lançado em 65, como flautista.

No ano seguinte, entrou para o Trio Novo (Théo de Barros, Airto Moreira e Heraldo), que se transformou em Quarteto Novo. Esse grupo foi um marco na história da música instrumental brasileira. Em 1967 o quarteto lançou seu único disco, Quarteto Novo, pela Odeon, que, segundo a crítica, foi uma valiosa experiência musical com ritmos nordestinos. Esta experiência musical consistia em aplicar as sofisticadas harmonias de jazz aos riquíssimos rimtos nacionais. Aí encontra-se a primeira música de Hermeto a ser gravada: O ovo. Em 69 o grupo se desfez e Hermeto passou a tocar com Edu Lobo. O próprio Heraldo do Monte relata que "esse Albino é muito louco!".

Já Airto Moreira foi para os Estados Unidos, integrar a banda de Miles Davis. Nada mais óbvio que ele, Hermeto, fosse para os EUA como arranjador de um disco de Airto. Nesta viagem conheceu Miles Davis e logo gravou com o músico americano, que colocou o carinhoso apelido de "Albino Crazy". Nesse LP, Miles Davis Live, o pistonista incluiu duas músicas de autoria de Hermeto: Igrejinha e Nenhum talvez. A participação do grande músico brasileiro com o mestre do trompete consagrou mais ainda o nome Hermeto Paschoal.

Em 71 Airto Moreira incluiu em um dos seus discos, Gaio de roseira, música com arranjo de Hermeto, composta por seu pai. A crítica inglesa colocou a música entre as melhores do ano, dando início ao reconhecimento da obra do músico no exterior. Ainda nesse ano gravou o disco solo Hermeto, lançado pela Buddah Records, já se utilizando de instrumentos inusitados e experimentações nas melodias.

Em 73, lançou o primeiro disco no Brasil, A Música Livre de Hermeto Pascoal, incluindo músicas de grandes artistas brasileiros como Pixinguinha (com a faixa Carinhoso) e Luiz Gonzaga (Asa branca), além de gravar também Gaio de roseira. Nesse disco também, está gravado Bebê, um baião que todo instrumentista brasileiro quer ou tem a honra de tocar.

1977 foi o ano em que Hermeto foi ao EUA gravar um dos seus discos mais famosos, o Slave Mass (Missa dos Escravos). Este disco é considerado um marco na música instrumental, também lançado no Brasil e aplaudido pela crítica.

Participou do Festival de Jazz de São Paulo no final de 78 e logo no início de 79 gravou o disco Zabumbê-Bum-á, na WEA. Uma curiosidade foi a participação dos pais de Hermeto nos vocais, em duas faixas.

Os anos 80 foram de muitas viagens e excurssões para Hermeto. Em parte devido ao seu contrato com a gravadora Som da Gente. Neste período, sua carreira se consolidou no exterior. Também se encontrava num período de grande produção e lançamento de discos.

Em 80 ele gravou Cérebro magnético e neste mesmo ano, apresentou-se no Festival de Montreux, na Suíça. Dois anos mais tarde participou do Festival Horizonte, em Berlim.

Em 1982, Hermeto lançou o disco Hermeto Pascoal & Grupo, grupo este que ficou conhecido mundialmente e permaneceu junto por mais de um década. Em 1984 o grupo lança Lagoa da Canoa Município de Arapiraca, cujo título homenageia a cidade natal de Hermeto.

Em 1985 é lançado Brasil Universo, pela gravadora Som da Gente. Em 1987 lançou Só Não Toca Quem Não Quer e em 1988 seu último disco lançado nessa década, Por Diferentes Caminhos: Piano Acústico, onde Hermeto tocou sozinho.

A década e 90 foi marcada por seu rompimento com as grandes gravadoras. Seu disco de 92, Festa dos Deuses, lançado pela PolyGram, segundo o próprio Hermeto foi mal distribuído e não repassaram os direitos autorais da obra.

Depois disso, Hermeto passou sete anos sem lançar discos. Neste tempo, ele se dedicou a compor, inclusive criou o projeto "Calendário do Som", onde Hermeto compôs um chorinho para cada dia do ano.

O disco Eu e Eles, de 99, marca a volta de Hermeto ao mercado fonográfico. Gravado pelo selo Rádio Mec, o disco foi aplaudido pela crítica, e traz o músico tocando todos os instrumentos, convencionais e os que ele mesmo inventa.

O atual projeto de Hermeto é o "Contagem Regressiva", que consiste na criação de uma música por dia até a virada do milênio, podendo se estender além desta data. O grupo de Hermeto Pachoal sempre traz grandes talentos. A grande característica é que todos, além dos ensaios, estudam juntos.

Fontes: Agenda do Samba & Choro; Programa Retrato do Artista da Radio Unesp de Bauru - 1995; Hermeto Home Page.

sexta-feira, dezembro 21, 2007

Bola Sete


Bola Sete (Djalma de Andrade), instrumentista. (Rio de Janeiro RJ 16/7/1923 — Califórnia, EUA 13/2/1987). Com 17 anos frequentava as rodas de músicos da Praça Tiradentes. Por essa época, com um conjunto do qual participava o compositor Henricão, foi para Marília SP, onde ficou oito meses. Aos 18 anos tocou violão em parques de diversão em Campinas SP e Niterói RJ.


Em 1945 venceu um concurso de violonista na Rádio Transmissora (hoje Globo). Durante algum tempo viajou por Minas Gerais e Rio de Janeiro, apresentando-se como violonista. Em seguida voltou à Rádio Transmissora e, por três anos, apresentou-se no programa Trem da Alegria, no Teatro João Caetano, junto com Lamartine Babo, Iara Sales e Kleber de Boscoli.

No final da década de 1940 organizou o Bola Sete e seu Conjunto e, para cantar, convidou Dolores Duran, que era croonerda boate Béguin. Atuaram nas boates Drink e Vogue. Com uma orquestra que formou para o Baile dos Artistas, no Hotel Glória, em 1954 excursionou pela Argentina, Uruguai e Espanha.

Em 1955 fez temporadas em Lima, Peru, e em Santiago do Chile. Em 1959 mudou-se para os E.U.A. e, até 1962, apresentou-se, quase diariamente, nos hotéis da cadeia Sheraton. Por volta de 1960 foram lançados dois discos seus: o LP Bola Sete, pela Sinter, com Um a zero (Pixinguinha e Benedito Lacerda) e Império do samba (Zé da Zilda e Zilda do Zé), entre outras, e o LP Bola Sete e quatro trombones, pela Odeon, destacando-se Mambeando (de sua autoria), The Man I Love (Ira Gershwin e George Gershwin), entre outras.

Em 1962 participou do Festival de Monterey, na Califórnia, E.U.A., como integrante do conjunto de Dizzie Giliespie, com o qual gravou um disco. Também em 1962 saiu no Brasil seu LP O extraordinário Bola Sete, pela Odeon, com Menino desce daí (Paulinho Nogueira) e Fico triste sem twist (de sua autoria), entre outras. Em novembro apresentou-se New York, E.U.A., no Festival da Bossa Nova, do Carnegie Hall, no Village Gate e no Vanguard. Nesse mesmo ano, organizou seu próprio trio, com Tião Neto (baixo) e Chico Batera (percussão).

Em 1969 participou do Festival de Música Brasileira e Americana, no México, ao lado de Airto Moreira, Eumir Deodato e Milton Nascimento. Em 1971 gravou o LP Workin’ on a Groovy Thing, na Paramount/ RGE, contendo Little Green Apples (Bobby Russell), With a Little Help from my Friends (John Lennon e Paul McCartney), entre outras.

Gravou cerca de dez LPs nos EUA, inclusive um com Vince Guaraldi. Seus últimos discos, Ocean 1, Ocean II e Jungle Suite, foram considerados por ele como seus melhores trabalhos.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.

quinta-feira, dezembro 13, 2007

Caçulinha


Caçulinha (Rubens Antônio da Silva), multiinstrumentista e compositor, nasceu em São Paulo, em 15 de março de 1940. Filho do violeiro Mariano e sobrinho do também violeiro Caçula com quem o pai formou uma das primeiras duplas caipiras a gravar discos. Ganhou o apelido de Caçulinha como homenagem do pai ao irmão Caçula. Iniciou a carreira artística em 1948, com apenas oito anos de idade apresentando-se no programa "Clube do Papai Noel", na Rádio Tupi de São Paulo tocando, segundo suas palavras, "uma sanfoninha".

Na década de 1950 formou com o pai a dupla Mariano e Caçulinha. Como acordeonista, tocou e gravou com inúmeras duplas como Tonico e Tinoco , Pedro Bento e Zé da Estrada, e Moreno e Moreninho, entre outros. Tocou em uma série de músicas consideradas clássicas da música sertaneja.

Estreou em disco solo em 1959, pela Todamérica quando gravou ao acordeom a polca Corochere, de sua autoria e Francisco dos Santos, e a guarânia Triste juriti, de Mário Vieira e Armando Castro. No mesmo ano, gravou o choro Pelé, parceria sua com Amasílio Pasquin, e a valsa Noiva do sargento, de autor desconhecido com arranjos seus.

Em 1960, gravou pelo selo Califórnia o tango Noite cheia de estrelas, clássico de Cândido das Neves, e o fox Se um dia o mundo parasse, de Mário Albanese e Ricardo Macedo. Em 1961, pelo selo Caboclo, lançou o arrasta-pé Arrasta-pé na Tuia, de sua autoria e Lourival dos Santos, e o Chorinho do Biluca, de sua autoria.

Em 1962, gravou com seu conjunto pela Chantecler a valsa Primeiro amor, de Patápio Silva, e o choro Sabido, de Luiz Gonzaga. No ano seguinte, gravou com sua bandinha pela Sertanejo o rasqueado Sentimento paraguaio, de Santana, e o maxixe Chora negrinha, com adaptação sua.

Participou como contratado exclusivo do programa "O fino da bossa" comandado por Elis Regina e Jair Rodrigues na TV Record a partir de 1965. Ainda na década de 1960, acompanhou com seu regional as gravações de discos de inúmeros artistas, entre os quais, Ciro Monteiro, Miltinho, Dóris Monteiro, Elizeth Cardoso, Roberto Silva, e Roberto Carlos, entre outros.

Na mesma época, acompanhou Elizeth Cardoso, Caetano Veloso e Elis Regina, entre outros artistas em especiais musicais da TV Record. Ainda na televisão, atuou nos programas "Esta noite se improvisa" e "Bossaudade", da TV Record. Tocou piano e teclado em boates paulistas.

Na década de 1970, contratado pela gravadora Copacabana, lançou vários LPs, entre os quais, Caçulinha aponta o sucesso, de 1970 e Caçulinha na onda do sucesso, de 1972. Na década de 1980, passou a se apresentar esporadicamente à frente de seu regional e a fazer shows com o apresentador Fausto Silva nos quais tocava acordeom e o apresentador contava piadas. Ainda na década de 1980, atuou com Fausto Silva no programa "Perdidos na noite" apresentado na TV Bandeirantes.

Em 1989, particpou de show de Nelson Gonçalves e Raphael Rabello tocando acordeom na música Três lágrimas, de Ary Barroso. Nesse ano, passou a atuar no "Programa do Faustão", na TV Globo. Em 2002, foi lançado o disco Nelson Gonçalves e Raphael Rabello no qual teve participação especial na faixa Três lágrimas, de Ary Barroso.

Em 2004, participou ao lado de nomes como Dominguinhos, Renato Borghetti, Dino Rocha, e Toninho Ferragutti no SESC Pompéia, em São Paulo do o show de lançamento dos dois CDs do projeto "O Brasil da Sanfona", gravados ao vivo no mês de março do mesmo ano.

Em 2005, por sugestão de João Gilberto, que lhe perguntou por que não lançar um disco com músicas da bossa nova ao acordeom, gravou o CD Caçulinha na bossa nova, com produção de Ricardo Leão. O disco contou com as participações especiais de Roberto Menescal, João Donato, Rildo Hora, Paulinho Braga, Paulinho Trompete, Lula Galvão, João Lyra, Marcelo Martins, Bocato, Zé Canuto, Marcos Valle e Ricardo Leão. Desse disco fazem parte clássicos da bossa nova como O barquinho, e Garota de Ipanema, além de composições menos celebradas do universo da bossa nova.

Após a gravação desse disco, gravou um outro, em parceria com o humorista Pedro Bismarque, conhecido pelo personagem Nerso da Capitinga, dedicado ao repertório junino intitulado Caçulinha no Arraiá, no qual toca sanfona enquanto o ator Pedro Bismarque faz a narração da quadrilha.

Ao longo de sua vasta carreira já gravou um total de 31discos, sendo cerca de 25 LPs, numa trajetória única na música popular que passa do sertanejo à bossa nova.

Fontes: Caçulinha - Wikipédia; Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.

quarta-feira, novembro 28, 2007

César Camargo Mariano

César Camargo Mariano (Antônio César Camargo Mariano), arranjador / instrumentista, nasceu em São Paulo SP em 19/9/1943. Autodidata, começou a tocar piano aos 13 anos e aos 17 iniciou carreira na orquestra de William Fourneau. A partir dessa época, passou a estudar, por conta própria, instrumentação, orquestração e arranjos.

Em 1961 tocou no conjunto Três Américas. Por essa época participou da gravação de um LP de Alaíde Costa, na RGE, como pianista e arranjador do grupo, que se transformaria, anos depois, no Som-3.

Integrou o conjunto São Paulo Dixieland Band, em 1962, e, no mesmo ano, formou em São Paulo o Sambalanço Trio, do qual era pianista e líder, ao lado do contrabaixista Humberto Claiber e do baterista Airto Moreira. O grupo gravou três LPs e acompanhou o cantor-bailarino Lennie Dale em sua temporada no Teatro de Arena, em São Paulo, e depois na boate Zum-Zum, no Rio de Janeiro RJ, em 1963.

Liderou o trio Som-3 (1965- 1971), que reunia o baterista Toninho Pinheiro e o contrabaixista Sabá, com o qual gravou diversos LPs. Ainda em 1965, foi arranjador e pianista dos LPs de Lennie Dale e Elisete Cardoso e do LP de seu octeto. Nesse mesmo ano aceitou o convite de Wilson Simonal para fazer os arranjos de seu repertório, tarefa para a qual teve inicialmente orientação de Eumir Deodato.

A partir de 1965 e até 1971, foi o responsável pelos arranjos de todos os discos de Wilson Simonal, cantor que acompanhou em excursões ao México, Argentina, Peru, Venezuela, Itália, França, Portugal e Inglaterra.

Participou do júri de todos os festivais da TV Record, de São Paulo, a partir de 1966, ano em que também se apresentou, com o Som-3, no Festival de Arte Negra, em Dacar, Senegal. Como pianista, em 1967 esteve presente nas gravações dos LPs de os Três Morais, Os Farroupilhas e O Quarteto.

Em 1971 passou a ser arranjador e pianista da Philips, participando de todos os discos de Elis Regina gravados a partir dessa data, também como teciadista. Nessa época, realizou com Elis Regina tournées pela América Latina, EUA e Europa. Foi ainda pianista e arranjador de discos de Chico Buarque, João Bosco, Maria Bethânia, Claudete Soares, Erasmo Carlos, Wanderléia, Beth Carvalho, Jorge Ben Jor, Elisete Cardoso e Cristina.

Apresentou em 1977 o show São Paulo/Brasil/Crônica, que a RCA lançou como LP no mesmo ano. Na década de 1980 foram lançados os LPs César Camargo Mariano e Cia (1980) e Samambaia (1981, com destaque para sua composição Maria Rita), ambos pela Odeon; e A todas as amizades (1983, Som Livre), com repertório que incluiu as composições Blue Moon (Rodgers e Hart), Novo tempo (Ivan Lins e Vítor Martins) e Avenida Paulista (com Regina Werneck) e a participação de cantores como Milton Nascimento, Nana Caymmi, Fafá de Belém e Quarteto em Cy, entre outros.

Compôs músicas e fez arranjos para os filmes Eu te amo, de Arnaldo Jabor (1980) e Além da paixão, de Bruno Barreto (1984). Em 1994 mudou-se para New Jersey, EUA, e aí tem se apresentado em casas noturnas e trabalhado como produtor e arranjador. No Brasil em 1997, apresentou-se no Palace, em São Paulo, no festival Heineken Concerts.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

terça-feira, outubro 30, 2007

Canhoto da Paraíba

Não são poucos os violonistas canhotos no Brasil. Alguns deles, com status de estrelas de primeiríssima grandeza (como o paulista Américo Giacomino, o Canhoto, o maior nome do instrumento no início do século), deram importantes contribuições para a fixação do violão como o mais brasileiro dos nossos instrumentos populares. Mas todos eles necessitavam inverter as cordas para aprender; primas para cima, bordões para baixo, de maneira que somente canhotos pudessem dedilhar o instrumento. Todos, menos um.

No alto sertão paraibano, na lendária cidade de Princesa Isabel (onde "pau-pereira já roncou", como cantava Luiz Gonzaga), entre nove irmãos, nasceu Francisco Soares de Araújo, em 19 de maio de 1928. O avô era clarinetista da banda, o pai tocava violão, os irmãos distribuíam-se entre vários instrumentos e logo o Chico começou a tocar todos eles, por conta própria. Tanto assim que, já adolescente, tomou puxão de orelha de "seu" vigário, que tolerava a maneira suingada como seu pequeno sacristão tocava os sinos, mas não perdoou quando o flagrou rasgando o frevo Vassourinhas, no... órgão da igreja.

Mas Chico gostava mesmo era de violão. O problema é que para ensiná-lo "só mesmo na frente do espelho", como dizia seu pai, quando desanimou da tarefa. Canhoto irreversível, tratou de aprender sozinho. Como o instrumento era usado pela família toda, não podia inverter as cordas, o negócio era simplesmente virá-lo ao contrario, de cabeça para baixo e...tocar.

Tocar magistralmente, a ponto de em pouco tempo a confraria dos gênios musicais brasileiros saber dele. Pixinguinha, Luperce Miranda, Tia Amélia, Severino Araújo, Dilermando Reis já sabiam que pelo Nordeste - agora já adulto, tocando no Regional da Rádio Jornal do Comercio do Recife, depois de estágio nas mesmas funções na Rádio Tabajara, de João Pessoa - existia um violonista fora de série, à altura dos melhores do país.

Em 1959, visita o Rio de Janeiro e em um sarau na famosa casa de Jacob do Bandolim, em Jacarepaguá, torna-se amigo de todos os seus ídolos, principalmente do jovem Paulinho da Viola, que o homenageia com o choro Abraçando o Chico Soares. Nunca quis fazer carreira no Sul, mesmo tendo gravado um LP (produzido por Paulinho), preferindo continuar sua vida de "chorão" ao lado dos amigos no Recife.

Tão bom compositor quanto intérprete, Canhoto da Paraíba - nome com que se inscreveu definitivamente na história do violão brasileiro - realizou algumas incursões por São Paulo e Rio de Janeiro, exibindo um talento que sempre deixou um gosto de "quero mais" nos que tiveram contato com ele.

Arley Pereira
ENSAIO - 12/4/1994

quarta-feira, setembro 13, 2006

Djalma Ferreira


Djalma Ferreira (Djalma Neves Ferreira), compositor, regente e instrumentista, nasceu no Rio de Janeiro/RJ em 5/5/1914 e faleceu em Los Angeles, EUA, em 28/9/2004. Começou a estudar música aos 12 anos. Seguiu para a Itália, onde aprendeu piano e violino. Ainda adolescente, desistiu, passando a tocar de ouvido, voltando para o Rio de Janeiro com 18 anos.

Em 1938 fez sua primeira composição, Longe dos olhos (com Cristóvão de Alencar), gravada por Francisco Alves e Sílvio Caldas. A partir de 1940, foi pianista do Cassino da Urca e de várias outras casas de jogo do Rio de Janeiro, tocando ainda durante alguns anos na boate do Hotel Quitandinha, em Petrópolis/RJ, com Chuca-Chuca (vibrafone), Oscar Belandi (percussão) e José Meneses (violão). Por intermédio de Henrique Batista estreou no rádio no programa Samba e Outras Coisas, ao lado de Henrique e Marília Batista.

Em 1945 organizou o conjunto Os Milionários do Ritmo e gravou seu primeiro disco como executante, Bicharada, um 78 rpm em que tocava solovox, imitando sons de animais. Em 1946, com o fechamento dos cassinos, excursionou durante quatro anos pela América do Sul, acompanhado de seu conjunto, e chegou a abrir a boate Embassy, em Lima, Peru.

De volta ao Brasil em 1951, apresentou- se no Norte com Helena de Lima e o organista Nestor, instalando-se depois no Rio de Janeiro, onde abriu a boate Drink, que lançou, no período de 1954 a 1960, Miltinho, Ed Lincoln, Helena de Lima e Sílvio César. Dessa época são seus maiores sucessos como compositor, Lamento, Murmúrio, Devaneio (todos com Luís Antônio) e Volta (com Luís Bandeira).

Em 1956 gravou com seu conjunto o LP Combinação insuperável (Djalma Discos), incluindo de sua autoria Dançando no espaço e, três anos depois, pela mesma fábrica, o LP Drink no Rio de Janeiro, com Cheiro de saudade (com Luis Antônio), talvez sua composição mais difundida.

Em 1960 abriu em São Paulo a boate Djalma, onde tocou com Rubinho (bateria) e Luís Chaves (contrabaixo), e lançou Jair Rodrigues como Crooner. No mesmo ano gravou dois LPs: Djalma Ferreira, pelo selo Drink, com Miltinho como crooner, destacando-se Lamento e Se todos fossem iguais a você (Tom Jobim e Vinícius de Moraes), e Drink, pela Continental, com Samba fantástico (P. Mendes, Toledo, Manzon e Autuori) e Nosso samba (de sua autoria).

Em 1963 vendeu a boate e fixou residência nos EUA, apresentando-se em hotéis e cassinos em Las Vegas e na Califórnia, ao lado de Star Dust, Sahara e Silver Slipper; nesse período, compôs em parceria com Leonard Feather You Can’t Go Home, My Place, I’m Happy Now, It’s My Turn to Swing. Esteve no Rio de Janeiro por um ano em 1965, só voltando em 1973 para uma temporada na boate carioca Le Roi.

Obras: Bicharada, baião, 1945; Cheiro de saudade (c/Luís Antônio), samba, 1959; Devaneio (c/Luís Antônio), fox, 1960; Lamento (c/Luís Antônio), samba, 1959; Murmúrio (c/Luís Antônio), samba, 1960; Recado (c/Luís Antônio), samba, 1959; Samba que eu quero ver (c/João de Barro), samba, 1952; Volta (c/Luís Bandeira), samba, 1960.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora

domingo, março 12, 2006

Bonfiglio de Oliveira


Bonfiglio de Oliveira, instrumentista e compositor, nasceu em Guaratinguetá (SP) em 27/09/1894, e faleceu no Rio de Janeiro(RJ) em 16/05/1940. Aprendeu as primeiras noções de música com o pai, contrabaixista da Banda Mafra de Guaratinguetá.


Durante dois anos tocou bumbo na Banda Beneficente e, depois, estudou com o maestro Acosta, que o levou a integrar, como trompetista, a Banda Mafra. Mais tarde foi convidado pelo diretor do Colégio São José, onde estudava, para reorganizar a banda dos alunos. Compôs então sua primeira música, o dobrado “Padre Frederico Gióia”, dedicada ao diretor.

Continuou os estudos no Colégio São Joaquim, em Lorena (SP), e depois transferiu-se para Piquete (SP)., onde organizou uma banda que se apresentava nas cidades do vale do Paraíba. Numa dessas apresentações, foi ouvido pelo maestro e violinista Lafaiete Silva, que o convidou a ir para o Rio de Janeiro, empregando-o como trompetista na orquestra que dirigia no Cinema Ouvidor. Após concluir de trompete, começou a atuar como trompetista e contrabaixista em diversos teatros e cinemas cariocas, inclusive na Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal, sob a regência de Francisco Braga.

Em 1917, ao lado de Pixinguinha, participou do Grupo Caxangá. Em 1918, em Guaratinguetá (SP), compôs a valsa Glória, em homenagem a uma jovem por quem se apaixonara. Mais tarde, a música recebeu versos da poetisa Branca M. Coelho e foi gravada por Gastão Formenti na Columbia, em 1931.

Em 1919, participou como compositor e diretor de harmonia do desfile do rancho Ameno Resedá, tornando-se conhecido então como compositor de marchas-rancho. Integrante da Companhia Arruda, atuou em teatros de revistas, excursionando pelo Brasil com diversas orquestras e conjuntos. Viajou ainda pela Itália, França e Espanha e, com a Companhia Jardel Jércolis, apresentou-se em cidades portuguesas.

Na década de 30, como solista e integrante de orquestra de estúdio, atuou no Programa Casé, da Rádio Philips. A 17 de outubro de 1931, gravou na Victor, em solo de trompete o choro "Flamengo", dedicado ao bairro carioca em que residiu. Também como trompetista, em 1932, passou a atuar com o Grupo da Velha Guarda, continuando no conjunto quando se transformou nos Diabos do Céu.

No carnaval de 1934, obteve grande sucesso com a marchinha Carolina, composta em parceria com Hervé Cordovil. Foi considerado um dos maiores instrumentistas de sopro do seu tempo, ao lado de Pixinguinha e Luís Americano.


Fonte: Enciclopédia da música brasileira - Art Editora.