Héber de Bôscoli, radialista, ator, rádio-ator, apresentador e compositor, falecido em 1956, teve papel marcante como maquinista, em "Trem da Alegria" (programa de rádio, 1942-1955). Era casado com a atriz Iara Salles (Taubaté, SP 27/7/1912 — Bananal, SP, 26/6/1986). Iniciou sua vida artística na Rádio Cruzeiro do Sul (mais tarde Rádio Tamoio) em 1937, em companhia de Ary Barroso e Paulo Roberto.
É até hoje considerado um dos maiores arrecadadores publicitários das emissoras de rádio, graças a criação de programas de forte apelo popular e por isto mesmo possuidores de enorme audiências. Dentre estes programas, podemos citar: “A Hora do Pato”, programa dominical de calouros, na Rádio Nacional; “Museu de Cera", também na Rádio Nacional e “A Felicidade bate a sua porta” , o primeiro programa de prêmios com transmissão externa.
No entanto o maior sucesso adveio com o “Trem da Alegria", criado em 1942, em parceria com sua esposa Iara e Lamartine Babo, apresentando o "Trio de Osso" (os três eram magérrimos). A audiência era tão grande que durante muito tempo teve de ser apresentado nos teatros, uma vez que o auditório das emissoras de rádio não comportava o grande público que desejava participar e assistir ao programa. O programa foi mantido no ar até 1955, um ano antes de sua morte.
Certa vez, no ano de 1945, o "Trem da Alegria" marcou época ao lançar os hinos de todos os clubes de futebol cariocas: um por semana. O “guarda-freios” da alegre composição radiofônica cumpria a promessa que fizera ao “maquinista” Héber, sob a admiração da "foguista" Iara Salles. Chegaram a espalhar o boato que, um dia, Héber trancafiara Lamartine num quarto, só o deixando sair quando as músicas ficaram prontas. Mas o esforço valera a pena. Quando os hinos eram apresentados ao público, eram imediatamente recebidos com entusiasmo fora do comum, sucesso imediato, e imediatamente viravam clássicos.
Cada hino possuía características cuidadosamente estabelecidas por Lamartine. O do Flamengo, por ser um clube de massa, deveria lembrar um hino de guerra. O do Fluminense, feito numa sorveteria granfina no centro da cidade chamada Americana, que ficava onde seria depois construída a garagem do Hotel Serrador, dava à composição um toque lírico, cumprindo as características refinadas do clube das Laranjeiras.
O do Vasco da Gama chegou a ter um trecho de música portuguesa. O do América, time pelo qual Lamartine torcia apaixonadamente, introduzia na música um “trá-lá-lá” na música, de resto calcada no ritmo one-step de uma música esportiva americana intitulada Row, row, row (Reme, reme, reme), gravado pela Banda da Marinha Americana. O do Botafogo enfrentou inicialmente um pequeno problema com a diretoria do “glorioso”, que achava que o clube só seria lembrado por ter sido campeão no ano de 1910. Mas o mal entendido foi resolvido pela voz do povo, que adotou a canção com alegria incomum. Anos depois, Lamartine acabaria de compor outros hinos de nossa cidade.
Héber de Bôscoli, para quem não sabe, tem um samba muito bem gravado por Sílvio Caldas, Orlando Silva e Ciro Monteiro intitulado “Rosinha”, em parceria com Mário Martins, uma gravação do ano de 1942.
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Fontes: fotolog.terra.com.br/historiadoradio; elencobrasileiro.blogspot.com.br; historiasdofrazao.com.br; cifrantiga3.blogspot.com/2006/04/lamartine-babo.html; Foto: historiasdofrazao.com.br; Panfleto: Revista do Rádio.
Era menino, ainda, mas era fan do programa A Felicidade bate a sua porta...Lembro-me que já adolescente senti muito a morte de Heber de Bôscoli.
ResponderExcluirPaulo
BONS TEMPOS DO RÁDIO POVO,TODO MUNDO OUVIA RÁDIO,A FELICIDADE BATE A SUA PORTA, AS SENSACIONAIS AVENTURAS DO ANJO, JERONIMO, O HERÓI DO SERTÃO,EDIFICIO BALANÇA MAS NÃO CAI, NADA ALEM DE 2 MINUTOS, EM BUSCA DA FELICIDADE, QUANDO OS PONTEIROS SE ENCONTRAM, AÍ VEM O PATO, E OUTROS MAIS. SÓ FICOU A SAUDADE DE UM RÁDIO SADIO E UM POVO MAIS SADIO AINDA.
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