sábado, junho 08, 2013

Abigail Moura


Abigail Moura (Abigail Cecílio de Moura), compositor e arranjador, nasceu em Eugenópolis, MG, em 1905, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 02/03/1970. Ainda adolescente transferiu-se para o Estado da Guanabara, então capital do país (Rio de Janeiro), onde viveu até o fim de sua vida. Criou o grupo Orquestra Afro-Brasileira, um dos primeiros estritamente ligados à música afro-brasileira.

Durante quase trinta anos esteve à frente da Orquestra Afro-brasileira, doando-lhe seu esforço como se fora devoção religiosa. Antes de cada apresentação, agia como um sacerdote rendendo graças, elevando o palco a espaço sagrado. Sem dúvida essa Orquestra é parte importante no resgate da memória nacional.

A orquestra nasceu em 1942 como um grupo voltado à divulgação da arte e cultura musical negra brasileira. Apoiava-se nos instrumentos de percussão, base da sonoridade bárbara, presente a harmonia nos instrumentos ditos civilizados: piano, sax, trombone.

Em suas pesquisas, o maestro Abigail incorporou percussivos originais como agogô, adejá, o urucungo, afoxé, atabaques e a angona-puíta (espécie de ancestral em tamanho grande da cuíca brasileira). A escola contemporânea, apoiando-se nos instrumentos harmônicos, seria a constatação da evolução musical dos afro-brasileiros. Aqui precisamos lembrar que a abolição da escravatura deu-se entre nós apenas em 1888.

A história da orquestra é marcada tanto pela presença do divino, como por fatos estranhos. Por exemplo, Maria do Carmo, sua cantora oficial, certo dia, ao fim de uma apresentação, teria enlouquecido, jamais voltando a cantar.

Figura imprescindível, cujo nome se confunde ao da própria Orquestra Afro-brasileira, o maestro Abigail Cecílio de Moura, era mineiro e faleceu em 1970. Até o fim de seus dias levou uma vida honrada e pobre, acalentando o sonho de ver sua orquestra retornar ao brilho dos grandes dias. Era copista da Rádio MEC, função que exerceu até sua morte.

A orquestra despertava interesse por ser considerada exótica e muitos iam aos concertos por curiosidade. Sua diversidade musical ia do maracatu ao frevo, jongo, temas do folclore, cânticos de umbanda e candomblé, privilegiando as heranças nagô e bantu, católica portuguesa e a presença indígena.

Até onde se pode saber, gravaram apenas dois discos: Obaluayê, de 1957 (que inclui Liberdade) e Orquestra Afro-Brasileira, de 1968.

Playlist



Todamérica LPP-TA-11, 1957: 01 - Apresentação (Narração de Paulo Roberto); 02 - Chegou o Rei Gongo; 03 - Calunga; 04 - Amor de Escravo; 05 - Saudação ao Rei Nagô; 06 - Festa de Congo; 07 - Babalaô; 08 - Liberdade; 09 - Obaluayê.

Fontes: Ciências Humanas; Vinylmaniac; Um por dia.

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