sexta-feira, junho 07, 2013

Bloco Carnavalesco Bafo da Onça

O Bloco Carnavalesco Bafo da Onça, fundado em 1956, é um dos mais tradicionais blocos do Carnaval do Rio de Janeiro. Bafo de onça é uma gíria para descrever pessoas com mau hálito, decorrente do fato de que as onças, por serem animais carnívoros, ficam com pedaços de carnes presos nos dentes, que com o passar do tempo, aprodrecem e provocam um odor insuportável associado algumas vezes também aos bêbados, pelo forte hálito de bebida alcoólica.

O nome e origem do bloco estão ligados ao sentido da gíria, isso porque seu fundador Sebastião Maria, carpinteiro de polícia, saía no Carnaval fantasiado de onça e era chegado numa bebida. Então num boteco no bairro do Catumbi, durante um dos porres de Sebastião em 12 de dezembro de 1956, surgiu o nome o Bafo da Onça.

Bloco Bafo da Onça desfila pelas ruas do Centro do Rio (Foto: Arquivo do Bafo da Onça)
Na década de 60, o Bafo da Onça reunia cerca de 1.500 pessoas na Avenida Rio Branco, por onde passa até hoje. "Naquela época era muito diferente", conta Capilé, presidente do bloco em 2006. "Na rua, ficavam as mulheres e as crianças do lado esquerdo e os homens do lado direito, desfilando separados." No final da festa, havia a apresentação das mulatas. "O Sargentelli ia lá buscar as moças para fazer show para ele", lembra o presidente.

No início dos anos 60 o bloco lançou pelo Selo Mocambo, junto com a Fábrica de Discos Rozenblit Ltda, um LP com alguns de seus sambas-de-empolgação. Entre os compositores e cantores do disco, destacaram-se Joaquim Antero de Araújo (Mistura), Walter Terra (Jujuba) e Paulo F. de Lima, além, da figura mais associada ao bloco, o saudoso cantor e compositor Osvaldo Nunes. "Osvaldo Nunes era alma daquilo. Foi o grande compositor da época", declarou a cantora Beth Carvalho em recente entrevista.

As mulheres e crianças saíam, em fila, animando o bloco (Foto: Arquivo do Bafo da Onça)
Até a década de 70 os blocos eram considerados a elite do Carnaval e desfilavam pela Av. Rio Branco alegrando famílias inteiras. Atualmente a realidade é diferente: os blocos andaram quase esquecidos durante um tempo, mas voltaram com força total. O bloco Cordão do Bola Preta, fundado em 1918, o Cacique de Ramos, fundado em 1961 e o Bafo da Onça são juntos os blocos mais tradicionais e importantes do Carnaval.

O Cordão da Bola Preta, que no ano passado viveu maus momentos e chegou a ser despejado do antigo prédio na Cinelândia, se renovou. E ganhou uma nova sede, um Centro Cultural no coração da Lapa. O prefeito Eduardo Paes anunciou no ano passado um crédito no valor de 898.000,00 para que a RioUrbe realizasse a obra de revitalização da sede do Cacique de Ramos. Já o Bafo da Onça continua em sua pequena e humilde quadra situada no bairro do Catumbi a espera de investimentos e pelo menos, quem sabe, cheguem no próximo Carnaval?

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Fontes:  Folha do Centro - Fevereiro/2010; UOL Música - 20/2/2006.

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