A cantora Lair de Barros num artigo da "Carioca". A entrevista foi publicada em 16/11/1935 e transcrevo na ortografia da época:
“Lair de Barros é uma figura ainda nova no radio carioca. Surgiu ha pouco menos de um anno no “Programma das Donas de Casa”, da Mayrink. Hoje é uma das mais destacadas figuras da Radio Sociedade. Possue, como poucas, o segredo de interpretar as nossas marchas e sambas, e ao par destas qualidades é uma creatura interessante, muito “Seculo XX”.
— Comecei no Paraná, — diz-nos Lair, sorrindo, — uma noite, estava numa festa e cantei acompanhada por violões. Devido á insistencia de algumas amigas fiz um ensaio numa estação local. Parece que agradei e, vindo para o Rio, comecei a cantar no “Programma das Donas de Casa” da Mayrink. Uma tarde, estava ensaiando quando Cesar Ladeira me convidou para actuar nos programmas irradiados nos domingos á noite. Dos domingos passei aos dias de semana. Estava contentissima na PRA-9 quando surgiu a Tupy e propalou-se a noticia que eu ia trocar de estação. Resultado: estou na Radio Sociedade.
— Qual o genero de musica que prefere?
— Marchas e sambas. O samba é, sem “bairrismo”, a musica mais bonita que existe no mundo. E’ tão lindo que não póde ser definido com palavras. Tem o ritmo triste de quem chora as magoas de um amor perdido... — A minha maior emoção? quando cantei no Guayra, no Paraná. Nunca havia cantado em palco e foi sob forte tensão nervosa que appareci perante o publico. Felizmente agradei... A outra grande emoção, foi a primeira vez que cantei na Mayrink.
— Quaes os seus autores preferidos?
— Volentina Biosca, José Maria de Abreu, J. Barcellos, Damaglio, Armando Silva Araujo, Mario Lago, Rogerio do Nascimento...
— Dos artistas, quaes prefere?
— Carmen Miranda e Francisco Alves, reis absolutos do microphone.
— Que pensa do Radio?
— Microphone é peor do que uma bebida doce de que a gente não póde se furtar. Gosto do meio e espero triumphar, pois não imito a ninguem. Como tenho força de vontade, espero um dia chegar á Gloria, de quem, por ora, estou ainda muito longe. Não fómos sequer apresentadas, uma á outra.”
Fonte: "Carioca", de 16/11/1935.
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