quinta-feira, maio 29, 2014

A viagem de Sylvinha Mello

"A attracção do cinema - Um film dramatico que será produzido no Ceará" (Carioca, de 13/3/1937)


"A pouco e pouco o nosso meio radiofônico está perdendo os seus ases ante o evidente progresso do nosso meio cinematográfico. Quando começou a se firmar o cinema na nossa terra, quando ele se mostrou mesmo com grandes tendências para uma perfeição pouco longínqua, os artistas do nosso rádio e do nosso teatro abandonaram céleres, as suas precedentes ocupações e se passaram para a tela prateada. Alguns gostaram. E ficaram. Outros gostaram. Mas não ficaram ...

O teatro cede muito elementos para o cinema, mas o rádio não lhe fica atrás. O rádio é um intermédio. Os artistas saem do teatro para o rádio, deste para o cinema. Adquirem, assim, ao microfone, a dicção necessária para uma boa película.

Sylvinha Mello começou muito bem no rádio. Tem uma voz agradável e um jeito todo especial para cantar canções. E é dona de agradabilíssimo palmo de face. É justo, pois, que o cinema a seduzisse. E seduziu-a mesmo.

Quando Raul Roulien organizou o elenco de artistas que seriam filmados na sua primeira produção brasileira "O Grito da Mocidade", não se esqueceu de dar um pequeno papel a Sylvinha Mello. E ela agradou bem na parte que lhe coube. Além de ser muito elegante, demonstrou possuir grande parte do jeito comediógrafo de que todos nós temos uma parte ...

Sylvinha Mello gostou do cinema e o cinema gostou de Sylvinha Mello. Mas ela não abandonou definitivamente o "broadcasting". O cinema ainda não é aqui no Brasil uma segura e contínua colocação.

A conhecida intérprete do nosso folclore veio, afinal, a ser contratada pela PRE-8, Rádio Nacional. Seu desempenho neste emissora era muito bom. Sua expressão, ótima. Ela continua a cantar no rádio com a sua voz bonita. E a agradar a quem a vê com a sua figura graciosa.

Agora, Sylvinha Mello voltou para o cinema. Enfim, o cinema a chamou de novo, para celebrizar quiçá como estrela de primeira grandeza. Ela deve partir dentro destes dias para o Ceará, disposta a ser filmada numa nova produção cinematográfica brasileira. A companhia que a convidou, uma sociedade americana de cinematografia, vai tentar mais um sucesso na nascente indústria cinematográfica brasileira. Sylvinha Mello vai tentar mais uma vez um outro sucesso em frente da câmera. Se desta vez ela desempenhar com apuro o seu papel, é quase certo que mais cedo ou mais tarde deixará mesmo o rádio de parte.

Todos os artistas têm grandes aspirações. Quem não vai gostar é o radiouvinte exclusivo de Sylvinha Mello ..."


Fonte: CARIOCA, de 13/3/1937 (texto atualizado e foto).

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