Intérprete de canções gaúchas e tangos argentinos, Gutta Pinho fez seu nome em Pelotas e na Rádio Farroupilha. Teve relativo sucesso no Rio de Janeiro, em fins dos 1930, ao microfone da Rádio Cruzeiro do Sul. Não possui biografia em enciclopédias musicais, nem em "dicionários virtuais". Há somente este artigo que transcrevo do semanário "Carioca" de 17/4/1937.
"Gutta Pinho ainda não é um nome feito no "broadcasting" carioca. Ele chegou aqui no Carnaval, época péssima para os cantores do seu gênero. Canta canções sul-rio-grandenses e tangos argentinos. Faz sucesso, o sucesso preciso para merecer um destaque.
Gutta Pinho nasceu em Pelotas, Estado do Rio Grande do Sul. Seus estudos foram feitos no Ginásio Gonzaga, na mesma cidade. Aí ele vivei e se criou. Seu primeiro emprego foi no escritório comercial de uma fábrica de chapéus. Depois trabalhou no comércio pelotense por sua própria conta. Começou a cantar em festivais e reuniões sociais.
Quando estava exercendo um cargo no escritório da Empresa Cinematográfica Xavier & Santos, ainda em Pelotas, ele começou a cantar junto ao microfone. Foi sua estreia nos estúdios da Sociedade Rádio Cultura de Pelotas. Era então avulso. Agradou muito a sua atuação. Daí ele pedir licença a seus patrões a aumentar os seus números na Rádio Cultura, PRH-4. Chegou ao ponto de ser contratado. Esteve algum tempo afastado do microfone mas voltou. Mais vitorioso do que nunca.
O diretor-artístico da Rádio Farroupilha teve ocasião de ouvi-lo cantar. Ficou extasiado. Dias depois Gutta Pinho, o "Sabiá dos Pampas", como o chamava a imprensa do Estado, foi atender a um contrato na Farroupilha. Esteve nessa nova estação dois meses, com pleno sucesso, e voltou a Pelotas. De novo, ele atuou na PRH-8.
Daí ele veio para o Rio. Tinha em vistas um ótimo contrato com a Mayrink Veiga, porém, não o pode atender devido a uma enfermidade hepática que o atacou. Chegou à Cidade Maravilhosa em fevereiro, no reinado de Momo. No entretanto não esqueceu a PRA-9 e foi ocupar o seu microfone em programas avulsos.
Finalmente o "Sabiá dos Pampas", o "Gardel brasileiro", veio conhecer a Rádio Cruzeiro do Sul. Aí ele fez algumas atuações como cantor avulso. Firmou seu nome. Os ouvintes gostaram da sua voz agradável. A PRD-2 gostou também e compreendeu os seus merecimentos.
Ele foi, afinal, contratado por esta emissora. A assinatura do seu contrato data de semana passada. E é na Cruzeiro que ele ainda se acha, encontrando, enfim, no Rio, uma posição lisonjeira que lhe permitirá ratificar a fama que adquiriu no sul ..."
Fonte: "CARIOCA" - edição 78, de 17/4/1937 (artigo atualizado e foto).
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