Teve sua primeira composição gravada em 1945, a marcha Quando a gente fica velho, parceria com Linda Rodrigues e Amado Régis lançada na Continental por Linda Rodrigues. Em 1947, o samba Indecisão, com Paulo Marques, foi lançado na RCA Victor por Ciro Monteiro. No ano seguinte, Heleninha Costa gravou na Continental o samba Fracassei, parceria com Peterpan e Edmundo de Souza.
Em 1949, Heleninha Costa gravou na Continental o samba Jurei, parceria com Paulo Marques e Edmundo de Souza, enquanto Nelson Gonçalves registrou na RCA Victor o samba Meu castigo, com Paulo Marques e Napoleão Alves.
Em 1951, Ângela Maria gravou na RCA Victor o samba Segue e Linda Rodrigues na gravadora Star o samba Raça negra, ambos com Paulo Marques. Também na Star, a então iniciante Dolores Duran gravou o samba Que bom será, com Paulo Marques e Salvador Miceli. Pela Todamérica, Zilá Fonseca gravou o samba Nome manchado, com Paulo Marques, também em 1951. No ano seguinte, conheceu seu maior sucesso, o samba Lama, com Paulo Marques, gravado por Linda Rodrigues na Continental. Nesse ano, Zezé Gonzaga gravou na Sinter o samba Não quero lembrar, com Sávio Barcelos e Paulo Marques.
Teve dois sambas com Paulo Marques gravados na Todamérica em 1953, Obsessão, por Marion e Recalque, por Mara Silva. Nesse ano, Dora Lopes gravou o samba Me abandona, com Sávio Barcelos e Paulo Marques; Linda Rodrigues a marcha Bambeio mas não caio, com Elvira Pagã e Paulo Marques; Neusa Maria o samba Pra conquistar, com Paulo Marques e Salvador Miceli e Luiz Cláudio o samba-canção Nosso romance, com Paulo Marques, todas na Sinter. Em 1954, Neusa Maria gravou o samba Minha mágoa, com Paulo Marques.
Em 1955, o samba-canção Mais uma noite, parceria com Paulo Marques e Savio Barcelos foi lançado por Gilda de Barros na Odeon e o samba Amigos, com Paulo Marques foi gravado por Linda Batista na RCA Victor. Nesse ano, Gilda Valença regravou Lama na Sinter, em forma de fado, Alzirinha Camargo gravou na Polydor o samba-canção Espelho da vida, com Jarbas Cavalcanti e o maestro Guaraná e seu conjunto lançou, também na Polydor, o chorinho Trepa moleque, com Rafael Treiger. Compôs com Linda Rodrigues o samba-canção Farrapo humano gravado por Linda Rodrigues na Continental em 1956.
Em 1957, Carlos Nobre gravou na Todamérica o bolero Viverás sempre só, com Raimundo Olavo. No ano seguinte, Roberto Silva regravou na Copacabana o samba Indecisão. Em 1961, o samba-canção Companheiras da noite, com Linda Rodrigues e William Duba, foi gravado pela cantora Linda Rodrigues no LP Companheiras da noite, da gravadora Chantecler.
Aylce Chaves preferiu o Samba
Ailce sendo entrevistada pelo cronista |
Não se assuste o leitor, que não entraremos aqui em divagações sobre direitos autorais. Apenas queremos revelar na sua modéstia, uma das compositoras mais queridas do Rio, cujos sambas e marchas deliciam os homens agitados da Broadway, na voz bonita de Carmen Miranda. Aylce Chaves, numa idade em que as garotas namoram e falam de artistas de cinema, prefere fazer música popular, formando uma dupla com o seu irmão Acyr.
O repórter desce na Tijuca. A Rua José Higino, elegante e discreta, esconde entre gardênias, a casa da artista. Vamos descobri-la na sua vida interior, ao lado de seu inseparável violão, preparando uma marchinha. Simples, dona de uma graça ingênua e doce abre-se em confidências sobre o seu interesse pelo rádio:
— Terminava o meu curso no Pedro II, quando fiz o primeiro samba; Lembro-me que se chamava “Chegou”. Cantei para as colegas; gostaram. Gostariam, em verdade, ou apenas estimulariam a principiante? A duvida esteve comigo por muito tempo. Fui das mais sinceras fãs de Luiz Barbosa. E esse fato talvez concorresse muito para o meu estímulo. Desejava melhorar o que fazia conseguir alguma coisa boa, para que ele a interpretasse.
— Compete, no carnaval, com os maiorais?
— Não sou profissional. Vivo de outras coisas. Tenho de que viver. Assim sendo, prefiro passar sem tomar parte na corrida. Tenho algumas marchas carnavalescas, mas creia acho mais natural que o campo fique mais vazio aos que vivem da música da terra. Escrevo por fatalismo; destino; talvez. Há muita gente que faz o mesmo. No acha?
Aylce atende a um telefonema de Neyde Martins. Volta, com um sorriso brejeiro nos lábios:
— Alguma encomenda...
— Modas, meu caro... É natural que sendo mulher pense, também, nos figurinos...
— Que mais gosta do que tem feito?
— A pergunta é complicada. Embora perfeitamente justificável, envolve uma questão delicada. Creia que é verdade. Todavia, gosto muito de “Batucada de meu coração” e da rumba “Yoyô já quer”, do repertório de Carmen. Aprecio também “Escravo da lua”, criação de Manuel Reis. Neyde Martins interpretou um samba de minha estima “Tempo feliz que passou”. Linda Batista canta uma marcha, das que mais quero “Boas Festas”.
— Quais são os seus artistas favoritos?
— Carmen Miranda, Linda Batista e, do naipe masculino, Carlos Galhardo, a quem dei “A cor dos teus olhos”. A sua voz é um encantamento.
— Como escreve?
— Quando a inspiração quer. Muitas vezes, num ônibus, na rua, num cinema, a melodia chega. Entra, sem pedir licença, sem bater palmas como velha conhecida. Fica nos meus ouvidos; permanece horas a fio no meu pensamento. Ao chegar em casa, tento escreve-la. E o samba nasce. O samba, a música mais linda do mundo...
— Carioca, teria de querer bem ao samba...
— Paulista que sou, creia que o adoro. Fico revoltada quando percebo a campanha insidiosa que fazem contra ele. Os falhados gostam de combatê-lo. Mas ele vai vencendo. Nova York começou a sentir melhor o Brasil quando notou o encantamento melodioso de Carmen Miranda. Buenos Aires estreitou mais as suas relações de estima, depois que o samba começou a fazer parte integrante de seus programas radiofônicos. E a festa mais bonita do mundo, o carnaval do Rio, o que seria sem a música que vem dos morros, que flui da terra, que desce para a cidade, enfeitiçando a gente nos cordões ou nas batalhas de confete? Gosto tanto do samba que deixei de estudar medicina por sua causa. Meu pai que descansa, hoje, dos seus labores no exército, queria. Eu também desejava ser colega de Alberto Ribeiro, na ciência de Hipócrates. Mas, depois, comecei a achar o curso dos mais ásperos, teria de estudar anatomia e conviver com esqueletos. Compor seria mais interessante. Comecei a escrever e, até agora, ainda não senti a menor vaidade. Escrevo sambas e marchas, como poderia perfeitamente, ser oficial administrativo de um Ministério qualquer, ou especialista de oftalmologia. Foi melhor; assim deixei de concorrer na vida pública com os homens. Correndo com eles no rádio, vivo no meu canto, sem magoá-los, sem contundi-los, porque não faço profissão, como compositora.
Aylce Chaves posa para o fotógrafo. Deixa-nos entrever sua surpresa pela lembrança que fizemos. Sempre modesta e simples. Mas com aquele sorriso, cheio de reticências, que é um dos segredos maiores, indiscutivelmente, dos seus encantos femininos." (Por Francisco Galvão - Revista da Semana, 6 de abril de 1940)
Obras
Amigos (c/ Paulo Marques), Bambeio mas não caio (c/ Elvira Pagã e Paulo Marques), Companheiras da noite (c/ Linda Rodrigues e William Duba), Espelho da vida (c/ Jarbas Cavalcânti), Farrapo humano (c/ Linda Rodrigues), Fracassei (c/ Peterpan e Edmundo de Souza), Indecisão (c/ Paulo Marques), Jurei (c/ Paulo Marques e Edmundo de Souza), Lama (c/ Paulo Marques), Mais uma noite (c/ Paulo Marques e Savio Barcelos), Me abandona (c/ Sávio Barcelos e Paulo Marques), Meu castigo (c/ Paulo Marques e Napoleão Alves), Minha mágoa (c/ Paulo Marques), Não quero lembrar (c/ Sávio Barcelos e Paulo Marques), Nome manchado (c/ Paulo Marques), Nosso romance (c/ Paulo Marques), Obsessão (c/ Paulo Marques), Pra conquistar (c/ Paulo Marques e Salvador Miceli), Quando a gente fica velho (c/ Linda Rodrigues e Amado Régis), Que bom será (c/ Paulo Marques e Salvador Miceli), Raça negra (c/ Paulo Marques), Recalque (c/ Paulo Marques), Segue (c/ Paulo Marques), Tratado de amor (c/ Paulo Marques), Trepa moleque (c/ Rafael Treiger), Viverás sempre só (c/ Raimundo Olavo), Vou beber (c/ Paulo Marques e Sávio Barcelos), Vou partir (c/ Paulo Gesta).
Fontes: Dicionário Cravo Albin da MPB; Revista da Semana (06/04/1940).
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