Fernando Lobo, antes de ser Fernando Lobo, era Castro Lobo, violinista e cantor, vejam vocês! Nasceu em Pernambuco, foi criado em Campina Grande e capinou para o Rio ainda mocinho, cidade onde viria a se tornar um dos mais populares autores do samba “Ninguém me ama”.
Compositor de música popular e produtor de programas de rádio, Fernando Lobo, também conhecido pelo apelido íntimo de “Bem-te-vi Maldito”, é dado à vida artística de diversas outras maneiras, tais como a pintura a óleo, a poesia espontânea, o desenho bissexto, etc., etc. Bebe em bar onde seja permitido tirar o paletó e já foi, noutros tempos, um dos mais temidos cronistas da noite. Neste setor foi mesmo um pioneiro, junto com Fred Chateaubriand— que era seu faixa — e Octávio Tyrso, que pertencia a equipe diferente.
Um dia Fernando Lobo se queimou com esse negócio de falar sempre dos mesmos calhordas e resolveu não escrever mais crônica noturna, declarando aos amigos que estava farto de seus personagens. Largou o jornalismo rebolativo e ficou sendo somente crítico. Mas, para provar ao mundo o seu ecletismo, organizou um “show” para determinado empresário, o mesmo a quem ensinara coma se fazia revistinha de “boate”. O empresário era ingrato e Lobinho era queimado, daí o caso formado e nosso biografado sair para outras bossas.
Vanja vai vanja vem, Fernando está se dedicando atualmente à pesca. Mandou vir um caniço muito bom da Suécia (caniço que o Lima Barreto viu e mentiu logo que tinha um igual) e foi pra Barra da Tijuca, esperar que o mar Incendeie para poder comer peixe assado. E lá fica, na areia, de caniço sueco em punho, aguardando os acontecimentos. Em tais ocasiões só atende as pessoas que chamarem, não de Fernando Lobo, mas de “O Lobo do mar”.
Fonte: Dicionário Ilustrado — Texto de Stanislaw Ponte Preta — Desenho de Lan — Jornal "Última Hora", de 23/01/1958.
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