Como sorriem Elvira e Rosina, as "Irmãs Pagãs" - Fotos de Edmond - Carioca, 1935. |
Irmãs Pagãs, — serão pagãs mesmo? — É esse, sem dúvida, um dos mais originais e sugestivos pseudônimos adotados por gente do rádio. Esse duo que os leitores de CARIOCA tantas vezes têm admirado através do microfone da PRA-9, tanto fascina pela voz como encanta pela graça feminina e pela vibração do espírito. Foi o que pudemos constatar, quando as entrevistamos, na Mayrink Veiga.
— Como se chamam?
— Rosina.
— Elvira.
— Onde nasceram?
— No Estado de S. Paulo.
— Batizaram-se em...
As entrevistadas entreolharam-se. O sorriso e as sobrancelhas à Joan Blondell de Rosina cobriram de motejo o entrevistador. Este pensou aflitivamente e, levando de súbito a mão à testa, teve uma exclamação: — Ah são pagãs. As duas irmãs, então, o contemplaram com certa piedade cristã. E as perguntas prosseguiram.
—— Onde estrearam? Aqui no Rio?
— Sim. O público da cidade maravilhosa é muito gentil. Já somos cariocas de coração. No rádio, demos a nossa primeira audição na Cajuti. Cantamos também no Tijuca. Na Mayrink Veiga foi que nos tornamos de fato conhecidas.
—— Até onde vai o amor à arte a que se dedicam?
Desta pergunta em diante as respostas nem sempre andaram em dueto. Ambas sacrificam tudo para o aperfeiçoamento constante do gosto e da expressão. Mas... ambas, adoram o cinema. E, além dele, amam o canto, a natação, a dança, a leitura.
Na tela, Rosina aprecia imensamente Tarzan: “E’ um símbolo de força, inteligência espontânea e lealdade masculina. Acha que o artista revela a sua maior capacidade no beijo. O guarda-roupa feminino de Hollywood é sábio em estética sempre que não prejudica as linhas do corpo e a naturalidade das formas.
Elvira admira Ramon Novarro. Quando Ramon esteve no Rio pôde apertar-lhe a mão. Por isso guarda, até hoje, com o maior carinho, a luva que usava nesse dia.
— Qual o tipo de homem que mais apreciam?
Elvira: — O que se faz desejar.
Rosina: — Com ou sem bigode.
— Que pensam do amor?
— Julgado pela maior parte dos seus efeitos ele mais se parece ao ódio do que à amizade.
— E o ciúme?
— No ciúme há mais amor próprio do que amor.
— E o casamento?
— Ainda não tivemos tempo de tomá-lo na devida consideração.
São assim, as irmãs Pagãs: fascinantes, originais, inteligentes. Amam a Arte, mas acima da Arte a vida, que tudo enriquece, dá feitios novos e cria a simpatia entre o homem e a Natureza. Por isso, em tão pouco tempo, já são ídolos da “radiopolis”, estas paulistanazinhas de Itararé... Não se espantem. São legítimas, genuínas de Itararé.
Vitoriosas e gloriosas.
A batalha não houve, mas as Irmãs Pagãs, essas existem de fato e de verdade...
Fonte: CARIOCA, de 30/11/1935.
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