domingo, dezembro 08, 2013

Pixinguinha - Dicionário Ilustrado

Pixinguinha, ou melhor, Alfredo da Rocha Viana, é muito justamente considerado o mais puro representante da música popular brasileira tendo mesmo — certa vez — o sociólogo Jeff Thomas chamado o Pixinga de “figura mestra do folclore” o que, está claro, é uma besteira bastante perdoável, em se tratando de Jeff.

Mas não foi por causa dessa citação que Pixinguinha ficou famoso. Antes de Jeff Thomas sair do norte, ele já era popular pouquinha coisa. Tinha tocado na Europa, tinha se destacado como compositor, como orquestrador e como instrumentista.

Ainda mocinho organizou o grupo dos “Oito Batutas”, para tocar no Cinema Falais, com muito êxito. Vanja sai vanja vem, os “Oito Batutas” — que por sinal eram sete — foram para Paris, rebolaram lá à bessa e Pixinguinha ficou com muito cartaz.

Depois voltou, fez-se o melhor orquestrador de música carnavalesca, no tempo que música carnavalesca não era adaptação de calypso, e tocava uma flauta tão bonita que chegaram a apelidá-lo de “o Stanislaw da flauta”. Mas Pixinguinha não era de se chatear. Quando os vivaldinos do teleco teco passaram a dominar o ambiente, Pixinguinha botou a flauta debaixo do braço e ficou sendo uma espécie assim de dona Naná Wynans de Olaria. Organizava festas formidáveis, com chorinho tocando e cachaça descendo.

Diga-se, a bem da verdade, que Pixinguinha sempre foi bom bebedor. Conta-se, inclusive, que de tanto ele derrubar um pouquinho a cachaça no chão, para o “santo”, antes de beber, acabou provocando uma cirrose no dito santo.

Ultimamente, graças à reação imposta por quem aprecia a música popular do Brasil, Pixinguinha voltou ao cartaz e anda gravando como um doido, razão pela qual muita gente foi nas suas águas e faz sucesso relançando sambinha antigo.


Fonte: Dicionário Ilustrado — Texto de Stanislaw Ponte Preta — Desenho de Lan — Jornal "Última Hora", de 24/01/1958.

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