Roquette Pinto |
“As crônicas de CARIOCA, irradiadas na PRE-8, Sociedade Rádio Nacional, lá se tornaram uma das atrações intelectuais mais brilhantes do nosso “broadcasting”. Essas crônicas, traçadas pelo espírito ágil e moderno de Genolino Amado, abordam, sempre, assuntos de expressiva significação espiritual.
Comentando a doação da Rádio Sociedade Brasileira ao governo a crônica CARIOCA da PRE-8, prestou justa homenagem a Roquette Pinto, o “pai do rádio brasileiro”, irradiando estas palavras cheias de calorosa simpatia:
“Nesta boa noite que a vida carioca está vivendo, uma nova alegria deve encher de festa o coração dos que escutam, na doçura dos lares, a música e a palavra das estações de rádio da cidade. É que hoje eles podem agradecer, na homenagem a um nome ilustre, o presente sonoro que todos os dias recebem dos estúdios do Rio, no milagre da radiofonia, esse prazer que só a existência moderna conheceu, essa força de cultura e de consolo que é o repouso artístico de todas as fadigas humanas da atualidade.
Foi num claro dia de sol, como o de hoje, que nasceu para uma vida toda cheia de pensamento e de ação o homem sábio e construtor que trouxe para a capital brasileira a difusão cultural que o país ainda não conhecia de ouvir. Faz anos o Professor Roquette Pinto, a quem já se deu o título justo de “Pai do rádio brasileiro”. E o “broadcasting” nacional ainda se orgulha dessa honrosa filiação que lhe traçou um destino de constante aperfeiçoamento e de permanente fidelidade aos interesses belos da vida, dentro da Pátria e no mundo em que a nossa terra se apresenta como uma das suas novas e grandes esperanças.
A radiofonia brasileira não deve esquecer o exemplo do espírito paterno que a criou. Porque Roquette Pinto representa, neste país, um modelo da inteligência que cultiva ao mesmo tempo a verdade científica e o sonho da poesia, que ama o passado, cujos segredos estuda e revela, e se enamora das coisas modernas, de que a se fez, tantas vezes, o iniciador em nossa terra.
Roquette Pinto discursando, numa foto do semanário Carioca, de Outubro de 1936 |
Entregou a filha mais velha ao Brasil. Mas, ao separar-se dela, a saudade de vê-la um pouco mais longe do seu afeto e do seu cuidado não é compensada apenas pelo conforto de saber que ela continua a ser agora, mais do que nunca, como ele sempre quis que ela fosse. O “Pai do rádio brasileiro” tem ainda o estímulo de contemplar as filhas mais novas, irmãs mais poderosas, mais jovens, daquela que foi a primeira e que primeiro recebeu o alento da sua inteligência criadora.
E a Rádio Nacional, a última a aparecer no Rio, quer os seus sons de hoje sirvam também para saudar o homem de sabedoria brasileira que plantou a primeira semente para que pudesse florescer e frutificar agora a grande árvore da radiofonia brasileira. E que dela caiam as flores mais novas sobre a cabeça do bom semeador”.
Fonte: CARIOCA, de 3/10/1936.
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