sexta-feira, março 17, 2006

A conquista do ar (Santos Dumont)


O feito de Alberto Santos Dumont, contornando a Torre Eiffel em seu balão n° 6, no dia 19.10.1901, inspirou diversas composições, entre as quais a marcha "A Conquista do Ar", sucesso de 1902. Uma criação de Eduardo das Neves, a canção glorifica o inventor da aviação em versos desbragadamente ufanistas, que o público da época adorou ("A Europa curvou-se ante o Brasil / e clamou parabéns em meigo tom / brilhou lá no céu mais uma estrela / apareceu Santos Dumont").

Palhaço de circo, poeta, compositor e principalmente cantor, Eduardo das Neves foi o nosso artista negro mais popular no início do século. Pai do também compositor Cândido das Neves, deixou modinhas, lundus, cançonetas, sendo de sua autoria os versos em homenagem ao encouraçado Minas Gerais, feitos sobre a melodia da valsa "Vieni sul Mar", do folclore veneziano.

Aliás, ainda sobre a mesma melodia, o radialista Paulo Roberto escreveria, em 1945, nova letra exaltando o estado mineiro ("Lindos campos batidos de sol / ondulando num verde sem fim..."), mantendo o refrão popular ("Ó Minas Gerais / ó Minas Gerais / quem te conhece não esquece jamais...").

No auge da carreira, Dudu das Neves apresentava-se nos palcos de smoking azul e chapéu de seda (Figura: partitura de canção feita por Eduardo das Neves, em homenagem a Santos Dumont).

A conquista do ar (marcha, 1902) - Letra e música do cantor Eduardo das Neves) - Interpretação: Bahiano

Disco: Zon-o-phone X-621 / Título da música: Santos Dumont (A Conquista do Ar) / Eduardo das Neves (Compositor) / Bahiano (Intérprete) / Piano (Acomp.) / Lançamento: 1903 / Gênero musical: Marcha



A Europa curvou-se ante o Brasil / E clamou “parabéns” em meio tom. / Brilhou lá no céu mais uma estrela: / Apareceu Santos Dumont.

Salve, Estrela da América do Sul, / Terra, amada do índio audaz, guerreiro! / Santos Dumont, um brasileiro!

A conquista do ar que aspirava / A velha Europa, poderosa e viril, / Quem ganhou foi o Brasil!

Por isso, o Brasil, tão majestoso, / Do século tem a glória principal: / Gerou no seu seio o grande herói / Que hoje tem um renome universal.

Assinalou para sempre o século vinte / O herói que assombrou o mundo inteiro: / Mais alto que as nuvens. / Quase Deus, Santos Dumont – um brasileiro.


Fontes: História do Samba - Fascículos - Editora Globo; A Canção no Tempo - Vol.2 - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34.

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