quinta-feira, março 23, 2006

O cigano

Nem só de música sertaneja se constitui a obra de Marcelo Tupinambá. Um bom exemplo de seu lado cosmopolita é "O Cigano", uma das primeiras composições brasileiras a receberem a designação de fox-canção. Seguindo a moda de músicas sobre motivos exóticos, que imperava na época, Tupinambá fez em estilo andaluz esta canção, que trata da transitoriedade do amor, através do canto de um misterioso cigano.

Com uma bela melodia (que lembra a composição Oriental, de Patápio Silva) vestindo esta fantasia de gosto duvidoso, O cigano fez sucesso em 1924, quando foi gravado por Vicente Celestino, e 22 anos depois, ao ser revivido por Francisco Alves. Até então, segundo Tupinambá, as edições impressas da canção já haviam vendido mais de cem mil exemplares, o dobro de O matuto, seu segundo maior sucesso. Gastão Barroso, que assina a letra com o pseudônimo de João do Sul, era um amigo de Tupinambá desde os tempos de mocidade.

O Cigano (fox-canção, 1924) - Marcelo Tupinambá e João do Sul

Intérpreteção de Vicente Celestino em disco Odeon lançado em 1924:

Disco selo: Odeon / Título da música: O cigano / Marcelo Tupinambá, 1889-1953 (Compositor) / João do Sul (Compositor) / Vicente Celestino (Intérprete) / Conjunto (Acomp.) / Nº do Álbum: 122748 / Lançamento: 1924 / Gênero musical: Fox Canção (no disco está impresso "Fox-Trot Sertanejo") / Coleções: IMS, Nirez



Interpretação de Francisco Alves em disco Odeon lançado em outubro de 1946:

Disco 78 rpm / Título da música: O cigano / Marcelo Tupinambá, 1889-1953 (Compositor) / João do Sul (Compositor) / Francisco Alves (Intérprete) / Fon-Fon e Sua Orquestra (Acomp.) / Gravadora: Odeon / Nº do Álbum: 12727-b / Nº da Matriz: #8081 / Gravação: 14/agosto/1946 / Lançamento: Outubro/1946 / Gênero musical: Fox Canção / Coleções: IMS, Nirez



Um dia
eu em Andaluzia
ouvi um cigano cantar
Havia
no canto a nostalgia
de castanholas batidas ao luar
Mas era
a canção tão sincera
que eu a julguei para mim
E agora
que a minh'alma te chora
ouve bem a canção que era assim:

"O amor
tem a vida da flor
Não sonhe alguém
do seu sonho a colher
do seu sonho a colher
Pois bem
como acontece à flor
o lindo amor
principia a morrer
principia a morrer"

Cigano
que sabias o engano
por que me fizeste tão mal?
Não fôra
a canção traidora
e o meu sonho seria eternal
Quem há de
fugir à realidade
que vem desmentir a ilusão?



Fonte: A Canção no Tempo - Vol. 1 - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34.

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