quinta-feira, junho 13, 2013

Denise Duran

Irley da Silva Rocha é o seu nome real. Mas não significaria quase nada, se não envolvesse um mito da nossa MPB: é a irmã mais nova de Dolores Duran. 

 

Toda a sua família demonstrava inclinação para o canto. E com Lela, seu apelido desde pequena, não poderia ser diferente, embora não tivesse interesse em seguir carreira como cantora.

Ela e Dolores Duran costumavam ir ao cinema juntas e ensaiar peças de teatro para as crianças do bairro. Com a morte da irmã mais velha, em 24 de outubro de 1959, a cantora Marisa Gata Mansa, que era muito amiga de Dolores, insistia quase que diariamente para que Lela começasse a cantar.

A insistência foi tanta, que ela acabou indo, com Marisa, fazer um teste na gravadora Copacabana. Uma vez aprovada, adotou o nome artístico ‘Denise Duran’ e gravou o LP Canções e Saudades de Dolores, com quatro músicas gravadas por ela e oito por Marisa. .

Em 1962, Djalma Ferreira, proprietário da casa “Drink”, convida Denise para inaugurar a boate “Djalma’s”, que seria aberta em São Paulo. Assim, ela fixa residência na cidade e, neste mesmo ano, casa-se com o cantor Dave Gordon.

Casamento não impedirá a carreira


"Até o dia do falecimento de Dolores Duran, a sua irmã Irley apenas cantava... em casa. Marisa e Ribamar, que a conheciam muito bem, insistiram para que ela tentasse o rádio. E com a morte de Dolores, ela julgou que deveria ocupar o lugar da irmã. Justificou-se:

— Dolores, ao falecer, deixou um nome feito na historia do rádio brasileiro. Suas composições, cantadas e aplaudidas, mostraram que tão cedo ela não seria esquecida. Porém, vim para o rádio, certa de que, ao ver-me, todos lembrariam a minha, irmã.

Coube à Marisa dar o nome artístico à Irley. Ela foi para uma gravadora como Denise Duran, fez um teste e aprovou plenamente. Agora está preparando um LP. E Denise Duran, que tem uma alegria contagiante, salientou:

Nelson Gonçalves ensina segredos de como empolgar o público à Denise (Revista do Rádio, 1960)
— O que eu fazia antes de cantar? Ainda faço. Sou secretária, escrevo à máquina e trabalho com centenas de anotações.

— Queria mesmo ser cantora?

— Nunca simpatizei com a minha voz. Em vida, Dolores insistia para que eu tentasse o rádio. Só a sua morte convenceu-me a abraçar a carreira de cantoras.

— Dolores e você sempre foram unidas?

— Quando criança, nós brigávamos muito. Toda vez que mamãe saia, havia sempre um “caso” entre Dolores e eu. Ela, que era mais velha do que eu oito anos, tinha pena de bater em mim. Eu aproveitava isso para bater nela...

— Diga sinceramente: está gostando de ser cantora?

— Estou. Vamos ver se estão gostando de mim.

Denise Duran insistiu em dizer que tem uma vida atarefada. Trabalha em dois expedientes. Por isso, falta-lhe tempo para inspirações poéticas. Contudo, pretende também ser compositora. E, diante de uma das nossas indagações, respondeu com muita graça:

— Não vou à praia. Tenho medo de morrer afogada. Para mim, nadar é a coisa mais difícil do mundo. Em se falando de natação, nasci para ser prego...

— De que, finalmente, você gosta?

— Gosto de cinema e adoro o teatro. Se eu pudesse também seria atriz. 

— O que você acha do casamento?

— É essencial, para a mulher. No meu caso, pode escrever, não deixarei o casamento pela vida artística.

— Seu casamento está por perto?

— Está sim. E já devia ter acontecido.

— No caso, deixará de ser cantora?

— Não. O meu casamento não prejudicará a carreira que agora tento. Vou conciliando o amor com a vida de cantora.

Denise não quis declarar qual o nome do seu noivo. Mas, garantiu, no seu casamento, deixará que os fotógrafos compareçam para fixar flagrantes do dia mais feliz da sua vida."

Algumas gravações  

 

A noite chorou também (Jurandir Chamusca) Denise Duran 1961 Samba; Agradeço a Deus (Hianto de Almeida e Macedo Neto) Denise Duran 1961 Samba; Céu particular (Dolores Duran e Billy Blanco) Denise Duran 1960 Samba-canção; Noite de paz (Dolores Duran) Denise Duran 1960 Samba-canção; Olhe o tempo passando (Dolores Duran e Edson Borges) Denise Duran 1960 Samba-canção; Quem foi (Ribamar e Dolores Duran) Denise Duran 1960 Samba-canção.

______________________________________________________________________
Fontes: Chiadofone; Revista do Rádio n° 565, de 1960; Gravações raras - Denise Duran.

Maestro Cipó

Maestro Cipó (Orlando Silva de Oliveira Costa), arranjador, compositor, saxofonista e líder de orquestra, nasceu em Itapira, SP, em 24/11/1922, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 03/11/1992. Abandonado pela mãe, foi criado por uma parteira inglesa, conhecida como Gina Parteira. Começou a aprender a tocar clarinete aos dez anos de idade em sua cidade natal. Teve sua vida musical inicialmente ligada à bandas de música.

Em 1940, mudou-se para São Paulo, já sabendo tocar saxofone, e passou a tocar no conjunto do Maestro Gaó. Em 1943, foi para o Rio de Janeiro, contratado pela orquestra de Simon Boutman.

Em 1946, gravou seu primeiro disco, pela Continental, que saiu com o título de Cipó e Sua Orquestra, no qual foram interpretados os choros Um choro com swing e Interpretando, ambos de sua autoria. No mesmo ano, gravou, também de sua autoria, o fox-trot Crazy idea, e o choro Contaminado.

No começo dos anos 1950, ingressou na Rádio Tupi, como arranjador. Em 1957, participou com seu conjunto, do LP Festival de Jazz - 2º Grande Concerto, lançado pela Sinter, com diferentes maestros e conjuntos, sendo gravado ao vivo no Golden Room do Copacabana Palace em novembro de 1956. Ainda nesse ano, atuou no grupo musical Turma da Gafieira.

Em 1958, lançou pela Sinter o LP Assim eu danço... - Cipó e seu conjunto. Nesse ano, fez a trilha sonora do filme Alegria de viver, dirigido por Watson Macedo. Em 1959 lançou, também pela Sinter, o LP Melodias favoritas da tela - Cipó e Seu Conjunto, no qual foram interpretados clássicos do cinema.

Na década de 1960, passou a liderar o conjunto Sete de Ouros e tornou-se diretor musical da TV Tupi. Em 1962, o conjunto Sete de Ouros, sob sua direção, lançou pela Odeon, o LP 7 de Ouros. No ano seguinte, gravou pela Continental, o LP Madison sensacional - Cipó e seus Madison Boy's.

Em 1964, gravou pelo selo Imperial/Odeon o LP Aqui começa o maravilhoso mundo da música - A Fantástica Orquestra de Stúdio de Cipó, no qual foram registrados uma série de grande sucessos internacionais.

No mesmo ano, liderou o conjunto 7 de Ouros na gravação do LP Impacto! - Conjunto Sete de Ouros, lançado pela Polydor, no qual foram interpretados os sambas O amor que acabou, de Chico Feitosa e Luis Fernando Freire; Todo dia é dia de chorar, de Romeo Nunes e Carlito; O morro não tem vez, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, entre outros.

Em 1965, gravou, também pelo selo Imperial/Odeon, o LP Ritmo espetacular - Cipó e Academia de Samba Imperial, no qual foram tocados os sambas, entre outros, Despedida de Mangueira, de Benedito Lacerda e Aldo Cabral; Implorar, de Kid Pepe e Germano Augusto; Estão voltando as flores, de Paulo Soledade; e Pierrot apaixonado, de Noel Rosa e Heitor dos Prazeres.

Participou nos anos 1960 e 1970, de dezenas de programas musicais produzidos pelas TVs Tupi, Rio, Excelsior, entre outras. Em 1972, criou a Orquestra do Maestro Cipó, com a qual passou a animar bailes e gafieiras no Rio de Janeiro, misturando samba e jazz.

Em 1979, lançou pela gravadora CID o eclético LP A Gafieira - Cipó e Sua Orquestra, com as músicas Aquarela do Brasil, de Ary Barroso; Na Glória, de Raul de Barros e Ari dos Santos; Vereda tropical, de Gonzalo Curiel; Cuban Love Song, de Stothart, Fields e McRugh; Mambo Jambo e Mambo Nº5, de Perez Prado; Paraquedista, de José Leocádio; Apelo e Pra que chorar, de Baden Powell e Vinícius de Moraes; Negue, de Adelino Moreira e Enzo de Almeida Passos, e Força estranha, de Caetano Veloso, além dos sambas Pra que vou recordar o que chorei, de Carlos Dafé, e Gotas de veneno, de Wilson Moreira e Nei Lopes. 

Obras 

Assim eu danço, Bop ciponato, Conquistador, Contaminado, Crazy idea, Doce recordação, Interpretando, Tema para dois, Um choro com swing.

Discografia

1946 - Um choro com swing/Interpretando • Continental • 78
1946 - Crazy idea/Contaminado • Continental • 78
1958 - Assim eu danço... Cipó e seu conjunto • Sinter • LP
1959 - Melodias favoritas da tela - Cipó e Seu Conjunto • Sinter • LP
1962 - 7 de Ouros • Odeon • LP
1963 - Madison sensacional - Cipó e seus Madison Boy's • Continental • LP
1964 - Impacto! - Conjunto Sete de Ouros • Polydor • LP
1964 - Aqui começa o maravilhoso mundo da música • Imperial/Odeon • LP
1965 - Ritmo espetacular - Cipó e Academia de Samba Imperial • Odeon • LP
1965 - Brazilian Beat - Cipó And His Authentic Rhythm Group • Odeon • LP
1979 - A Gafieira - Cipó e Sua Orquestra • CID • LP

________________________________________________________
Fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB.

terça-feira, junho 11, 2013

Bárbara Martins

Bárbara Martins, atriz e cantora, nascida em 21/04/?? no subúrbio carioca do Encantado, era funcionária de um banco quando foi descoberta por Héber Lobato, que a ouviu cantar e a levou para a Rádio Mauá, onde assinou seu primeiro contrato.

Estreou em discos em 1951 gravando pelo selo Carnaval a Marcha do Lulu, de Waldir Machado e Francisco Colman.

Foi eleita a cantora revelação de 1953. Sobre essa eleição, assim registrou a Revista do Rádio em edição de dezembro de 1954: "Bárbara Martins foi laureada com o título de cantora revelação de 53, que lhe foi outorgado por uma comissão de críticos especializados. Sua vitória foi justa e brilhante, já que ela recebeu a totalidade de votos da comissão."

Em 1955, lançou disco pela Odeon interpretando o bolero Voltamos a querer-nos, de Aznar e Leocato, com versão de Roberto Faissal, e o samba-canção Quem se humilha, de Ricardo Galeno.

Apesar de não obter notoriedade na radiofonia carioca, em 1956, foi eleita uma das duas princesas do Rádio com um total de 161.917 votos. Nesse ano, gravou pela Copacabana o samba Aquarela Fluminense, de Rutinaldo, e o baião Delirando, de Luiz Gaúcho, Rossini Pacheco e Paulo Sobrinho.

Em 1957, gravou com acompanhamento de orquestra e coro os sambas Samba legal, de Claudionor Sant'Anna e Henrique de Almeida, Maria e José, de Rômulo Paes e Pedro da Silva, Sucedeu, de Milton Legey e Paulo Menezes, e Eu não sou mulher de olá, de Miguel Gustavo.

Gravou em 1962, pelo selo Albatroz, a marcha Balanço da tarantela, de Hélio Nascimento e Flora Matos, e o samba Já esqueci, de Norival Reis, Jorge Duarte e José Batista.

Em 1963, registrou pelo selo Ciclone as marchas Eu quero é movimento, de Djalma Amaral, Lourival Faissal e José Mendes, e a Marcha da estátua, de Rubem Carneiro, Walzani e Edson Santana. Lançou um total de sete discos com 13 músicas.

Embora de discreta atuação na cena artística da época, chegou a gravar discos pelas gravadoras Copacabana e Odeon, além de fazer registros por pequenos selos. Foi considerada a cantora revelação da PRE-Neno. Atuou ainda nas Rádios Mayrink Veiga e Nacional.

Discografia

1951 Marcha do Lulu • Carnaval • 78
1955 Voltamos a querer-nos/Quem se humilha • Odeon • 78
1956 Aquarela Fluminense/Delirando • Copacabana • 78
1957 Samba legal/Maria e José • Copacabana • 78
1957 Sucedeu/Eu não sou mulher de olá • Copacabana • 78
1962 Balanço da tarantela/Já esqueci • Alabatroz • 78
1963 Eu quero é movimento/Marcha da estátua • Ciclone • 78
___________________________________________________________
Fontes: Dicionário Cravo Albin da MPB; Revista do Rádio, de 10/7/1954