terça-feira, abril 04, 2006

Bando da Lua


Bando da Lua - Conjunto vocal formado em 1931 no Rio de Janeiro RJ, por Aloysio de Oliveira, violão e vocal; Hélio Jordão Pereira (Rio de Janeiro 1914-), violão; Vadeco (Osvaldo de Morais Éboli, Rio de Janeiro 1912-), pandeiro; Ivo Astolfi (1910-), violão tenor e banjo; e os irmãos Afonso Osório (Aracati CE 1913-Rio de Janeiro ?), ritmo e flautinha, Armando Osório (Aracati ?-?), violão, e Stênio Osório (Aracati 1909-Rio de Janeiro 1993), cavaquinho.


Antes faziam parte do Bloco do Bimbo, constituído de uns 30 rapazes de classe média, na maioria estudantes, que ganhou taça como o melhor conjunto musical do Flamengo. Reduzidos a sete elementos, fizeram-se ouvir pelo maestro J.Tomás, que os levou a um teste na gravadora Parlophon, sem resultado. O nome Bando da Lua foi sugestão de Nelson Gomes Pereira, primo de Hélio Jordão. Numa festa, o violonista Josué de Barros gostou deles, ensaiou-os e conseguiu gravação na Brunswick, que nesse momento estava fechando. No disco inaugural, cantaram Que tal a vida?, solo vocal de Aloysio, e Tá de mona, solo de Castro Barbosa, que apenas colaborava. Ambos os sambas eram de Maércio de Azevedo e Oldemar Gomes Pereira (Mazinho).

Voltaram a gravar somente em 1933, na Odeon, lançando no Carnaval um disco com a marcha Opa opa e o samba É tua sina, ambas de Maércio e Mazinho. Na Odeon, ainda fizeram um disco no meio do ano. Em 1934 foram para a gravadora Victor, já com um sucesso no Carnaval desse ano, a marcha A hora é boa, de Mazinho e Aluísio. Nessa altura já haviam criado estilo próprio e apresentavam novidades vocais e instrumentais. Excursionaram nesse ano, pela primeira vez, à Argentina, embarcando com Carmen Miranda. Embora contratados pela Radio Belgrano, de Buenos Aires, para programas separados, fizeram acompanhamento para Carmen. Na volta da Argentina, Armando desligou-se do grupo para ser bancário em Porto Alegre RS, fixando-se definitivamente em seis o número de elementos.

No Carnaval de 1935, lançaram com sucesso a marcha Segure na mão (Enéias e Martinez Grau) e, no meio do ano, o samba Mangueira (Assis Valente e Zequinha Reis). Nesse ano, também estrearam no cinema, no filme carnavalesco Alô, alô Brasil, de Wallace Downey, João de Barro e Alberto Ribeiro, no qual cantaram com Almirante a marcha Deixa a lua sossegada (João de Barro e Alberto Ribeiro), ao qual se seguiu Estudantes, de Wallace Downey. No final do ano realizaram nova temporada na Argentina.

No Carnaval de 1936, lançaram as marchas Não resta a menor dúvida (Noel Rosa e Hervé Cordovil) e Negócios de família (Assis Valente), que também cantaram no filme Alô, alô Carnaval, de Ademar Gonzaga. O maior sucesso veio com Maria Boa (Assis Valente). Nesse ano fizeram duas temporadas na Argentina.

No Carnaval de 1937, Assis Valente deu-lhes novos sucessos com os sambas Que é que Maria tem? e Cansado de sambar. Nesse ano, realizaram nova temporada, de quatro meses, pelo Prata, atuando na Radio El Mundo, de Buenos Aires, em teatros, em Baía Blanca e Rosário e na Radio Carve, de Montevidéu.

No Carnaval de 1938, fizeram sucesso com a marcha Bola preta (Assis Valente) e depois retornaram à Argentina, seguida do Chile, excursão que não se estendeu ao Peru e à Colômbia porque Stênio adoeceu. Começou aí a ligação artística com Carmen Miranda. Numa das noites em que se apresentavam com Carmen no Cassino da Urca, estava presente o empresário teatral americano Lee Shubert, que a convidou a ir aos E.U.A. Ela aceitou, com a condição da ida do Bando da Lua. O conjunto também se comprometeu a cantar no pavilhão brasileiro da Feira Mundial de New York, que estava para ser inaugurada.

Embarcaram em 1939, com estreia na revista Streets of Paris, com grande sucesso. Meses depois, Ivo voltou para o Brasil, sendo substituído por Garoto (Aníbal Augusto Sardinha), que chegou a tempo de participar dos discos de Carmen Miranda na Decca e do seu filme, Serenata tropical (Down Argentine Way), da 20th Century-Fox. Na Decca, além do acompanhamento de Carmen, gravaram vários discos sozinhos, e, com o nome de Bando Carioca, a parte rítmica de gravações de músicas brasileiras e latino-americanas.

Voltaram com Carmen Miranda ao Brasil em 1940, para uma breve permanência, gravando então quatro músicas na Columbia para o Carnaval de 1941, com destaque para Samba da minha terra (Dorival Caymmi). Garoto preferiu ficar no Brasil, e foi substituído pelo cantor e violonista Nestor Amaral.


De 1931 a 1940, lançaram em nosso país 38 discos em 78 rpm, com 74 músicas, sendo 62 pela Victor. Em 1942 foi a vez de Hélio Jordão sair. Em 1944, Vadeco voltou ao Brasil, podendo ser considerado esse o fim do Bando da Lua original, que participou dos primeiros oito filmes de Carmen Miranda e de todos os seus espetáculos americanos.

Em 1948, Aloysio remontou o conjunto com elementos dissidentes dos Anjos do Inferno, que estavam nos EUA. Nessa segunda fase, ficou formado por Aloysio, solista vocal e violão, Lulu (Aluísio Antunes Ferreira), violão, Harry Vasco de Almeida, pistom e ritmo, e Russinho (José Ferreira Soares), pandeiro. Gravaram vários discos, um deles sendo escolhido pela revista Metronome, em 1950, como disco do mês. Nesse disco interpretaram Rag mop samba (Lee Wills, Anderson e Aluísio) e Bibbidi-bobbidi-boo (Hoffman, Livingston e David E. Santos).

Em 1954, a versão do antigo sucesso de Glenn Miller In the Mood (Garland e Razaf), que Aloysio transformou num bem-humorado Edmundo, também foi sucesso. Com a morte de Carmen Miranda em 1955, o conjunto se desfez. O conjunto foi o primeiro no Brasil a harmonizar as vozes e a fazer sucesso no exterior, servindo como modelo para vários outros grupos posteriores.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.

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